Aviva a Tua Obra, ó Senhor
Eis uma oração que precisa ser feita por todos os santos: “Aviva a tua obra, ó Senhor!” (Hc
3.2).
Há ocasiões em que a necessidade de um avivamento é visível. Em
outras, é conhecida somente por Deus. Pode não haver nenhum lapso aparente,
nenhuma incoerência clara, nenhuma falha flagrante. A conduta e o caráter podem
parecer irrepreensíveis como sempre. Mesmo assim, é possível que haja uma
deficiência de apetite espiritual, uma ausência de comunhão com o Bem-Amado,
uma negligência na oração pessoal, um desleixo no estudo da Palavra de Deus, um
descuido no cultivo pessoal da alma. Em tais casos, embora não se perceba
qualquer sintoma externo de falha, é só uma questão de tempo e virá à tona, a
menos que haja um avivamento interno.
Se faz tempo que você não vê a face do Senhor, se perdeu de
vista seu Amado, se não tem conversado com ele, se percebeu que ele já se
retirou e foi embora (Ct 5.6), comece agora mesmo a buscar, do fundo do
coração, e clame com intensidade: “Aviva a tua obra, ó Senhor! Traze
de volta meu apetite espiritual, minha paixão por Cristo, meu amor pelas
pessoas perdidas, meu anseio pela glória de Deus, minha fome e minha sede de
justiça. Traze-os de volta! Aviva a tua obra, ó Senhor!”.
A Importância Desta Oração
Se houver consciência de que há, em sua vida, uma necessidade de
avivamento espiritual, se seu coração estiver indagando: “Como posso orar? O
que devo orar? Como posso retornar ao Senhor?”, então ouça esta oração do
profeta: “Aviva a tua obra, ó Senhor!”.Habacuque
não está pedindo “Senhor, ajuda-me a fazer a obra”, mas está orando para que o
próprio Deus comece a agir novamente.
Se você é cristão, Deus já começou a trabalhar no seu coração,
porque “somos feitura dele, criados em
Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que
andássemos nelas” (Ef 2.10). E se você realmente nasceu de
novo, se é de fato um filho de Deus, então Deus, que é o criador de todos os
mundos, já começou a agir no seu coração e na sua vida.
A oração aqui é que Deus avive a obra dele,
que volte a trabalhar no seu interior. Se seu amor ficou estagnado e
paralisado, se você parou de crescer em Cristo em todas as áreas, se desistiu
de correr com paciência a carreira que lhe foi proposta, se sua vida cristã
estacionou, se o único progresso que experimenta é mera profissão exterior dos
lábios, se não existe verdadeira comunhão com Deus, um andar sincero com ele,
um intercâmbio com os céus –, então é porque o Espírito de Deus ficou
entristecido e foi embora.
O muro ficou inacabado? O templo está incompleto? O Espírito
Santo não está disciplinando e ensinando você, sondando-o e ardendo no seu
interior com a preciosa Palavra, levando-o a paragens mais altas e sublimes? Se
a situação for essa, é porque, de algum modo e por alguma razão, o Espírito
Santo entristeceu-se a ponto de deixar de operar em sua vida; assim, a obra de
Deus em seu coração está estacionada, enfraquecida, mirrada, uma desonra a
Deus, porque seu Espírito não está ativo em sua vida. Oh, se estivermos nessa
condição, não podemos fazer esta simples oração: “Volta para o teu templo, ó
Espírito de Deus! Aviva a tua obra!”?
Deus Opera Através de Sua Palavra
Como é que Deus opera? Ele sempre opera através da Palavra, que
é a espada do Espírito, de fato “mais
cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de
dividir alma e espírito, juntas e medulas, e apta para discernir os pensamentos
e propósitos do coração” (Hb 4.12).
A obra de avivamento é sempre obra de Deus. Se quisermos ser
aquilo que devemos ser, se desejarmos que o amor seja reaceso no coração, que o
poder para o serviço nos seja concedido, se quisermos prosseguir em conhecer o
Senhor e que a graça e a paz nos sejam multiplicadas por meio do conhecimento
de Deus e de Cristo Jesus nosso Senhor –, então o próprio Deus terá de agir em
nossas vidas. Ele é quem efetua em nós “tanto
o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade” (Fp 2.13).
Salvação é dom gratuito de Deus. A Palavra de Deus não nos dá
direito de propriedade a coisa alguma, senão somente a isto: à salvação. Só há
uma coisa que você pode legalmente afirmar que é sua. Você pode ter propriedade
de uma casa, de acordo com as leis do país; no entanto, a morte poderá tirá-la
de suas mãos. Sua esposa, seus filhos podem ser seus; porém Deus tem direito
prioritário sobre eles. Você pode ter outras posses e dizer: “Isto é meu”;
mesmo assim, é verdade que nada trouxemos para este mundo – e certamente nada
tiraremos dele. Viemos para cá sem propriedades e sairemos da mesma forma – com
esta exceção: a nossa salvação. É nossa herança, garantida a nós no último
testamento do nosso gracioso Salvador. É uma propriedade de dimensões imensas,
e o título será nosso para sempre. Entretanto, precisamos desenvolvê-la,
cultivá-la, trabalhar nela. Por
quê? Porque é Deus quem “efetua em vós tanto o querer
como o realizar, segundo a sua boa vontade”.
Alguns deixaram de desenvolver a própria salvação porque Deus
cessou de operar neles. O Espírito entristeceu-se, e agora precisam fazer esta
oração: “Ó Senhor, aviva a tua obra; volta para o jardim que está tomado de
espinhos e ervas daninhas; volta para os campos que estão estéreis, para a vida
que está infrutífera. Ó Senhor, aviva a tua obra!”. Ele é o grande Mestre, e
somente enquanto habita continuamente dentro de nós é que podemos dar frutos
para o louvor e a honra do seu nome.
Avivamento Sempre Começa com Oração
O texto de Habacuque é uma oração por avivamento. Você pode
dizer: “Não sei por onde começar”. Comece aqui: “Aviva
a tua obra, ó Senhor”. Habacuque
disse: “Tenho ouvido, ó Senhor, as tuas
declarações, e me sinto alarmado” (3.2). Que o Senhor nos ajude a ouvir sua
voz e a temer! E, se isso acontecer, o primeiro instinto do nosso coração deve
ser clamar: “Aviva a tua obra, ó Senhor” – só isso. Você não precisa inventar
uma oração. Temos aqui uma oração pronta, e, se fizermos dela a oração do nosso
coração, orando essas palavras com toda sinceridade, Deus nos ajudará.
“Mas eu não sinto vontade de orar.” É por isso mesmo que você
deve orar!
“Eu não orei esta manhã. Faz muito tempo que não oro.” Muito
bem, comece agora.
“Mas”, você pode dizer, “eu tenho que fazer tanta coisa para
estar preparado para orar.” Você não tem nada a fazer antes de orar. Você
precisa orar para que Deus comece
a agir; à medida que Deus age, ele vai avivar a obra do Espírito no seu
interior e ativar sua memória. Você se lembrará de deveres negligenciados, de
pecados cometidos. Uma sucessão de coisas passará por sua mente, suficientes
para mantê-lo ocupado por semanas e meses a seguir. Ele trará convicção de
pecados à sua consciência, purificará seu coração, fortalecerá sua vontade; em
pouco tempo, enfim, sentirá que todo o seu ser palpita com energia divina, se tão-somente
fizer esta oração: “Aviva a tua obra, ó Senhor”.
Algumas pessoas imaginam que Deus se atém à terminologia de
nossas orações. Não, meu amigo, nosso Deus compreende a nossa necessidade, e se
você tão-somente orar, não importará muito como ora, contanto que deixe seu
coração clamar a Deus “Aviva a tua obra, ó Senhor”. Eu não sei como o avivamento virá. Não
sei onde vai começar, mas você pode se apegar completamente à sabedoria, à
graça de Deus. Basta deixar Deus voltar e recomeçar agora a obra dele em sua
vida!
Você não quer fazer essa oração hoje, caro leitor? Há alguém que
possa dizer: “Eu não preciso orar assim”? Se houver, oremos por ele, porque
está precisando de muita gente para orar por ele! Quão pouco temos servido ao
Senhor – com quanta imperfeição, quanta desonra temos fracassado em todas as
oportunidades! Não necessitamos todos de orar“Aviva
a tua obra, ó Senhor”?
Esta é uma oração perfeitamente apropriada para toda igreja
cristã – CADA UMA DELAS:“Aviva
a tua obra, ó Senhor”. Fixe
no seu coração, mais uma vez, que a nossa tarefa principal é a tarefa da
oração. Pregar é inútil se não for acompanhada do poder divino. Não está no
poder do homem avivar a obra de Deus: só Deus pode fazer isso. Só ele pode
reavivar almas mortas e gerar daquele vale cheio de ossos um exército ativo e
poderoso. Essa é obra de Deus, e somos tolos se supomos que qualquer outro além
dele possa realizá-la, ou que alguém que esteja vivendo separado de Deus possa
ser usado para fazê-la.
A oração é nossa atividade principal. Não é do nosso
conhecimento que Deus tem necessidade, não é da nossa lógica, não é das nossas
capacidades intelectuais, com toda certeza não é da nossa eloquência. A única
coisa de que ele realmente precisa é do nosso coração, e se pudéssemos
simplesmente nos tornar, num sentido muito mais profundo do que jamais fomos
anteriormente, uma igreja que ora e que não cessa de clamar, dia e noite,
diante de Deus por um grande avivamento espiritual – não haveria coisa alguma
que não pudéssemos realizar!
A voz da oração não se extinguiu na igreja hoje – mas será que
você tem sentido menos prazer no seu tempo de oração? Tem participado com menos
frequência das reuniões de oração?
“Aviva a tua obra, ó Senhor.” E qual é a obra dele? A obra de Deus é
convencer pecadores. Alguém pode dizer que poucas pessoas atualmente sentem
convicção de pecado. Bem, meu irmão, dobre os seus joelhos e peça a Deus,
porque ninguém mais é capaz de fazer tal obra. Não é tarefa sua, nem minha, nem
dos diáconos. É obra de Deus, e se quisermos que seja feita, temos de nos
aproximar de Deus e dizer-lhe: “Aviva a tua obra”. Só Deus pode fazer novas todas as
coisas.
Essa é uma oração apropriada para a Igreja de Cristo em geral –
em toda a parte. Deveríamos orar pelas outras igrejas. Estamos vivendo em dias
maus. Conheço igrejas que não têm reunião de oração – pense nisso, uma igreja
sem oração! São exatamente como aquele grupo que Ezequiel viu (Ez 37.1-10) em
que cada osso veio para o seu osso, e cresceu carne e se estendeu a pele sobre
eles, e, mesmo assim, ele disse: “não
havia neles o espírito”. Eles
continuavam mortos depois de toda a pregação, e foi somente quando o profeta
clamou: “Assim diz o Senhor Deus: Vem
dos quatro ventos, ó espírito, e assopra sobre estes mortos, para que vivam”
(v. 9), que eles se levantaram para formar um grande exército.
Não importa com que eloquência você tenha pregado no púlpito,
que tipo de riqueza ou influência social os membros de sua igreja ostentem – a
igreja que não ora é apenas um poluidor da área. Não tem o direito de reunir-se
em nome do Senhor. Nossa tarefa é chamar o poder do Céu para entrar em vidas
humanas. Entretanto, há igrejas por toda parte que não oram de jeito nenhum;
outras, quando muito, têm uma meia dúzia de gatos pingados quando se faz uma
reunião de oração. Não temos motivos de sobra para orar“Aviva a tua obra, ó Senhor”?
E quando os homens usam o púlpito para negar ou desacreditar a
santa Palavra, quando as doutrinas do Evangelho são desprezadas e Jesus Cristo
é ferido na casa de seus amigos, não há razão para pedir com fervor que Deus
avive a sua obra? Portanto, querido amigo, diante de uma tarefa tão grande, eu
o convido a reconhecer o imenso Poder que é mais do que capaz de realizar a obra.
Enquanto nos apegarmos a Deus, ele pode reverter a maré de incredulidade.
Tenho lido a respeito das condições da sociedade norte-americana
no início do século 19. Eram tão perversas quanto o são hoje – ou até piores
(se possível). Contudo, depois de algum tempo, pela graça de Deus, o avivamento
veio.
Concordo com o meu amigo, dr. Riley, quando diz que temos a
vitória garantida em qualquer hipótese. Se estivermos no tempo da grande
apostasia final, então o Senhor está às portas e logo virá; nesse caso, não vai
demorar e logo compartilharemos do seu glorioso triunfo. Por outro lado, se
ainda não estivermos na apostasia final, podemos ainda esperar um grande e
glorioso avivamento que abrangerá o mundo inteiro. Aleluia! Não vejo por que
não. Você já viu Deus salvar uma pessoa? Eu já o presenciei muitas e muitas
vezes. Se ele pode salvar uma pessoa, pode também salvar cem; se pode salvar
cem, pode também salvar milhares; e se milhares, pode também alcançar milhões.
Deus pode avivar sua obra no nosso coração e em todas as
igrejas, até que mais uma vez vejamos multidões no vale da decisão, perguntando
pelo caminho para Sião e voltando seus rostos para lá.
Procura-Se Um Coração Em Chamas!
Por: Wesley L. Duewe
Para o líder cristão, não existe nenhuma alternativa para o
Espírito Santo. É necessário que o líder tenha um coração abrasado pelo amor a
Deus e aos homens. Como afirmou Dr. George W. Peters: “Deus, a igreja e o mundo
estão à procura de homens com corações em chamas – corações cheios do amor de
Deus; cheios de compaixão pelos males, tanto da igreja quanto do mundo; cheios
de paixão pela glória de Deus, o Evangelho de Jesus Cristo e a salvação dos
perdidos”.
“A resposta de Deus”, acrescenta ele, “para um mundo cheio de
indiferença, materialismo, frieza e escárnio são corações ardentes nos
púlpitos, nos bancos das igrejas, nas escolas bíblicas e nos colégios e
seminários cristãos.”
Se você é um líder cristão, e o seu coração não está ardendo em
chamas, com toda certeza a maioria dos membros de sua igreja terá um coração
morno, que pouco ou nenhum impacto tem sobre o mundo. As nossas comunidades não
se impressionam muito com nossos programas e infindáveis atividades. Para ter
impacto sobre a comunidade, precisa ter algo além de uma igreja ativista,
preocupada em atender e ajudar os visitantes. Precisa ser uma igreja em chamas,
liderada por homens que têm o ardor de Deus em seus corações.
Samuel Chadwick, o falecido presidente do Cliff College, da
Inglaterra, era uma “sarça ardente”. A partir do momento em que ficou cheio do
Espírito, “milagres da graça divina eram realizados através da influência de
uma vida que passou a ser incendiada pelo fogo de Deus”. Francis W. Dixon conta
como “o poder de sua pregação e a influência moral dos membros de sua igreja
foram tão poderosos, que o próprio Chefe de Polícia reconheceu publicamente
como a cidade inteira ficara livre de crimes pela influência de homens e
mulheres que haviam sido incendiados pelo amor de Deus”.
Dizem que uma vez um colega pastor perguntou a John Wesley,
mensageiro do coração ardente, o que devia fazer para aumentar sua igreja. Ele
respondeu: “Se o pregador estiver em chamas, todo o mundo virá para vê-lo
queimar”.
Um dos biógrafos de Wesley o descreveu como um homem “sempre
ofegante, correndo sem parar atrás das almas perdidas”. No túmulo de Adam
Clarke, um dos primeiros estudiosos metodistas e um discípulo de Wesley, estão
inscritas estas palavras: “Vivendo para os outros, fui totalmente consumido”.
Há um século, T. DeWitt Talmage escrevia: “Hoje, acima de
qualquer outra necessidade, nos falta o fogo – o fogo sagrado de Deus,
queimando nos corações dos homens, estimulando suas mentes, impelindo suas
emoções, emocionando suas línguas, brilhando em seus rostos, vibrando em seus
atos, expandindo seu potencial intelectual e fundindo todo o seu conhecimento,
lógica e retórica em uma grande corrente inflamada. Que esse batismo de fogo
venha sobre nós a fim de que milhares entre nós, que até hoje não passaram de
ministros fracos e convencionais, sem qualquer contribuição marcante e que
seriam facilmente esquecidos da memória da humanidade, sejam transformados em
poderosos instrumentos de Deus”. Essa descrição continua tão válida hoje quanto
naquela época.
Alguns anos atrás, quando a Polônia vivia sob o regime
comunista, um soldado polonês comentou com o Dr. Harold John Okenga: “Existe na
Polônia uma corrida entre o comunismo e o cristianismo. Aquele que conseguir
transformar sua mensagem em uma chama de fogo ganhará”.
Um cristianismo sem paixão não conseguirá apagar as chamas do
inferno. Para combater o fogo de uma floresta é necessário iniciar um outro
incêndio para ir ao seu encontro. Um líder apático nunca conseguirá inflamar os
outros. E um líder jovem sem ardor, como poderá acender a chama no coração dos
outros jovens? Enquanto não formos inflamados, não conseguiremos alcançar o
coração das pessoas. O bispo Ralph Spaulding Cushman orava:
Inflama-nos, Senhor, sacode-nos, nós te suplicamos!
Enquanto o mundo perece, nós, indiferentes,
Seguimos o nosso caminho
Sem rumo, sem paixão, dia após dia
Inflama-nos, Senhor, sacode-nos, nós te suplicamos!
Enquanto o mundo perece, nós, indiferentes,
Seguimos o nosso caminho
Sem rumo, sem paixão, dia após dia
Inflama-nos, Senhor, sacode-nos, nós te suplicamos!
Não há uma necessidade maior que essa em nossas igrejas e
escolas hoje. Não basta ter uma fé cristã e bíblica; temos de ser possuídos por
Cristo, totalmente tomados por seu amor e sua graça, inteiramente inflamados
por seu poder e glória. Cada pequenina parte do nosso ser, como diz certo hino
do passado, precisa estar incandescente com o fogo divino. Não é suficiente ter
a lenha, não é suficiente ter o altar, não basta ter o sacrifício – precisamos
do fogo! Oh, fogo de Deus, desce novamente sobre nós! Faz-nos arder, Senhor,
inflama-nos totalmente!
Se quisermos ser uma força irresistível para Deus, no lugar onde
ele nos colocou, precisaremos do batismo de fogo do Espírito Santo. Se
quisermos despertar nossas igrejas sonolentas, precisaremos que aquele fogo,
que veio sobre cada um que esperava no cenáculo no dia de Pentecostes, desça
agora sobre nós. Você precisa disso, e eu preciso disso.
Num comovente artigo, intitulado “Queima Incessantemente, Fogo
de Deus”, T. A. Hegre escreveu: “É de fogo que precisamos, fogo para derreter
nossas emoções geladas e passivas, fogo para nos impelir a fazer algo em favor
daqueles que descem diariamente à sepultura sem Cristo. Incontáveis milhões
estão morrendo sem que ninguém lhes tenha falado do Evangelho, porque nós
cristãos estamos apagados. Precisamos de fogo, do fogo do Espírito!”
Não precisamos de fogo fanático ou humano, que não glorifica o
nome santo do Senhor. Precisamos é do fogo sagrado, daquele fogo que o Espírito
traz e que usa para nos batizar. Precisamos do fogo e do zelo da igreja
primitiva, quando praticamente todos os cristãos estavam prontos, se necessário
fosse, a se tornarem mártires por Cristo.
Num sermão contundente, John R. Rice censurou nossa falta de
fogo. “Ouçam, não são os pecadores que são duros. O problema de dureza está no
coração dos pregadores. Os professores das escolas bíblicas, os diáconos, os
obreiros e os superintendentes é que são duros. É mais fácil salvar uma alma e
converter um bêbado ou uma prostituta do que inflamar um pregador para ganhar
almas.”
George Whitefield foi grandemente usado por Deus, junto com John
Wesley, quando viraram a Inglaterra de ponta-cabeça e, pela graça de Deus,
evitaram que as Ilhas Britânicas passassem por uma réplica da Revolução
Francesa. Diziam a respeito de Whitefield: “Desde o tempo em que começou a
pregar, ainda garoto, até à hora de sua morte, nunca deixou que sua paixão se
abatesse. Até o final de sua notável carreira, sua alma foi como uma fornalha
ardente de dedicação em favor da salvação dos homens”.
Sua alma como uma fornalha ardente! Ah, aqui está o segredo! O
problema trágico é que estamos tentando conduzir o povo de Deus com corações
que nunca foram inflamados ou que perderam o ardor. Elias orou até o fogo
descer sobre o monte Carmelo. E, então, os apóstatas caíram de joelhos e
clamaram: “O Senhor é Deus! O Senhor é
Deus!” (1 Rs 18.39).
Pode o fogo da Shekiná, que fez chamejar a sarça no deserto,
atear fogo em nossos corações, até que sejamos sarças ardentes por Deus? (Êx
3.1-3). O fogo da Shekiná no monte Sinai difundiu-se pelo corpo de Moisés até
que sua face refletisse a glória de Deus (Êx 34.29,30). Podemos nós nos
aproximarmos de Deus até que o fogo da Shekiná comece a transfigurar nossos
vasos de barro e as pessoas possam ver o reflexo da glória de Deus sobre nós e
em nós?
Pode o fogo da Shekiná, que Ezequiel viu afastar-se passo a
passo de Israel, voltar para nós hoje? (Ezequiel, capítulos 10,11). Ele voltou
sobre os 120 que se encontravam no mesmo lugar, no cenáculo (At 2.1-21). Se
precisássemos passar dez dias para buscar a face de Deus, seríamos mais do que
recompensados se no final fôssemos inflamados por ele.
Mas esse batismo não vem por meio de esforços, méritos ou
simulações. Só Deus pode batizar com fogo. Só Deus pode enviar a Shekiná. Só
Deus pode satisfazer suas necessidades e as minhas. Já labutamos muito tempo
sem esse fogo. Temos ficado muito aquém da glória de Deus, por causa da falta
dele. Temos deixado nossas igrejas praticamente impassíveis, inalteradas, por
falta da chama.
Nós não podemos acender esse fogo. Não podemos criá-lo por nós
mesmos. Mas podemos humilhar-nos diante de Deus, com toda a honestidade e lisura,
e confessar nossas carências. Podemos buscar a face de Deus, até que sua
poderosa lanterna alumie nossos corações e nossas vidas e mostre o que neles
nos impede de sermos capacitados e cheios de sua vida.
O fogo santo de Deus desce somente sobre os corações preparados,
obedientes e famintos. Talvez a necessidade que está por baixo de todas as
necessidades é que não estamos suficientemente famintos ou sedentos, nem somos
intensos em nosso desejo.
“Ora, se vós, que sois maus,
sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais o Pai celestial dará o
Espírito Santo àqueles que lho pedirem” (Lc 11.13).
bibliografia o arauto da sua vinda,edições selecionadas
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