ESTUDO BIBLICO EM ATOS DOS APOSTOLOS
A ação do Espírito Santo
através da Igreja
Certamente
haveremos de nos convencer de que, à semelhança daqueles dias, o Espírito Santo
vem agindo na Igreja e através da Igreja, levando-a a ser o sal de um século
insípido e a luz de um mundo em trevas. Mas não espere encontrar uma igreja sem
problemas, conforme adverte-nos o pastor inglês John Stott: “A leitura de Atos
não deve levar-nos a uma idealização da Igreja Primitiva, como se ela não
possuísse nenhum defeito. Como veremos adiante, ela tinha muitos”.
Sim, não
encontraremos uma igreja perfeita, mas uma igreja poderosa e militante que
espalha o Evangelho de Cristo sem impedimento algum.
AUTORIA,
DATA E TEMA
Em seu
Evangelho, Lucas fez um relato fidedigno e metódico pondo “em ordem a narração
dos fatos”, diz ele, “que entre nós se cumpriram, segundo nos transmitiram os
mesmos que os presenciaram desde o princípio” (Lc 1.1,2). Já em Atos dos
Apóstolos, pôs-se ele a narrar a expansão da Igreja de Cristo. Neste livro,
Lucas atua também como o personagem que, de forma modesta, oculta-se na
humildade do pronome da primeira pessoa do plural (At 20.6,13,15; 21.16; 27.8).
Conheçamos,
pois, mais alguns detalhes dos Atos dos Apóstolos que devem ser conhecidos
ainda, segundo F.B. Meyer, como “os Atos do Espírito do Cristo que ascendeu ao
céu”.
Autoria. Não
possuímos muitas informações acerca do autor de Atos dos Apóstolos. Sabemos
apenas tratar-se de um homem excepcional, culto e possuidor de um estilo
literário de impressionante grandeza. Haja vista o prólogo de seu evangelho
escrito num grego que se aproxima do clássico (Lc 1.1-4).
Lucas
também era médico (Cl 4.14). E mui amado por todos.
Pelo
que depreendemos de sua obra, veio ele a converter-se depois da ascensão do
Senhor Jesus. A partir da segunda viagem missionária de Paulo, encontramo-lo a
participar ativamente da evangelização dos gentios (At 16.10).
Data
de composição. Lucas concluiu os Atos dos Apóstolos entre os anos 61-63.
Portanto, antes da execução de Paulo e bem antes da destruição de Jerusalém
pelos romanos. Historiador consciencioso que era, jamais deixaria de mencionar
ambos os fatos, houvesse ele escrito o livro após o ano 70. Acerca da
historiografia lucana, manifesta-se A. N. Sherwin-White, emérito professor de
história da Universidade de Oxford: “Para o autor de Atos, a confirmação da
historicidade dos fatos é fundamental”.
Tema. Podemos
resumir assim o tema central dos Atos dos Apóstolos: A expansão triunfal do
Evangelho de Cristo através da Igreja no poder do Espírito Santo.
O
CONTEÚDO DE ATOS DOS APÓSTOLOS
Assim
podemos dividir o conteúdo de Atos dos Apóstolos: Eventos Pré-pentecostais (At
1); Evento Pentecostal (At 2); A expansão do Evangelho em Jerusalém (At 3-7); A
expansão do Evangelho na Judeia e Samaria (At 8-12); A expansão do Evangelho
entre os gentios (At 13-28). As divisões de Atos dos Apóstolos acompanham a
ordem de Jesus em Atos 1.8.
Eventos
pré-pentecostais. Dois foram os principais eventos que precederam a descida
do Espírito Santo no Dia de Pentecostes: a ascensão de Cristo e a escolha de
Matias como ocupante do posto desprezado por Judas Iscariotes.
a) A
ascensão de Cristo. A subida do Cristo ressurreto e glorioso ao céu, como
veremos na próxima lição, não foi um artifício mitológico criado por Lucas, mas
um fato histórico comprovado e testemunhado por centenas de pessoas (At 1.15; 1
Co 15.6).
b) A
eleição de Matias. A escolha do substituto do Iscariotes tem de ser encarada
como um capítulo importantíssimo da História da Igreja Cristã. Além do mais,
foi o próprio Espírito Santo quem constrangeu a Pedro a presidir a reunião que
culminou com a designação de Matias. A Igreja não poderia ser inaugurada com o
colégio apostólico incompleto (At 1.15-20).
Evento
Pentecostal. Estando o Cristo já à destra do Pai e a vacância de Judas
preenchida por Matias, só faltava mesmo a efusão do Espírito Santo sobre os
discípulos, para que a Igreja fosse inaugurada como a agência por excelência do
Reino de Deus. O fato está registrado em Atos capítulo dois. Na terceira lição,
estaremos a discorrer com mais vagar sobre o evento.
Eventos
missionários. Lucas narra, com precisão, seis eventos missionários que
mostram como a Igreja de Cristo expande-se de Jerusalém aos confins da terra: a
expansão em Jerusalém, a expansão na Judeia e Samaria e a expansão entre os
gentios, compreendendo as quatro viagens missionárias de Paulo.
a) A
expansão em Jerusalém. Nenhum líder judeu poderia imaginar
que, logo após a morte do Senhor Jesus, a Igreja Cristã, inaugurada no
Pentecostes, esparramar-se-ia tão celeremente por toda Jerusalém. No Sermão do
Pentecostes, quase três mil almas agregaram-se aos fiéis (At 2.41). Mais
adiante, o número já sobe para quase cinco mil (At 4.4). Daí em diante,
multiplicou-se tanto o número de conversos que até mesmo não poucos sacerdotes
obedeciam a fé (At 6.7).
b) A
expansão da Igreja na Judeia e Samaria. A morte de Estêvão foi
apenas o início de uma perseguição que culminaria com a diáspora da igreja
hebreia. Os irmãos, espalhados que foram pela arbitrariedade das autoridades
judaicas, iam semeando a Palavra de Deus por toda a Judeia até chegar a
desprezada Samaria (At 8.1-25). Nessa fase, destaca-se como evangelista o que
fora escolhido como diácono: Filipe (At 8.5).
c) A
expansão da Igreja entre os gentios. Se na parte inicial de
Atos, a figura proeminente é Pedro, na segunda parte destacar-se-á Saulo de
Tarso como o grande campeão de Cristo que, em três viagens missionárias, levou
o Evangelho ao extremo ocidental do mundo então conhecido sem impedimento algum
(At 13-28).
O
PROPÓSITO DE ATOS DOS APÓSTOLOS
O livro
de Atos dos Apóstolos foi escrito com o propósito de narrar e justificar a
expansão universal da Igreja de Cristo no poder do Espírito Santo. É o seu
intento também estimular os crentes de todas as gerações a prosseguir na universalização
do Reino de Deus até a volta de Cristo.
Narrar
a expansão da Igreja. Como a Igreja de Cristo, inaugurada pelo Espírito Santo em
Jerusalém, veio a tornar-se na universal e invisível assembléia dos santos? Foi
justamente para responder a esta pergunta que Lucas escreveu os Atos dos
Apóstolos. Metódica e sistematicamente, mostra ele como a Igreja transcendeu as
fronteiras da Judeia para universalizar-se nos confins da terra (At 1.1-15).
A
justificar os Atos dos Apóstolos. De maneira sutil, porém
bastante evidente, Lucas destaca o mandamento do Cristo que justifica não
apenas a expansão da Igreja como a sua universalização: “Mas recebereis a
virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas
tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra”
(At 1.8). Evangelizar e fazer missões é a nossa obrigação.
Estimular
aos crentes. Ao encerrar os Atos dos Apóstolos, deixa Lucas bem patente
a todos nós que aqueles atos não foram encerrados com a prisão de Paulo em
Roma, mas acham-se abertos e livres para que evangelizemos e façamos missões
até a volta de Jesus sem impedimento algum.
Atos
dos Apóstolos.“Os capítulos iniciais do Livro de Atos definem os alicerces do
explosivo crescimento da jovem igreja. Por cerca de quarenta dias os discípulos
foram ensinados, por Jesus, sobre ‘o Reino de Deus’ e sua responsabilidade de
difundir a mensagem de Jesus ‘até aos confins da terra’ (1.1-8). A ascensão
visível de Cristo ao céu foi seguida por um breve período de espera, durante o
qual os discípulos escolheram um fiel seguidor de Jesus para assumir o lugar de
Judas Iscariotes (1.9-26). Esta espera terminou no dia de Pentecostes.
[Os]
primeiros capítulos de Atos apresentam os temas que percorrem todas as
epístolas do Novo Testamento, e são vitais para nós hoje. O primeiro tema é o
Espírito Santo. Sua vinda inaugura a igreja [...]. O segundo tema é a
evangelização. Os primeiros cristãos são levados a proclamarem o Senhor [...].
O terceiro motivo é a comunhão. Os membros da jovem igreja são unidos por
comprometimento compartilhado com Jesus. Eles adoram, estudam, repartem e oram
juntos, em unidade que inspira profundo carinho de uns pelos outros. Embora
devamos encarar o Livro de Atos como documento descritivo que retrata o que
aconteceu no século I, em lugar de encará-lo como um documento prescritivo que
nos instrui sobre como devemos viver hoje, estes três temas nos lembram de como
dependência do Espírito, paixão pela evangelização e comprometimento com a
comunhão são vitais para qualquer pessoa que procure seguir a Jesus Cristo em
nossa época”.(RICHARDS, L. O. Comentário Histórico-Cultural do Novo
Testamento. 1.ed. RJ: CPAD, 2007, pp.251-2)
A
Eclesiologia em Lucas.“No pensamento de Lucas, a Igreja
relaciona-se com algumas coisas antigas e novas. Ela está ligada às coisas
antigas porque compartilha as promessas feitas e entrega essa mensagem ao
mundo. Ela está ligada às coisas novas porque é uma estrutura totalmente nova
por meio da qual, agora, Deus opera. Os apóstolos proclamavam nas sinagogas que
Jesus é o cumprimento da Lei do Antigo Testamento, portanto, todo judeu que
respondia as promessas devia vir a Jesus. A argumentação dos apóstolos era que
o fim natural do judaísmo encontrava-se em Jesus. No início de Atos dos
Apóstolos, os apóstolos não parecem considerar que foram chamados a se separar
de Israel. Eles iam ao Templo e se reuniam lá (At 3.1-10; 4.1,2; 5.12). A
prática deles era sensível em relação às preocupações judaicas (15.1-35;
21.17-26). [...] Até mesmo quando Paulo deixou os judeus para ir aos gentios,
ele ainda ia à sinagoga, ou ao Templo, das cidades que viajava (13.46 — 14.1;
18.6 com 21.26) [...] Os judeus que ouviam Paulo ficavam informados que eles,
para seguir até o fim seu compromisso com Deus, tinham de abraçar a mensagem da
promessa inaugurada e se tornar membros da nova comunidade. Entretanto, os
eventos forçaram a Igreja a se separar do Judaísmo, por causa da rejeição
judaica. Como resultado disso, a Igreja emergiu como uma comunidade independente
da sinagoga.
Lucas
via essa comunidade que surgia como algo novo. Por isso, em At 11.15, Pedro, ao
se referir aos eventos de 2.1-4, usa a expressão ‘ao princípio’. Agora, nos
termos lucanos, ela é o início da realização da promessa, conforme as declarações
de Pedro relacionadas com a primeira distribuição do Espírito (At 2.14-36)
[...]. Assim, o surgimento da Igreja teve sua origem na vinda do Espírito
Santo. Atos 11.15-18 torna a concessão do Espírito o marco inicial dessa nova
era e desse novo grupo de fiéis. Lucas explica como esse grupo torna-se
distinto do judaísmo e, mesmo assim, tem o direito de proclamar as promessas
que costumam pertencer exclusivamente às sinagogas. Deus está presente nessa
nova comunidade. Em Atos 11, o ponto adicional a respeito desse novo grupo é
que Deus incluiu os gentios nesse círculo de bênçãos com sua intervenção direta
(vv.11-18). Em Atos 2, os eventos da fundação da igreja fazem paralelo com os
eventos da casa de Cornélio, registrados em Atos 10.1 – 11.18, mostrando, sem
deixar a menor sombra de dúvida, que Deus agiu para incluir os gentios”.(ZUCK,
R. et al. Teologia do Novo Testamento. 1.ed. RJ:
CPAD, 2008, pp.156-57)
MAIS NOTAS DOS ASSUNTOS JA TRATADOS ANTERIORMENTE.
A escolha do substituto de Judas tem de ser encarada como um capítulo importantíssimo da História da Igreja Cristã. Além do mais, foi o próprio Espírito Santo quem constrangeu a Pedro a presidir a reunião que culminou com a escolha de Matias. A Igreja não poderia ser inaugurada com o colégio apostólico incompleto.
MAIS NOTAS DOS ASSUNTOS JA TRATADOS ANTERIORMENTE.
Introdução ao estudo sobre a ação do
Espírito Santo na Igreja e através da Igreja conforme a narrativa lucana
Lucas
não se limitou a escrever os Atos dos Apóstolos. Fiel companheiro de Paulo,
participou ele de muitos daqueles atos que os apóstolos prodigalizaram sob a
unção do Espírito Santo. Cruzando fronteiras, singrando mares e
transculturando-se até mesmo entre os bárbaros e incultos, esmerou-se como um
dos maiores escritores de todos os tempos.
Em Atos dos Apóstolos, Lucas vai localizando eventos que rapidamente universalizam-se na conversão de pessoas e famílias das mais distintas nacionalidades. Como ficar indiferente àqueles acontecimentos tão únicos que se deram em Jerusalém, que se efetivaram em Samaria e imortalizaram-se em Antioquia? Da ascensão de Cristo no Monte das Oliveiras até a prisão de Paulo em Roma, tais fatos mostram o irresistível poder do Espírito Santo na vida da Igreja que, tendo como nascedouro Israel, reclamava agora, como herança, todas as nações da terra.
Transcendendo a sombra de um império localizado e passageiro, Lucas visualiza o ideal de um reino universal e eterno que se concretiza na proclamação do Evangelho de Cristo. Somente um historiador com a sua magnitude gizaria um domínio que o Império Romano não seria capaz de resistir. Um domínio, aliás, construído não apenas de palavras, mas erguido sobre atos miraculados pelo Espírito Santo.
O que é o livro de Atos dos Apóstolos
Lucas não escreveu livros; redigiu dois tratados. Judiciosa e imparmente, redigiu-os. O próprio autor assim classifica suas obras: “Escrevi o primeiro tratado” (At 1.1). Temos diante de nós, por conseguinte, um dos maiores escritores de todos os tempos. Além de divinamente inspirado, sabia Lucas como trabalhar a palavra de maneira a realçar-lhe o belo. Diria Olavo Bilaque que o evangelista era um ourives de raro pendor.
São mui raros os historiadores que se destacam pela sublimidade do estilo, pela seleção dos vocábulos e pela arquitetura da frase. A maioria supõe que, ater-se aos fatos, é o suficiente para agradar ao leitor. Na língua portuguesa, temos um exemplo que merece ser citado quer pela exatidão de sua historiografia, quer pela formosura de sua prosa. Refiro-me a Oliveira Martins (1845-1994). A sua História de Portugal é uma obra que, além de bem pesquisada, teve o seu texto cinzelado com esmero e apuro. Apesar de seu engenho e arte, Martins não logrou superar o médico amado.
No evangelho, Lucas deixa bem claro a Teófilo que o seu propósito não é compor a biografia de Jesus, mas aprofundar-se na vida, ministério e paixão daquele que, nascido verdadeiro homem, era e é verdadeiro Deus. Pesquisando exaustivamente os fatos, cotejando documentos e entrevistando testemunhas oculares, logrou reconstituir com singular precisão as palavras e atos do Nazareno desde Belém de Judá até ao Calvário. Esse foi o seu primeiro tratado.
Mas, rigorosamente, o que é um tratado? É um estudo sistemático e metódico acerca de um personagem, de uma ciência ou de um evento histórico. A palavra grega traduzida por tratado é mui significativa. Logos é um estudo formal sobre determinado assunto, cuja natureza demanda rigorosa organização, a fim de conformar-se às exigências da comunidade acadêmica.
Pode o livro de Atos ser considerado um trabalho rigorosamente acadêmico? Na pena do Dr. Lucas, sim. Oferece-nos ele mais do que uma história; presenteia-nos com uma historiografia precisa e claríssima do Filho de Deus. Nenhuma academia que se preza haveria de reprovar-lhe os tratados: o terceiro evangelho e os Atos dos Apóstolos.
Aceito universalmente pela comunidade cristã, os Atos são, por conseguinte, um livro histórico, teológico, apologético e missiológico.
Em Atos dos Apóstolos, Lucas vai localizando eventos que rapidamente universalizam-se na conversão de pessoas e famílias das mais distintas nacionalidades. Como ficar indiferente àqueles acontecimentos tão únicos que se deram em Jerusalém, que se efetivaram em Samaria e imortalizaram-se em Antioquia? Da ascensão de Cristo no Monte das Oliveiras até a prisão de Paulo em Roma, tais fatos mostram o irresistível poder do Espírito Santo na vida da Igreja que, tendo como nascedouro Israel, reclamava agora, como herança, todas as nações da terra.
Transcendendo a sombra de um império localizado e passageiro, Lucas visualiza o ideal de um reino universal e eterno que se concretiza na proclamação do Evangelho de Cristo. Somente um historiador com a sua magnitude gizaria um domínio que o Império Romano não seria capaz de resistir. Um domínio, aliás, construído não apenas de palavras, mas erguido sobre atos miraculados pelo Espírito Santo.
O que é o livro de Atos dos Apóstolos
Lucas não escreveu livros; redigiu dois tratados. Judiciosa e imparmente, redigiu-os. O próprio autor assim classifica suas obras: “Escrevi o primeiro tratado” (At 1.1). Temos diante de nós, por conseguinte, um dos maiores escritores de todos os tempos. Além de divinamente inspirado, sabia Lucas como trabalhar a palavra de maneira a realçar-lhe o belo. Diria Olavo Bilaque que o evangelista era um ourives de raro pendor.
São mui raros os historiadores que se destacam pela sublimidade do estilo, pela seleção dos vocábulos e pela arquitetura da frase. A maioria supõe que, ater-se aos fatos, é o suficiente para agradar ao leitor. Na língua portuguesa, temos um exemplo que merece ser citado quer pela exatidão de sua historiografia, quer pela formosura de sua prosa. Refiro-me a Oliveira Martins (1845-1994). A sua História de Portugal é uma obra que, além de bem pesquisada, teve o seu texto cinzelado com esmero e apuro. Apesar de seu engenho e arte, Martins não logrou superar o médico amado.
No evangelho, Lucas deixa bem claro a Teófilo que o seu propósito não é compor a biografia de Jesus, mas aprofundar-se na vida, ministério e paixão daquele que, nascido verdadeiro homem, era e é verdadeiro Deus. Pesquisando exaustivamente os fatos, cotejando documentos e entrevistando testemunhas oculares, logrou reconstituir com singular precisão as palavras e atos do Nazareno desde Belém de Judá até ao Calvário. Esse foi o seu primeiro tratado.
Mas, rigorosamente, o que é um tratado? É um estudo sistemático e metódico acerca de um personagem, de uma ciência ou de um evento histórico. A palavra grega traduzida por tratado é mui significativa. Logos é um estudo formal sobre determinado assunto, cuja natureza demanda rigorosa organização, a fim de conformar-se às exigências da comunidade acadêmica.
Pode o livro de Atos ser considerado um trabalho rigorosamente acadêmico? Na pena do Dr. Lucas, sim. Oferece-nos ele mais do que uma história; presenteia-nos com uma historiografia precisa e claríssima do Filho de Deus. Nenhuma academia que se preza haveria de reprovar-lhe os tratados: o terceiro evangelho e os Atos dos Apóstolos.
Aceito universalmente pela comunidade cristã, os Atos são, por conseguinte, um livro histórico, teológico, apologético e missiológico.
Atos: histórico, teológico, apologético
e missiológico
O livro de Atos dos
Apóstolos é uma obra histórica, teológica, apologética e missiológica. Se não,
vejamos.
1) Histórico - O objetivo de Lucas, em Atos dos Apóstolos, é historiar os eventos que se sucederam na Igreja e através da Igreja, destacando sempre a Igreja de Cristo como a agência por excelência do Reino de Deus. Seu relato vai da ascensão de Jesus, no Monte das Oliveiras, até à prisão domiciliar de Paulo, em Roma. O autor revela, de maneira bem clara o seu objetivo:
“Escrevi o primeiro livro, ó Teófilo, relatando todas as coisas que Jesus começou a fazer e a ensinar até ao dia em que, depois de haver dado mandamentos por intermédio do Espírito Santo aos apóstolos que escolhera, foi elevado às alturas. A estes também, depois de ter padecido, se apresentou vivo, com muitas provas incontestáveis, aparecendo-lhes durante quarenta dias e falando das coisas concernentes ao reino de Deus. E, comendo com eles, determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, a qual, disse ele, de mim ouvistes. Porque João, na verdade, batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias. Então, os que estavam reunidos lhe perguntaram: Senhor, será este o tempo em que restaures o reino a Israel? Respondeu-lhes: Não vos compete conhecer tempos ou épocas que o Pai reservou pela sua exclusiva autoridade; mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra” (At 1.1-8).
A historiografia lucana é científica. Fruto de ampla pesquisa, revela-se metódica e expõe-se sistemática. Ele jamais se contentou com fontes que não fossem primárias. Além de escrever a história da Igreja Primitiva, desta mesma história participou. Ele oculta-se na majestade da segunda pessoa do plural, para revelar a singularidade da pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo na vida de seus apóstolos e evangelistas.
2) Teológico - Ao fazer história, Lucas dá-se a conhecer como grande e sublimado teólogo. A teologia vai aparecendo em sua obra de forma progressiva, observando sempre o ritmo de sua narrativa. Assim, realça ele o Reino de Deus através da Igreja no poder do Espírito Santo. Não era a sua intenção elaborar um tratado teológico. Mas, ao narrar as ações dos apóstolos do Cristo, fez-se teólogo. Como dissociar a História Sagrada da teologia bíblica e cristocêntrica?
3) Apologético - Os Atos dos Apóstolos são também um livro apologético. Em primeiro lugar, os discípulos de Jesus defenderam as verdades cristãs diante das autoridades judaicas que, de forma blasfema e arbitrária, tudo fizeram por matar a Igreja em seu nascedouro. Tendo em vista tal ameaça, o Espírito Santo instrumentalizou a Pedro e a João como os dois primeiros apologetas da Igreja (At 4.1-30). Em seguida, levanta o diácono Estevão que apresenta, diante dos mesmos potentados, uma brilhantíssima apologia de Nosso Senhor Jesus Cristo como o Cristo profetizado no Antigo Testamento (At 7).
Doutor dos gentios, o apóstolo Paulo faz seguidas defesas do Cristianismo diante dos gentios, realçando duas grandes doutrinas: o monoteísmo e a soteriologia cristológica. Haja vista o seu discurso no Areópago diante dos filósofos estóicos e epicureus (At 17.1-30). Esse pronunciamento pode ser considerado o mais perfeito enunciado do verdadeiro conhecimento de Deus.
4) Missiológico - Apesar de missionário, os Atos dos Apóstolos não são um tratado missiológico. Lucas, porém, ao narrar os primeiros empreendimentos evangelizadores da Igreja Cristã, deixa bem patente que aquela geração de crentes tinha em si, já bastante cristalizada, uma teologia de missões. Evangelizar, para eles, não era apenas uma demanda teológica, mas uma questão de obediência ao Senhor ressurreto e assunto.
Os cristãos primitivos não faziam distinção entre missões nacionais e estrangeiras. Tendo diante de si a Grande Comissão que nos confiou o Cristo, puseram-se a proclamar ousadamente o Evangelho em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria. Ignorando fronteiras, quer étnicas, quer culturais, chegaram aos extremos do mundo até então geografado.
Para os cristãos de Atos dos Apóstolos, a missiologia não se acomodava no âmbito da teoria, mas dinamizava-se numa prática que levava a Igreja a forçar as portas do inferno através da proclamação do Evangelho de Cristo.
No próximo artigo, falaremos um pouco sobre a vida e obra do autor de Atos: o médico amado, historiador e missionário Lucas.
1) Histórico - O objetivo de Lucas, em Atos dos Apóstolos, é historiar os eventos que se sucederam na Igreja e através da Igreja, destacando sempre a Igreja de Cristo como a agência por excelência do Reino de Deus. Seu relato vai da ascensão de Jesus, no Monte das Oliveiras, até à prisão domiciliar de Paulo, em Roma. O autor revela, de maneira bem clara o seu objetivo:
“Escrevi o primeiro livro, ó Teófilo, relatando todas as coisas que Jesus começou a fazer e a ensinar até ao dia em que, depois de haver dado mandamentos por intermédio do Espírito Santo aos apóstolos que escolhera, foi elevado às alturas. A estes também, depois de ter padecido, se apresentou vivo, com muitas provas incontestáveis, aparecendo-lhes durante quarenta dias e falando das coisas concernentes ao reino de Deus. E, comendo com eles, determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, a qual, disse ele, de mim ouvistes. Porque João, na verdade, batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias. Então, os que estavam reunidos lhe perguntaram: Senhor, será este o tempo em que restaures o reino a Israel? Respondeu-lhes: Não vos compete conhecer tempos ou épocas que o Pai reservou pela sua exclusiva autoridade; mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra” (At 1.1-8).
A historiografia lucana é científica. Fruto de ampla pesquisa, revela-se metódica e expõe-se sistemática. Ele jamais se contentou com fontes que não fossem primárias. Além de escrever a história da Igreja Primitiva, desta mesma história participou. Ele oculta-se na majestade da segunda pessoa do plural, para revelar a singularidade da pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo na vida de seus apóstolos e evangelistas.
2) Teológico - Ao fazer história, Lucas dá-se a conhecer como grande e sublimado teólogo. A teologia vai aparecendo em sua obra de forma progressiva, observando sempre o ritmo de sua narrativa. Assim, realça ele o Reino de Deus através da Igreja no poder do Espírito Santo. Não era a sua intenção elaborar um tratado teológico. Mas, ao narrar as ações dos apóstolos do Cristo, fez-se teólogo. Como dissociar a História Sagrada da teologia bíblica e cristocêntrica?
3) Apologético - Os Atos dos Apóstolos são também um livro apologético. Em primeiro lugar, os discípulos de Jesus defenderam as verdades cristãs diante das autoridades judaicas que, de forma blasfema e arbitrária, tudo fizeram por matar a Igreja em seu nascedouro. Tendo em vista tal ameaça, o Espírito Santo instrumentalizou a Pedro e a João como os dois primeiros apologetas da Igreja (At 4.1-30). Em seguida, levanta o diácono Estevão que apresenta, diante dos mesmos potentados, uma brilhantíssima apologia de Nosso Senhor Jesus Cristo como o Cristo profetizado no Antigo Testamento (At 7).
Doutor dos gentios, o apóstolo Paulo faz seguidas defesas do Cristianismo diante dos gentios, realçando duas grandes doutrinas: o monoteísmo e a soteriologia cristológica. Haja vista o seu discurso no Areópago diante dos filósofos estóicos e epicureus (At 17.1-30). Esse pronunciamento pode ser considerado o mais perfeito enunciado do verdadeiro conhecimento de Deus.
4) Missiológico - Apesar de missionário, os Atos dos Apóstolos não são um tratado missiológico. Lucas, porém, ao narrar os primeiros empreendimentos evangelizadores da Igreja Cristã, deixa bem patente que aquela geração de crentes tinha em si, já bastante cristalizada, uma teologia de missões. Evangelizar, para eles, não era apenas uma demanda teológica, mas uma questão de obediência ao Senhor ressurreto e assunto.
Os cristãos primitivos não faziam distinção entre missões nacionais e estrangeiras. Tendo diante de si a Grande Comissão que nos confiou o Cristo, puseram-se a proclamar ousadamente o Evangelho em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria. Ignorando fronteiras, quer étnicas, quer culturais, chegaram aos extremos do mundo até então geografado.
Para os cristãos de Atos dos Apóstolos, a missiologia não se acomodava no âmbito da teoria, mas dinamizava-se numa prática que levava a Igreja a forçar as portas do inferno através da proclamação do Evangelho de Cristo.
No próximo artigo, falaremos um pouco sobre a vida e obra do autor de Atos: o médico amado, historiador e missionário Lucas.
Lucas, o médico amado e grande
historiador da Igreja Primitiva
Não temos muitas
informações acerca do autor de Atos dos Apóstolos. Sabemos apenas tratar-se de
um homem singularmente culto e possuidor de um estilo literário de
impressionante grandeza. Lendo-lhe o prólogo do terceiro evangelho, apreendemos
de imediato a imparidade de seu engenho e a peregrinação de sua arte (Lc
1.1-4).
Pelo que depreendemos de suas obras, veio ele a converter-se depois da ascensão do Senhor Jesus. Mas, a partir da segunda viagem missionária de Paulo, ei-lo a participar ativamente da evangelização das gentes, pois destas era filho.
1) Um autor gentio a serviço do Rei dos judeus - Um artista da palavra que realçou a precisão. Basta ler a Epístola de Paulo aos Colossenses para se concluir ter sido Lucas um gentio de ascendência cultural grega (Cl 4.1-14). É possível fosse ele também cidadão romano.
Por conseguinte, Lucas é o único autor não hebreu das Sagradas Escrituras. Através de sua pena, sempre bela e terça, o Evangelho universaliza-se naquelas comunidades gregas, romanas e bárbaras que iam, pouco a pouco, sucumbindo à mensagem poderosa da cruz enunciada pelo apóstolo Paulo de Antioquia até Roma.
2) Um historiador que teologizou o avanço da Igreja - Quem não se encanta com os relatos de Heródoto? Filho do quinto século antes de Cristo, é ele alcunhado de o Pai da História. Pois fugindo ao mito e evitando os redimensionamentos de Homero e Hesíodo, buscou mostrar os gregos como estes realmente eram: seres humanos sujeitos às fraquezas, mas capazes de inacreditáveis façanhas. Apesar de todo o seu esforço, Heródoto não conseguiu evitar as hipérboles. Lucas, porém, lograria o que não alcançara o seu ilustre compatriota. Nos Atos dos Apóstolos, mostra o sobrenatural da operação do Espírito Santo na vida de homens naturalmente frágeis e limitados.
Fez Lucas, em seu evangelho, um relato fidedigno e metódico de “todas as coisas que Jesus começou a fazer e a ensinar até ao dia em que, depois de haver dado mandamentos por intermédio do Espírito Santo aos apóstolos que escolhera, foi elevado às alturas” (At 1.1-2). Já em Atos dos Apóstolos, pôs-se ele a narrar a expansão da Igreja de Cristo. Neste livro, a propósito, Lucas participa não somente como autor, mas também como o personagem que, de forma modesta, oculta-se nas famosas seções do pronome da 1ª pessoa do plural (At 20.6, 8, 13,15; 21.16; 27.8 etc).
3) Um artista da palavra - Há historiadores que se contentam em reconstituir o passado, registrar o presente e futurar o porvir. Todavia, não se preocupam com o estilo. Poucos são os que, à semelhança de Alexandre Herculano, Oliveira Martins e Winston Churchill, fazem da historiografia uma obra de arte. Lucas pertencia a este seleto grupo. Tanto em seu evangelho como em Atos, vai ele não somente trabalhando, como também lapidando o texto. E de tal forma o lapida, que temos a impressão de estar diante de uma pedra de peregrino valor.
Em sua pena, o koinê ganha os mesmos contornos que a linguagem clássica cunhou na poesia de Homero, no teatro de Sófocles, na oratória de Demóstenes e nos diálogos de Platão. Lucas é um escritor por excelência. Mas não permitia que a beleza do texto empanasse a verdade dos fatos que, desde a ascensão de Nosso Senhor, se iam sucedendo na Igreja e através da Igreja, até a prisão de Paulo.
4) Um médico que compreendeu a verdadeira dimensão da fé - Lucas é o maior exemplo de que a verdadeira ciência pode conviver harmonicamente com a religião do Único e Verdadeiro Deus. Médico formado com todos os rigores acadêmicos da época, ele sabia como viver em harmonia com a natureza que nos deixou o Criador e não tinha dificuldade alguma em conviver com o sobrenatural e com os milagres que o Senhor opera no âmbito de sua obra. Se por um lado, deleitava-se em curar os enfermos que encontrava durante as incursões missionárias de que tomou parte; por outro, não lhe causava nenhuma estranheza quando Paulo impunha as mãos sobre os doentes e os curava das mais estranhas e malignas moléstias.
Nesse tempo, a medicina era bastante desenvolvida entre os gregos e os romanos. A escritora canadense Taylor Caldwell ao romancear a vida de Lucas, revela que os médicos formados nas academias gregas achavam-se habilitados, inclusive, a fazer operações plásticas. Aliás, no tempo dos macabeus, não eram poucos os israelitas que, na ânsia de se helenizarem, recorriam a procedimentos que lhes disfarçavam o sinal da circuncisão.
O ambiente que Lucas frequentou, antes de converter-se a Cristo, era academicamente sofisticado. A ciência ali era levada a sério. Sem eles, não teriam nossos cientistas alcançando tanto êxito. Entre os gigantes daquela época, achava-se o evangelista Lucas.
Lucas não era apenas médico. Conheciam-no todos como o médico amado (Cl 4.14). Seguindo certamente as recomendações de Hipócrates, o pai da medicina, tudo fazia para que os seus pacientes vissem-no também como um amigo. Num consultório do Rio de Janeiro, tive a impressão de que o Dr. Lucas lá estivesse. Pois um quadro trazia uma confissão simples, mas profundamente filosófica e ética: “Fui procurar um médico; achei um amigo. Eis aí o princípio de minha cura”. Como necessitamos de médicos que, à semelhança de Lucas, se dediquem aos doentes sem fazer das doenças uma fonte de renda.
Quando de meu transplante hepático, encontrei vários médicos e enfermeiros que procuravam, em suas limitações, imitar o médico amado. No Hospital Geral de Bonsucesso, no Rio de Janeiro, havia muitos discípulos de Lucas. E lá também estava o Médico que não somente nos emprestava a sua amizade, mas que nos garante a vida: Jesus Cristo, a quem Lucas anunciava quando exercia amorosamente a medicina.
Deveria Lucas, por conseguinte, ser o patrono não somente dos médicos, mas de todos os que se aplicam à ciência. Na prática, ele demonstrou que o cientista realmente sábio não encontra fronteiras entre a ciência e a religião; sua fronteira é o amor que consagra àquele que é a fonte de todo conhecimento e sabedoria.
5) Um missionário que não se limitou a escrever a história - Lucas é conhecido como médico e evangelista. No entanto, era ele também um missionário. Integrante da equipe de Paulo, andejou as vias romanas, singrou mares, enfrentou naufrágios. E em Roma prestou a necessária assistência ao apóstolo, a fim de que este não se visse de todo desamparado. Num momento de consolo, o doutor dos gentios mostra o quanto Lucas lhe é leal: “Somente Lucas está comigo” (2 Tm 4.11).
Não seria exagero se Lucas recebesse de igual modo o título de apóstolo, pois como apóstolo acompanhou Paulo em três de suas quatro viagens missionárias. Como apóstolo, escondeu-se ele na majestade da segunda pessoa do plural, a fim de singularizar o Senhor Jesus Cristo.
Pelo que depreendemos de suas obras, veio ele a converter-se depois da ascensão do Senhor Jesus. Mas, a partir da segunda viagem missionária de Paulo, ei-lo a participar ativamente da evangelização das gentes, pois destas era filho.
1) Um autor gentio a serviço do Rei dos judeus - Um artista da palavra que realçou a precisão. Basta ler a Epístola de Paulo aos Colossenses para se concluir ter sido Lucas um gentio de ascendência cultural grega (Cl 4.1-14). É possível fosse ele também cidadão romano.
Por conseguinte, Lucas é o único autor não hebreu das Sagradas Escrituras. Através de sua pena, sempre bela e terça, o Evangelho universaliza-se naquelas comunidades gregas, romanas e bárbaras que iam, pouco a pouco, sucumbindo à mensagem poderosa da cruz enunciada pelo apóstolo Paulo de Antioquia até Roma.
2) Um historiador que teologizou o avanço da Igreja - Quem não se encanta com os relatos de Heródoto? Filho do quinto século antes de Cristo, é ele alcunhado de o Pai da História. Pois fugindo ao mito e evitando os redimensionamentos de Homero e Hesíodo, buscou mostrar os gregos como estes realmente eram: seres humanos sujeitos às fraquezas, mas capazes de inacreditáveis façanhas. Apesar de todo o seu esforço, Heródoto não conseguiu evitar as hipérboles. Lucas, porém, lograria o que não alcançara o seu ilustre compatriota. Nos Atos dos Apóstolos, mostra o sobrenatural da operação do Espírito Santo na vida de homens naturalmente frágeis e limitados.
Fez Lucas, em seu evangelho, um relato fidedigno e metódico de “todas as coisas que Jesus começou a fazer e a ensinar até ao dia em que, depois de haver dado mandamentos por intermédio do Espírito Santo aos apóstolos que escolhera, foi elevado às alturas” (At 1.1-2). Já em Atos dos Apóstolos, pôs-se ele a narrar a expansão da Igreja de Cristo. Neste livro, a propósito, Lucas participa não somente como autor, mas também como o personagem que, de forma modesta, oculta-se nas famosas seções do pronome da 1ª pessoa do plural (At 20.6, 8, 13,15; 21.16; 27.8 etc).
3) Um artista da palavra - Há historiadores que se contentam em reconstituir o passado, registrar o presente e futurar o porvir. Todavia, não se preocupam com o estilo. Poucos são os que, à semelhança de Alexandre Herculano, Oliveira Martins e Winston Churchill, fazem da historiografia uma obra de arte. Lucas pertencia a este seleto grupo. Tanto em seu evangelho como em Atos, vai ele não somente trabalhando, como também lapidando o texto. E de tal forma o lapida, que temos a impressão de estar diante de uma pedra de peregrino valor.
Em sua pena, o koinê ganha os mesmos contornos que a linguagem clássica cunhou na poesia de Homero, no teatro de Sófocles, na oratória de Demóstenes e nos diálogos de Platão. Lucas é um escritor por excelência. Mas não permitia que a beleza do texto empanasse a verdade dos fatos que, desde a ascensão de Nosso Senhor, se iam sucedendo na Igreja e através da Igreja, até a prisão de Paulo.
4) Um médico que compreendeu a verdadeira dimensão da fé - Lucas é o maior exemplo de que a verdadeira ciência pode conviver harmonicamente com a religião do Único e Verdadeiro Deus. Médico formado com todos os rigores acadêmicos da época, ele sabia como viver em harmonia com a natureza que nos deixou o Criador e não tinha dificuldade alguma em conviver com o sobrenatural e com os milagres que o Senhor opera no âmbito de sua obra. Se por um lado, deleitava-se em curar os enfermos que encontrava durante as incursões missionárias de que tomou parte; por outro, não lhe causava nenhuma estranheza quando Paulo impunha as mãos sobre os doentes e os curava das mais estranhas e malignas moléstias.
Nesse tempo, a medicina era bastante desenvolvida entre os gregos e os romanos. A escritora canadense Taylor Caldwell ao romancear a vida de Lucas, revela que os médicos formados nas academias gregas achavam-se habilitados, inclusive, a fazer operações plásticas. Aliás, no tempo dos macabeus, não eram poucos os israelitas que, na ânsia de se helenizarem, recorriam a procedimentos que lhes disfarçavam o sinal da circuncisão.
O ambiente que Lucas frequentou, antes de converter-se a Cristo, era academicamente sofisticado. A ciência ali era levada a sério. Sem eles, não teriam nossos cientistas alcançando tanto êxito. Entre os gigantes daquela época, achava-se o evangelista Lucas.
Lucas não era apenas médico. Conheciam-no todos como o médico amado (Cl 4.14). Seguindo certamente as recomendações de Hipócrates, o pai da medicina, tudo fazia para que os seus pacientes vissem-no também como um amigo. Num consultório do Rio de Janeiro, tive a impressão de que o Dr. Lucas lá estivesse. Pois um quadro trazia uma confissão simples, mas profundamente filosófica e ética: “Fui procurar um médico; achei um amigo. Eis aí o princípio de minha cura”. Como necessitamos de médicos que, à semelhança de Lucas, se dediquem aos doentes sem fazer das doenças uma fonte de renda.
Quando de meu transplante hepático, encontrei vários médicos e enfermeiros que procuravam, em suas limitações, imitar o médico amado. No Hospital Geral de Bonsucesso, no Rio de Janeiro, havia muitos discípulos de Lucas. E lá também estava o Médico que não somente nos emprestava a sua amizade, mas que nos garante a vida: Jesus Cristo, a quem Lucas anunciava quando exercia amorosamente a medicina.
Deveria Lucas, por conseguinte, ser o patrono não somente dos médicos, mas de todos os que se aplicam à ciência. Na prática, ele demonstrou que o cientista realmente sábio não encontra fronteiras entre a ciência e a religião; sua fronteira é o amor que consagra àquele que é a fonte de todo conhecimento e sabedoria.
5) Um missionário que não se limitou a escrever a história - Lucas é conhecido como médico e evangelista. No entanto, era ele também um missionário. Integrante da equipe de Paulo, andejou as vias romanas, singrou mares, enfrentou naufrágios. E em Roma prestou a necessária assistência ao apóstolo, a fim de que este não se visse de todo desamparado. Num momento de consolo, o doutor dos gentios mostra o quanto Lucas lhe é leal: “Somente Lucas está comigo” (2 Tm 4.11).
Não seria exagero se Lucas recebesse de igual modo o título de apóstolo, pois como apóstolo acompanhou Paulo em três de suas quatro viagens missionárias. Como apóstolo, escondeu-se ele na majestade da segunda pessoa do plural, a fim de singularizar o Senhor Jesus Cristo.
Onde e quando foi escrito Atos dos
Apóstolos
As evidências internas de
Atos dos Apóstolos levam-nos a concluir tenha Lucas escrito o livro por volta
do ano 61. Paulo ainda vivia quando o autor encerrou a obra e, logo em seguida,
remeteu-a ao excelentíssimo Teófilo. Somos obrigados a supor que ele
encontrava-se em Roma assistindo o apóstolo em sua prisão domiciliar.
Mas, antes de entrarmos a fazer tais considerações, vejamos o tema do livro de Atos.
1) Tema - Podemos resumir assim o tema central dos Atos dos Apóstolos: A expansão triunfal do Evangelho de Cristo através da Igreja no poder do Espírito Santo.
Por intermédio das atuações evangelizadoras dos apóstolos, aprendemos como a fazer missões nacionais e transculturais. Em sua narrativa missio-teológica, Lucas conscientiza-nos a prosseguir a evangelizar povos e nações até aos confins da terra sem impedimento algum.
2) De Roma para o mundo - Capital do Império, avultava-se Roma como a mais luxuriante das cidades. Nessa época, quem imperava era o perverso, sanguinário e bestificado Nero. Um deus sem divindade era esse imperador. Embora tratado de senhor por todos os seus súditos, de seus vícios fazia-se escravo.
Deuses e homens confundiam-se pelas ruas, praças e demais logradouros de Roma. Aqui estavam os mais ilustres poetas, os mais requisitados oradores, os mais destacados militares e os cientistas que, herdeiros dos gregos, versavam sobre as últimas descobertas. Em uníssono, todos não se ocupavam a não ser de ouvir as novidades que chegavam das províncias com aqueles barcos e navios que aportavam nas sempre belas costas italianas.
Mas, antes de entrarmos a fazer tais considerações, vejamos o tema do livro de Atos.
1) Tema - Podemos resumir assim o tema central dos Atos dos Apóstolos: A expansão triunfal do Evangelho de Cristo através da Igreja no poder do Espírito Santo.
Por intermédio das atuações evangelizadoras dos apóstolos, aprendemos como a fazer missões nacionais e transculturais. Em sua narrativa missio-teológica, Lucas conscientiza-nos a prosseguir a evangelizar povos e nações até aos confins da terra sem impedimento algum.
2) De Roma para o mundo - Capital do Império, avultava-se Roma como a mais luxuriante das cidades. Nessa época, quem imperava era o perverso, sanguinário e bestificado Nero. Um deus sem divindade era esse imperador. Embora tratado de senhor por todos os seus súditos, de seus vícios fazia-se escravo.
Deuses e homens confundiam-se pelas ruas, praças e demais logradouros de Roma. Aqui estavam os mais ilustres poetas, os mais requisitados oradores, os mais destacados militares e os cientistas que, herdeiros dos gregos, versavam sobre as últimas descobertas. Em uníssono, todos não se ocupavam a não ser de ouvir as novidades que chegavam das províncias com aqueles barcos e navios que aportavam nas sempre belas costas italianas.
Entre tanta gente ilustre
e assinalada, achava-se o Dr. Lucas. Nalgum lugar bem periférico de Roma, quem
sabe, redigia os atos daqueles apóstolos que, de Jerusalém e de Antioquia,
navegaram por ondas tão bravias e irreconciliáveis, espalhando em cada litoral
do Mediterrâneo, a boa semente do Evangelho de Cristo.
3) Data da composição do livro - Se os Atos dos Apóstolos tivessem sido escritos após a execução de Paulo pelas autoridades romanas, certamente Lucas, excelente historiador que era, teria feito menção ao fato. Aceita-se geralmente que Paulo foi executado no ano 64. Logo, Atos foi composto entre 61 e 63. O ano 61 está mais de acordo com os acontecimentos que se deram logo após a prisão do apóstolo em Roma. Teria ele realizado o seu intento de visitar a Espanha? (Rm 15.14,28).
Por conseguinte, os Atos dos Apóstolos também foram escritos antes da queda de Jerusalém que se deu no ano 70.
3) Data da composição do livro - Se os Atos dos Apóstolos tivessem sido escritos após a execução de Paulo pelas autoridades romanas, certamente Lucas, excelente historiador que era, teria feito menção ao fato. Aceita-se geralmente que Paulo foi executado no ano 64. Logo, Atos foi composto entre 61 e 63. O ano 61 está mais de acordo com os acontecimentos que se deram logo após a prisão do apóstolo em Roma. Teria ele realizado o seu intento de visitar a Espanha? (Rm 15.14,28).
Por conseguinte, os Atos dos Apóstolos também foram escritos antes da queda de Jerusalém que se deu no ano 70.
Sobre o primeiro leitor de Atos
Lucas endereçou tanto o
seu evangelho como os Atos dos Apóstolos a um nobre romano, de ascendência
grega, conhecido simplesmente como Teófilo. Em grego, este nome significa
aquele que ama a Deus. Acerca desse personagem, temos várias hipóteses.
1. Um novo convertido. Do prólogo do Evangelho de Lucas, logo depreendemos: Teófilo, de fato, era um homem nobre e de elevada posição social. Haja vista que Lucas usa um vocativo mui próprio às autoridades: “excelentíssimo Teófilo” (Lc 1.3).
Já em Atos, Teófilo é tratado não como autoridade, mas como alguém bem próximo de Lucas: “ó, Teófilo” (At 1.1). O que se conclui de ambas as passagens? Teófilo veio a converter-se com a leitura do Evangelho de Lucas e, agora, já parte do corpo místico de Cristo, lê os Atos dos Apóstolos, a fim de se inteirar de tudo o que o Espírito Santo estava fazendo na Igreja e através da Igreja.
Que exemplo deixa-nos Lucas. Para ganhar uma única alma, escreve todo um evangelho, narrando tudo o que Jesus fez e expondo de forma sistemática tudo o que o Mestre ensinou. Nesse empreendimento, não poupou estilo nem arte. Por que não agimos com esse mesmo amor? Quantas pessoas não poderíamos nós ganhar para Cristo com uma única carta? Ou com um singelo bilhetinho? Ou ainda com um e-mail que não nos furtaria nem dois minutos? Sim, dois minutos que irão proporcionar a um amigo, irmão ou vizinho, toda uma eternidade ao lado de Cristo.
2. O financiador da obra. Nos tempos bíblicos não eram poucos os mecenas. Aqueles homens ricos e mui abastados que, amantes das artes, resolviam subsidiar um escritor, um pintor ou um escultor. Por isso supõem alguns estudiosos ter sido Teófilo um desses financiadores. Sabendo dos pendores literários de Lucas e de seu projeto em reconstituir a vida, ministério e paixão de Nosso Senhor, achou por bem subsidiá-lo. Mais adiante, Lucas brinda-o com o relato da expansão da Igreja de Cristo no poder do Espírito Santo.
Esta hipótese, porém, não resiste a uma análise mais aprofunda e sistemática.
3. A comunidade cristã primitiva. Alguns acham que Teófilo não passa de um emblema da comunidade cristã primitiva. Logo que o seu nome significa, em grego, aquele que ama a Deus, dizem que tanto o terceiro evangelho, como os Atos dos Apóstolos, foram destinados a todos os que receberam a Cristo Jesus como seu bastante salvador e, agora, dedicam-lhe um amor que se acha acima de todos os amores.
Apesar da piedade desta teoria, ela também não resiste a uma pesquisa mais consistente. Na verdade, era Teófilo alguém das relações pessoais de Lucas. Alguém que veio a converter-se com a leitura das obras desse escritor tão genial que foi o médico amado.
1. Um novo convertido. Do prólogo do Evangelho de Lucas, logo depreendemos: Teófilo, de fato, era um homem nobre e de elevada posição social. Haja vista que Lucas usa um vocativo mui próprio às autoridades: “excelentíssimo Teófilo” (Lc 1.3).
Já em Atos, Teófilo é tratado não como autoridade, mas como alguém bem próximo de Lucas: “ó, Teófilo” (At 1.1). O que se conclui de ambas as passagens? Teófilo veio a converter-se com a leitura do Evangelho de Lucas e, agora, já parte do corpo místico de Cristo, lê os Atos dos Apóstolos, a fim de se inteirar de tudo o que o Espírito Santo estava fazendo na Igreja e através da Igreja.
Que exemplo deixa-nos Lucas. Para ganhar uma única alma, escreve todo um evangelho, narrando tudo o que Jesus fez e expondo de forma sistemática tudo o que o Mestre ensinou. Nesse empreendimento, não poupou estilo nem arte. Por que não agimos com esse mesmo amor? Quantas pessoas não poderíamos nós ganhar para Cristo com uma única carta? Ou com um singelo bilhetinho? Ou ainda com um e-mail que não nos furtaria nem dois minutos? Sim, dois minutos que irão proporcionar a um amigo, irmão ou vizinho, toda uma eternidade ao lado de Cristo.
2. O financiador da obra. Nos tempos bíblicos não eram poucos os mecenas. Aqueles homens ricos e mui abastados que, amantes das artes, resolviam subsidiar um escritor, um pintor ou um escultor. Por isso supõem alguns estudiosos ter sido Teófilo um desses financiadores. Sabendo dos pendores literários de Lucas e de seu projeto em reconstituir a vida, ministério e paixão de Nosso Senhor, achou por bem subsidiá-lo. Mais adiante, Lucas brinda-o com o relato da expansão da Igreja de Cristo no poder do Espírito Santo.
Esta hipótese, porém, não resiste a uma análise mais aprofunda e sistemática.
3. A comunidade cristã primitiva. Alguns acham que Teófilo não passa de um emblema da comunidade cristã primitiva. Logo que o seu nome significa, em grego, aquele que ama a Deus, dizem que tanto o terceiro evangelho, como os Atos dos Apóstolos, foram destinados a todos os que receberam a Cristo Jesus como seu bastante salvador e, agora, dedicam-lhe um amor que se acha acima de todos os amores.
Apesar da piedade desta teoria, ela também não resiste a uma pesquisa mais consistente. Na verdade, era Teófilo alguém das relações pessoais de Lucas. Alguém que veio a converter-se com a leitura das obras desse escritor tão genial que foi o médico amado.
A narrativa teológica e apologética do
livro de Atos
Sempre exato e preciso em
suas informações, Lucas divide sua narrativa em episódios rigorosamente
encadeados, objetivando mostrar o avanço sistemático e logístico da Igreja de
Cristo, embora pareça que esta, logo no início, haja se expandido de maneira espontânea.
Como bom teólogo que era, Lucas vai apresentando provas e evidências que dão foro às doutrinas cristãs. Nisto, destaca-se ele também como um dos maiores apologistas das Sagradas Escrituras.
Sua pneumatologia, por exemplo, apesar de não sistematizada, é mais do que desenvolvida. Apresenta o Espírito Santo não como uma força impessoal, mas como a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade. No que tange ao batismo com o Espírito Santo, Lucas prova, em três distintas ocasiões, que o fenômeno observado em Atos capítulo dois é de fato acompanhado pela evidência física do falar noutras línguas (At 2.4; 10.44-47; At 19.6). O mesmo se dá com as demais doutrinas. E a sua cristologia? Quer diante da comunidade judaica, quer diante da grega, ele mostra, através da ação dos santos apóstolos, que Jesus era e é verdadeiro homem e verdadeiro Deus.
Assim podemos dividir os Atos dos Apóstolos: eventos pré-pentecostais, eventos pentecostais, a expansão da Igreja em Jerusalém, na Judéia e Samaria e entre os gentios.
Como bom teólogo que era, Lucas vai apresentando provas e evidências que dão foro às doutrinas cristãs. Nisto, destaca-se ele também como um dos maiores apologistas das Sagradas Escrituras.
Sua pneumatologia, por exemplo, apesar de não sistematizada, é mais do que desenvolvida. Apresenta o Espírito Santo não como uma força impessoal, mas como a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade. No que tange ao batismo com o Espírito Santo, Lucas prova, em três distintas ocasiões, que o fenômeno observado em Atos capítulo dois é de fato acompanhado pela evidência física do falar noutras línguas (At 2.4; 10.44-47; At 19.6). O mesmo se dá com as demais doutrinas. E a sua cristologia? Quer diante da comunidade judaica, quer diante da grega, ele mostra, através da ação dos santos apóstolos, que Jesus era e é verdadeiro homem e verdadeiro Deus.
Assim podemos dividir os Atos dos Apóstolos: eventos pré-pentecostais, eventos pentecostais, a expansão da Igreja em Jerusalém, na Judéia e Samaria e entre os gentios.
Eventos pré-pentecostais
Dois foram os principais
eventos que precederam a efusão do Espírito Santo no Pentecostes: a ascensão de
Nosso Senhor e a eleição de Matias para ocupar o lugar menosprezado por Judas
Iscariotes. Não podemos olvidar da Comissão Missionária que Jesus Cristo
confiou aos seus discípulos.
1. A comissão missionária. Antes de ascender aos céus o Senhor Jesus deixa aos seus discípulos duas recomendações. Em primeiro lugar, não deveriam eles se preocupar com o eventual advento do império de Israel que, na época de Salomão, alcançou a sua maior expressão política, econômica e social. Deveriam eles, agora, ater-se à expansão do Reino de Deus. Após a efusão do Espírito, começariam eles por Jerusalém, percorreriam toda a Judéia e Samaria até que viessem a alcançar os confins da terra.
A recomendação do Senhor Jesus era mais do que clara; era explícita: “Respondeu-lhes: Não vos compete conhecer tempos ou épocas que o Pai reservou pela sua exclusiva autoridade; mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra” (At 1.7,8).
Essa ordem do Cristo justifica toda a narrativa do livro. Os Atos dos Apóstolos existem porque o Senhor Jesus determinou aos discípulos permanecerem em Jerusalém até que, do alto, fossem revestidos do poder de Deus. Batizados já com o Espírito Santo, não permaneceriam inertes, contemplativos. Mas, começando de Jerusalém, alcançariam os longes desta terra que nos deu o Senhor. Os Atos dos Apóstolos, por conseguinte, existem porque os discípulos obedeceram ao mandato do Cristo. É o que justifica a existência do livro.
2. Ascensão de Cristo. A subida do Cristo ressurreto e glorioso ao céu, não foi um engenho mitológico criado por Lucas, mas um fato histórico testemunhado por centenas de pessoas (At 1.15; 1 Co 15.6).
A ascensão do Senhor tem de ser vista também de duas perspectivas doutrinárias: paracletológica (At 1.4,5) e escatológica (At 10.11). Ou seja: a efusão do Espírito Santo, que se deu no Dia de Pentecostes (At 2) e a parousia que se dará a qualquer momento, conforme garantem as mesmas Escrituras.
3. A eleição de Matias. A eleição de Matias para ocupar o posto desprezado por Judas Iscariotes é o segundo evento pré-pentecostal mais importante registrado por Lucas (At 1.12-26).
1. A comissão missionária. Antes de ascender aos céus o Senhor Jesus deixa aos seus discípulos duas recomendações. Em primeiro lugar, não deveriam eles se preocupar com o eventual advento do império de Israel que, na época de Salomão, alcançou a sua maior expressão política, econômica e social. Deveriam eles, agora, ater-se à expansão do Reino de Deus. Após a efusão do Espírito, começariam eles por Jerusalém, percorreriam toda a Judéia e Samaria até que viessem a alcançar os confins da terra.
A recomendação do Senhor Jesus era mais do que clara; era explícita: “Respondeu-lhes: Não vos compete conhecer tempos ou épocas que o Pai reservou pela sua exclusiva autoridade; mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra” (At 1.7,8).
Essa ordem do Cristo justifica toda a narrativa do livro. Os Atos dos Apóstolos existem porque o Senhor Jesus determinou aos discípulos permanecerem em Jerusalém até que, do alto, fossem revestidos do poder de Deus. Batizados já com o Espírito Santo, não permaneceriam inertes, contemplativos. Mas, começando de Jerusalém, alcançariam os longes desta terra que nos deu o Senhor. Os Atos dos Apóstolos, por conseguinte, existem porque os discípulos obedeceram ao mandato do Cristo. É o que justifica a existência do livro.
2. Ascensão de Cristo. A subida do Cristo ressurreto e glorioso ao céu, não foi um engenho mitológico criado por Lucas, mas um fato histórico testemunhado por centenas de pessoas (At 1.15; 1 Co 15.6).
A ascensão do Senhor tem de ser vista também de duas perspectivas doutrinárias: paracletológica (At 1.4,5) e escatológica (At 10.11). Ou seja: a efusão do Espírito Santo, que se deu no Dia de Pentecostes (At 2) e a parousia que se dará a qualquer momento, conforme garantem as mesmas Escrituras.
3. A eleição de Matias. A eleição de Matias para ocupar o posto desprezado por Judas Iscariotes é o segundo evento pré-pentecostal mais importante registrado por Lucas (At 1.12-26).
A escolha do substituto de Judas tem de ser encarada como um capítulo importantíssimo da História da Igreja Cristã. Além do mais, foi o próprio Espírito Santo quem constrangeu a Pedro a presidir a reunião que culminou com a escolha de Matias. A Igreja não poderia ser inaugurada com o colégio apostólico incompleto.
A ascensão de Cristo e
a promessa de sua vinda
Jesus
Cristo de Nazaré é apresentado nos Evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas
(Sinóticos) e João como muito mais que um rabino judeu, um grande
professor ou um ousado profeta do século I. Os quatro evangelistas afirmaram
que Jesus Cristo é o tão esperado Messias de Israel, o seu Libertador e o Deus
encarnado! Dessas afirmações, denota-se a seguinte sentença: “Toda a humanidade
será julgada um dia, com base nas suas respostas a este Jesus” (Jo 1.1-14 cf.
8.12-19). Qual Jesus lhe foi apresentado? O que está morto ou o ressurreto? A
resposta, positiva ou negativa, a essas questões é fundamental para determinar
em que a sua fé está baseada. Nossa oração é que ela esteja no “Cristo, o Filho
do Deus vivo”(Mt 16.16).
O
Cristianismo só é possível quando se recebe, como verdade absoluta e
irrecorrível, todos os fatos da História da Salvação. Os que buscam subtrair o
sobrenatural da Bíblia Sagrada, considerando-o um mero recurso literário,
atentam-lhe contra a origem divina. Por conseguinte, se não aceitarmos a
História Sagrada na íntegra, seremos forçados, por uma questão de lógica e
congruência, a rejeitá-la por inteiro.
No
campo da teologia bíblica, não se pode dissociar o dogma da verdade histórica:
aquele sem esta não passa de um mito. Por conseguinte, só é possível acreditar
no Jesus Histórico se recebermos como verdade inquestionável tanto a sua
concepção virginal como a sua ressurreição e ascensão física aos céus, onde
está à destra de Deus. Na teologia autenticamente bíblica, não se pode separar
o Cristo Histórico do Cristo anunciado na mensagem dos apóstolos.
A
HISTORICIDADE DA ASCENSÃO DE CRISTO
A
ascensão de Cristo, por conseguinte, não pode ficar circunscrita ao dogma
teológico; é teologia e dogma, mas é também um fato histórico incontestável.
Lucas deixa bem claro que a sua narrativa é baseada em provas incontestáveis
(At 1.3).
Data da
ascensão. De maneira geral, aceita-se que o Senhor Jesus foi assunto
aos céus no ano 34 de nossa era. As pequenas divergências cronológicas não
desmerecem nem desacreditam o fato histórico (Mc 16.6; At 2.32; 1 Ts 4.14).
Lugar
da ascensão. Jesus encontrava-se no Monte das Oliveiras com os seus
discípulos quando ascendeu aos céus. Situado a leste de Jerusalém, a 818 metros
em relação ao nível do mar, acha-se este monte intimamente ligado à vida e ao
ministério Cristo.
As
testemunhas da ascensão. Depreende-se que aproximadamente 120
pessoas hajam presenciado a ascensão de nosso Senhor (At 1.15). Quanto à sua
ressurreição, afirma Paulo, foi testemunhada por mais de quinhentos irmãos, a
maioria dos quais ainda vivia quando Paulo escreveu a sua Primeira Epístola aos
Coríntios (1 Co 15.6,7). Quem poderia, num tribunal, contestar o depoimento de
tantas testemunhas? Aliás, segundo a Bíblia, a declaração de duas ou três
testemunhas oculares já era mais do que suficiente para encerrar qualquer
polêmica (Dt 17.6; 19.15; Mt 18.16; 1 Tm 5.19).
A
TEOLOGICIDADE DA ASCENSÃO DE CRISTO
No
âmbito da Teologia Cristã, primeiro temos o fato, depois, o dogma. Doutra
forma, repetimos, não teríamos uma doutrina, mas uma inconsistência
histórico-teológica. Eis que podemos confiar no ensino da ascensão de nosso
Senhor. Vejamos, em primeiro lugar, o que é a ascensão de Cristo.
Ascensão
de Cristo. Subida corpórea e física do Cristo ressurreto e glorioso
aos céus, para junto do Pai, após haver cumprido o seu ministério terreno. Sua
ascensão foi, de fato, corpórea, porque a sua ressurreição foi física e não
aparente. É claro que o seu corpo, à semelhança do que ocorrera no Monte da
Transfiguração, foi elevado aos céus já revestido de glória, poder e
celestialidade. Quando do arrebatamento, teremos um corpo semelhante (1 Co
15.50-58; 1 Jo 3.2).
Teologicamente,
a ascensão de Cristo acha-se ligada a duas importantes doutrinas: a
paracletologia e a escatologia.
A
perspectiva paracletológica. Antes de ascender aos
céus, prometeu o Senhor Jesus aos discípulos, ainda preocupados com a
restauração do Reino de Israel, que seriam eles revestidos pelo Espírito Santo
(At 1.8). Aos que buscavam a libertação política de um país, o Rei dos reis entrega,
como herança, todas as nações da terra. Não mais um império na terra, mas o
Reino de Deus no mundo. E isso no poder do Espírito Santo.
A
perspectiva escatológica. A narrativa da ascensão de Cristo
traz, em si, o cerne da escatologia cristã. A sua subida aos céus é uma
consequência teológica tanto de sua morte quanto de sua ressurreição. E
acreditar nesta implica, para o cristão, esperançar-se no retorno do Senhor
que, estrugida a última trombeta, ressuscitará os que nEle morreram e os que
nEle vivem (1 Ts 4.14-17).
A sua
ascensão foi sucedida por uma declaração escatológica. Aos discípulos que,
maravilhados, observavam a elevação do Filho de Deus, prometem os dois seres
angelicais: “Varões galileus, por que estais olhando para o céu? Esse Jesus,
que dentre vós foi recebido em cima no céu, há de vir assim como para o céu o
vistes ir” (At 1.11).
A
ASCENSÃO DE CRISTO EM NOSSA DEVOÇÃO
Além de
sua beleza e sublimidade teológica, a ascensão de Nosso Senhor Jesus Cristo
enleva-nos a devoção, estreitando-nos a comunhão com o Senhor. Vejamos, pois,
alguns fatores devocionais que nos proporcionam o Cristo que ascendeu aos céus.
A
posição do Cristo que ascendeu. Ascendido às alturas sob
os olhares interrogativos e desolados de seus discípulos e apóstolos, o Senhor
Jesus assentou-se à destra do Pai. Ao registrar-lhe a ascensão, o evangelista
Marcos garante tratar-se não de um engenho fantasioso, mas de um evento
histórico: “Ora, o Senhor, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu e
assentou-se à direita de Deus” (Mc 16.19). Vários autores sagrados fazem menção
ao acontecimento (At 2.33; 7.56; Hb 10.12; 12.2; 1 Pe 3.22).
Cristo
está à destra de Deus. Alegremo-nos. Junto ao Todo-Poderoso encontra-se um que
nos compreende. À nossa semelhança, Ele sabe o que é padecer (Is 53.3). Eis
porque está sempre a interceder por nós como o Sacerdote segundo a ordem de
Melquisedeque (Sl 110.4). Não se desespere, Cristo o compreende.
A
eficácia salvífica do Cristo que ascendeu aos céus. À
destra de Deus, o Senhor Jesus atua como o mediador da nova aliança firmada em
seu sangue, através da qual obtivemos eterna salvação (Hb 5.9). Sim, somente em
seu nome é que o ser humano logra a redenção de sua alma, como reafirmou o
apóstolo Pedro: “E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu
nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos” (At
4.12).
À
destra de Deus, o Senhor Jesus salva e justifica o pecador, proporcionando-lhe
a bem-aventurança de ser adotado pelo Pai como filho (Rm 5.1; Ef 1.5).
Cristo
assunto, nosso Advogado. Consola-nos saber que, à destra de
Deus, temos um advogado sempre pronto a defender-nos as causas junto ao Juiz de
toda a terra. Eis como o discípulo do amor descreve essa função do Senhor:
“Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo para que não pequeis; e, se alguém
pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o Justo. E ele é a
propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos, mas também pelos
de todo o mundo” (1 Jo 2.1,2).
Se você
pecou, não se desespere. Arrependa-se e confie no Advogado que temos, junto, ao
Pai.A ascensão de Nosso Senhor Jesus Cristo é um fato comprovadamente
histórico. Como é bom saber que, junto ao trono do Todo-Poderoso, temos um
intercessor e advogado sempre pronto a interceder por nós. Amém! E um dia, mais
rápido do que supomos, virá o Senhor arrebatar-nos, para que estejamos sempre
com Ele nos céus ao lado do Pai. Amém!
“A
Teologia da Ressurreição de Cristo.Soteriologia da ressurreição. Para
que o pecado do homem seja expiado, deve haver uma vida perfeita de justiça,
vivida em completa obediência à santa lei de Deus, para ser oferecida ‘sem
mácula’. Cristo realizou esta importante obra através de sua vida (Rm 5.19;
10.4; Hb 4.15; 5.8,9). [...] Deus mostrou sua absoluta satisfação com a
obediência ativa e passiva de Cristo, ressuscitando o seu Filho dos mortos, e
assim atestando que sua obra que visava alcançar a nossa justificação foi
aprovada e aceita (Rm 4.25).
Escatologia
da ressurreição. A ressurreição revela a vitória completa e final sobre a
morte e o pecado, e sobre os seus efeitos no homem e na criação. Pelo fato de
Cristo ter ressuscitado, os crentes também ressuscitarão em corpos
transformados (1 Co 15). Por meio deste mesmo fato, a natureza também será libertada
da maldição. Esta é a explicação da ressurreição do crente ou a manifestação
dos filhos de Deus através da ‘redenção do nosso corpo’, e a remoção da
‘servidão da corrupção’ na segunda vinda de Cristo serem mencionados como
ocorrendo simultaneamente em Romanos 8.18-23”.(Dicionário Bíblico Wycliffe. RJ:
CPAD, 2009, p.1669)
“A
Ressurreição.Além de 1 Coríntios 15, há mais de uma dúzia de outras
referências à ressurreição de Cristo nas incontestáveis epístolas paulinas,
escritas antes dos anos 50 (Rm 4.24,25; 6.4,9; 8.11,34; 10.9; 1 Co 6.14; 2 Co
4.14; 5.15; Gl 1.1; 1 Ts 1.10; etc). Em segundo lugar, não há alternativa que
explique adequadamente por que os primeiros cristãos judeus (isto é, não apenas
gentios) alteraram o seu dia de adoração de sábado para domingo, especialmente
quando a sua lei fazia da adoração no sábado (Sabbath) um dos Dez
Mandamentos invioláveis (Êx 20.8-11). Alguma coisa objetiva, assombrosamente
significativa e com data de alguma manhã de domingo em particular deve ter
gerado a mudança. Em terceiro lugar, em uma cultura em que o testemunho das
mulheres era frequentemente inadmissível em um tribunal, quem inventaria um
‘mito’ relacionado à fundação, em que todas as primeiras testemunhas de um
evento difícil de crer eram mulheres? Em quarto lugar, os relatos contidos do
Novo Testamento diferem dramaticamente das bizarras descrições apócrifas da
ressurreição, inventadas no século II e depois. Em quinto lugar, nos primeiros
séculos do cristianismo, nenhum sepulcro jamais foi venerado, separando a
resposta cristã à morte do seu fundador de praticamente todas as outras
religiões da história da humanidade. Finalmente, o que teria levado os
primeiros cristãos judeus a rejeitar a interpretação que lhes foi dada como
herança de Deuteronômio 21.23, de que o Messias crucificado, pela própria
natureza da sua morte, demonstrou que Ele estava se colocando em uma posição de
maldição diante de Deus? Novamente, é mais fácil crer em um evento aceito como
sobrenatural do que tentar explicar todos estes fatos estranhos através de
alguma outra lógica”.(BLOMBERG, C. L. Questões Cruciais do Novo
Testamento. 1.ed. RJ: CPAD, 2010, pp.66-67)
O derramamento do Espírito Santo no
Pentecostes
A
plenitude do Espírito Santo é chamada de “a promessa do Pai”. Há muitas
promessas no texto bíblico, mas esta promessa específica tem a ver
diretamente com o derramamento do Santo Espírito. Profetas como Ezequiel
(39.29), Joel (2.28), Isaías (32.15; 44.3) e João Batista (Mt 3.11; Lc 3.16),
proclamaram, durante seus ministérios, um futuro derramamento do Espírito
Santo sobre a casa de Israel, e sobre toda a carne, como o
evento que marcaria os últimos dias. Essa promessa foi corroborada pelo Rei dos
reis e o maior de todos os profetas: Jesus Cristo (At 1.4-8).
Atualmente
diversos estudiosos, com pressupostos cessacionistas, negam o batismo com o
Espírito Santo com a evidência inicial de falar em outras línguas, bem como a
atualidade dos dons espirituais. Porém, as supostas provas apresentadas por
eles não se sustentam ante a hermenêutica bíblica. No Centenário das
Assembléias de Deus no Brasil, urge reafirmarmos este artigo de fé que nos tem
caracterizado desde Daniel Berg e Gunnar Vingren: “Cremos na atualidade do
batismo com o Espírito Santo e dos dons espirituais” Como não admitir uma
realidade bíblico-teológica tão evidente? E como desprezar a experiência de
milhões de crentes que, desde o Pentecostes, vêm recebendo o batismo com o
Espírito Santo com a evidência inicial e física do falar em outras línguas?
O
BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO
O
teólogo pentecostal inglês, Donald Gee (1891-1966), testemunha-nos acerca de
sua experiência pentecostal: “Um louvor crescente afluia agora em minha alma,
até que comecei a falar em outras línguas publicamente. Cantava muito em
línguas. Toda a minha experiência cristã foi revolucionada”. Mas o que é o
batismo com o Espírito Santo?
O
batismo com o Espírito Santo. Prometido pelo
Senhor Jesus Cristo, o batismo com o Espírito Santo é o
revestimento de poder que nos introduz numa nova dimensão espiritual,
habilitando-nos a proclamar o evangelho com mais eficácia, a devotar a Deus um
amor mais ardente e sacrifical e a ter uma vida mais santa e irrepreensível (Lc
24.49; At 1.8).
A
evidência inicial e física do batismo com o Espírito Santo. O
batismo com o Espírito Santo é evidenciado pelo falar noutras línguas. Lucas
realça o fato em pelo menos três ocasiões distintas (At 2.1-3; 10.45-48;
19.1-7).
FUNDAMENTOS
DO BATISMO NO ESPÍRITO SANTO
Ao
contrário do que supõem os inimigos da Obra Pentecostal, o batismo com o
Espírito Santo não é uma prática destituída de doutrina; acha-se assentada num
forte e inamovível fundamento bíblico-teológico. Os escritores do Antigo e do
Novo Testamento referem-se ao derramamento do Santo Espírito nestes últimos
dias que começaram no Pentecostes.
Moisés. Pressionado
pelos encargos de sua missão, Moisés queixa-se a Deus para que o alivie daquele
insuportável fardo (Nm 11.24,25). Responde-lhe o Senhor, então, que haverá de
repartir-lhe o Espírito entre setenta varões idôneos e incorruptíveis.
E os
setenta puseram-se a profetizar, inclusive Eldade e Medade, que se encontravam
fora do arraial. Josué, porém, já enciumado pelo profeta, fez-lhe uma
recomendação carente de oportunidade acerca de ambos: “Senhor meu, Moisés,
proíbe-lho” (Nm 11.28). Voltando-se para seu valoroso servo, o servo de Jeová
repreendeu-o: “Tens tu ciúmes por mim? Tomara que todo o povo do SENHOR fosse
profeta, que o SENHOR lhes desse o seu Espírito!” (Nm 11.29).
Nesta
passagem de Números, os israelitas já podiam ter um vislumbre, embora pálido,
do que seria o Pentecostes.
Isaías. Conhecido
como o evangelista do Antigo Testamento, Isaías vaticina a efusão do Espírito
Santo: “Porque derramarei água sobre o sedento e rios, sobre a terra seca;
derramarei o meu Espírito sobre a tua posteridade e a minha bênção, sobre os
teus descendentes” (Is 44.3).
Joel. Ele
recebe o justo epíteto de profeta pentecostal, descerra a História da Salvação
e mostra a descida do Espírito Santo como a inauguração do período conhecido
como os derradeiros dias: “E há de ser que, depois, derramarei o meu Espírito
sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos
velhos terão sonhos, os vossos jovens terão visões. Há de ser que todo aquele
que invocar o nome do SENHOR será salvo” (Jl 2.28,32a).
João
Batista. O predecessor de Nosso Senhor Jesus Cristo prediz o
batismo com o Espírito Santo: “E eu, em verdade, vos batizo com água, para o
arrependimento; mas aquele que vem após mim é mais poderoso do que eu; não sou
digno de levar as suas sandálias; ele vos batizará com o Espírito Santo e com
fogo” (Mt 3.11).
Jesus. O
Filho de Deus promete a efusão do Espírito: “E, estando com eles,
determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a
promessa do Pai, que (disse ele), de mim ouvistes. Porque, na verdade, João
batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito
depois destes dias” (At 1.4,5).
O
BATISMO NO ESPÍRITO SANTO NA HISTÓRIA DA IGREJA
O
batismo com o Espírito Santo não é um modismo teológico nem uma criação
eclesial do Século 20. É uma promessa feita pelo Pai, ratificada pelo Filho e
operada pelo Consolador. A história da Igreja Cristã mostra que, do Pentecostes
em Jerusalém, aos dias de hoje, houve continuidade na dispensação dessa tão
inefável promessa.
Eis o
testemunho de Agostinho (354-430): “Nós faremos o que os apóstolos fizeram
quando impuseram as mãos sobre os samaritanos, pedindo que o Espírito Santo
caísse sobre eles: esperamos que os convertidos falem novas línguas”.
Poderíamos
citar outros testemunhos. Mas falta-nos espaço. O que diremos de Lutero?
Wesley? Finney?
OS
OBJETIVOS DO BATISMO NO ESPÍRITO SANTO
William
W. Menzies, um dos mais notáveis teólogos das Assembléias de Deus dos Estados
Unidos, leciona acerca da experiência pentecostal: “O batismo com o Espírito
Santo permite-nos experimentar uma plenitude espiritual (Jo 7.37-39; At 4.8),
uma reverência mais profunda por Deus (At 2.43; Hb 12.28) e uma intensa consagração
por Cristo, por sua Palavra e pelos perdidos” (Mc 16.20).
Poder
e unção a fim de proclamar o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo. O
evangelista, missionário e teólogo metodista Stanley Jones é incisivo
(1884-1973): “A vida do cristão começa no Calvário, mas o trabalho eficiente,
no Pentecostes”.
Os
apóstolos do Cordeiro, antes do Pentecostes, andavam de timidez em timidez. Já
revestidos de poder, correram a alcançar Jerusalém, a Judeia e os confins da
terra com o evangelho. E o que diremos de Daniel Berg e Gunnar Vingren que,
intrépida e corajosamente, percorreram o Brasil empunhando a flama pentecostal?
(At 1.8).
Reverência
diante das coisas de Deus. A efusão do Espírito Santo levou os
discípulos, agora como Igreja, a devotar uma reverência ainda maior ao Senhor
Jesus Cristo: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no
partir do pão, e nas orações. Em cada alma havia temor, e muitos prodígios e
sinais se faziam pelos apóstolos” (At 2.42,43).
O
autêntico avivamento pentecostal plenifica nossa reverência a Deus.
A
experimentação da plenitude espiritual. Não podemos conformar-nos
com a nossa vida espiritual. Deus tem muito mais a dar-nos, conforme promete o
Senhor Jesus: “Se alguém tem sede, que venha a mim e beba. Quem crê em mim, como
diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre. E isso disse Ele do
Espírito, que haviam de receber os que nele cressem; porque o Espírito Santo
ainda não fora dado, por ainda Jesus não ter sido glorificado” (Jo 7.37-39).
“Falar
em Línguas (Glossolalia)
‘Glossolalia’
é um termo técnico freqüentemente utilizado para o falar em línguas; é uma
forma combinada das palavras gregaslalia (‘discurso’, ‘fala’)
e glossa (‘língua’, ‘linguagem’). O fenômeno de falar em
línguas, ao contrário do vento e do fogo, é integral para os discípulos que são
cheios do Espírito. ‘E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a
falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia a verbalização
inspirada’ (At 2.4 — [tradução do autor]).
O
registro diz que os discípulos ‘começaram [archomai] a falar noutras
línguas’ (At 2.4). Não existe indicação de que os discípulos tenham iniciado,
ou de que eles mesmos ‘começaram’ o falar em línguas. [...] O significado de
‘eles começaram a falar em línguas’ é simplesmente ‘eles falaram em línguas’.
[...] Os discípulos em Pentecostes falaram em línguas ‘conforme o Espírito ia
dando-lhes verbalização inspirada’ [tradução do autor], não sob o próprio
ímpeto deles. A expressão ‘conforme’ (kathos) pode ser traduzida como ‘na
medida em que’ (Ver Mc 16.17; At 2.4; 10.46; 19.6; 1 Co 12.10,28,30; 13.8;
14.2,4-6,13,14,18,19,22,23,26)”.(PALMA, A. D. O Batismo no Espírito
Santo e Com Fogo. Os Fundamentos Bíblicos e a Atualidade da
Doutrina Pentecostal.1.ed. RJ: CPAD, 2002, pp.61-63)
O
Testemunho Pessoal de Donald Gee.“[...] numa noite de
quarta-feira, em março de 1913, toquei órgão no culto de meio de semana na
igreja Congregacional (que terminava às 21h pontualmente), e depois corri para
desfrutar do restante da reunião de Highbury New Park. Depois do término da
reunião (aproximadamente às 22h30min), o irmão que vinha dirigindo o culto, um
respeitável pastor irlandês, colocou-me à prova numa espécie de catecismo.
— Tem
certeza da salvação?
— Sim.
— Já é
batizado? — Sim.
— Já é
batizado com o Espírito Santo?
— Não.
— E por
que não?
Expliquei-lhe
minha aversão a ‘esperas’ que pareciam uma eternidade. Ele incentivou-me
dizendo que isso não era necessário. E, abrindo sua Bíblia, leu para mim Lucas
11.13, e depois Marcos 11.24. Então perguntou-me se eu acreditava nesses
versículos. Garanti-lhe que sim e, no momento em que demonstrei-lhe minha fé,
era como se Deus jorrasse do Céu para o interior do meu coração, uma certeza
absoluta de que essas promessas estavam sendo realmente cumpridas em mim. [...]
Desde
aquele instante, minha alegria e satisfação foram intensas, [...]. Experimentei
uma nova plenitude acima das palavras, e descobri que tornava-me cada vez mais
difícil adequar à minha voz todo o louvor existente em minha alma. Essa situação
continuou durante duas semanas aproximadamente [...].
Um
louvor crescente afluía agora em minha alma, também nas reuniões, até que
comecei a falar em outras línguas publicamente. Cantava muito em línguas também
quando a pequena congregação era levada pelo Espírito Santo a esse fim durante
nossos momentos de oração e adoração. Toda minha experiência cristã foi
revolucionada. Eu não procurava mais aqui e ali por uma satisfação espiritual —
eu a havia encontrado. Todo meu prazer estava na oração, no estudo da Bíblia e
nos irmãos em Cristo. Isso aconteceu apenas seis semanas antes do meu
casamento, e um velho pastor batista, que veio para tentar questionar-me sobre
minha recente bênção, teve de admitir que nunca havia conhecido um rapaz tão
próximo de um acontecimento feliz, e ainda assim tão interessado nas coisas
espirituais. Minha esposa, felizmente, sentia tudo da mesma forma que eu; e nós
nos alegrávamos juntos”.(GEE, D. Como receber o Batismo no Espírito
Santo. Vivendo e testemunhando com poder. 1.ed. CPAD,
2001, pp.13-15)
Comunhão na Igreja
Um dos
sinais da atuação do Espírito Santo na Igreja Primitiva era a comunhão entre os
seus membros. Mais que oferecer parte ou o todo dos bens que possuíam, os cristãos
mantinham-se unidos por um vínculo comum: eles pertenciam ao corpo místico de
Cristo — a Igreja de Deus. A comunhão faz da Igreja um organismo espiritual
perfeito de homens e mulheres que, apesar de suas procedências étnicas e
diversidades culturais, sentem-se e agem como irmãos. Somente seremos
reconhecidos como filhos de Deus se cuidarmos uns dos outros e mutuamente nos
socorrermos.
A
comunhão levou aqueles crentes a partilharem o que tinham, abrindo as portas
para a atuação do Espírito Santo. Assim, ia o Senhor acrescentando o número dos
santos tanto em Jerusalém, como em toda a Judeia e Samaria até os confins
daquelas terras.
A
COMUNHÃO DOS SANTOS
A
comunhão observada na Igreja de Cristo não é um mero fenômeno social. É o
resultado da ação direta do Espírito Santo na vida daqueles que recebem a Jesus
como o seu único e suficiente Salvador (Ef 2.19). É uma comunhão, aliás, que
ultrapassa ao ajuntamento da congregação dos filhos de Israel que, nos momentos
de crise, reuniam-se como se fossem um só homem (Jz 20.1). Hoje, a Igreja
permanece unida, universal e invisível, no Espírito Santo e assim estará para
todo o sempre.
O
que é a comunhão. A comunhão é o “vínculo de unidade fraternal mantida pelo
Espírito Santo e que leva os cristãos a se sentirem um só corpo em Jesus
Cristo” (Dicionário Teológico, CPAD). A palavra grega koinonia traz
a ideia de cooperação e relacionamento espiritual entre os santos. A comunhão
da Igreja Primitiva era completa (At 2.42). Reuniam-se em oração e súplica, mas
também reuniram-se para socorrer os mais necessitados.
A
comunhão de sua igreja tem como modelo os cristãos de Jerusalém? Ou não passa
de um mero ajuntamento social?
A
unidade do corpo de Cristo. Eis um dos mais preciosos capítulos
da doutrina da Igreja: sua unidade. O apóstolo Paulo tinha uma perfeita
compreensão desse mistério (Ef 4.1-7). Somente pelo Espírito Santo podemos
compreender a unidade de judeus, árabes, gregos e bárbaros que, apesar de suas
diferenças culturais e étnicas, não apenas sentem-se e agem como irmãos, mas
acham-se espiritualmente vinculados num só corpo pela ação direta e distintiva
do Espírito Santo.
Cada
membro, neste corpo, tem uma função específica, mas todos trabalham pelo bem
comum: “Porque, assim como o corpo é um e tem muitos membros, e todos os
membros, sendo muitos, são um só corpo, assim é Cristo também” (1 Co 12.12).
Quando um de seus membros sofre, todos sofrem com ele. Por isso, preocupamo-nos
uns com os outros e mutuamente nos socorremos (Ef 4.1-6). Você tem preservado a
unidade do Corpo de Cristo? Ou tem promovido divisões e dissensões entre os
santos?
A
comunhão da Igreja agrada a Deus. Deus quer e exige que seu
povo permaneça unido (1 Co 1.10). Em sua oração sacerdotal, o Senhor Jesus roga
ao Pai pela unidade de seus discípulos (Jo 17.11). Portanto, se mantemos o
vínculo da comunhão, agradamos a Deus (Ef 4.3). Sim, esse é o vínculo da
perfeição que tem como base o amor, conforme ensina o apóstolo
Paulo: “com toda humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns
aos outros em amor” (Ef 4.2).
A
COMUNHÃO CRISTÃ CARACTERIZA-SE PELA UNIDADE
A
comunhão cristã constitui-se num grande mistério. É algo que a própria
sociologia não pode explicar. Nem o próprio Israel de Deus, no Antigo
Testamento, logrou alcançar tamanha perfeição e excelência. Aliás, as
diferenças entre as doze tribos tornou-lhes impossível a unidade (1 Rs
12.1-16). Vejamos, pois, em que consistia a comunhão da Igreja Primitiva. Que
este seja o nosso modelo até que o Cristo de Deus venha buscar-nos.
Unidade
doutrinária. Não pode haver perfeita união sem unidade doutrinária.
Informa-nos Lucas que os cristãos primitivos “perseveravam na doutrina dos
apóstolos” (At 2.42). Não era uma doutrina qualquer; tratava-se do ensinamento
emanado do colégio apostólico constituído pelo Senhor Jesus Cristo. Paulo, ao
discorrer sobre o mistério do corpo de Cristo, fala de uma só fé (Ef 4.5) que
deve ser preservada zelosamente pelos santos (Jd v.3).
Na
autêntica comunhão cristã, por conseguinte, não há lugar para heresias nem
apostasias. Estejamos, pois, sempre alertas. Nestes últimos dias, muitos
aparecerão em nosso meio dissimulando suas inverdades doutrinárias, com o único
intuito de destruir a comunhão dos santos (2 Ts 2.3; 2 Pe 2.1).
Unidade
na própria comunhão. A unidade doutrinária conduz a uma comunhão perfeita. Isto
significa que não pode haver genuína comunhão cristã com dois ou três
pensamentos teológicos díspares e contrastantes. As seitas aparecem quando um
indivíduo, ou grupo, apresenta uma doutrina contrária aos profetas e apóstolos
de Nosso Senhor. Lembra-se da doutrina de Balaão? (Jd v.11; Ap 2.14). E dos
ensinos de Jezabel? (Ap 2.20). Muitos são os que mergulham nas profundezas de
Satanás e apresentam-se como especialistas no conhecimento de Deus (Ap 2.24).
Se
quisermos, portanto, uma comunhão perfeita, lutemos por manter a sã doutrina. A
heresia causa divisão. Ou melhor: a heresia em si já é uma divisão. Esta
recomendação de Paulo não deve ser esquecida: “Ao homem herege, depois de uma e
outra admoestação, evita-o” (Tt 3.10).
Unidade
no partir do pão. Os crentes primitivos mantinham uma comunhão tão intensa
entre si que se reuniam com alegria e singeleza de coração para celebrar a
Santa Ceia. Era o seu “partir do pão” (At 2.42). Eles em Cristo e Cristo em
cada um deles. Pode haver comunhão mais plena? Não era simplesmente uma
cerimônia; era a festa na qual lembravam a morte e ressurreição de Jesus — a
expressão mais sublime do amor divino.
Voltemos
a participar, ou melhor, a celebrar a Santa Ceia como a reunião mais importante
e solene da Igreja. Todas as vezes que nos congregamos com essa finalidade,
lembramo-nos de que Cristo morreu e ressuscitou e certificamo-nos de que, em
breve, virá Ele arrebatar-nos.
Unidade
nas orações. Informa-nos Lucas, também, que a comunhão da igreja
Primitiva tinha como base a oração. O autor sagrado é enfático: “e nas orações”
(At 2.42). Isto significa que as reuniões de clamor e intercessão eram-lhes
frequentes e poderosas. Haja vista que, certa ocasião, a força da oração daqueles
santos chegou a abalar a estrutura do prédio em que estavam reunidos (At 4.31).
Sem oração, a comunhão da Igreja perde a sua força e influência. Sua igreja é
uma comunidade de clamor e intercessão? Ela ainda move o coração de Deus? É
hora de clamar!
Os eventos pentecostais
do capítulo 2 de Atos
Estando o Cristo já à
destra do Pai e a vacância de Judas devidamente preenchida por Matias, só
faltava mesmo o Senhor Jesus efundir o Espírito Santo sobre os apóstolos e os
discípulos, para que a Igreja fosse inaugurada como a agência por excelência do
Reino de Deus. O fato está registrado em Atos capítulo dois. Vejamos alguns
eventos que marcaram aquele tão inefável Dia de Pentecostes.
1. A efusão do Espírito Santo. Estando os discípulos reunidos num só lugar, eis que o Senhor Jesus infunde-lhes de seu Espírito. Já batizados no e com o Espírito Santo, começaram eles a falar noutras línguas, enaltecendo a Deus (At 2.4, 11). Cumpria-se ali a profecia de Joel (2.28-31). Assim, era inaugurada a Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo. A Igreja nasceu pentecostal e pentecostal continua, pois a efusão do Espírito Santo não é apenas um evento eclesiológico, mas principalmente escatológico.
2. O primeiro sermão da Igreja. Inquirido por uma pergunta pentecostal: “Que quer isto dizer” (At 2.12). Levanta-se, então, Pedro e põe-se a pregar. O seu sermão não é apenas teológico; é também apologético. Em sua irresistível teologia e em sua apologia irretocável, o apóstolo enuncia uma mensagem soteriológica que frutifica aproximadamente três mil almas (At 2.41). A verdadeira mensagem evangélica, por conseguinte, há de ser teológica sim, mas haverá também de ser apologética. Somente assim gerará resultados soteriológicos.
3. A singularidade da comunhão cristã. O derramamento do Espírito Santo gera, naquelas quase três mil almas convertidas, uma comunhão desconhecida até mesmo por uma sociedade solidária e irmã como a judaica. Constrangidos pela Lei de Moisés, eram os judeus obrigados a manterem-se como irmãos. Mas nem sempre logravam esse ideal. Haja vista a constância com que os profetas denunciavam a injustiça social em Israel.
A Igreja de Cristo, porém, vai além da solidariedade. Rapidamente consolida-se como uma comunidade de comunhão plena tanto com Deus quanto com os seus próprios membros. Nem mesmo Platão, em sua república, fora capaz de gizar uma sociedade como a da Igreja Primitiva. Eis como Lucas descreve o viver de nossos primeiros irmãos: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações. Em cada alma havia temor; e muitos prodígios e sinais eram feitos por intermédio dos apóstolos. Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade. Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos” (At 2.42-47).
O que os comunistas e outros utópicos apenas conseguem imaginar no sonho, os cristãos primitivos lograram conseguir num único dia. Somente o Espírito Santo pode operar dessa maneira na vida dos filhos de Adão.
1. A efusão do Espírito Santo. Estando os discípulos reunidos num só lugar, eis que o Senhor Jesus infunde-lhes de seu Espírito. Já batizados no e com o Espírito Santo, começaram eles a falar noutras línguas, enaltecendo a Deus (At 2.4, 11). Cumpria-se ali a profecia de Joel (2.28-31). Assim, era inaugurada a Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo. A Igreja nasceu pentecostal e pentecostal continua, pois a efusão do Espírito Santo não é apenas um evento eclesiológico, mas principalmente escatológico.
2. O primeiro sermão da Igreja. Inquirido por uma pergunta pentecostal: “Que quer isto dizer” (At 2.12). Levanta-se, então, Pedro e põe-se a pregar. O seu sermão não é apenas teológico; é também apologético. Em sua irresistível teologia e em sua apologia irretocável, o apóstolo enuncia uma mensagem soteriológica que frutifica aproximadamente três mil almas (At 2.41). A verdadeira mensagem evangélica, por conseguinte, há de ser teológica sim, mas haverá também de ser apologética. Somente assim gerará resultados soteriológicos.
3. A singularidade da comunhão cristã. O derramamento do Espírito Santo gera, naquelas quase três mil almas convertidas, uma comunhão desconhecida até mesmo por uma sociedade solidária e irmã como a judaica. Constrangidos pela Lei de Moisés, eram os judeus obrigados a manterem-se como irmãos. Mas nem sempre logravam esse ideal. Haja vista a constância com que os profetas denunciavam a injustiça social em Israel.
A Igreja de Cristo, porém, vai além da solidariedade. Rapidamente consolida-se como uma comunidade de comunhão plena tanto com Deus quanto com os seus próprios membros. Nem mesmo Platão, em sua república, fora capaz de gizar uma sociedade como a da Igreja Primitiva. Eis como Lucas descreve o viver de nossos primeiros irmãos: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações. Em cada alma havia temor; e muitos prodígios e sinais eram feitos por intermédio dos apóstolos. Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade. Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos” (At 2.42-47).
O que os comunistas e outros utópicos apenas conseguem imaginar no sonho, os cristãos primitivos lograram conseguir num único dia. Somente o Espírito Santo pode operar dessa maneira na vida dos filhos de Adão.
A expansão da nascente Igreja do Senhor
A expansão da Igreja
Cristã, em Atos dos Apóstolos, pode ser divida em duas etapas distintas: a
primeira, de forma espontânea, vai de Jerusalém a Samaria; a segunda, de forma
planejada e intencional, vai de Antioquia a Roma, sem impedimento algum.
1. A expansão da Igreja em Jerusalém. Nenhum líder judeu poderia imaginar que, logo após a morte do Senhor Jesus, iria a Igreja Cristã, inaugurada no Pentecostes, esparramar-se por toda Jerusalém. No Sermão do Pentecostes, quase três mil almas agregaram-se aos fiéis (At 2.41). Mais adiante, o número já sobe para cinco mil (At 4.4). Daí em diante, multiplicou-se tanto o número de conversos que até mesmo não poucos sacerdotes obedeciam a fé: “Crescia a palavra de Deus, e, em Jerusalém, se multiplicava o número dos discípulos; também muitíssimos sacerdotes obedeciam à fé” (At 6.7).
2. A expansão da Igreja na Judéia e Samaria. A morte de Estevão foi apenas o início de uma perseguição que culminaria com a diáspora da igreja hebréia. E os irmãos, espalhados que foram pela arbitrariedade das autoridades judaicas, iam espalhando a Palavra de Deus por toda a Judéia até chegar a desprezada Samaria (At 8.1-25).
Assim, de forma espontânea, iam eles semeando a boa semente do Evangelho por toda a Judeia e Samaria. Nessa fase, destaca-se como evangelista o que fora escolhido como diácono: Filipe.
3. A expansão da Igreja entre os gentios. Se o avanço da Igreja Cristã de Jerusalém a Samaria dera-se de forma espontânea, agora o Espírito Santo levará os seus apóstolos a expandir o Reino de Deus de maneira intencional, metódica e bem planejada (At 13.1-4; 16.6,7; 21.4; . Na parte inicial de Atos, a figura proeminente é Pedro. Na segunda parte, destacar-se-á Saulo de Tarso como o grande campeão de Cristo que, em quatro viagens missionárias, levou o Evangelho ao extremo ocidental do mundo então conhecido sem impedimento algum (At 28.31).
1. A expansão da Igreja em Jerusalém. Nenhum líder judeu poderia imaginar que, logo após a morte do Senhor Jesus, iria a Igreja Cristã, inaugurada no Pentecostes, esparramar-se por toda Jerusalém. No Sermão do Pentecostes, quase três mil almas agregaram-se aos fiéis (At 2.41). Mais adiante, o número já sobe para cinco mil (At 4.4). Daí em diante, multiplicou-se tanto o número de conversos que até mesmo não poucos sacerdotes obedeciam a fé: “Crescia a palavra de Deus, e, em Jerusalém, se multiplicava o número dos discípulos; também muitíssimos sacerdotes obedeciam à fé” (At 6.7).
2. A expansão da Igreja na Judéia e Samaria. A morte de Estevão foi apenas o início de uma perseguição que culminaria com a diáspora da igreja hebréia. E os irmãos, espalhados que foram pela arbitrariedade das autoridades judaicas, iam espalhando a Palavra de Deus por toda a Judéia até chegar a desprezada Samaria (At 8.1-25).
Assim, de forma espontânea, iam eles semeando a boa semente do Evangelho por toda a Judeia e Samaria. Nessa fase, destaca-se como evangelista o que fora escolhido como diácono: Filipe.
3. A expansão da Igreja entre os gentios. Se o avanço da Igreja Cristã de Jerusalém a Samaria dera-se de forma espontânea, agora o Espírito Santo levará os seus apóstolos a expandir o Reino de Deus de maneira intencional, metódica e bem planejada (At 13.1-4; 16.6,7; 21.4; . Na parte inicial de Atos, a figura proeminente é Pedro. Na segunda parte, destacar-se-á Saulo de Tarso como o grande campeão de Cristo que, em quatro viagens missionárias, levou o Evangelho ao extremo ocidental do mundo então conhecido sem impedimento algum (At 28.31).
Apesar de suas limitações
locais, a Igreja de Cristo, sob o poder do Espírito Santo, universaliza-se em
suas conquistas e faz-se irresistível como Reino de Deus. Foi o que
demonstraram os apóstolos de Nosso Senhor. Em menos de quarenta anos,
cumpriram eles integralmente a comissão missionária que lhes confiara o
Senhor. Isto não significa, porém, hajam eles evangelizado toda a terra. Mas de
tal forma expandiram o Cristianismo que, num tempo tão exíguo, conseguiram
dar-lhe foros de uma religião realmente universal. Houvera a Igreja se limitado
a Jerusalém, seria ela vista, hoje, como uma mera seita judaica. Ou
melhor: talvez nem existiria.
A vocação da Igreja é ser universal, invisível e perfeita. É local, mas a sua glória é que ela não é local. Ainda que visível, fermenta o mundo em sua invisibilidade. Quanto à sua imperfeição, é justamente nesta que a perfeição de Cristo mostra-se plena.
A vocação da Igreja é ser universal, invisível e perfeita. É local, mas a sua glória é que ela não é local. Ainda que visível, fermenta o mundo em sua invisibilidade. Quanto à sua imperfeição, é justamente nesta que a perfeição de Cristo mostra-se plena.
OS
FRUTOS DA COMUNHÃO CRISTÃ
Estes
são os frutos gerados pela comunhão cristã, conforme facilmente depreendemos da
leitura do capítulo dois de Atos dos Apóstolos:
Temor
a Deus. A verdadeira comunhão frutifica, na vida da igreja como um
todo e na vida de cada crente em particular, um santo temor a Deus. Lucas
destaca: “Em cada alma havia temor” (At 2.43). E o temor a Deus, como todos
sabemos, é o princípio do saber (Pv 1.7).
Quando
os crentes temem e amam a Deus, a igreja mostra-se sabia não apenas diante do
Senhor, mas também do mundo. Ainda há temor a Deus em seu coração?
Sinais
e maravilhas. Pentecostais que somos, acreditamos piamente que Deus
ainda opera sinais e maravilhas entre o seu povo. Mas, para que isso ocorra, é
urgente que vivamos uma perfeita comunhão com o Pai e com cada um de seus
filhos. Lucas realça que, na Igreja Primitiva, o sobrenatural era algo bastante
natural entre os crentes: “e muitas maravilhas e sinais se faziam pelos
apóstolos” (At 2.43). O segredo? A comunhão.
Assistência
social. Uma igreja que cultiva a verdadeira comunhão cristã não
permitirá que nenhum de seus membros passe necessidade. Eis o que testemunha o
autor sagrado: “Todos os que criam estavam juntos e tinham tudo em comum.
Vendiam suas propriedades e fazendas e repartiam com todos, segundo cada um
tinha necessidade” (At 2.44,45). Não se tratava de um comunismo cristão, mas da
autêntica comunhão que o Espírito Santo nos esparge na alma. O comunismo só
espalha o medo, a miséria e o ateísmo. A Igreja de Cristo não precisa dessa
ideologia para socorrer os seus membros; ela tem o amor de Deus.
Crescimento. Uma
igreja que cultiva a comunhão e não se acha dividida só tem a crescer: “[...] E
todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar” (At
2.47b). A Igreja como a agência por excelência do Reino de Deus não pode ficar
estagnada. Haverá de crescer local e universalmente.
Adoração. A
Igreja Primitiva era também uma comunidade de adoração “louvando a Deus e
caindo na graça de todo o povo” (At 2.47). Sim, a Igreja que louva a Deus
jamais deixará de ser reconhecida, até mesmo por seus inimigos, como um povo
especial. Voltemos ao altar da verdadeira adoração. Louvemos a Deus com salmos
e hinos. Abramos a Harpa Cristã e celebremos os grandes atos de Deus.
Sua
igreja cultiva a verdadeira comunhão? É hora de voltarmos ao cenáculo e reviver
os tempos de refrigério e avivamento. Somente uma igreja que experimenta a
verdadeira comunhão com Cristo e com os seus membros em particular, sobreviverá
nestes tempos difíceis e trabalhosos. O Espírito Santo quer operar em nosso
meio. Mas só o fará se estivermos vivendo a genuína comunhão cristã.
“No
Pentecostes, depois da vinda do Espírito Santo, o grupo de 120 explodiu! Em um
dia três mil pessoas adotaram a fé, e passaram a servir a Cristo. Elas foram
agregadas à igreja, isto é, imediatamente se uniram à comunhão de crentes. Os
três mil novos crentes se reuniram com os outros como eles, pessoas de
pensamento e fé semelhantes. Lucas ressaltou a natureza cotidiana das reuniões
da igreja. Os crentes se reuniam tanto no templo ([...]), como em casa, para o
partir do pão e, supostamente, para comunhão, para darem atenção às
necessidades e para a prática da oração. Uma má interpretação comum sobre os
primeiros cristãos (que eram judeus) era que eles rejeitavam a religião
judaica. Mas estes crentes viram a mensagem e a ressurreição de Jesus como o
cumprimento de tudo o que eles conheciam, e do Antigo Testamento e em que
criam. A princípio, os crentes de origem judaica não se separaram do restante
da comunidade judaica. Eles ainda iam ao Templo e às sinagogas para adorarem e
aprenderem mais sobre as Escrituras. Mas a sua fé em Jesus Cristo criou um
grande atrito com os judeus que não acreditavam que Jesus fosse o Messias.
Assim, os crentes judeus eram forçados a se reunirem nas suas casas para
compartilharem as suas orações e os ensinos a respeito de Cristo. No final do
século I, muitos desses crentes judeus foram excomungados das suas sinagogas”.(Comentário
do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Vol.1. RJ: CPAD, 2009,
pp.632-34)
“A Comunhão dos Santos na Bíblia
A
comunhão dos santos é uma expressão teológica e historicamente forte. Quer na
comunidade de Israel, quer na Igreja Primitiva, seu conceito não é um mero
casuísmo; é uma prática que leva o povo de Deus a sentir-se como um só corpo”.“A
comunhão dos Santos em Israel.Nos momentos de emergência nacional,
levantavam-se os hebreus como um só homem. Isto mostra que, se um israelita
sofria, os demais padeciam; se uma tribo via-se em perigo, as outras sentiam-se
ameaçadas. A fim de manter o seu povo unido, suscitava-lhe o Senhor líderes
carismáticos como Gideão e Davi.
O amor
entre os israelitas era realçado na Lei e nos Profetas. Os hebreus, por
exemplo, não podiam emprestar com usura para seus irmãos. Quando da colheita,
eram obrigados a deixar, aos mais pobres, as respigas. Foi o que aconteceu a
moabita Rute.
Quando
a comunhão dos santos em Israel era quebrantada, instalava-se a injustiça social,
a opressão e a violência. Para conter todas essas misérias, erguia Deus os seus
profetas que, madrugando, repreendiam os injustos, buscando reconduzi-los aos
princípios da Lei de Moisés”.
“A
Comunhão dos santos em o Novo Testamento
Ao
retratar a comunhão entre os santos, escreve o português Camilo Castelo Branco:
‘O amor de Deus é inseparável do amor do próximo. É impossível no coração
humano o incêndio suavíssimo do amor de Deus, quando o grito da miséria não
desperta no coração a mágoa das aflições do próximo’.Mais adiante, acrescenta
Camilo: ‘Vede como eles se amam diziam os pagãos, quando a sociedade cristã
repartia seus haveres em comunas, onde grande despojado de suas galas, vinham
sentar-se ao lado dos pobres, vestido de uma mesma túnica, e nutrido por um
semelhante quinhão nos ágapes da caridade’.
Sem a
comunhão dos santos não pode haver cristianismo. Aliás, protestou alguém certa
vez: ‘O amor é a única forma de nos sentirmos realmente cristãos’. Todos os
escritores do Novo Testamento, a exemplo do Salvador, realçaram a comunhão dos
santos.No Sermão do Monte, ensinou Jesus os seus discípulos a se amarem uns aos
outros; doutra forma: não seriam contados entre os seus seguidores”.(ANDRADE,
C. As Disciplinas da Vida Cristã. RJ: CPAD, 2008, pp.117-19)
Sinais e maravilhas na Igreja
Por que
os sinais e maravilhas eram tão comuns à Igreja Primitiva? Qual o segredo
daqueles cristãos? Não havia segredo algum. Havia uma obediência amorosa e
consciente à Grande Comissão que o Senhor Jesus confiou aos seus discípulos.
Quanto mais evangelizavam e faziam missões, mais o Cristo neles operava por
intermédio do Espírito Santo.
O mesmo
não ocorre hoje com as igrejas que levam a sério o imperioso “ide” de Cristo?
Leia com atenção os últimos versículos do Evangelho de Marcos e constate, em
nossa própria realidade, o cumprimento pleno desta promessa: “E estes sinais
seguirão aos que crêem: em meu nome, expulsarão demônios; falarão novas
línguas; pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes
fará dano algum; e imporão as mãos sobre os enfermos e os curarão” (Mc
16.17,18).
Vejamos,
pois, o papel e as funções dos sinais e maravilhas, operados pelo Espírito
Santo, na vida da Igreja.
SINAIS
E MARAVILHAS, A AÇÃO SOBRENATURAL DA IGREJA
O
milagre tem de ser visto não como algo que ficou nos tempos bíblicos, mas como
um recurso que o Espírito Santo nos coloca à disposição para que glorifiquemos
a Deus e disseminemos o evangelho de Cristo.
Definição. Os
sinais e maravilhas descritos na Bíblia, principalmente em o Novo Testamento,
são operações extraordinárias e sobrenaturais de Deus no âmbito das coisas
naturais. São uma suspensão das leis da natureza. Somente o que criou todas as
coisas pode agir natural e sobrenaturalmente em todas as coisas, porque tudo
lhe é possível (Mc 10.27).
Objetivos
do milagre. Dois são os objetivos do milagre: glorificar a Deus e
expandir-lhe o Reino (Mc 2.12; Lc 5.26; Jo 11.4). Em Atos, os prodígios
operados pelos apóstolos abriram-lhes as portas da Palavra, a fim de que
anunciassem com poder e destemor o evangelho. Haja vista o ocorrido na Porta
Formosa (At 3.1-11). E o ocorrido em Listra? (At 14.8-18). A intervenção
sobrenatural de Deus visa também beneficiar o ser humano. Alguém que é curado
do câncer, por exemplo, enaltece o nome do Senhor pelo favor imerecido.
O
milagre, por conseguinte, não tem por objetivo criar um espetáculo. Foi por
isso que o Senhor emudeceu-se e nada fez ante a curiosidade de Herodes (Lc
23.8,9). Somente os que buscam a própria glória transformam os sinais e
maravilhas em um show.
Em Atos
capítulo três, Pedro e João dirigiam-se ao Santo Templo a fim de orarem, quando
se depararam com aquele coxo de nascença que, diariamente, era trazido ao lugar
sagrado para esmolar (At 3.2). Observemos que os apóstolos subiam juntos à Casa
de Deus para buscar ao Senhor. Se juntos clamavam ao Senhor, juntos estavam
prestes a realizar um grande milagre.
Oração
e milagre. Sem oração não há poder. Moisés e Jesus, que operaram
grandes e portentosos sinais, viviam em constante oração e jejum (Êx 24.12-18;
Mt 4.2). Se nós obreiros desta geração quisermos também realizar milagres e
maravilhas é mister que, juntos, à hora da oração, subamos ao templo. A mão do
nosso Deus não está encolhida para efetuar o sobrenatural.
Quando
nem ouro nem a prata fazem a diferença. Ao ver os apóstolos,
esperava o coxo receber deles alguma coisa. Todavia, declarou-lhe Pedro: “Não
tenho prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou. Em nome de Jesus Cristo, o
Nazareno, levanta-te e anda” (At 3.6).
Hoje,
há muitas igrejas ricas e poderosas. Algumas destas, porém, já não conseguem
mostrar o poder que operava nos apóstolos. Sim, elas possuem muita prata e
muito ouro, mas nenhum poder. O ouro e a prata somente são eficazes quando
utilizados na expansão do Reino de Deus. Caso contrário, de nada valem diante
daquele que disse: “Minha é a prata, e meu é o ouro, disse o Senhor dos
Exércitos” (Ag 2.8). Portanto evangelizemos e façamos missões!
O milagre
na Porta Formosa. O mendigo achava-se justamente na Porta Formosa do Santo
Templo (At 3.2). Que contraste! Diante de toda aquela suntuosidade, um mendigo.
A porta era formosa e rica, mas achava-se fechada para aquele homem enfeado
pela doença e empobrecido por sua condição social.
O
MILAGRE ABRE A PORTA DA PALAVRA
Realizado
o milagre, o que fizeram os apóstolos? Certamente não trabalharam o seu
marketing pessoal nem foram abrir uma igreja independente. Sabendo que a
excelência estava em Cristo e não em si, aproveitaram a ocasião a fim de
proclamar o evangelho. Como tem você agido quando Deus usa-o na realização de
um milagre ou prodígio? Chama a glória toda a si? Ou glorifica o Senhor da
glória? Observe o modo como os apóstolos trataram o prodígio.
A
proclamação da Palavra é mais importante que o milagre. Não resta dúvida de que
um portento fora realizado. Era notório a todos (At 4.16). Era algo
simplesmente inegável. Todavia, os apóstolos estavam prestes a mostrar que
aquela ocasião era mais do que propícia à proclamação da Palavra de Deus. Hoje,
temos muitas terças e quintas-feiras de milagres. Mas que todos os dias sejam
dedicados à pregação do evangelho. O Senhor Jesus estará presente entre nós
operando sinais e prodígios diariamente.
A
proclamação da Palavra deve ser feita a tempo e a fora de tempo. É o que
recomenda Paulo a Timóteo: “Conjuro-te, pois diante de Deus e do Senhor Jesus,
que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no seu reino, que pregues
a palavra, instes a tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a
longanimidade e doutrina” (2 Tm 4.1,2).
Por
conseguinte, Pedro e João aproveitaram a oportunidade a fim de proclamar o
Evangelho de Cristo tanto para o povo quanto para os sacerdotes. Leia com vagar
os capítulos três e quatro de Atos dos Apóstolos. E veja quantas portas a
pregação da Palavra foram abertas através do milagre operado pelos apóstolos na
Porta Formosa. Tem você aproveitado as oportunidades para anunciar a mensagem
da cruz? Ou acha que o milagre não passa de um espetáculo? É chegado o momento
de se pregar a tempo e fora de tempo que Cristo Jesus morreu e ressuscitou para
salvar o pecador.
Os
sinais seguem aos que crêem. Mas quando estes seguem aqueles, a igreja começa a
ter problemas. Vejamos, pois, os milagres e prodígios como oportunidades para
anunciarmos o Evangelho de Cristo até aos confins da terra.
Por
acaso não agiam assim os apóstolos de Nosso Senhor? Por que, então, agiríamos
de outro modo? À semelhança de Pedro e João, declaremos com autoridade e ousadia:
“Não tenho prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou. Em nome de Jesus
Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda” (At 3.6).
“A
natureza teológica de um milagre.Cada uma destas três palavras
que se referem a eventos sobrenaturais (sinal, maravilhas e poder) delineia um
aspecto do milagre. Um milagre é um evento incomum (maravilha) que transmite e
confirma uma mensagem incomum (sinal) por intermédio de uma habilidade incomum
(poder). Do ponto de vista divino privilegiado, o milagre é um ato de Deus (poder)
que atrai a atenção do povo de Deus (maravilhas) para a Palavra de Deus (por
meio de um sinal). [...] Eles são normalmente utilizados como sinais para
confirmar um sermão; como maravilhas para verificar as palavras de um profeta;
como milagre para ajudar a estabelecer a sua mensagem (Jo 3.2; At 2.22). Um
milagre, portanto, é uma intervenção divina, ou uma interrupção, no curso
regular do mundo que produz um evento com um objetivo definido, o qual, apesar
de incomum, não ocorreria (ou não poderia ocorrer) de outra forma. Nessa
definição, as leis naturais são compreendidas como sendo a forma normal regular
e geral pela qual o mundo funciona. Entretanto, o milagre ocorre como um ato
incomum, não-padronizado e específico de um Deus que transcende o universo.
Isto não significa que os milagres são contrários às leis naturais; significa
simplesmente que eles são originados em uma fonte que está além da
natureza”.(GEISLER, N. Teologia Sistemática. Vol.1. 1.ed. RJ:
CPAD, 2010, pp.43-44)
A importância da disciplina na Igreja
Numa
igreja descompromissada com a sã doutrina, crentes como Ananias e Safira seriam
até homenageados por sua “liberalidade e altruísmo”. Mas numa igreja que prima
pelo ensino, não subsistiriam. Haveriam de ser desmascarados, repreendidos e
fulminados pelo próprio Deus, pois Ele sonda-nos a mente e o coração. A falta
de doutrina, pois, acaba por induzir toda uma congregação à hipocrisia e à
mentira.No episódio de Ananias e Safira, Lucas destaca o valor da disciplina na
Igreja de Cristo. Por conseguinte, vejamos porque o ensino é imprescindível ao
povo de Deus.
A
DISCIPLINA E SUA NECESSIDADE
Definindo
a disciplina. O que é disciplina senão ensino? Mas possui ela também o
seu lado grave: a correção (Pv 15.10). Seu objetivo é conscientizar-nos quanto
às consequências de nossas atitudes (Gl 6.7). A falta de disciplina pode
conduzir à morte. Foi o que aconteceu a Ananias e a Safira.
A
disciplina no Antigo Testamento. Por intermédio de seus
profetas, Deus mostra ao seu povo o valor e a imprescindibilidade da disciplina
(Jó 5.17). Ele requer que todos os seus filhos sejam ensinados na Lei e nos
Profetas (Sl 25.8). A disciplina é tão preciosa quanto à própria vida (Pv
6.23). Eis o que diz Salomão: “O que ama a correção ama o conhecimento, mas o
que aborrece a repreensão é um bruto” (Pv 12.1).
Nestes
tempos tão difíceis e trabalhosos, nós pais somos coagidos a não aplicar a
disciplina aos nossos próprios filhos. É claro que também somos contra os maus
tratos impingidos às crianças. Mas que estas têm de ser disciplinadas, não o
podemos negar. A recomendação é do próprio Deus: “O que retém a vara aborrece a
seu filho, mas o que o ama, cedo, o disciplina” (Pv 13.24 — ARA). Por que os
educadores contrários à educação cristã, ao invés de nos constrangerem com as
suas impropriedades, não saem em defesa das crianças abandonadas e prostituídas
que fervilham nossas cidades? É necessário e urgente resgatar a infância
abandonada e proporcionar-lhe uma vida digna e segura.
A
disciplina em o Novo Testamento. Embora vivamos sob os
termos da Nova Aliança, Deus em nada mudou quanto ao padrão disciplinar de seu
povo. Haja vista o Sermão do Monte. Agora, além de o Senhor ratificar o sétimo
mandamento, por exemplo, requer tenhamos nós um coração puro (Mt 5.27,28). Por
conseguinte, viver sob a lei do Espírito requer uma disciplina ainda maior.
Por
quebrarem a disciplina, Ananias e Safira foram severamente punidos pelo Senhor.
A
OFERTA DE ANANIAS E SAFIRA
Disposto
a dedicar-se integralmente ao cumprimento da Grande Comissão, Barnabé vende a
sua propriedade e entrega todo o dinheiro aos apóstolos. Lucas, ao registrar o
fato, realça o desprendimento daquele levita natural da ilha de Chipre, que
haveria de prestar relevantes serviços ao Reino de Deus (At 4.36,37).
Ananias
e Safira, imitando a Barnabé, também vendem a sua propriedade. Ao contrário
deste, o casal retém parte do dinheiro, e repassa o restante aos apóstolos,
como se aquele depósito representasse o valor total da propriedade. Eles, porém,
seriam desmascarados, repreendidos e mortalmente punidos. Não se pode mentir a
Deus.
O
pecado contra o Espírito Santo e a Igreja. O pecado de
Ananias e Safira não foi um requinte social como eles supunham; constituiu-se
numa ofensa contra o Espírito Santo (At 5.9). Ajamos, pois, com muito cuidado,
porque o Senhor chamar-nos-á a prestar contas de todas as palavras frívolas que
proferirmos (Mt 12.36).
Se
formos disciplinados na Palavra de Deus, jamais cairemos no erro de Ananias e
Safira: mentira, hipocrisia e roubo. Como vem você agindo? Tem se dado à
mentira? Cuidado. Os mentirosos não terão guarida no Reino de Deus (Ap 22.15).
Uma
oferta como a de Caim. Nossa atitude diante do Senhor é
sempre mais importante do que a nossa oferta. Vejamos a história de Abel e
Caim. Ambos trouxeram o fruto do seu trabalho a Deus. O primeiro teve a sua
oferenda aceita, pois justo era o seu coração. Quanto ao segundo, por ser
iníquo, foi rejeitado (Gn 4.6,7). Antes de atentar para a oferta, o Senhor
contempla o ofertante.
Ananias
e Safira poderiam ter vendido a propriedade pelo valor que bem entendesse e
haver dado todo o montante, ou parte deste, à Igreja. Pedro deixou-lhes isso
bem patente (At 5.4). Mas como o casal, buscando a própria honra, não mentiram
somente a Pedro, mentiram também ao próprio Deus (At 5.3).
O
EXTREMO DA DISCIPLINA
Ananias
e Safira conheciam muito bem a doutrina dos apóstolos e não ignoravam o Antigo
Testamento. Nas sinagogas, ouviam sábado após sábado, a leitura da Lei, dos
Escritos e dos Profetas. Chegaram eles a conhecer a Jesus? É bem provável. Por
conseguinte, não foram eles punidos inocentemente. Ao mentirem a Pedro, sabiam
estarem ofendendo o Espírito Santo. Eles sabiam que esse pecado era gravíssimo
(Mt 12.32).
A
sentença de morte. Confrontado pelo apóstolo Pedro, Ananias viu-se
desmascarado. Naquele momento, aliás, vê-se ele diante do tribunal divino e do
Senhor recebe a sentença pela boca do apóstolo: “Ananias, por que encheu
Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo e retivesses parte
do preço da herdade? Guardando-a, não ficava para ti? E, vendida, não estava em
teu poder? Por que formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste aos
homens, mas a Deus” (At 5.3,4).
Informa
Lucas que, ouvindo a reprimenda de Pedro, Ananias caiu por terra fulminado. O
mesmo aconteceria à sua esposa três horas depois (At 5.10). O casal que contra
o Senhor peca unido, unido também perecerá. Não poderiam eles andar no temor e
na disciplina divina?
A
maldição é retirada do arraial dos santos. Se Ananias e
Safira não houvessem sido confrontados e punidos, a Igreja de Cristo, como um
todo, sofreria por causa do anátema. Lembra-se do caso de Acã? Quando o pecado
é revelado e a liderança não faz uso da disciplina, segundo os padrões
bíblicos, toda a igreja sofre debaixo da maldição do pecado. Leia com atenção e
temor o capítulo sete de Josué. Tomemos cuidado, pois Deus não mudou. Ele
continua o mesmo. Aliás, vejamos esta advertência de Pedro: “Porque já é tempo
que comece o julgamento pela casa de Deus; e, se primeiro começa por nós, qual
será o fim daqueles que são desobedientes ao evangelho de Deus?” (1 Pe
4.17)
“O
tolo despreza a correção de seu pai, mas o que observa a repreensão
prudentemente se haverá” (Pv 15.5). A disciplina é uma prova de amor. Deus
requer que seus filhos andem de conformidade com a sua Palavra. Se errarmos,
Ele certamente disciplinar-nos-á. No entanto, cuidado: Deus não se deixa
escarnecer.
Ananias
e Safira, simulando uma justiça que não possuíam, mentiram para o próprio Deus.
Por isso foram mortalmente punidos. Andemos, pois, no temor do Senhor. “O
delito de Ananias não foi reter parte do preço do terreno; poderia ter ficado
com tudo se quisesse; seu delito foi tentar impor-se sobre os apóstolos com uma
mentira espantosa unida à cobiça, com o desejo de ser visto. Se pensarmos que
podemos enganar a Deus, fatalmente enganaremos a nossa própria alma. Como é
triste ver as relações que deveriam estimular-se mutuamente às boas obras,
endurecerem-se mutuamente no que é mau! Este castigo, na realidade foi uma
misericórdia para muitas pessoas. Ele faria as pessoas examinarem a si mesmas
rigorosamente, com oração e terror da hipocrisia, cobiça e vanglória, e a
continuarem agindo assim. Impediria o aumento dos falsos crentes. Aprendamos
com isto quão odiosa a falsidade é para o Deus da verdade, e não somente evitar
a mentira direta, mas todas as vantagens obtidas com o uso de expressões
duvidosas e de significado duplo em nosso falar”.(HENRY, M. Comentário
Bíblico. 1.ed. RJ: CPAD, 2002, p.891)
O
Pecado de Acã.“Certamente Acã descobriu que o pecado é uma emoção passageira.
Houve a emoção de obter alguma coisa secretamente. Ele teve a emoção de
conhecer uma coisa que os outros não conheciam. Ele teve a emoção de ser
procurado. Finalmente, chegou a emoção de ser o centro das atenções, de ser ‘a
manchete do dia’. Há pessoas dispostas a trocar suas vidas por essas
compensações.
Mas a
emoção teve vida curta. O que ele fizera foi logo descoberto por todos. O que ele
havia escondido foi rapidamente manifesto a toda a sua nação. Aquilo que ele
considerou valioso mostrou-se impotente para ministrar-lhe. Aquilo que ele teve
orgulho tornou-se sua vergonha. Sua alegria transformou-se em tristeza. Sua
emoção momentânea terminou numa morte violenta. Com ele pereceu tanto aquilo
que ele havia roubado quanto o que era legitimamente seu. Ele recebeu o salário
do pecado. Ele foi ‘sem deixar de si saudades’ (2 Cr 21.20).
Este
evento evidencia o princípio de que somente aqueles que vivem vidas submissas
diante de Deus recebem ajuda do Senhor. Acã recusou-se a se submeter ao plano
de Deus. Ele carecia da santidade que daria permanência ao seu programa de
vida.
O fato
de que ‘nenhum de vós vive para si e nenhum morre para si’ (Rm 14.7) é
ilustrado pela vida de Acã. Um homem pode contaminar uma comunidade tanto para
o bem como para o mal. Paulo dá a essa ideia um cuidadoso desenvolvimento em
sua carta aos coríntios. Ele conclui: ‘De maneira que, se um membro padece,
todos os membros padecem com ele; e, se um membro é honrado, todos os membros
se regozijam com ele’ (1 Co 12.26).
A vida
de Acã também nos ensina que o pecado nunca está oculto aos olhos de Deus. O
Senhor sabe o que os olhos veem, o que o coração deseja e o que os dedos manipulam.
Ele também sabe dos inúteis esforços do homem de tentar enganá-lo. Mais cedo ou
mais tarde, um ser humano deverá encarar seus atos e prestar contas de todos
eles.
Outra
verdade importante é encontrada no fato de que, assim que o pecado foi expiado,
a porta da esperança se abriu. O povo sentiu mais uma vez a segurança de que
poderia avançar. Esta verdade continua em ação. Aquele que aceita o sacrifício
de Cristo pelo pecado imediatamente olha para a vida com esperança e
segurança”.(MULDER, C. O. et al. Comentário Bíblico Beacon. 1.ed.
Vol.2. RJ: CPAD, 2005, p.45)
Assistencia Social.
O
diaconato foi instituído a partir de uma contingência. Tudo aconteceu quando os
crentes de expressão grega, inconformados por estarem suas viúvas sendo
preteridas na distribuição diária, puseram-se a murmurar contra os hebreus.
Buscando extinguir a dissensão, propuseram os apóstolos à “multidão dos
discípulos” a escolha de sete homens notáveis por sua reputação, para que se
encarregassem daquele “importante negócio”. Dessa forma, poderiam os pastores
da Igreja dedicar-se à oração e ao ministério da Palavra de Deus. O que parecia
um problema local redundou numa solução universal.
Se
evangelizar e fazer discípulos são a incumbência primária da Igreja Cristã,
socorrer aos necessitados não lhe é tarefa secundária. Aprendamos, pois, com os
santos apóstolos a cumprir integralmente a missão que nos confiou o Cristo de
Deus. Tem você se ocupado com os mais carentes? Jesus não os esqueceu. Ordena-nos
o Senhor ainda hoje: “Dai-lhes vós de comer”.
AS
DORES DO CRESCIMENTO
No Dia
de Pentecostes, quase três mil almas converteram-se ao Senhor (At 2.14-39).
Apesar de um crescimento tão surpreendente, os discípulos “perseveravam na
doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações” (At
2.42). O que isso evidencia? A completa dedicação da liderança ao discipulado e
à sã doutrina. Tem você se consagrado à evangelização e ao ensino? Somente
assim pode a sua igreja crescer. Esteja, contudo, preparado para os incômodos e
as dores que acompanham o crescimento. Foi o que experimentou a Igreja em
Jerusalém.
A
urgência da assistência social. Em razão do crescente
número de conversos, os apóstolos não mais tiveram condições de atender
devidamente às demandas sociais da Igreja (At 4.4; 6.1). Era necessário
organizar o ministério cotidiano. Se de início não havia necessitado algum,
agora já apareciam as queixas de um segmento muito importante da irmandade: os
gregos. Eram estes, segundo podemos depreender, israelitas provenientes da
Diáspora.
A
Igreja em Jerusalém sentia, agora, as dores do crescimento. Somente as igrejas
que não crescem são poupadas de tais desconfortos.
Como
está o trabalho de assistência social de sua igreja? Todos estão sendo
socorridos? O ideal é que, em nosso meio, ninguém seja esquecido (At 4.34).
A
murmuração dos gregos. Os crentes de expressão grega
puseram-se a reclamar de que suas viúvas estavam sendo preteridas na
distribuição diária (At 6.1). Fez-se murmuração o que era queixume. Para
esvaziar aquele clima de insatisfação que já começava a generalizar-se, os
apóstolos foram divinamente orientados a instituir o diaconato. Por que
permitir que seja a discórdia espalhada entre os irmãos? Busquemos a sabedoria do
alto. E assim teremos condições de pacificar os ânimos e manter a unidade do
povo de Deus.
A
INSTITUIÇÃO DO DIACONATO
Com a
murmuração dos gregos a ressoar-lhes aos ouvidos, os apóstolos reuniram a
“multidão dos discípulos”, objetivando solucionar aquele problema. Por que
deixá-lo avolumar-se e enfermar toda a congregação?
A
participação da Igreja nas decisões. Os apóstolos, convocada a
Igreja, propuseram a escolha de sete varões, para se encarregarem da
assistência material e social aos santos. Requeria-se fossem os candidatos
homens de “boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria” (At 6.3).
Afinal, iriam eles lidar com o povo de Deus. Em sua Primeira Epístola a
Timóteo, Paulo destaca a importância desse ministério: “Porque os que servirem
bem como diáconos adquirirão para si uma boa posição e muita confiança na fé
que há em Cristo Jesus” (1 Tm 3.13).
O
ministério diaconal. Apesar de o capítulo seis de Atos não mencionar uma única
vez a palavra “diácono”, não resta dúvida de que o ofício foi instituído
naquela ocasião. É mister ressaltar o destaque de dois daqueles obreiros:
Estêvão e Filipe (At caps. 6, 7 e 8). Não fossem os diáconos, como haveriam os
apóstolos de se dedicarem à edificação do corpo de Cristo?
Há que
se mencionar o diácono Atanásio (295-373) que, na História da Igreja Cristã, é
honrado como o pai da ortodoxia.
Que o
Senhor nos dirija na escolha de homens íntegros, sábios e cheios do Espírito
Santo, para que nos auxiliem no exercício do pastorado.
ASSISTÊNCIA SOCIAL
Era
imperioso aos apóstolos devotarem-se à oração e ao ensino da Palavra de Deus.
Doutra forma, como haveriam de edificar a Igreja na sã doutrina? Todavia,
estavam eles mais do que cientes: as obras de misericórdia são também
importantes. Que os crentes, pois, sobressaiamos igualmente pelas boas obras
(Mt 5.16; At 9.36; Ef 2.10). Não alerta Tiago que a fé sem as obras é morta?
(Tg 2.17). A assistência social na Igreja Cristã não será menosprezada.
O
“importante negócio”. O trabalho assistencial foi considerado pelos apóstolos um
“importante negócio” (At 6.3). Por isso houveram-se eles com diligência na
escolha dos melhores homens para exercê-lo. Na Igreja de Cristo, o socorro aos
necessitados também é visto como prioridade.
Havendo
incumbido os diáconos de zelar pelo socorro aos pobres, a Igreja Primitiva
demonstra ser possível exercer o serviço cristão em sua plenitude. Em sua
despensa havia tanto o pão que desce do céu como o pão que brota da terra. Que
exemplo às igrejas de hoje! A ordem do Senhor não será esquecida: “Dai-Ihes,
vós mesmos, de comer” (Mt 14.16).
Servindo
à Igreja de Cristo. Tanto os doze apóstolos como os sete diáconos porfiaram em
servir à Igreja. Os primeiros com a oração e a Palavra; os segundos, com o
ministério cotidiano. Um não pode subsistir sem o outro. Sanada a dificuldade
com a assistência às viúvas gregas, informa-nos Lucas: “Crescia a palavra de
Deus, e, em Jerusalém, se multiplicava o número dos discípulos; também
muitíssimos sacerdotes obedeciam à fé” (At 6.7 — ARA).
“A
Comunhão Quebrad.Os crentes se dedicam a formar uma comunidade de comunhão (At
2.42), que acha expressão em compartilhar as possessões com os necessitados.
Como exemplo positivo de comunhão, Lucas chamou atenção a Barnabé (At 4.36,37);
em contraste, Ananias e sua esposa são exemplos negativos (At 5.1-11). No
capítulo 6, Lucas informa um desarranjo na comunhão causado pela negligência da
comunidade para com suas viúvas gregas. No meio de tremendo progresso da
Igreja, este problema coloca a unidade eclesiástica em sério perigo. Nesta
época, a comunidade cristã consiste em dois grupos: os judeus gregos (hellenistai,
‘crentes de fala grega’) e os judeus hebreus (hebreaioi, ‘crentes de
fala aramaica’). Os judeus gregos de Atos 6 são crentes que foram fortemente
influenciados pela cultura grega. [...] Os cristãos de fala aramaica são mais
fortes nas tradições religiosas palestinas e mostram mais restrição em atitude
para com a lei judaica e o templo. Sendo mais agressivos na abordagem, os
judeus helenísticos provocavam raiva. Em pelo menos uma ocasião a pregação
agressiva de um crente de fala grega na sinagoga helenista em Jerusalém termina
em apedrejamento. Os judeus helenistas apresentavam o evangelho com tal zelo
que eventualmente os oponentes os compelem a fugir de Jerusalém para salvar a
própria vida (At 8.1-3)” (Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 2.ed.
RJ: CPAD, 2004, p.657).
“O
Descontentamento Social.Afirma o eminente teólogo da Universidade
de Salamanca Lorenzo Turrado: ‘A queixa dos helenistas, a julgar pela
iniciativa tomada pelos apóstolos, parece que tinha sério fundamento’. A
situação que se desenhava deixou os apóstolos mui preocupados. Como israelitas,
sabiam eles que a injustiça e a desigualdade sociais eram intoleráveis aos
olhos de Deus (Dt 15.7,11). Não foi por causa da opressão que o Senhor
desterrara a Israel? A palavra de Ezequiel não tolera dúvidas: ‘O povo da terra
tem usado de opressão, e andado roubando e fazendo violência ao pobre e ao
necessitado, e tem oprimido injustamente ao estrangeiro’ (Ez 22.29).
Infelizmente, a questão social continua a ser descurada por muitos ministros do
Evangelho. Acham eles que a desigualdade social é um problema que cabe apenas
ao governo resolver. Mas a Bíblia não ensina assim. Embora a Igreja de Cristo
seja um organismo espiritual e desfrute da cidadania celeste, ela é vista como
uma comunidade administradora de uma justiça que tem de exceder a do mundo (Mt
5.20). O comentário é de Broadman: ‘Os cristãos têm infligido quase tantas
feridas à comunhão quanto os perseguidores externos, abrigando em si
preconceitos raciais, religiosos e de classe. Esse preconceito leva à
discriminação, e a discriminação destrói a unidade dos crentes. Estas
distinções não deviam ter entrado na Igreja, naquela época, e não devem entrar
hoje’” (ANDRADE, C. Manual do Diácono. 1.ed. RJ: CPAD, 1999,
pp.17,18).
As
implicações de Atos 6.“Paternalismo. Talvez a
primeira lição que deva ser aprendida é a de que a liderança espiritual da
igreja precisa evitar o paternalismo. A maneira de se desenvolver uma igreja
amadurecida não é impor soluções ‘de cima para baixo’, mas envolver a
congregação na solução do problema, e confiar aos membros um papel
significativo na tomada de decisões.
Confiança. Teria
sido tão fácil tornar-se defensivo e argumentar em quem se deveria ou não
colocar a culpa. Em lugar disso, a congregação concentrou-se no problema e os
cristãos de fala aramaica demonstraram confiança em seus irmãos, ao fazer os
cristãos de fala grega responsáveis pela distribuição a todos.
Prioridades. Os
líderes espirituais da igreja precisam concentrar sua atenção ‘na oração e no
ministério da palavra‘ (6.4). Mas as preocupações materiais dos crentes também
precisam de atenção. E aqueles que lidam com as ‘coisas práticas’ precisam ser
pessoas ‘cheias de fé e do Espírito Santo’.
Flexibilidade. Precisamos
estar prontos para reagir às necessidades. Frequentemente, nossas igrejas estão
encerradas em antigos programas ou antigos cargos. Em lugar de procurar com
criatividade satisfazer as necessidades à medida que elas surgem, nós lutamos
para manter o mecanismo da igreja. Este incidente na vida da Igreja Primitiva
nos lembra de que as pessoas são mais importantes do que
as constituições de nossa igreja, e que a inovação não é uma
palavra feia” (RICHARDS, L. O. Comentário Histórico Cultural do Novo
Testamento. 1.ed. RJ: CPAD, 2007, pp.263-64).
Quando a Igreja de Cristo é perseguida
eremos
que os crentes da Igreja Primitiva enfrentaram forte oposição por parte das
autoridades, todavia, aqueles irmãos não deixaram de testemunhar e proclamar o
evangelho de Cristo. Eles não tinham suas vidas por preciosas, por isso, não
temiam testemunhar de Jesus. Os crentes demonstravam, por intermédio do
testemunho pessoal, o que Jesus havia feito em suas vidas. Não podemos nos
esquecer de que fomos chamados para sermos testemunhas de Cristo. Muitas são as
oportunidades que o Senhor tem nos dado para proclamarmos sua Palavra. Que não
venhamos a ficar intimidados, deixando de testemunhar de Cristo, mesmo diante
das críticas, maus exemplos de alguns ou qualquer tipo de
perseguição. Sigamos de perto a postura dos primeiros crentes.
CONSEQUÊNCIAS
DO MARTÍRIO DE ESTÊVÃO
• Jornada
evangelística de Filipe (8.4-40); • A
conversão de Saulo (9.1-30);
• A
viagem missionária de Pedro (9.32—11.18);
• A
fundação da Igreja em Antioquia da Síria (11.19).
Semeado
em Jerusalém, o sangue de Estêvão frutifica a vocação universal da Igreja de
Cristo. O que parecia mais uma seita judaica extrapola as fronteiras de Israel
como Reino para conquistar o império. Nesse processo, Saulo de Tarso antagoniza
um importante papel. Perseguindo, espalha a chama do evangelho. Mais tarde, já
converso e perseguido, leva esta mesma flama até aos extremos da terra.
O
martírio de Estêvão não foi em vão. Mais tarde, testemunharia Tertuliano
(155-222), um dos mais importantes apologetas eclesiásticos: “Quanto mais nos
esmagardes, tanto mais cresceremos, que é semente o sangue dos cristãos”.
Neste
momento, a Igreja de Cristo é perseguida em todo o mundo. Sim, perseguem-nos
não apenas física, mas cultural e institucionalmente. À semelhança dos cristãos
primitivos, quanto mais tentam reprimir-nos localmente, mais universalmente nos
espalhamos.
OS
EFEITOS DA MORTE DE ESTÊVÃO
O
teólogo inglês Matthew Henry (1662-1714), um dos maiores comentaristas das
Sagradas Escrituras, escreve mui sábia e apropriadamente: “Algumas vezes Deus
levanta muitos ministros fiéis sobre as cinzas de um deles”. Haja vista o
martírio de Estêvão. Se aos olhos humanos era uma simples execução, à vista
divina aquela morte foi o caminho que conduziu muitos à vida, inclusive um homem
fero e irreconciliável como Saulo de Tarso. Somente a história haveria de
avaliar os efeitos do assassinato daquele justo.
Sobre
Paulo. Como ouvir um discurso como o de Estêvão e não curvar-se
às evidências do evangelho? Embora teimasse em não reconhecer a Jesus como o
Messias de Israel, Saulo de Tarso não pôde ficar indiferente às palavras e ao
martírio daquele santo. É o que depreendemos destas palavras do próprio Senhor:
“Saulo, Saulo, por que me persegues? Dura coisa te é recalcitrar contra os aguilhões”
(At 26.14). Aliás, o mesmo Saulo o confessa: “E, quando o sangue de Estêvão,
tua testemunha, se derramava, também eu estava presente, e consentia na sua
morte, e guardava as vestes dos que o matavam” (At 22.20).
A
evangelização de Saulo teve início com o sermão de Estêvão, em Jerusalém, sendo
complementada, em Damasco, por Ananias. Muito em breve o que localmente
perseguira a Igreja, universalmente haveria de expandi-la de Antioquia a Roma.
Sobre a
Igreja. Com os termos da Grande Comissão a ecoar-lhes nos ouvidos,
sabiam os santos apóstolos que a Igreja não poderia circunscrever-se a
Jerusalém (Mt 28.19,20). Mas quando sair à Judeia? Quando alcançar Samaria? E
quando atingir os mais distantes lugares da terra? Estando ainda estas
perguntas por se responder, eis que o martírio de Estêvão precipita a dispersão
da Igreja de Jerusalém.
Ao
relatar o evento, escreve Lucas: “Mas os que andavam dispersos iam por toda
parte anunciando a palavra” (At 8.4). Por conseguinte, quando aqueles piedosos
varões puseram-se a sepultar o corpo de Estêvão, não sabiam eles estarem,
na verdade, semeando uma semente que, de imediato,
multiplicar-se-ia dentro e fora dos termos de Jacó. Não foi exatamente isto o
que ensinara o Senhor: “Na verdade, na verdade vos digo que, se o grão de
trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, dá muito
fruto” (Jo 12.24). Mais tarde, confirmaria o doutíssimo Tertuliano as palavras
do Cristo: “O sangue dos mártires é a semente da Igreja”.
As
perseguições à Igreja não ficaram no passado. Este sistema, que jaz no maligno,
tudo faz por sufocar a Noiva do Cordeiro. Está você preparado a defender a sua
fé? Morreria por amor a Cristo? Não podemos fugir a essa pergunta. Que a nossa
confissão seja tão firme quanto à de Jan Hus (1369-1415), reformador
protestante da antiga Boémia: “Com a maior alegria confirmarei com meu sangue a
verdade que tenho escrito e pregado”.
QUANDO
A IGREJA É PERSEGUIDA
Quem
ainda não leu o excelente livro Torturado por Amor a Cristo?
Escrito pelo pastor romeno Richard Wurmbrand (1909-2001), mostra-nos o quanto a
Igreja de Cristo sofreu nos países comunistas. Atrás da cortina de ferro, eram
os cristãos perseguidos física, cultural e institucionalmente.
Perseguição
física. Neste exato momento, muitos são os missionários, pastores
e leigos que, torturados e até mortos por causa da santíssima fé, fazem boa e
ousada confissão ante o verdugo (1 Tm 6.13). Se pudéssemos ouvir-lhes o clamor!
Oremos por nossos irmãos na China, na Coreia do Norte, em Cuba e nos países muçulmanos.
Em cada uma dessas nações, há uma igreja de Esmirna (Ap 2.8-11). Deixemos,
pois, o conforto de Laodiceia e saíamos a espalhar a boa semente do Evangelho.
Perseguição
cultural. Embora vivamos num contexto cultural, não podemos nos
conformar, sob hipótese alguma, com a cultura do presente século (Rm 12.1,2).
Então, como devemos agir? Se, de fato, somos o sal da terra e a luz do mundo,
transformemos a cultura que nos busca envolver através da proclamação da
Palavra de Deus (Mt 5.13).
As
manifestações culturais deste mundo apregoam sutil e quase que,
imperceptivelmente, o relativismo moral, a substituição dos valores bíblicos
por uma ética leniente e permissiva e a entronização do homem no lugar que
pertence exclusivamente a Deus. Como não podemos nos conformar com tais coisas,
somos alijados da vida cultural da sociedade. Não agiam assim os gregos em
relação ao Evangelho (1 Co 1.22-24). O que os inquisidores deste mundo não
sabem é que a loucura de Deus é mais sábia do que os homens (1 Co 1.25).
Perseguição
institucional. Os interesses do Reino de Deus jamais se coadunarão com os
deste mundo. Por isso, levantam-se alguns potentados, buscando amordaçar a
Igreja de Cristo. Tentam eles, sob o apanágio de um humanitarismo falso e
aparatoso, impedi-la de protestar, por exemplo, contra o homossexualismo.
Outros buscam descriminalizar práticas como o aborto e o uso de drogas. E
outros ainda afadigam-se em varrer das escolas qualquer vestígio do
criacionismo bíblico.
Diante
de todos esses ataques institucionais, lembremo-nos da exortação do pastor
batista norte-americano, William S. Plumer (1759-1850). Alerta-nos ele:
“Perseguição não é novidade... a ofensa da cruz jamais cessará”.
COMO
ENFRENTAR A PERSEGUIÇÃO
Assim
devemos, portanto, enfrentar a perseguição:
Evangelizando
e fazendo missões. Se bem atentarmos, constataremos: a Igreja só começou a
evangelizar e a fazer missões depois da perseguição que lhe moveram as
autoridades judaicas após a morte de Estêvão (At 8.4,5; 13.1-3). O que estamos
esperando? É hora de atravessarmos as fronteiras com o Evangelho de Cristo.
Apresentando
uma apologia de nossa fé. Contra a perseguição cultural e
institucional, a recomendação de Pedro é clara e urgente: “Antes, santificai a
Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados para responder
a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós” (1 Pe 3.15 —
ARA).
Conservando
nossa identidade como povo de Deus. Somos perseguidos, porque
somos um povo especial, zeloso e de boas obras (Tt 2.14). Enfim, representamos
tudo o que o mundo odeia. Nós, luz; eles, ainda em trevas. Porfiemos por uma
vida santa e justa.
O Diabo
tudo fez por matar a Igreja em seu nascedouro. O que ele não sabia, ou fingiu
esquecer, é que as portas do inferno jamais prevalecerão contra a Igreja de
Cristo. O Diabo não pôde emudecer a Filipe nem a Paulo. Como diria o teólogo A.
W. Tozer (1897-1963): “O fogo de Deus não pode ser apagado pelas águas da
perseguição dos homens”.
“Os
escritos de Basílio sobre a perseguição de Deoclécio dão uma ideia geral do que
foram as crueldades e os horrores daqueles dias: ‘As casas dos cristãos eram
deixadas em ruínas; seus bens, pilhados. Seus corpos caíam nas mãos dos ferozes
lictores, que os dilaceravam como bestas selvagens, e arrastavam as matronas
pelos cabelos através das ruas, insensíveis às súplicas por clemência, viessem
elas dos idosos ou daqueles de tenra idade. Os inocentes eram submetidos a
tormentos reservados apenas aos mais vis criminosos; os calabouços eram lotados
com habitantes dos lares cristãos, que agora jaziam desolados; os desertos sem
caminhos e as cavernas das florestas enchiam-se de fugitivos, cujo único crime
fora a adoração a Jesus Cristo’” (REILLY, A. J. Os Mártires do Coliseu. 1.ed.
RJ: CPAD, 2005, p.38).
A conversão de Paulo
As
autoridades religiosas de Jerusalém outorgaram a Saulo cartas que lhe garantiam
o direito de prender os cristãos. Todavia, no caminho de Damasco, Saulo teve um
encontro memorável com Jesus. Este encontro mudou radicalmente sua vida. Diante
do Rei dos reis, Saulo, o perseguidor de cristão, se prostra. Um
dia, todos terão que se curvar diante de Jesus. As convicções religiosas de
Saulo também são lançadas ao chão naquele momento. Embora cego, Saulo sai daquele
encontro transformado e “enxergando” a realidade! Esse novo homem ficou três
dias sem comer ou beber nada, certamente pensando em tudo que lhe aconteceu.
Mais tarde Paulo aprendeu o que é padecer pelo Senhor. Por intermédio desse
“vaso escolhido” a igreja tornou-se basicamente gentia.
RESUMO
DA VIDA DE PAULO
• Nascido
em Tarso, Capital da Cilícia (22.3);
• Fariseu
(23.6);
• Cidadão
romano (22.25-28);
• Fazedor
de tendas (18.3);
• Aluno
de Gamaliel (22.3);
• Guardava
a Lei (26.5);
• Um
encontro com Jesus mudou sua vida (9);
• Foi
batizado (9.18);
• Suas
últimas palavras (2 Tm 4.6-8).
Paulo é
considerado, depois de Jesus, o personagem mais importante da historia da
Igreja Cristã (At 24.5). Ele escreveu quase a metade dos livros do Novo
Testamento e foi responsável direto pela evangelização dos gentios. Dezessete
dos vinte e oito capítulos de Atos dos Apóstolos são dedicados à conversão e ao
ministério do apóstolo dos gentios (At 9; 13-28).Sabemos mais a respeito de
Pauto do que dos demais apóstolos. Aprendamos, pois, com a vida e a obra de
Paulo!
SAULO
DE TARSO
Na
comunidade judaica, Paulo era conhecido por um nome bem hebreu: Saulo (At
9.1,4,11). Ele provinha de uma família benjamita que, apesar de viver na
Diáspora, era mui fiel à tradição (Fp 3.5). Tendo em vista sua formação
cultural e religiosa; mostrou-se mais do que hábil para atuar como o
apóstolo dos gentios.
A
formação cultural de Paulo. Instruído aos pés de Gamaliel (At
22.3), Saulo pertencia ao partido religioso mais conceituado do Judaísmo — os
fariseus (At 26.5; Fp 3.5). Ele conhecia profunda e intimamente o Antigo
Testamento (Rm 1.17; 3.4,5,10-18; 9.6-33), as tradições de seu povo (At 26.24:
28.17,18; Gl 1.13-14) e a língua hebraica (At 22.1,2). Era tão bem versado no
meio religioso de Israel que, dos principais sacerdotes, recebera autorização
para perseguir os discípulos de Cristo (At 26.10).
As
evidências indicam que Paulo cursou a universidade de Tarso. Haja vista o seu
domínio do idioma grego e dos autores clássicos, dos quais cita pelo menos
dois: Aratos e Epimênides (At 17.28; Tt 1.12). Cidadão romano, falava também
mui provavelmente o latim.
Paulo,
cidadão romano. Natural de Tarso, na Cilícia (At 9.11; 21.39; Gl 1.21),
Paulo tornara-se, por nascimento, cidadão de Roma, pois a cidade era província
romana (At 22.25-29). Naquele tempo, a nacionalidade romana era adquirida de
três maneiras: por direito de nascença, por concessão imperial e por aquisição
pecuniária (At 22.28; 23.27; 24.7,22).
Embora
conhecesse muito bem os seus direitos como romano (At 22.25-29;
25.10-12,21,27), era-lhe a cidadania celeste (Ef 2.19; Fp 3.20) mais importante
do que os privilégios concedidos pelos homens. Esta é a razão pela qual
renunciou a todas as regalias terrenas para assumir a cruz de Cristo (Fp
3.7-9). Como tem agido você como cidadão do céu?
A CONVERSÃO DE PAULO
A
conversão de Paulo está narrada em três capítulos de Atos dos Apóstolos
(9.3-18; 22.6-21 e 26.12-18). Vejamos os relatos segundo o desenvolvimento
cronológico dos fatos.
O
Encontro com Jesus. Saulo solicita autorização aos principais sacerdotes, afim
de perseguir os discípulos de Cristo que se achavam em Damasco (At 9.1-2; 22.5;
26.10-11). Já próximo da cidade, ele e seus companheiros são envolvidos
subitamente por uma luz do céu, muito mais forte que o sol (At 9.3; 22.6;
26.13). E todos caem por terra (At 9.4; 22.7; 26.14). Em língua hebraica, Jesus
deu-se-Ihe a conhecer (At 26.14,15).
Os que
o acompanhavam não viram a ninguém. Aturdidos, ouviram, sim, a voz, mas não
entenderam a mensagem (At 9.7; 22.9; cf. Jo 12.28-30). Paulo, então, é
confrontado por Jesus Cristo (At 9.5; 22.7; 26.14,15) e por este é comissionado
a levar o evangelho tanto aos filhos de Israel como aos gentios (At 26.16-18).
Em seguida, o Senhor orienta-o a seguir viagem até Damasco, onde receberia
novas instruções (At 9.6; 22.10).
Erguendo-se,
Saulo nada enxerga. Conduzido por seus auxiliares até Damasco, na cidade
permanece durante três dias sem nada ver, sem nada comer e sem nada beber (At
9.8,9; 22.11).
Ananias
visita a Paulo. Enquanto isso, o Senhor em visão aparece a Ananias, homem
piedoso e justo que morava em Damasco, e ordena-lhe que vá à casa de Judas, que
ficava na rua Direita, e pergunte “por um homem de Tarso chamado Saulo”.
Naquele instante, este orava e via numa visão a Ananias que, entrando em seus
aposentos, impunha-lhe as mãos para que voltasse a enxergar (At 9.10-12;
22.12).
Ananias,
então, retruca. Sabe ele qual o propósito de Paulo na cidade (At 9.13-14). O
Senhor, porém, afiança-lhe que o perseguidor será doravante um vaso escolhido
para tornar o evangelho conhecido em todo o mundo (At 9.15-16; 26.16-18).
Imediatamente Ananias vai ao encontro de Saulo e, impondo-lhe as mãos, confirma
a comissão que ele recebera do Senhor, recobra-lhe a visão e batiza-o (At
9.17-18; 22.13-16).
Saulo,
de perseguidor a perseguido. Já refeito, Saulo busca
congregar-se com os irmãos em Damasco (At 9.19). Apesar dos temores iniciais,
os discípulos acabam por estender-lhe a destra de comunhão. Em ato contínuo,
põe-se ele a testemunhar de Cristo a todos nas sinagogas da cidade (At 9.20).
Os judeus perturbam-se com a sua conversão (At 9.21-22). E intentam tirar-lhe a
vida (At 9.23). Tal plano chega ao conhecimento de Saulo (At 9.23-24). Para o
livrarem da cilada, os irmãos descem-no de noite num cesto pelo muro (At 9.25).
E ele segue em direção a Jerusalém (At 9.26; 22.17).
PROPÓSITOS
DA VOCAÇÃO DE PAULO
Os objetivos
de Cristo ao confrontar Saulo na estrada de Damasco são desenvolvidos nas três
narrativas de sua conversão de Atos dos Apóstolos (9.3-18; 22.6-21; 26.12-18).
Conhecer
a vontade de Deus. Saulo teria de conhecer realmente a vontade de Deus
concernente a Israel, a Igreja e ao mundo (At 22.14,15). Mais tarde, em sua
Epístola aos Efésios, revela a sua compreensão concernente à Igreja de Deus,
formada não por uma nação, mas constituída igualmente por judeus e gentios.
Tudo isso revelou-lhe o próprio Senhor. Tem você procurado saber a vontade
divina para a sua vida?
Tornar-se
ministro e testemunha de Jesus. Consciente de sua
vocação, põe-se Paulo a testemunhar de Cristo não somente diante dos gentios,
mas também perante Israel. Faz ele apologia do evangelho ante os reis e
filósofos. É um verdadeiro campeão de Deus (At 9.15; 22.15,21; 26.16-18). Como
está o seu testemunho cristão? Acha-se preparado para defender a sua fé?
Sofrer
a favor de Cristo e do evangelho. Em virtude de sua
audácia, muito sofre por amor a Cristo (Gl 6.17). O que dantes perseguira a
Igreja de Cristo, vê-se de repente perseguido por causa deste mesmo nome. No
capítulo 11 de sua Segunda Epístola aos Coríntios, discorre ele acerca das
muitas perseguições por ele sofridas, quer por parte de seus patrícios, quer
por parte dos gentios. Mesmo perseguido, o evangelho foi poderosamente
anunciado através de suas
A
conversão e vocação de Paulo ensinam-nos que Deus chama e capacita a quem ele
quer para ministérios específicos. Ele transforma o mais terrível dos homens
num “vaso escolhido”, a fim de que proclame o seu Evangelho até aos confins da
terra.Você foi chamado para anunciar a mensagem da cruz? Obedeça, já. É o tempo
de segar.
A
conversão de Saulo.“Saulo (posteriormente chamado de Paulo, o equivalente grego do
nome ‘Saulo’), que é mencionado pela primeira vez como tendo participado do
apedrejamento de Estêvão era tão zeloso das suas crenças religiosas que iniciou
uma campanha de perseguição contra todos os que acreditavam em Cristo, todos que
eram do ‘Caminho’ (versão RA) (veja o testemunho de Paulo em Filipenses 3.6). A
expressão ‘o Caminho’ se referia ao ‘caminho do Senhor’ ou ‘o caminho da
salvação’. Por que os judeus em Jerusalém queriam perseguir os cristãos a uma
distância tão grande como Damasco? Há várias possibilidades: (1) para prender
os cristãos que tinham fugido; (2) para evitar a chegada do cristianismo a
outras cidades importantes; e (3) para impedir que os cristãos causassem
qualquer problema com Roma. [...] Damasco [era] uma cidade comercial
importante, estava situada cerca de 280 quilômetros a nordeste de Jerusalém, na
província romana da Síria. [...] Saulo pode ter pensado que ao eliminar o
cristianismo em Damasco, ele poderia impedir a sua disseminação a outras
regiões. Já próximo do seu destino, quase ao meio-dia, quando o sol estava a
pino [...], Saulo repentinamente se encontrou cercado por um resplendor de luz.
Embora o texto não afirme abertamente que Saulo viu a Cristo, este fato fica
implícito, uma vez que ver o Senhor ressuscitado era um requisito para o
apostolado do Novo Testamento (1 Co 9.1; 15.8)” (Comentário do Novo
Testamento Aplicação Pessoal. Vol.1. 1.ed. RJ: CPAD, 2009,
pp.662-63).
O
Evangelho propaga-se entre os gentios
Deus
não faz acepção de pessoas (At 10.34). Criador de tudo quanto existe, a todos
preserva pela sua bondade e justiça (At 17.25-28). Ele ama a todos
indistintamente e deseja a salvação de toda a humanidade (Jo 3.16) através de
Jesus Cristo (Mt 1.21; At 4.12). Esta é a mensagem que os apóstolos de Nosso
Senhor proclamaram aos gentios. No Filho, todos somos amados pelo Pai, sem
quaisquer distinções. Está você também disposto a anunciar o evangelho até aos
confins da terra? Há muita terra ainda a ser conquistada.
OS
GENTIOS NO ANTIGO TESTAMENTO
Toda a
humanidade descende de um único casal a quem Deus formara segundo a sua imagem
e semelhança (Gn 1.27; 5.2). Embora criado santo, justo e bom para a glória do
Senhor (Gn 5.1; Sl 115.1), o homem desobedeceu-lhe as ordens e veio a conhecer
experimentalmente o pecado. Com a sua apostasia, fez com que a maldade tomasse
conta do mundo (Gn 4.8,23). A Deus, então, não restou outra alternativa senão
destruir a primeira civilização através de um dilúvio universal (Gn 6-9).
Um
novo começo com Noé. Apenas Noé e a sua família salvaram-se daquele cataclismo.
Por intermédio dos filhos do piedoso e santo patriarca: Jafé (Gn 10.2-5), Cam
(Gn 10.6-20) e Sem (Gn 10.21-31), vieram a formarem-se as nações com as suas
respectivas geografias (Gn 10 - 11). Infelizmente, a humanidade porfiou em
desobedecer a Deus (Gn 11.1-9). Em meio a essa desolação espiritual e moral,
Deus santifica um descendente de Sem, Abraão, para que dele uma nova nação
fosse formada (Gn 12.1-3). Em Abraão, fomos todos abençoados.
A
exclusividade dos descendentes de Abraão (Gn 15.5,6). Ao
chamar Abraão, o Senhor dá início à história de Israel (Gn 12.1-3). Seu
propósito à nação judaica (Gn 18.18; 22.18) era torná-la uma propriedade
peculiar, um reino sacerdotal e um povo santo (Êx 19.5,6). Ele a constituiu
para que esta lhe fosse uma possessão distinta e particular (Is 44.1-2), a fim
de que, por seu intermédio, alcançasse os gentios.
A
partir de então, todas as demais etnias passaram a ser conhecidas como gôyim —
gentios (Gn 15.18-21). Isso não significa, porém, que Deus não ame as demais
nações. Ele as ama, sim! E de tal maneira amou-as, que deu o seu Único Filho,
para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Além do
mais, em Abraão foram benditas todas as nações da terra (Gn 12.3).
OS
GENTIOS EM O NOVO TESTAMENTO
O Novo
Testamento faz questão de realçar o amor de Deus não somente por Israel, mas
por todos os povos. João 3.16 deixa isso bem claro. Não resta dúvida: a
salvação vem dos judeus, mas não se restringe aos judeus, mas através dos
judeus deve alcançar a todos os não-judeus.
Nos
Evangelhos. Nos evangelhos há várias referências aos gentios (Mt
6.7,32: Mc 10.33; Lc 12.30; 18.32). Descritos às vezes com certa reserva (Mt
20.19; Mc 10.33), são eles vistos como a grande seara a ser alcançada pelos
apóstolos que, no cumprimento da Grande Comissão, deixariam Jerusalém e a
Judeia para evangelizar e ensinar todas as nações (Mt 28.18-20). Aliás, Isaías
já destacava a missão do Cristo entre os gentios (Is 42.1-4). Durante o seu
ministério terreno, o Senhor Jesus agraciou alguns destes como
a mulher cananeia (Mt 15.21-28) e o centurião (Lc 7.1-10).
Nos
Atos dos Apóstolos. Embora Atos 1.8 estabeleça a obrigatoriedade da missão
entre os gentios, somente no capítulo 9 e versículo 15, após a conversão de
Paulo, é que se declara aberta e enfaticamente a evangelização das nações (ver
At 13.44-47). A resistência inicial dos apóstolos em discipulá-Ios (At 10.9-16)
é vencida quando Cornélio, sua família e demais assistentes, recebem o batismo
com o Espírito Santo (At 10.44-48). O fato trouxe perplexidade no colégio
apostólico (At 11.1-3,18), mas após a apologia de Pedro (At 11.4-17 ver
15.7-11), a Igreja glorificou a Deus pelo fato de os gentios serem também objeto
do amor de Deus (At 10.45).
Missão
e Salvação entre os Gentios. Se Pedro, com o evangelho
da circuncisão, é proeminente nos capítulos de 1 a 12 de Atos, nos capítulos de
13 a 28, destaca-se Paulo com o evangelho da incircuncisão (Gl 1.7). O primeiro
diz respeito aos judeus, o segundo aos gentios (At 13.44-47). Trata-se, porém,
de um só evangelho — o evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Paulo
estava consciente de que fora chamado por Deus para anunciar o evangelho aos
gentios (At 9.15), sem os entraves da lei (At 15.19,28,29; Rm 4.9-16). Em suas
viagens missionárias, não foram poucos os gentios que se converteram ao Senhor
(At 11.1,18) e de bom grado ouviram a exposição da graça divina (At 13.42).
Você se
preocupa com a evangelização transcultural? Se você não foi chamado ao campo,
coopere financeiramente com a Obra Missionária e ore pelos que se acham
além-fronteira falando do amor de Deus. A responsabilidade pelo “Ide” também é
sua.
JUDEUS
E GENTIOS UNIDOS POR DEUS MEDIANTE A CRUZ
A
Igreja de Deus. Ao defender a difusão do Evangelho entre as nações,
afirmou Pedro: “[...] Deus visitou os gentios, para tomar deles um povo para o
seu nome” (At 15.14). Esse povo é a Igreja formada por judeus e gentios em
Cristo (Rm 9.24-33). De ambos, fez Ele um só povo, derribando a parede de
separação que estava no meio, e, pela cruz, reconciliou ambos com Deus em um
corpo (Ef 2.14-16).
Dessa
maneira, o Espírito Santo revela a Paulo (Ef 3.4,5) que os gentios não são mais
estrangeiros (gôyim) e nem forasteiros, mas concidadãos dos Santos, da
família de Deus (Ef 2.11-22; 1 Pe 2.5), co-herdeiros e participantes da
promessa em Cristo pelo evangelho (Ef 3.6).
Expansão
da Igreja entre os gentios. Através de suas viagens missionárias,
Paulo propagou o evangelho entre os povos e culturas conhecidos naqueles dias
(Rm 15.19,20). Em várias regiões, estabeleceu ele igrejas constituídas
notadamente por gentios (Rm 16.4).
A
evangelização dos povos é o maior desafio da igreja moderna. A responsabilidade
é nossa. O Senhor confiou-nos a Grande Comissão para que, sem remissões,
alcancemos os confins da terra. Ele deseja que todos os gentios sejam salvos.
Você sabia que muitos povos ainda não ouviram falar de Jesus? Como responderá
você a esse grande desafio? Se o Senhor o chama à Obra Missionária, responda
prontamente: “Eis-me aqui, Senhor. Envia-me a mim”.
“Israel
e a Igreja.Nos capítulos iniciais de Atos dos Apóstolos, a recepção judaica
à mensagem do evangelho foi poderosa e inquietou os líderes judaicos. Mas,
depois, iniciou-se a reação e a perseguição judaicas para que a Igreja se
dispersasse. Em alguns locais, a mensagem foi tirada da sinagoga e oferecida
diretamente aos gentios que responderam de forma favorável (At 13.46; 18.6;
28.28). Esse padrão híbrido de recepção judaica, perseguição e busca dos
gentios foi comum, em especial, no ministério de Paulo. Os apóstolos iniciaram
na sinagoga, pois criam que a mensagem de Cristo era também para os de Israel.
As igrejas locais desenvolveram-se por necessidade de sobreviver em face da rejeição.
Essas realidades fizeram com que Lucas, em Atos dos Apóstolos, falasse de forma
reiterada sobre os mensageiros da Igreja ‘se voltarem para os gentios’ e
‘advertirem Israel’. Esses temas, com frequência, aparecem lado a lado e
dominam o último terço do livro de Atos dos Apóstolos. Eles mostram que a
Igreja não era Israel e que essa distinção tornou-se uma realidade do ponto de
vista histórico” (ZUCK, R. B., et al. Teologia do Novo
Testamento. 1.ed. RJ: CPAD, 2008, pp. 160-61).
“A
inclusão dos Gentios na Única e Nova Humanidade em Cristo (Ef 2.13-18).Paulo
continua a descrever como a obra da redenção torna as pessoas um só povo em
Cristo. O verso 13 começa com duas frases importantes: ‘Mas, agora’ que aparece
em contraste com ‘antes’ (v.11) e ‘naquele tempo’ (v.12); e ‘em Cristo Jesus’,
que aparece em contraste com ‘sem Cristo’ (v.12). Essas duas expressões
enfatizam como a situação dos gentios seria drasticamente modificada, de
estarem ‘longe’ para chegarem ‘perto’. Essa nova aproximação de Deus é tanto
‘em Cristo Jesus’ como ‘pelo sangue de Cristo’. Essa última se refere ao evento
histórico da morte de Jesus na cruz; e a primeira está relacionada à conversão
dos infiéis e sua presente união com Cristo. Os cinco versos seguintes explicam
o que foi alcançado pela morte redentora de Cristo na cruz.
Os
versos 14-18 revelam o âmago da mensagem de reconciliação de Paulo, e como Deus
deu início ao ser eterno plano de reconciliação cósmica (embora não universal)
(1.10). A palavra principal nessa passagem é paz, e ela aparece
quatro vezes (vv.14,15, e duas vezes no verso 17).
O verso
14 começa com uma declaração enfática: ‘Porque ele [Cristo] é a nossa paz’.
Cristo, e somente Cristo, nos deu a solução para esse problema que infesta a
raça humana, isto é, a separação de Deus e de outras pessoas. Ele é a
Reconciliação do povo com Deus e a Reconciliação das pessoas, umas com as
outras. Assim, o evangelho torna-se uma mensagem de reconciliação (2 Co
5.17-21). Por causa de seu sangue redentor (2.14), nesse ponto de Efésios Paulo
anuncia, em dois sentidos, o próprio Cristo Jesus como sendo a ‘nossa paz’:
Como
pecadores, Ele nos reconcilia com Deus pela cruz (v.16) e
Reconcilia
grupos mutuamente hostis entre si (tais como judeus e gentios) e ‘de ambos os
povos faz um’ (v.14b; também vv.15-18).
A
reconciliação é o tema central desta passagem. Nada, a não ser o evangelho,
poderá nos oferecer, genuinamente, a paz com Deus (Rm 5.1), ‘e nada, a não ser
o evangelho, poderá remover as barreiras que dividem a humanidade em grupos
hostis em sua própria época’ (Bruce, 1961, 54). A paz entre judeus e gentios
exigia a destruição da ‘parede de separação que estava no meio’ (v.14c).
Nenhuma distinção de cor, conflito étnico, separação por classes ou divisão
política era mais absoluta que a barreira entre judeus e gentios no primeiro
século d.C. Bruce acrescenta: ‘O maior triunfo do evangelho na era apostólica
foi que ele venceu essa antiga e longa desavença e permitiu que judeus e
gentios se tornassem verdadeiramente um único povo em Cristo’” (Comentário
Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 2.ed. RJ: CPAD, 2004,
pp.1219-20).
O
primeiro Concílio da Igreja de Cristo
A
igreja de Jerusalém corria o risco de se transformar num movimento religioso
como outro qualquer da Judeia. Se não fosse a sábia decisão dos Apóstolos, dos
líderes e da comunidade palestínica, a Igreja de Cristo estaria fadada a um
fortuito fracasso já em seus primórdios. Porém, o Espírito Santo conduziu o
Concílio de Jerusalém, abalizando-o por uma sábia decisão: “Pois pareceu bem ao
Espírito Santo e a nós não vos impor maior encargo além destas coisas
essenciais: que vos abstenhais das coisas sacrificadas a ídolos, bem como do
sangue, da carne de animais sufocados e das relações sexuais ilícitas; destas
coisas fareis bem se vos guardardes. Saúde” (At 15.28,28 — ARA).
O
CONCÍLIO DE JERUSALÉM
Contexto.A
conversão dos gentios; a tensão entre judeus e gentios; a insistência dos
crentes judaizantes tradicionalistas para que os gentios adotassem o estilo de
vida judaico; o combate violento de Paulo contra o evangelho judaizante; a
necessidade de uma resolução que legislasse sobre o tema.
A
questão levantada.Para os gentios serem salvos, era
necessário se tornar um judeu? Atualmente, é necessário alguma outra coisa,
fora de confessar a Cristo, para ser salvo?
O
debate.De um lado os fariseus cristãos apoiavam a visão dos
judaizantes; do outro, Paulo e Barnabé enfatizavam que Cornélio e sua família
foram aceitos por Deus como gentios.Em harmonia com as Escrituras, a
contribuição do apóstolo Tiago foi preponderante para a resolução apostólica em
conjunto com a igreja: 1) não se devia pedir aos gentios que adotassem a “cultura”
judaica, pois isto “perturbaria” (15.19) a liberdade em Cristo; 2) As
recomendações estabelecidas foram: não comer carne sacrificada a ídolos; não
ingerir sangue e não comer carne sufocada; não praticar relação sexual ilícita.
Estas resoluções deixam patentes a verdadeira liberdade que há em Cristo Jesus
e o verdadeiro princípio de respeito à vida que Deus exige de nós!
Sob as
instâncias de Paulo e Barnabé, os apóstolos convocam o Concílio de Jerusalém,
para tratar de uma questão que vinha perturbando os crentes gentios: Deveriam
estes também observar os costumes e ritos judaicos? Isto porque, “alguns que
tinham descido da Judeia ensinavam assim os irmãos: Se vos não circuncidardes,
conforme o uso de Moisés, não podeis salvar-vos” (At 15.1).
As
decisões desse concílio, realizado no ano 48, foram mais do que vitais à
expansão do Cristianismo até aos confins da terra.
O
QUE É UM CONCÍLIO
Definição. Originária
do vocábulo latino concilium, a palavra concílio significa
conselho, assembleia. O concílio, por conseguinte, é uma reunião de
representantes da Igreja, cujo objetivo é deliberar acerca da fé, doutrina,
costumes e disciplina eclesiástica.
Os
concílios no Antigo Testamento. O primeiro concílio da
velha aliança deu-se quando Moisés congregou os anciãos de Israel para
declarar-lhes o plano de Deus para libertar os hebreus do Egito (Êx 4.29). A
partir daí, muitos foram os concílios convocados quer pelos reis, quer pelos
profetas, para tratar das urgências nacionais e das crises que surgiram ao longo
da história de Israel no Antigo Testamento (2 Cr 34.29: Ed 10.14; Ez 8.1).
Os
concílios em o Novo Testamento. Os apóstolos reuniram-se
em três ocasiões distintas, para decidir sobre pendências na comunidade cristã.
A primeira vez para eleger Matias em lugar de Judas Iscariotes e aguardar a
chegada do Consolador; a segunda para instituir o diaconato; e a terceira, para
discutir as imposições que os judaizantes buscavam impor sobre os cristãos
gentios (At 1.12-26; 6.1-15; 15.6-30).
A
IMPORTÂNCIA DO CONCÍLIO DE JERUSALÉM
A
terceira reunião dos apóstolos, que viria a ser conhecida como o Concílio de
Jerusalém, foi tão importante e vital à Igreja de Cristo que dela dependia o
futuro do Cristianismo. Se os apóstolos houvessem cedido à pressão dos judaizantes,
a religião do Nazareno extinguir-se-ia em mera seita judaica. Mas os dirigentes
da Igreja, instrumentalizados pelo Espírito Santo, houveram-se com sabedoria e
firmeza, possibilitando que o Reino de Deus, transcendendo as fronteiras de
Israel, se universalizasse até aos confins da terra.
O
Concílio de Jerusalém foi modelar desde a convocação até as suas derradeiras
decisões.
Convocação. O
Concílio de Jerusalém foi convocado pelos apóstolos sob as instâncias de Paulo
e Barnabé. Enviados pelas igrejas de Antioquia, Síria e Cilícia, requeriam eles
fosse tomada uma resolução urgente quanto a este problema: deveriam os gentios
observar também os costumes e ritos judaicos, incluindo a circuncisão?
Presidência. Sendo
a figura de Pedro preponderante entre os santos da circuncisão, conclui-se
tenha ele presidido o Concílio de Jerusalém. Em todos aqueles acalorados
debates, o apóstolo agiu com sabedoria, moderação. Tudo fez por preservar a
unidade da Igreja no Espírito Santo.
Debates. As
discussões são acaloradas. Extremados na defesa do farisaísmo, exigiam os
judaizantes: “É necessário circuncidá-los e determinar-lhes que observem a lei
de Moisés” (At 15.5 — ARA).
Em
seguida, Pedro levanta-se e põe-se a historiar como os gentios, por seu
intermédio, vieram a converter-se a Cristo. Para calar a boca aos adversários,
indaga o apóstolo: “Agora, pois, por que tentais a Deus, pondo sobre a cerviz
dos discípulos um jugo que nem nossos pais puderam suportar, nem nós? Mas
cremos que fomos salvos pela graça do Senhor Jesus, como também aqueles o
foram” (At 15.10,11 — ARA).
Depois
da exposição de Pedro, os também apóstolos Paulo e Barnabé tomam a palavra. Faz
Lucas esta observação: “Então toda a multidão silenciou, passando a ouvir a
Barnabé e a Paulo, que contavam quantos sinais e prodígios Deus fizera por meio
deles entre os gentios” (At 15.12 — ARA).
O
pronunciamento decisivo de Tiago. Apesar de sua reputação
conservadora, sai Tiago irmão do Senhor, em defesa dos santos gentios e da
universalidade da igreja de Cristo: “Pelo que, julgo eu, não devemos perturbar
aqueles que, dentre os gentios, se convertem a Deus, mas escrever-lhes que se
abstenham das contaminações dos ídolos, bem como das relações sexuais ilícitas,
da carne de animais sufocados e do sangue” (At 15.19,20 — ARA).
A CARTA
DE JERUSALÉM.Encerrados os debates, decidem os apóstolos enviar uma encíclica
às igrejas de Antioquia, Síria e Cilícia, por intermédio de Paulo, Barnabé,
Judas e Silas, expondo as resoluções tomadas no Concílio de Jerusalém (At
15.27-30). Resoluções estas, aliás, que se fizeram universais tanto em relação
ao tempo quanto ao espaço; tornaram-se contemporâneas dos cristãos de todas as
eras. Em resumo, o documento trata dos seguintes temas:
Da
salvação pela graça. Deixam os apóstolos bem patente o seu apoio ao evangelho
que Paulo proclamava aos gentios: a salvação pela graça (At 15.11).
Da
comida sacrificada aos ídolos. A carta circular dos
apóstolos é bem clara: “Que vos abstenhais das coisas sacrificadas aos ídolos”
(At 15.29). Terá essa recomendação alguma serventia para nós hoje? Além das
festas juninas e dos doces distribuídos no dia de Cosme e Damião, há muitos
banquetes consagrados aos deuses das riquezas, às divindades do poder corrupto
e corruptor, e aos demônios da permissividade moral e do relativismo ético.
Outrossim, cuidado com os restaurantes que, logo na entrada, expõem a sua
divindade como se fora um mero folclore. Não é folclore; é demônio mesmo.
Da
ingestão de sangue e de carne sufocada. Parece uma recomendação
banal? Nada na Bíblia pode ser banalizado. Ouçamos e obedeçamos à encíclica
apostólica: “Que vos abstenhais [...] do sangue, da carne de animais sufocados”
(At 15.29 — ARA). Receitas culinárias que empregam o sangue como um de seus
ingredientes contrariam as leis divinas. Leia Gênesis 9.4.
Das
relações sexuais ilícitas. Num século tão promíscuo e leniente
como este, a recomendação dos santos apóstolos não haverá de ser esquecida:
“[...] que vos abstenhais das relações sexuais ilícitas” (At 15.29). O que é
uma relação sexual lícita? É a praticada no âmbito do casamento entre um homem
e uma mulher. Logo, o sexo antes e fora do casamento é ilícito e pecaminoso (Êx
20.14; Ap 22.15). Pecado também é o homossexualismo tanto masculino quanto
feminino (Lv 18.22; Rm 1.26-27; 1 Co 6.9).
A voz
dos apóstolos não pode ser calada pela “lei da mordaça”.Que o exemplo dos
santos apóstolos mova a Igreja de Cristo a livrar-se de toda briga local, a fim
de mostrar a sua vocação universal e eterna. O mesmo Espírito que dirigiu o
Concílio de Jerusalém faz-se presente no meio de seu povo, inspirando os
ministros do Evangelho a tomarem decisões de conformidade com a Bíblia Sagrada.
Interessante, o concílio convocado para combater o legalismo judaizante tornou
a Igreja de Cristo mais santa e pura.
“A
decisão do Espírito Santo.‘Na verdade pareceu bem ao Espírito Santo,
e a nós, não vos impor mais encargo algum, senão estas coisas necessárias: que
vos abstenhais das coisas sacrificadas aos ídolos, e do sangue, e da carne
sufocada, e da fornicação [relações sexuais ilícitas — ARA]; das quais coisas
fazeis bem se vos guardares’ (At 15.28,29). A expressão ‘pareceu bem ao
Espírito Santo’ significa: O Espírito Santo, na sua atuação entre os gentios já
testemunhara que estes foram libertos do jugo da Lei mosaica (At 10.44-48). O
Espírito Santo, cuja orientação foi prometida aos apóstolos e outros líderes [e
à Igreja], já testemunhara ao coração deles que os gentios deviam ser livres do
fardo (Mt 18.20; Jo 16.13). [Ou seja] Os gentios foram isentos da obrigação de
observar os costumes judaicos. [...] Estes convertidos já possuíam a vida e a
liberdade espiritual. Por que enterrar esta vida com formulários mortos?”
(PEARLMAN, M.Atos. E a Igreja se fez Missões. 1.ed. RJ:
CPAD, 1995, pp. 169-70).
As viagens missionárias de Paulo
A
Igreja Primitiva cumpriu a Grande Comissão enviando Paulo e
Barnabé para a obra que o Senhor os chamara. Assim, Paulo alcançou as nações de
sua época. Nós, como Igreja do Senhor, também devemos fazer a nossa parte, pois
ainda existem muitas nações e povos que precisam ser alcançados com o Evangelho
de Cristo. Atualmente na “Janela 10x40” existem milhares de pessoas que se
encontram em trevas espirituais. Como elas ouvirão o Evangelho se não há quem
pregue? (Rm 10.14). E como pregarão, se a Igreja do Senhor não enviar e
sustentar os missionários? (Rm 10.15). Ouçamos a voz do Espírito Santo, pois
Ele continua a falar à sua Igreja: “Separai meus servos para a obra que os
tenho chamado”.
A Igreja
Primitiva evangelizou o mundo gentio em aproximadamente trinta anos. O
imperativo missionário de Atos 1.8 era, e sempre será, uma demanda que não
admite contestação ou indolência. Movidos pelo Espírito Santo, os discípulos
saíram a evangelizar e a discipular a todos os povos. Nenhuma nação deixou de
ser contemplada.
A
PRIMEIRA VIAGEM MISSIONÁRIA (At 13 — 14)
De
Antioquia a Chipre (At 13.1-12). A primeira viagem
missionária de Paulo ocorre logo após ter sido ele comissionado pelo Espírito
Santo (vv.2,3). Orientado pelo mesmo Espírito, o apóstolo, juntamente com
Barnabé, embarca em Selêucia, porto marítimo de Antioquia, em direção à Ásia
Menor (v.4). Com isto, Lucas demonstra ser o Espírito de Cristo o verdadeiro
protagonista de Atos dos Apóstolos (v.9).
Já em
Chipre, cidade natal de Barnabé (At 4.36), desembarcam em Salamina, onde havia
uma considerável população judaica. Ali anunciam a Palavra do Senhor à sinagoga
local. Depois, viajando em direção à ilha de Pafos, proclamam o Evangelho de
Cristo às suas aldeias e povoados.
De
Chipre a Antioquia da Pisídia (At 13.13-52). De Pafos, subindo
o rio Cestro, Paulo chega a Perge, região da Panfília, cuja população era
devota de Diana (Ártemis). Após uma viagem de 160 quilômetros, o apóstolo chega
a Antioquia da Pisídia, onde havia uma grande comunidade judaica e um posto
militar romano.
Na
sinagoga local, Paulo proclama o evangelho aos judeus da Diáspora, conduzindo
muitos à conversão. Não poucos prosélitos também aderem à fé. No sábado
seguinte, uma grande multidão congrega-se, a fim de ouvir a Palavra de Deus. Os
judeus incrédulos, porém, saem a blasfemar e a incitar a cidade contra o
apóstolo.
De
Icônio ao regresso a Antioquia (At 14.1-28). Localizada no
entroncamento de Éfeso, Tarso e Antioquia, era Icônio uma cidade mui
estratégica à difusão do evangelho. Como de costume, Paulo põe-se a evangelizar
os judeus da dispersão. Muitos crêem. Outros, porfiando em sua incredulidade,
incitam as gentes contra os apóstolos.
Temendo
por suas vidas, Paulo e Barnabé deixam Icônio e dirigem-se a Listra e a Derbe,
cidades da Licaônia.
Em
Listra, que tinha como padroeiro a Zeus, o maioral dos deuses gregos, os
apóstolos pregam e restauram a saúde a um coxo de nascença. Abismados pelo
milagre, os licaônios atribuíram o prodígio à manifestação de Zeus e Hermes (At
14.11,12). E já completamente fora de si, puseram-se a oferecer sacrifícios aos
apóstolos que, energicamente, impediram-nos (At 14.15).
Logo em
seguida, os que eram adorados como deuses são tratados como a escória da
humanidade. Uma multidão, procedente de Antioquia e Icônio, incita as pessoas a
apedrejarem a Paulo, que é dado como morto (At 14.19). No entanto, a semente
ali plantada haveria de florescer e frutificar.
A
SECUNDA VIAGEM MISSIONÁRIA (At 15.36 — 18.28)
Em
direção à Ásia (15.36 — 16.8). Após a ruptura com
Barnabé, prossegue Paulo na companhia de Silas, que também era profeta (At
15.32). Em Listra, une-se a eles um jovem greco-hebreu — Timóteo, a quem o
apóstolo escreveria duas epístolas.
Deixando
Antioquia, passaram pela Síria e Cilicia. Confortando as igrejas na fé,
informando-as acerca da resolução do Concílio de Jerusalém (16.4,5). Em ato
contínuo, atravessam a região da Frígia e da Galácia. Mas o Espírito Santo,
sempre na direção dos atos de seus apóstolos, interrompe-lhes a jornada,
conduzindo-os por um itinerário que haveria de mostrar-se vital à expansão do
Cristianismo.
Em
direção à Europa (16.12 — 18.18). Em Trôade, Paulo é
orientado, numa visão, a seguir para a Macedônia. Rumo a Filipos, passa pela
Samotrácia e por Neápolis, até chegar a Filipos. Esta foi a primeira cidade da
Europa a receber o evangelho. E Lídia, a primeira européia a receber a Cristo,
constrange os apóstolos a hospedarem-se em sua casa.
Nessa
cidade, Paulo expulsa o espírito de adivinhação de uma jovem que, por
intermédio desse artifício, dava grandes lucros a seus senhores (At 16.16-18).
Vendo estes que a fonte de seu ganho secara, incitaram a cidade contra os
apóstolos que, levados ao tribunal, foram postos em prisão.No cárcere, Paulo e
Silas adoravam a Deus quando um terremoto abriu-lhes as portas da cadeia. O
episódio constrangeu o carcereiro e toda a sua família a converterem-se a
Cristo (At 16.31). Já libertos, seguiram eles a Tessalônica, passando por Anfípolis
e Apolônia. E dali, prosseguiram a pé por 64 quilômetros até a cidade.
Regresso
(18.18-22). De Atenas, dirigiu-se Paulo a Corinto, a mais importante
metrópole da Grécia. Na cidade, fez contatos com Áquila e Priscila. Aos
sábados, consagrava-se ele a proclamar o evangelho aos judeus e gentios ali
residentes. Seu grande esforço resultou na conversão do principal da sinagoga —
o irmão Crispo. A permanência de Paulo em Corinto foi de um ano e seis meses.
Despedindo-se da igreja ali estabelecida, dirigiu-se a Éfeso, na província da
Lídia. Em seguida, retorna a Antioquia via Jerusalém.
TERCEIRA
VIAGEM MISSIONÁRIA (At 18.23 — 28.31)
De
Antioquia a Macedônia (18.23 — 20.3). De Antioquia, Paulo
dirigiu-se a Éfeso, objetivando confirmar a igreja local. Como alguns
discípulos nada sabiam sobre o Espírito Santo, pôs-se o apóstolo a doutriná-los
acerca da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade. Em seguida, orou para que o
Espírito de Deus sobre eles viesse. Imediatamente, começaram a falar noutras
línguas e a profetizar.
Como
resultado de seu trabalho, a superstição é vencida na cidade.
De
Filipos a Jerusalém (20.6 — 21.17). Nessa seção de Atos,
Paulo encerra a sua terceira viagem missionária. Visita a Macedônia e a Grécia.
Logo a seguir, retorna a Ásia (20.1-6). Alguns fatos marcaram-lhe o regresso:
seu longo discurso, a ressurreição de Êutico e o comovente discurso aos anciãos
de Éfeso. Apesar de alertado divinamente sobre os perigos que o aguardavam em
Jerusalém, chega à Cidade Santa.
Paulo
em Jerusalém. Em Jerusalém, Paulo reúne os anciãos da Igreja em casa de
Tiago e narra o que Deus fizera aos gentios através de seu ministério. Ante o
relato, os presbíteros preocupam-se com a reação dos judeus a respeito de
Paulo. O temor não era infundado: Paulo é acuado e agredido pela multidão.
Todavia, o Senhor preserva-lhe a vida, providenciando para que seja levada a
Roma, onde era mister que proclamasse o evangelho.
Nas
viagens missionárias de Paulo, vemos clara e meridianamente os Atos do Espírito
Santo. Sim, o Espírito Santo continua a operar maravilhas no campo missionário,
fazendo o evangelho chegar aos confins da terra. Quando intimado pelo Senhor,
não se furte. Responda: “Eis-me aqui, envia-me a mim”.
A
Primeira Viagem Missionária.Como pôde o apóstolo Paulo, em
tão pouco tempo, evangelizar os principais centros do Império Romano e,
finalmente, instalar-se em Roma com a irresistível mensagem do Evangelho? Ou
melhor: como pôde um único homem revolucionar toda a sua época? A resposta não
exige muita abstração. Em primeiro lugar, era Paulo um mensageiro
extraordinário do Senhor, através do qual foi o evangelho universalizado. Além
disso, utilizou-se ele da infra-estrutura do império para viajar de cidade em
cidade, de província em província e de reino em reino.
Providencialmente,
não precisava de nenhum passaporte especial: era um cidadão romano. Somente um
Deus, que é a mesma sabedoria, haveria de predispor todas as coisas a fim de
que a mensagem da cruz chegasse aos confins da terra. [...] Em Antioquia, o
apóstolo Paulo desempenhou uma importante etapa de seu ministério. E daqui,
partiu ele para a sua primeira viagem missionária. Após o Concílio de
Jerusalém, retornou à cidade com as resoluções tomadas pelos apóstolos e
anciãos (At 15.23). Sua segunda viagem missionária também teria Antioquia como
ponto de partida. Atualmente, Antioquia não passa de uma modesta povoação. Para
nós, no entanto, será conhecida sempre como a igreja missionária por
excelência” (ANDRADE, C. Geografia Bíblica. 11.ed. RJ: CPAD,
2001, pp.227-29).
Paulo
testifica de Cristo em Roma
A
respeito da viagem de Paulo a Roma. Veremos que essa não foi uma viagem fácil.
Paulo enfrentou grande perigo, todavia o Senhor o guardou e o levou em
segurança até o seu destino final. Em Roma, Paulo ficou em prisão domiciliar e
teve a oportunidade de se reunir com os líderes da comunidade judaica,
testemunhando de Cristo e dando continuidade à obra do Senhor.
O
apóstolo Paulo não era prisioneiro de César ou de Roma; era-o de Cristo (Ef 3.1;
Fm 9). Do relato lucano, concluímos: os fatos que o conduziram a Roma não eram
incidentais, mas propositais, pois foram dirigidos por Deus (At 23.11). Se era
urgente fosse o evangelho anunciado em Jerusalém, a capital religiosa dos
judeus, era premente que a palavra da salvação alcançasse Roma, a capital
política do Império.
Assim
chega o evangelho à capital do Império Romano. O mensageiro na verdade
achava-se preso, mas a mensagem da cruz tinha livre curso em Roma, Ninguém era
capaz de detê-la. A Palavra de Deus avançava sem impedimento algum.
VIAGEM
DE PAULO A ROMA (At 27.1 — 28.10)
Constrangido
a apelar para César, o apóstolo Paulo é conduzido agora pelas autoridades
romanas à capital do império. O que parecia um simples traslado de preso, haveria
de ser registrado pela história como o início da maior expansão do Cristianismo
que, conquistando toda a Europa Ocidental, não tardaria a chegar aos pontos
mais ignorados do planeta.
De
Cesareia a Roma (27.1-44). Em sua viagem, o apóstolo conta com a
assistência de Lucas e de um crente macedônio chamado Aristarco (ver 19.29;
20.4; Cl 4.10; Fm 24). Como diz o sábio rei de Israel, é na angústia que nasce
o irmão (Pv 17.17; 18.24). Além disso, o centurião que lhe cuida da segurança,
trata-o com deferência e humanidade. Permite-lhe inclusive que visite a igreja
em Sidom. Quando Deus nos envia, até os inimigos fazem-se amigos e os amigos
tornam-se irmãos.
Açoitada
pela voragem do mar, segue a nau lenta e dificultosamente até Mirra, na Lícia.
Desta cidade, zarpam em direção da Itália em um navio procedente de Alexandria.
Embora prisioneiro, o apóstolo mantém o controle da situação. Mostra uma
autoridade moral e espiritual que viria a surpreender a todos naquela nau. Haja
vista a advertência que faz ao centurião quanto aos perigos que os aguardavam
em seu trajeto a Roma. O militar, que de início prefere ouvir o piloto a Paulo,
ver-se-á mais adiante obrigado a reconhecer a oportunidade de seu conselho.
Paulo
na ilha de Malta (At 28.1-10). Forçados a desembarcar em
Malta, localizada ao sul da Sicília, todos são tratados com singular bondade
pelos naturais da terra. Ali, opera o Senhor, por intermédio de Paulo, sinais e
maravilhas. Aquele que se mostrara imune à víbora que se achava oculta nos
gravetos, cura o pai de Públio, magistrado local, e recupera a saúde a muitos
ilhéus. Dessa maneira, semeia Paulo uma igreja que não tardaria a florescer.
Apesar das dificuldades que você enfrenta, querido missionário, Deus quer
operar o sobrenatural por seu intermédio.
Paulo chega
a Roma (At 28.11-15). Decorridos três meses, o navio que conduziria Paulo a
Roma, zarpa generosamente suprido pelos malteses. Desembarcam em Siracusa,
chegam a Régio e aportam em Putéoli. Aqui, instados pelos irmãos, o apóstolo
juntamente com seus companheiros hospedam-se por sete dias.
Já em
Roma, encontra-se com alguns irmãos na praça de Ápio. O Senhor jamais abandona
os seus mensageiros, mesmo distantes da pátria querida, faz-nos Ele sentir-nos
em casa. Você passa por alguma provação? Parece que o trabalho não avança? Não
se deixe abater. A Palavra de Deus jamais voltará vazia. Você ficará surpreso
com o que o Cristo está para realizar através de seu ministério.
O
EVANGELHO É PROCLAMADO NA CAPITAL DO IMPÉRIO (At 28.16-31)
Se o Senhor
decretou fosse o evangelho conhecido em toda a Roma, por que manteve
encarcerado o seu maior campeão? Neste momento, talvez esteja você aprisionado
a entraves burocráticos dentro e fora de nossas fronteiras. Não se desespere.
Ninguém haverá de algemar a mensagem da cruz. Não há protocolo capaz de barrar
a vontade de Deus.
Prisão
domiciliar (28.16). Como não recaía sobre Paulo nenhuma acusação de crime
capital, era-lhe permitido morar por sua própria conta. Apesar de vigiado por
um soldado, tinha liberdade de ler, escrever, receber visitas e, naturalmente,
evangelizar. Terá aquele militar se convertido a Cristo? Não tenho dúvidas.
Mesmo sem liberdade, o Senhor deixa-nos livres para realizar a sua obra.
Apologia
entre os judeus (28.17-22). De sua prisão domiciliar, Paulo
convoca os líderes da comunidade judaica para expor-lhes os eventos que o
trouxeram sob algemas a Roma. Como apóstolo dos gentios, aproveita ele para
anunciar que Jesus era, de fato, o Messias de Israel. Alguns deixam-se
persuadir, outros preferem continuar na incredulidade. Entre os gentios,
contudo, o evangelho põe-se a expandir até mesmo na elite romana. Na exposição
da Palavra de Deus, seja um autêntico apologeta. Apresente, com mansidão e
firmeza, as razões da esperança cristã.
Progresso
do evangelho em Roma (28.23-31). Roma era o centro
político, econômico e cultural do mundo. Apesar de sua grandeza e não obstante
a sua importância, a cidade fizera-se notória pela lassidão moral e pela
degenerescência de seus costumes. Em seus termos, os cultos mais extravagantes
e as mais exóticas religiões. E os deuses encontradiços em cada praça e
logradouro?
Gente
de toda parte misturava-se pelas ruas de Roma. Berço de notáveis oradores,
políticos, generais e juristas, era a cidade marcada pela injustiça, ignorância
e por uma soberba tola e animalesca. Haja vista as deferências cultuais que
recebiam imperadores como Nero e Calígula.Todavia, ali estava um poder que
haveria de sobrepor-se sobre a todos os mais afamados símbolos e potentados
romanos: o Evangelho de Cristo Jesus. Haveria este de avançar com muito mais
determinação do que as mais aguerridas legiões romanas. Avançaria sim e
conquistaria nações sem impedimento algum.
Se
Lucas deixa em aberto os Atos dos Apóstolos, por que iríamos nós fechar as
portas que o Espírito Santo nos abre todos os dias? Sim, portas à evangelização
nacional e portas às missões transculturais. Aproveitemos, pois, o Centenário
das Assembleias de Deus no Brasil, para dar continuidade à evangelização dos
povos. Atos 1.8 é uma ordenança que não pode ser esquecida. Se nos dispusermos
a ir, todos os impedimentos ser-nos-ão tirados.
Paulo
em meio à tempestade.“A experiência de Paulo na tempestade, dentro da vontade de
Deus, contrasta com a de Jonas, que estava em desobediência. Comparando as
duas, notamos: Paulo viajava para cumprir sua sagrada vocação. Jonas fugia da
chamada que recebeu. Este se escondeu e dormiu durante a tempestade. Aquele
dirigia as operações e encorajava os passageiros. A presença de Jonas no navio
era a causa da tempestade. O navio em que Paulo viajava seria preservado de
todo dano se os tripulantes respeitassem seu aviso (At 27.9,10). Jonas foi
forçado a dar testemunho acerca de Deus (Jn 1.8,9). Paulo, com boa vontade e
coragem, falou acerca da sua visão e do seu Deus. A presença de Jonas no navio
ameaça a vida dos gentios. A presença de Paulo era uma garantia para a vida dos
seus companheiros de viagem. O navio em que Jonas viajava recebeu alívio quando
ele foi jogado no mar. A conversão de Paulo salvou a tripulação do navio no
qual era prisioneiro. Há muita diferença em atravessar uma tempestade dentro e
fora da vontade de Deus! Paulo, andando segundo o querer de Deus, em comunhão
com Ele tornou-se bênção para todos quantos atravessavam o perigo com ele.
Conforme Paulo anunciou, todos escaparam ilesos para a terra. Ficaram na ilha
durante o inverno, um período de três meses. Mais uma vez foi manifestada a
presença de Deus através de Paulo” (PEARLMAN, M. Atos. 1.ed.,
RJ: CPAD, 1995, pp. 248-49).
• Malta —
“A ilha e pequena, com cerca de 29 quilômetros de extensão e 13 de largura.
Está situada entre a Silícia e a costa africana. Provavelmente, seja o local
identificado como a ‘baía de São Paulo’. Na época de Paulo, Augusto alojou, no
local, veteranos aposentados do exército. A população falava, além do grego,
sua língua original fenícia” (RICHARDS. L. O. Guia do Leitor da Bíblia. Uma
análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. 1.ed., RJ: CPAD.
2005, p.733).
• Roma —
“Antiga rainha do mundo, acha-se edificada às margens esquerdas do Rio Tibre,
sobre sete colinas. A cidade é mencionada nos Atos, na Epístola de Paulo aos
Romanos e na Segunda Epístola a Timóteo.
No
tempo de Pompeu, muitos foram os judeus levados a Roma como cativos. Para eles,
o governo reservara um território na margem direita do Tibre. Apesar de
desfrutarem dos favores de Júlio César e Augusto, foram os judeus perseguidos
por Cláudio que resolveu expulsá-los da capital do império (At 18.2).Muitos,
todavia conseguiram permanecer em Roma, pois quando Paulo aqui chegou, como
prisioneiro do Império, encontrou uma considerável colônia judaica (At 28.17)”
(ANDRADE, C. Geografia Bíblica. A geografia da Terra Santa
é uma das maneiras mais emocionantes de se entender a história sagrada.
11.ed., RJ: CPAD, 2001, p.248).
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