DONS DO ESPIRITO SANTO

           

                       OS DONS DO ESPIRITO SANTO




 “Mas um só e o mesmo Espírito opera todas essas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer” (1 Co 12.11).

Entre aqueles que receberam o batismo com o Espírito Santo no mesmo dia do Sr. Edward Lee, encontrava-se Jennie Moore, que algum tempo depois casaria com Seymour. A Sra. Moore foi a primeira mulher a receber o batismo com o Espírito Santo na cidade de Los Angeles, na casa dos irmãos Richard e Ruth Asbery, na rua Bonnie Brae, 214. Na ocasião, começou a cantar noutras línguas e a tocar piano sob o poder de Deus. Todos ficaram maravilhados (At 2.7), pois sabiam que ela nunca havia estudado música. Segundo uma testemunha ocular, Emma Cotton, aquele grupo orou durante três dias e três noites e as pessoas que conseguiam entrar na casa dos Asbery, caíam sob o poder de Deus, enquanto outras eram curadas e salvas por Jesus Cristo. O local ficou repleto de pessoas a ponto do soalho ceder, mas ninguém ficou ferido. Durante aqueles três dias, toda a cidade afluiu para observar o poder de Deus manifestado entre os seus filhos. 
Uma corrente da teoria cessacionista afirma que os dons do Espírito são habilidades naturais, santificadas e aperfeiçoadas por Deus após a conversão do indivíduo. Uma outra acredita que os dons espirituais não são para os tempos hodiernos, mas estiveram restritos ao período apostólico. No entanto, ao lermos as Sagradas Escrituras, não encontramos qualquer evidência de que os dons do Espírito tenham cessado com a morte dos apóstolos e muito menos de que se trata de talentos humanos santificados. O argumento antipentecostal é fundamentado na hermenêutica naturalista, que nega qualquer elemento sobrenatural nas Escrituras. Portanto, a dedução dos cessacionistas não é possível e nem necessária como método de interpretação do Novo Testamento. A atualidade dos dons espirituais é confirmada pela Escritura e experiência cristã. No primeiro caso, podemos citar os propósitos dos dons, especificamente, o de fortalecer a Igreja (1 Co 14.3,4,26). Se os dons cessaram após a morte dos apóstolos, por que Paulo escreveria à igreja de Corinto para que buscassem ardentemente os dons e zelassem por ele, sabendo que os dons não durariam mais do que 50 anos? Não há qualquer analogia plausível para sustentar tal absurdo. A experiência pentecostal de incontáveis cristãos, em todas as épocas e lugares, é evidência complementar da atualidade dos dons conforme a verdade bíblica.

 Muitos têm dificuldades de distinguir entre Dons do Espírito (plural), Dom do Espírito (singular) e Fruto do Espírito (singular). Por isso, utilize nesta lição a tabela “Paralelo Lógico”. Este recurso possibilita a comparação entre dois ou mais elementos e suas possíveis correspondências.
Concernente os dons espirituais, dois princípios devem ficar patentes. Primeiro, quando uma pessoa recebe do Senhor os dons do Espírito, não significa que ela é mais perfeita ou que é mais merecedora das bênçãos divinas do que outras. Segundo, assim como o crente não é salvo pelas obras, mas pela graça divina (Ef 2.8; Tt 3.5), os dons do Espírito são concedidos pela graça de Deus para que ninguém se engrandeça (Rm 12.6).

 FALSOS CONCEITOS QUANTO AOS DONS DO ESPÍRITO SANTO

Através dos anos têm se desenvolvido as mais variadas e absurdas teorias a respeito dos dons do Espírito Santo, dentre as quais se destacam as se­guintes:4.1. Os dons eram restritos à era apostólica Os que defendem esta teoria afirmam que os si­nais sobrenaturais e os dons do Espírito Santo, foram enviados com o propósito exclusivo de confir­mar a divindade de Jesus, e autenticar os primeiros pregadores do Evangelho e sua mensagem. Argu­mentam também que a necessidade de tais mani­festações sobrenaturais cessaram depois de com­pletado o Novo Testamento._4.2.          Os dons hoje são habilidades naturais
Isto é, Deus premia algumas pessoas privilegia­ das, dando-lhes dotes especiais. Por exemplo: pes­soas com a habilidade fora do comum para lingüís­tica, como Rui Barbosa, têm o dom de línguas e de interpretação; quem tem mãos habilidosas e gran­de capacidade como cirurgião, tem o dom de curar; quem mostra erudição na pregação, tem o dom da profecia; e assim por diante.4.3.    Os dons são inalcançáveisOs que advogam esta interpretação, dizem que os dons são tão grandiosos e santos na sua essência, que ninguém está suficientemente preparado para merecê-los; portanto ninguém os possui.5.

 OS DONS ESPIRITUAIS SÃO PARA A IGREJA HOJE

É evidente que as três teorias supramencionadas, comuns nos escritores antipentecostais, não podem subsistir, porque se contradizem com aquilo que a Bíblia e a experiência cristã dizem sobre o as­sunto, como vemos a seguir.Não há nenhuma evidência em o Novo Testa­mento de que os dons do Espírito Santo foram res­tritos à era apostólica, nem que eles sejam habili­dades naturais aos mais inteligentes, ou mesmo «que sejam tão santos em si que ninguém seja sufi­cientemente puro para merecê-los.Pelo modo como o assunto é tratado nas epísto­las apostólicas, conclui-se que os dons espirituais são para a Igreja hodierna. Esta opinião é comun­gada por famosos teólogos e por muitas igrejas da atual geração.O teólogo suíço, Karl Barth, escrevendo sobre as manifestações extraordinárias do Espírito Santo no contexto de 1 Coríntios 13, diz: “... na falta delas, há razão para perguntar se por orgulho ou por preguiça a comunidade como tal se furtou talvez a essa concessão, falsificando assim o seu relacionamento com o Senhor, aniquilando-o, por se tratar de uma relação nominal e não real".Emil Brunner escreveu que "o milagre do Pen­tecoste, e tudo o que está incluído nos charismata, os dons do Espírito, não deve ser abrandado a um puritanismo teológico".

A Igreja Presbiteriana Unida, nos Estados Uni­dos, num dos seus documentos de 1971, sobre "A Obra do Espírito Santo", declara: “... não podemos seguir o ponto de vista de alguns teólogos no senti­do de que os dons puramente sobrenaturais cessa­ram com a morte dos apóstolos. Não parece existir base exegética para tal suposição. Cremos que o Espírito Santo está testemunhando à Igreja que ela deveria estar 'orando e suspirando' pelo ministério do Espírito e suas manifestações, pois, com dema­siada freqüência, a dimensão carismática está sen­do reduzida a nível da dinâmica psicológica e posta de lado como uma aberração emocional".O Relatório de 1974 do Painel sobre doutrina da "Church of Scotland" intitulado "O Movimento Carismático Dentro da Igreja Escocesa", diz: "Desde que Deus finalmente falou em Cristo, o que sem dúvida cessou foram as revelações. O que não ces­sou, segundo as Escrituras, foi a promessa dos dons.

 A promessa em Marcos foi para 'aqueles que crêem', e esta é uma promessa válida para todos os tempos e até o fim dos tempos. Não há nada nas Escrituras que possa limitá-la ao 'início' do Evan­gelho..."Num breve "Sumário de Conclusão", o mesmo Painel estabelece:"Os dons do Espírito Santo devem ser operados. Onde houver esperança; a Igreja pode perfeitamen­te ser galardoada com uma medida maior e mais evidente desses dons do que o seria uma igreja que há tempos acredita que eles tenham cessado."Os escritores antipentecostais se habituaram a citar 1 Coríntios 13.10:"Mas, quando vier o que é perfeito, então o que é em parte será aniquilado".Foi daí que extraíram o absurdo ensino de que os dons espirituais cessariam logo após fossem con­cluídos os escritos do Novo Testamento.A respeito deste assunto de 1 Coríntios 13.10, escreve o Dr. Russell Norman Champlin, no seu "Novo Testamento Interpretado":"Não existe aqui, obviamente, nenhuma refe­rência ao cânon das Escrituras do Novo Testamen­to, como a 'perfeição' que esperamos.

Esta inter­pretação é uma invenção do século XX para obter um texto de prova para ensinar que os dons, neces­sariamente, deveriam ter acabado ao fim da era apostólica. A 'perfeição' do texto é adequadamente descrita: Nesta perfeição 'conhecerei plenamente, como também sou plenamente conhecido', v.12... O cânon das Escrituras, claramente, não trouxe tais condições. Paulo está é antecipando a perfeição que a segunda vinda de Cristo trará..."Precisamos da manifestação de todos os dons espirituais, tanto hoje em dia como em qualquer outra época; porquanto a nossa era se caracteriza pelo materialismo e pela mais profunda impiedade. Os dons espirituais deveriam fortalecer a Igreja e fazer dela um poder neste período, contanto que to­dos venham genuinamente da parte do Espírito Santo".
5 Os dons e o fruto do Espírito Antes do grande avivamento pentecostal inicia­do no começo deste século, dava-se muita ênfase ao fruto do Espírito, enquanto que os dons eram igno­rados. Para combater esse desequilíbrio, começou-se a dar ênfase aos dons e quase a ignorar o fruto do Espírito. Hoje, no entanto, a situação parece bem mais delicada, devido ao fato de estarmos dando pouca ênfase tanto aos dons quanto ao fruto do Espírito.Evidentemente, esta posição coloca-nos em de­sacordo com a Bíblia Sagrada, devendo, portanto, levar-nos a tomar uma nova atitude quanto ao as­sunto..

Haja vista a alegação dos críticos das doutrinas paracletológicas de que a expressão “dons espirituais” não consta da Bíblia, iniciarei esta série fazendo um esclarecimento. De fato, o termo “dons espirituais” não aparece em 1 Coríntios 12.1 e 14.1,12. Mas o termo originalpneumatikon (literalmente, “espiritualidades” ou “coisas espirituais”) pode ser perfeitamente traduzido por “dons espirituais”, uma vez que esta tradução é abonada pelo contexto imediato: “há diversidade de dons” (1 Co 12.4); “dons de curar” (vv.9,28); “dom de curar” (v.30); “procurai com zelo os melhores dons” (v.31). 
“Dons”, em 1 Coríntios 12.31, é charisma, mas em 1 Coríntios 14.1 é pneumatikon. Isso confirma que os termos são perfeitamente intercambiáveis, à luz do contexto. Ambas as formas se referem aos dons espirituais. Estes fazem parte das ministrações do Espírito Santo na igreja e manifestam a glória divina. Os dons espirituais edificam os crentes e atraem os pecadores. São capacidades, dotações sobrenaturais concedidas pelo Espírito Santo, com o propósito principal de edificar a igreja (1 Co 14.3,4,5,12,26; Ef 4.11-13). Através deles, o Senhor revela poder e sabedoria aos seus servos. 
Há distinção entre os dons espirituais mencionados em 1 Coríntios 12.6-11 e o batismo com o Espírito Santo, também chamado de dom do Espírito (At 2.38; 10.45). Este é um revestimento de poder outorgado pelo Espírito Santo, enquanto os primeiros são as capacidades sobrenaturais decorrentes do tal batismo. Nesse caso, quem já fala em línguas, como evidência do aludido revestimento, deve desejar e buscar outros dons: “procurai com zelo os dons espirituais” (1 Co 14.1); “como desejai dons espirituais, procurai sobejar neles” (v.12). 

Também há distinção entre os dons espirituais como manifestações esporádicas (1 Co 12.6-11) e como ministérios (1 Co 12.28). Os primeiros estão à disposição de todos os que buscam a Deus (At 2.39; Rm 11.29). Já os dons ministeriais são residentes nos servos do Senhor e dependem, evidentemente, da chamada soberana de Deus (Mc 3.13). À luz da Palavra de Deus, todo crente fiel, batizado com o Espírito Santo, pode ser usado com o dom de profecia (1 Co 14.1). Mas nem todo crente, mesmo que batizado com o Espírito, pode ser um pastor, por exemplo, visto que este dom não é uma manifestação momentânea, esporádica, e sim um ministério outorgado soberanamente por Deus (Ef 4.11; Hb 5.4). Os dons como ministérios serão abordados nas presentes Lições Bíblicas da CPAD a partir da lição 6. 
De modo geral, todos os dons são dados à igreja para o que for útil (1 Co 12.7; 14.28). E, por isso mesmo, não devemos ignorá-los ou desprezá-los (1 Co 12.1; 1 Ts 5.19,20; At 19.1-7). É o Senhor quem nos concede essas dádivas, “segundo a graça” (Rm 12.6). E, como essas dotações são, primacialmente, para a edificação do povo de Deus (1 Co 14.26), não devem ser mal utilizadas, sem decência e ordem, no culto genuinamente pentecostal (1 Co 14.37-40). 


Os dons espirituais à luz da Bíblia (2)

Há diferença entre os dons do Espírito como manifestações esporádicas e os dons ministeriais. As ministrações momentâneas e sobrenaturais do Espírito para a edificação da igreja só vêm sobre quem já recebeu o revestimento de poder, o batismo com o Espírito (At 2.1-4; 10.44-47; 19.1-6, etc.).

Apolo era um pregador — ele tinha o ministério, o dom ministerial, de pregador da Palavra, assim como Paulo (1 Tm 2.7) —, porém não era batizado com o Espírito, ao contrário do mencionado apóstolo (cf. At 18.24-19.6). Há vários ministros, pertencentes a denominações evangélicas não-pentecostais, que, à semelhança de Apolo, foram chamados por Deus, desempenham um ministério, a despeito de não conhecerem o batismo com o Espírito Santo. Os dons espirituais, como manifestações momentâneas, esporádicas, estão à disposição de todos os salvos batizados com o Espírito. Mas não devem ser confundidos com o fruto do Espírito. Na verdade, os dons e o fruto se completam. Neste segundo artigo da série sobre os dons espirituais, conheceremos as principais diferenças entre as aludidas ministrações espirituais momentâneas e o fruto do Espírito Santo no que tange a: quantidade, forma de recebimento, origem, forma de manifestação, duração, momento do recebimento, qualidade, finalidade e importância. 
1. Quanto à quantidade. Os dons são muitos, e não apenas nove, como muitos pensam. Segundo a Bíblia, há diversidade de dons, ministérios e operações (1 Co 12.6-11,28; etc.). O fruto do Espírito também não deve ser quantificado. Quem afirma que são apenas nove os elementos formadores do fruto toma como base apenas Gálatas 5.22. Mas há várias outras passagens que tratam dessa doutrina paracletológica (Ef 5.9; Cl 3; 1 Pe 5.5; 2 Pe 1.5-9, etc.). 
2. Quanto à forma de recebimento. Os dons são repartidos para a igreja, coletivamente, para edificação dela. O fruto do Espírito — que não deve ser reduzido a uma lista de virtudes, haja vista tratar-se do Espírito Santo agindo na vida do crente, a fim de mudar o seu interior, o seu caráter — é produzido na vida de cada servo do Senhor que dá lugar ao Consolador. 
3. Quanto à origem. Os dons espirituais vêm do alto sobre a igreja. O fruto tem origem no interior de cada crente espiritual. 
4. Quanto à forma de manifestação. Os dons vêm sobre os crentes, conferindo-lhes unção poderosa (capacitação) para pensar, interpretar, discernir, pregar, orar, ajudar, etc. O fruto manifesta-se em cada crente de dentro para fora, através de virtudes como amor, alegria, paz, humildade, etc. 
5. Quanto à duração. Os dons como manifestações — e não como ministérios, repito — são momentâneos. O fruto permanece na vida do crente. Mas precisa amadurecer a cada dia. 
6. Quanto ao momento do recebimento. Os dons espirituais manifestam-se na vida dos servos do Senhor a partir do batismo com o Espírito Santo, como vemos em Atos caps. 2, 10 e 19, especialmente. “O batismo é também um meio para a outorga por Deus dos dons espirituais — 'falavam línguas e profetizavam'” (GILBERTO, Antonio. Verdades Pentecostais, CPAD, p.64). Já o fruto manifesta-se no crente a partir da sua conversão (Ef 1.13,14). O fruto, portanto, como já disse, é o Espírito Santo agindo na vida do crente, a partir do primeiro momento de sua salvação, para moldar o seu caráter (Gl 5.22; 2 Pe 1.5-9, etc.). 
7. Quanto à qualidade. Os dons espirituais são perfeitos, embora muitas pessoas façam mau uso deles. Já o fruto precisa amadurecer. Este amadurecimento do fruto produzido no crente pelo Espírito ocorre gradativamente, de acordo com a disposição do coração do salvo. Trata-se do aperfeiçoamento espiritual (2 Tm 3.16,17; Ef 4.11-15). 
8. Quanto à finalidade. Os dons são manifestações para edificação da igreja. O fruto do Espírito tem como finalidade o desenvolvimento do caráter de cada crente. A igreja de Corinto era pentecostal (1 Co 1.7; caps. 12-14). Todos os dons, ministérios e operações divinos tinham lugar ali (1 Co 12.4-6). Contudo, ela estava envolvida em diversos problemas (1 Co 1.10; 6.1-11; 11.18), pecados morais graves (1 Co 5), além da desordem no culto (1 Co 11.17-19). Os coríntios eram imaturos e carnais (1 Co 3.1-4).Se dermos ênfase apenas aos dons como manifestações esporádicas, em detrimento do fruto do Espírito, males ocorrerão na igreja, como: dissensão, carnalidade, egoísmo, desordem e indecência. O partidarismo na igreja de Corinto decorria da falta de amadurecimento do fruto do Espírito (1 Co 11.18; 1.10-13; 3.4-6). O termo “dissensões” (1 Co 1.10; 11.17) descreve a destruição da unidade cristã por meio da carnalidade. Em vez de gratidão a Deus, para promover a comunhão e “guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz” (Ef 4.3), os coríntios se reuniam para o culto com espírito faccioso. 
9. Quanto à importância. 
Em Corinto, havia muita carnalidade porque os crentes daquela igreja não priorizavam o fruto do Espírito (1 Co 3.1-3). Havia membros daquela igreja controlados pelo Espírito Santo (1 Co 1.4-9; Rm 8.14), mas muitos eram carnais (1 Co 13.1). Carnal é o crente cuja vida não é regida pelo Espírito (Rm 8.5-8); que tem muita dificuldade de entender os assuntos espirituais (1 Co 2.14); que vive em contendas, etc. Por não cultivarem o fruto do Espírito, os coríntios eram egoístas (1 Co 11.21). Na liturgia da igreja primitiva era comum a Ceia do Senhor ser precedida por um evento festivo denominado agápe (e não ágape) ou “festa do amor” (2 Pe 2.13; Jd v.12). No entanto, alguns crentes, em vez de fortalecerem o amor e a unidade cristã antes da Ceia do Senhor, embriagavam-se. 
Segundo a Bíblia, todos os crentes (batizados com o Espírito, é evidente) podem, no culto, falar em línguas ou profetizar (1 Co 14.5ss). Mas ela também nos ensina a exercer esses dons com sabedoria, ordem e decência (1 Co 14.26-33,37-40), a fim de que: o nome do Senhor seja glorificado (1 Co 14.25); o incrédulo convencido de seus pecados (1 Co 14.22-25); e a igreja edificada (1 Co 14.26). É imprescindível o casamento entre o fruto do Espírito e os dons espirituais. Afinal, o espírito do profeta deve estar sujeito ao profeta. Em outras palavras, o crente controlado pelo Espírito é usado por Deus, mas tem equilíbrio, domínio próprio e discernimento. O fruto do Espírito amadurecido na vida do crente impede-o de abraçar aberrações pseudopentecostais como “cai-cai”, “unção do riso”, etc. 

 fonte notas cpad news


Regulamentos acerca da Adoração Cristã (I Co 11:2-14:40)

O amor governa o uso dos dons e toda a conduta cristã (13:1-13).

Comentário de 1 Co 13.1-3 do Texto de Referência


Se o apóstolo Paulo não houvesse escrito outra coisa além desta seção, além deste grande hino ao amor, bastaria isso para classifica-lo como um dos maiores autores de todos os tempos. Mui provavelmente ele não escreveu esta passagem em uma tirada, enquanto ditava sua epístola. Antes, deve ter sido resultado das suas meditações, de sua cuidadosa consideração sobre esse grande tema, da inspiração do Espírito de Deus que estava sobre ele. Sobre o tema do amor, nada existe, em toda a literatura, que se lhe compare, ainda que muitas outras peças literárias também sejam admiráveis, como o grande diálogo de Platão, «Banquete».

Acerca do amor precisamos distinguir entre algumas variedades do mesmo, a saber:

1. De Deus pelo homem (ver Jo 3:16).

2. Dos homens por Deus. Isso só pode ser realizado pela ascensão mística da alma na direção de seu criador; de outra maneira, Deus continuará sendo apenas um conceito abstrato. O primeiro mandamento da lei requer essa ascensão da alma: «Amarás ao Senhor teu Deus...» Esse amor, entretanto, é aludido apenas indiretamente na passagem que temos à frente; e é interessante observar que Paulo, em toda a sua exposição, não reitera esse mandamento, embora seja o maior e o mais bem conhecido de todos.

3. Há também o amor-próprio, que é permissível se igualmente amarmos ao próximo como a nós mesmos (ver Mt 22:39), mas que não pode ser isolado do outro amor e nem exagerado ao ponto do egoísmo, conforme é costume os homens fazerem.

4. Além disso, há o amor ao próximo (ver Mt 22:39). Esse é amor enfatizado no grande décimo terceiro capítulo desta primeira epístola aos Coríntios. A grandeza desse aspecto do amor é ilustrada pelo fato que, do primeiro e do segundo mandamentos, que são o amor a Deus e o amor ao próximo, dependem toda a lei e os profetas. No tocante ao amor, nada poderia ser mais significativo do que essa particularidade.

5. Finalmente, há o amor a Cristo. E, uma vez mais, tal como no caso do amor a Deus Pai, esse tipo de amor depende da ascensão mística da alma. Porém, ao amarmos ao próximo, na realidade estamos amando a Cristo; e nisso consiste o importante preceito contido no trecho deMt 25:31 e ss.

Os homens geralmente encontram grande dificuldade para amar a Cristo e a Deus Pai, porquanto, para eles, a pessoa de Deus lhes parece um conceito teológico distante. Não obstante, todos os homens podem amar a seus semelhantes; e, ao assim fazê-lo, amam a Cristo e a Deus Pai. Tal condição, outrossim, começa a conduzir a alma em sua ascensão mística, para que ela possa amar a Deus mais diretamente.

O amor é o grande princípio cristão de toda a ação, ultrapassando a todos os muitos sistemas éticos que se têm olvidado do amor, ou que tÉm menosprezado a sua importância. O amor cristão evidentemente brilha muito acima da ideia da mutualidade, postulada pelo pragmatismo; pois o amor cristão exige que se ame até mesmo aos nossos inimigos, o que não é a experiência da mera mutualidade.

«De cada lado deste capítulo continua rugindo o tumulto dos argumentos e das reprimendas.Mas, no seu interior, tudo é tranquilidade. As suas sentenças se movimentam em uma melodia quase rítmica; o simbolismo se desdobra em uma propriedade imaginária como o amanuense do apóstolo deve ser pausada para contemplar a expressão fisionômica do mestre, quando subitamente este modificou o seu estilo no ditado, tendo visto que seu rosto era iluminado como se fora a face de um anjo, quando passava perante ele a sublime visão da perfeição divina». (Stanley, in loc).

O amor é a vereda que nos conduz ao verdadeiro conhecimento (em contraste com a sabedoria mundana de que se ufanavam os coríntios; ver os capítulos primeiro e segundo desta epístola que se baseia o comentário para a lição desta semana). Esse é o caminho pelo qual se derrotam as facções, as quais eram qual praga na igreja de Corinto (ver os mesmos citados capítulos). Essa é a maneira de ser vencida a imoralidade, que caracterizava de tal maneira aqueles crentes (ver os capítulos quinto a sétimo desta epístola). E também essa é a solução para a questão da liberdade cristã (ver os capítulos oitavo a decimo). O amor igualmente resolve os problemas das desordens nos cultos cristãos (ver os capítulos décimo primeiro a décimo quarto desta epístola), e também regularmente o uso dos dons espirituais, servindo de meio de obtenção do máximo progresso espiritual (ver os capítulos décimo segundo a décimo quarto desta epístola).

«O amor é nosso senhor —suprindo bondade e banindo a maldade; oferecendo amizade e perdoando a inimizade; a alegria do bondoso, a maravilha do sábio, a admiração dos deuses; desejado por aqueles que não o possuem, e precioso para aqueles que desfrutam de sua melhor parte... Em cada palavra, trabalho, desejo, temor, ele é o piloto, o camarada, o ajudador, o salvador; glória dos deuses e dos homens, o melhor e mais brilhante orientador; em cujos passos deve seguir todo o homem, a entoar docemente em sua honra, aquele cântico suave com que o amor encanta as almas dos deuses e dos homens... Ele interpreta entre os deuses e os homens, transmitindo aos deuses as orações e sacrifícios dos homens, e aos homens os mandamentos e respostas dos deuses; ele é o mediador, que transpõe o abismo que os divide; e nele tudo se resume... A través do amor, todas as relações e toda a linguagem, entre os deuses e os homens, quer despertos quer no sono, são levadas a efeito. A sabedoria que compreende isso é espiritual». (Platão, «Banquete», 197, 202, 203). Verdadeiramente, essas palavras poderiam ser ditas a respeito de Cristo, pois ele é o Senhor do amor.

«Aquele que tem amor em seu coração, tem esporas em seus lados». «O amor governa sem a lei». «O amor governa seu reino sem a espada». «O amor é o senhor de todas as artes». (Provérbios italianos, citados por Trench, in loc).

«Este é o mais importante capítulo de todo o Novo Testamento». (Adam Clarke, in loc).

«Se por um lado o principal tema de Paulo é a 'fé', ele também manuseia o amor com a unção do discípulo amado». (Faucett, in loc).

«A maior, mais poderosa e mais profunda coisa que Paulo jamais escreveu». (Harnack, in loc).

«Surge como um sino sonoro, exatamente entre o ruído dos dons espirituais, nos capítulos doze e catorze. É uma pena dissecar essa gema ou despedaçar essa rosa fragrante, pétala por pétala.Felizmente, a linguagem aqui usada por Paulo dispensa grandes comentários». (Robertson, inloc).

«O intelecto claro e vigoroso e a energia masculina do grande apóstolo se unem a um coração pleno de ternura. Quase podemos sentir suas pulsações; quase podemos ouvir seu pulsar poderoso, em cada um deste poema». (Shore, in loc).

«Escritor após escritor tem-se demorado sobre sua beleza literária e rítmica, o que situa esta passagem entre as melhores da literatura sagrada, e, de fato, entre todos os escritos...O intelecto era adorado na Grécia, e o poder, em Roma; mas, onde o apóstolo Paulo aprendeu a beleza extraordinária do amor? 'Foi uma vida de amor que Jesus viveu o que compôs o salmo de amor escrito por Paulo, que possibilitou sua escrita...'» (Robertson e Plummer, in loc, com uma citação extraída de Furrer e Clemen).

A superioridade do amor acima dos dons espirituais, dos mistérios, do conhecimento, da elevada dedicação, quando isso é efetuado por qualquer outro motivo que não seja o amor.

13:1: Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o címbalo que retine.
Os versículos primeiro a terceiro incluem uma alusão a todas as quatro classes de dons espirituais (ver I Co 12:28). Primeiramente aparecem os dons extáticos (ver o primeiro versículo), que são as línguas, que para Paulo eram os menos importantes, ainda que para os coríntios fossem os mais importantes. Em seguida aparecem o ensino, na menção da profecia, da sabedoria e do conhecimento (o entendimento dos mistérios e de todo o conhecimento). A seguir a operação de milagres (na menção da fé; ver o segundo versículo). Finalmente, os dons de natureza administrativa, como a dedicação aos pobres e da própria vida em favor do bem alheio (ver o terceiro versículo).

Os rabinos discutiam muito sobre a natureza possível das línguas dos anjos; e alguns deles, devido ao orgulho nacional, concluíram que os anjos falavam o hebraico. Orígenes pensava que tais línguas eram tão  superiores à linguagem humana que, em comparação, a linguagem humana é apenas como os balbucios inarticulados dos infantes. Poderíamos supor que Orígenes está certo nessa especulação; mas não temos meio algum de averiguar tal coisa.

Devem ser rejeitadas, neste ponto, aquelas interpretações que fazem das línguas meros sons inarticulados, que resultam de uma espécie de descarga emocional. Qualquer pessoa que tenha dado a menor atenção a esse fenômeno sabe que as línguas aqui referidas envolvem muito mais do que isso.

«...amor...» No grego, «ágape», derivação da forma verbal «agapao». Essa palavra, que ordinariamente era um simples sinônimo do vocábulo «philia», se encontra em tempos tão remotos como nos escritos de Platão, o que nos mostra não ser produto da literatura sagrada. A distinção entre essas duas palavras gregas, como se philia indicasse a amizade humana, ao passo que «ágape» seria o amor divino, não demora a desmoronar-se, quando alguém emprega tempo para acompanhar o uso de cada uma delas. A palavra «ágape» é utilizada para referir-se ao amor entre os sexos, totalmente de natureza humana; o que é um uso comum da palavra na Septuaginta. É o amor entre marido e mulher (ver Ef 5:25,28). É o amor ao próximo (ver Mt5:43). O amor de uns pelos outros (ver Rm 13:8), bem como pelos nossos «irmãos» (ver I Jo 2:10; 3:10; 4:20 e ss.). Esse é o amor dos seres cósmicos e divinos: ao Senhor Jesus (ver I Pe 1:8); a Deus (ver Josefo, Antiq. 7,269; Rm 8:37 e 9:13). É o amor que Deus Pai tem por Cristo (ver Jo3:35; 10:17; 17:26). É o amor de Jesus a Deus Pai (ver Jo 14:31). É o amor de Deus pelo homem (Dt 32:15; 33:5,26; Is 44:2). É o amor pelas coisas, na busca ansiosa por elas (ver Lc 11:43 e Jo 17:26). É a aprovação do homem como se fora superior a Deus, bem como a aprovação humana aos prazeres da vida (ver Sir. 4:12 e I Pe 3:10). É o desejo dos mártires pelo martírio (ver Inácio aos tralios, 4:2). Finalmente, é fruto do Espírito (ver Gl 5:22). Isso nos mostra claramente o caráter «geral» da palavra aqui empregada por Paulo.

Definição do amorQualquer pessoa que tenha estudado ao menos um mínimo de filosofia analítica sabe que palavras como essa não podem ser definidas, tal como a própria vida é indefinível. Todas as nossas definições são «funcionais» ou «descritivas», e não definitivas. As declarações abaixo sugerem as formas que tais descrições podem assumir, quando se aplicam ao «amor»:

1. É desejo, em sua forma pura, pelo bem-estar de outros; e isso sem importar se é o nobre desejo de Deus em favor da redenção humana (Deus é amor), ou se é o amor que um ser humano tem por outro.
2. É uma modalidade de louvor e exaltação, reconhecimento de valor de outrem, como se dá no caso do amor que o homem pode ter por Deus.
3. É o «enchimento» de um homem com um elevado ideal ou dedicação, como sucede quando um homem serve ao próximo ou a Deus.
4. É a adoração prestada a outrem; e isso sem importar se do homem para com Deus, ou se de um homem para com outro homem.
5. O amor ao próximo consiste em querermos para o próximo o mesmo que queremos para nós mesmos.
6. Por conseguinte, o amor consiste em estimarmos ao próximo como estimamos a nós mesmos. A auto-estima leva-nos a «cuidar» de nossa própria pessoa, protegendo-a, providenciando o que lhe é necessário, sacrificando-nos por seu bem-estar. Quando cuidamos do próximo como cuidamos de nós mesmos, amamos a essa pessoa como a nós mesmos; e se esse amor ao próximo não atingir esse nível, então o nosso amor será proporcionalmente débil.
7. O amor, no sentido cristão e divino, é uma obra moral ou um fruto espiritual do Espírito Santo, no nível da alma. Portanto, é um produto divino, parte integrante de nossa transformação segundo a imagem de Cristo, através da influência do Espírito de Deus. É dessa maneira queesse «ágape» se torna verdadeiramente divino, por ser divinamente produzido e por imitar o divino. E é nesse processo de transformação, operado pelo Espírito, que se forma em nós aquele mesmo amor que domina a natureza do Filho de Deus; em outras palavras, é assim que passamos a participar de sua natureza moral, e, por esse intermédio, de seu espírito de amor.
8. O amor é a comprovação da espiritualidade. Desejas para os outros aquilo que queres para ti mesmo? Serves ao próximo com um real desejo de ajudar? O teu altruísmo aproxima-se de igualar-se ao teu egoísmo? Se puderes responder afirmativamente a essas perguntas, então já terás um bom grau de espiritualidade. Mas, se tuas respostas tiverem de ser negativas, nãoserás uma pessoa espiritual; e, se não fores uma pessoa espiritual, nem ao menos serás uma pessoa regenerada. (Ver I Jo 4:7,8 acerca desses conceitos).
9. O amor é a base de toda demonstração de espiritualidade, pelo que o amor deve governar os dons espirituais, servindo de solo onde os dons sejam cultivados. Este capítulo foi escrito especificamente para demonstrar esse fato.
10. O amor é uma virtude tão grande que é melhor que qualquer dos dons espirituais. Se simplesmente estás preparando para servir aos outros já serás maior do que aquele que fala em línguas ou que profetiza. Porém, se estiveres servindo ao próximo mediante o uso dos dons espirituais, com base no amor cristão, então mais profunda ainda será a tua espiritualidade.
11. Amar e servir ao próximo é, ao mesmo tempo, amar e servir a Deus (ver Mt 25:35 e ss.).
Esse amor cristão ultrapassa a todo o amor humano possível, quando este não é ajudado pelo Espírito de Deus. Mas até mesmo o amor humano, quando é genuíno, é remanescente de uma expressão de Deus, deixada na personalidade, a despeito da queda. O amor cristão, como fruto do Espírito Santo, por conseguinte, é tanto uma restauração como uma nova criação de ordem moral. Na medida em que o Espírito Santo nos transforma, elevamo-nos para novas alturas e expressões de compaixão e cuidado como nos ensina o vigésimo quinto capítulo do evangelho de Mateus.

Na medida em que vamos sendo transformados em Cristo, a alma crente também vai ascendendo em seu voo místico, passando a amar a Deus mais diretamente. Ora, esse amor mais direto a Deus é impossível para a maioria dos homens, porquanto se trata de um elevado desenvolvimento espiritual. O próprio amor, na qualidade de fruto do Espírito, em qualquer forma que o mesmo seja achado, é produto do desenvolvimento espiritual. Quanto mais se permite que o Espírito de Deus nos controle e nos transforme segundo a natureza moral de Cristo, mais plena e livremente fluirá o amor que mana do íntimo. Quando essa condição começa a prevalecer na personalidade do crente, surgem sinais bem definidos. O crente se torna mais altruísta, perdendo o seu egoísmo, aquela qualidade negativa que caracteriza quase todos os homens. Tal crente se sente chocado ante o crasso egoísmo dos outros, e lamenta por encontrar o mesmo defeito em seu íntimo; e, daí por diante, esforça-se por diminuir tal coisa. Tal crente descobre que se «preocupa» com os problemas alheios, e verifica que é capaz desacrificar-se voluntariamente para ajudar a outros a encontrar solução para tais problemas. O amor cristão gera a «generosidade» e a «bondade», e abafa a cobiça, os interesses próprios, a crueldade, a indiferença para com o sofrimento alheio. O amor desse tipo é a qualidade de valor supremo em um homem; e essa é uma maneira notavelmente excelente de caminhar para a perfeição, conforme Paulo nos ensina em I Co 12:31.

O amor é o caminho mais curto de recondução a Deus. Assim sucede porque o amor é a evidência mais convincente e verdadeira da nossa transformação moral em Cristo Jesus, por ser o seu elemento principal. Essa é a «transformação moral», a qual, por sua vez, produz a transformação metafísica, mediante a qual passamos a compartilhar da própria essência da natureza de Cristo. Assim somos feitos filhos conduzidos à glória, duplicações do Filho de Deus, participantes da «natureza divina». (Ver Rm 8:29 Ef 3:19; Cl 2:10 e II Pe 1:4). Para cada crente, portanto, essa é a importância suprema do amor. O amor conduz os crentes à totalidade da glorificação em Cristo, bem como àquela perfeição e santidade por cuja causa os homens podem ver a Deus. Nenhum homem chegará jamais à presença de Deus se não for perfeito. O amor é a estrada mais rápida para o aperfeiçoamento. O amor é aquele elemento que dá sabor a todas as demais atividades e lhes empresta significação. A mensagem de Paulo, neste ponto, é que nenhuma atividade, por mais elevada e espiritual que seja, tem qualquer valor a menos que seja exaltada pelo amor cristão. Outrossim, através de tal exaltação pelo amor em atividade é que os «dons espirituais» são desenvolvidos. Sem essa energia fomentadora os próprios dons do Espírito nada serão. (Ver I Co 12:31).

O capítulo que ora comentamos fala supremamente do amor do homem por seu semelhante; mas isso representa apenas o começo da inquirição da alma pelo amor mais direto a Deus, ainda que tal alma já esteja amando indiretamente a Cristo, segundo as condições exaradas emMt 25:45.

O amor cristão, na qualidade de caminho de retorno mais rápido a Deus, subentende a perfeita aceitação da vida divina como princípio normativo de todas as ações do crente, sendo o começo do processo pelo qual todas as nossas disposições são permeadas pela natureza moral fundamental do próprio Deus, o qual é amor. Ver I Jo 4:8,16. Quanto mais um ser humano se torna parecido com Deus, em sua natureza moral, tanto mais ama, à semelhança do Senhor Deus. Ora, somente o Espírito Santo pode realizar isso em nós. O amor é fruto do Espírito de Deus.

Com base na exposição acima, pode-se ver facilmente por qual razão o amor excede ao dom de línguas. Além disso, o amor deve governar o uso das línguas. Os crentes de Corinto usavam esse dom a fim de se exaltarem a si mesmos; bem pelo contrário, tal dom deve servir de meio de edificação da própria alma, como expressão de «adoração» a Deus. As línguas, destituídas de tal amor, nada são; porém, alicerçadas sobre o amor cristão, tornam-se um dom espiritual legítimo e desejável, dotado de um valor imenso para o crente.

«Os estoicos definiam o amor como a tentativa de formar uma amizade inspirada pela beleza». (Cícero, Turculanae Disputationes)

«Todos nós nascemos para o amor...Esse é o princípio da existência e a sua única finalidade». (Benjamim Disraeli, «Sybil»).

«...como bronze que soa...» Essas palavras não se referem a uma trombeta ou a um instrumento musical de qualquer espécie, mas antes, simplesmente a uma peça de metal, a qual, quando ferida por uma pancada, produz um som qualquer. Poderia estar em vista um «gongo», o qual emite um som alto e longo, ainda que não muito melodioso. O metal aqui referido é o cobre ou o bronze, liga de cobre com o estanho, com a qual liga se faziam as armas de guerra dos tempos de Homero. Não está em foco o metal amarelo, liga de cobre e de zinco. Aquele metal era comumente usado para muitas finalidades.

«...ou como o címbalo que retine...» Não é um instrumento como os címbalos modernos que está aqui em foco; antes, trata-se de uma espécie de bacia de metal. Alguns pensam em dois pratos de metal que eram tangidos um contra o outro. Na Idade Média, a palavra «címbalo» veio a indicar um sino através do qual os monges eram convocados para virem tomar suas refeições, etc. O instrumento original, entretanto, não era tão melodioso como um sino, mas antes, produzia um som agudo e trêmulo. A parte oca desses pratos tinha por desígnio aumentar o volume do ruído. «Bronze que retine» era uma expressão proverbial para os «paroleiros», os que muito falam sem nada dizer. Ápiom, um gramático loquaz e pretencioso foi apodado por Tibério de «cymbalum mundi», de conformidade “com Josefo.

O que Paulo queria dizer é que aquele que fala em línguas, sem o acompanhamento do amor, isto é, sem ter por finalidade a edificação de alguma sorte, sem ter por propósito ajudar a outro, não passa de autoglorificação, não passa de um ruído. O que assim faz é um paroleiro, cujas ejaculações não têm qualquer valor espiritual. Os sons produzidos pelo gongo e pelo címbalo antigo não eram melodiosos; pois toda a melodia tem uma espécie de significado musical. A esses sons faltava tal significado. Assim também ocorre no caso daquele que fala em línguas devido a motivos errôneos. Paulo diria a mesma coisa sobre o falar em línguas, mesmo que elas fossem «compreendidas», contanto que o orador falasse a fim de glorificar a si mesmos, devido à eloquência de seu Êxtase, ao invés de fazê-lo como serviço de amor em favor de outros. A mesma coisa se verifica no caso daquele que «profetiza» (e nesse dom sabemos que fica subentendida a «compreensão»), o qual nada é se não for impulsionado pelo motivo orientador do amor. Esses dons espirituais, na realidade, não podem ser desenvolvidos em seu tencionado potencial sem a motivação e o poder transformador do amor cristão.

«As pessoas de pouca piedade são sempre barulhentas; aquele que não tem o amor de Deus e do homem, a encher o seu coração, é como um vagão vazio, que desce violentamente por uma colina; faz muito barulho porque nada tem dentro». (Josiah Gregory, brilhante mais iletrado pregador).

Por conseguinte, a eloquência, desacompanhada do amor, é apenas um ruído. O amor é que confere a unidade necessária à igreja, conforme Paulo requeria; e é o amor que dá algum valor à eloquência.

No templo, o «gongo» e o «címbalo» eram tangidos, conforme lemos no trecho de Sl 150:5. E em vários ritos pagãos, verificava-se a mesma coisa. Mas todo esse aparato ruidoso era inútil, a menos que houvesse alguma adoração e culto verdadeiros, que desse a toda a cerimônia algum significado espiritual. Por igual modo, o falar em línguas, nas igrejas cristãs, se não for temperado, orientado e desenvolvido pelo amor, não será melhor do que o tanger de gongos e címbalos, em um templo pagão.

13:2: E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.

Destacamos aqui os termos «...profetizar... mistérios...ciências...fé...» São aqui frisados os dons da profecia, da sabedoria, do conhecimento e da fé, os quais são individualmente ventilados na introdução a este capítulo décimo segundo. Esses são os dons pedagógicos. Em contraste com as línguas (sem interpretação, conforme era o costume em Corinto, ver I Co 14:27,28), esses dons transmitem algo. Porém, mesmo que alguém profetize no Espírito, que interprete corretamente, devido à sabedoria divina, mistérios profundos, e, como mestre, transmita todo o conhecimento espiritual possível, essa pessoa nada será, se toda a sua atividade não for colorida pelo amor cristão. E isso expressa uma verdade porque a operação dos dons espirituais, no seio das igrejas locais, tem por finalidade ajudar a transformar os homens segundo a imagem de Cristo. O ensino, a fala, a revelação de mistérios desvendados, se for levado a efeito com o propósito de elevar o indivíduo acima dos outros, com a finalidade do auto-engrandecimento, para fomentar o prestígio de uma seita ou grupo no seio de uma comunidade cristã, ou para a glorificação de heróis, deixa de ter qualquer efeito transformador sobre os homens. Toda essa atividade se transforma em um mero teatro; mas, quando uma igreja se reduz a um teatro, não serve mais de poder transformador nas mãos de Deus. Contudo, em Corinto, até mesmo esses dons espirituais mais elevados se tinham pervertido da maneira acima mencionada.

«...fé...» Isso fala da capacidade de operar milagres. Mesmo que uma pessoa tenha habilidades admiráveis, bem como o grande poder de operar maravilhas, podendo realizar os feitos mais «impossíveis», como mover um monte de um lugar para outro, isso nada significará se não demonstrar para outros a glória de Cristo e o amor de Deus. Um homem pode glorificar a si mesmo admiravelmente bem, com algum prodígio feito por seu intermédio. É evidente que, em Corinto, alguns crentes agiam exatamente assim. O amor de Cristo não operava nos tais, e os seus prodígios tinham a finalidade precípua de se exaltarem a si mesmos, e não de servirem seus semelhantes. Embora um milagre seja genuíno, qual será o seu propósito, se não tiver qualquer valor espiritual? Observemos os milagres de Cristo. Todos eles tinham uma função beneficente. Jesus servia aos homens com suas curas; e com frequência curava sem ter nada para provar, nem mesmo para provar a sua autoridade messiânica, mas simplesmente por compaixão aos homens, desejando aliviá-los de seus sofrimentos físicos. (Quanto às palavras acerca da remoção de montanhas, ver as próprias palavras de Jesus, das quais certamente Paulo dependeu, mediante a tradição oral, em Mc 11:23 e Mt 17:20). Sim, o amor é que deve prover o motivo de tais ações; pois, do contrário, tais ações serão realmente infrutíferas, ainda que talvez sirvam para deixar perplexas as mentes dos homens.

«O dom importa menos do que a maneira de seu uso. Se o indivíduo que o possui, fá-lo sem amor, nada será! ...Conforme alguém disse: 'Chamar
Jesus de Senhor, é ortodoxia! chamá-lo de Senhor, Senhor, é piedade. Mas, se aqueles que assim fazem, não agem mediante o espírito de amor, serão rejeitados pelo Senhor'. O Senhor dirá aos tais: 'Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade!' A fé destituída de amor e a profecia destituída de amor explicam algumas das páginas mais trágicas da história do cristianismo através dos séculos. Por isso é que têm sido mortos na fogueira os chamados hereges; por isso é que se tem embotado a inquirição sincera pela verdade; por isso é que os homens se têm mostrado contenciosos e amargos; e disso tem com frequência resultado a negação da fraternidade cristã, para com os crentes na fé. Para Deus, o que vale é o caráter, e não os dons. Essa advertência é salutar; pois os crentes de Corinto estavam tão-somente inclinados, pela força do seu temperamento, a se ufanarem de sua própria importância, conforme se evidenciava em seus dons de profecia e da fé que realizava maravilhas verdadeiras —embora se esquecessem daquilo que mais importa». (John Short, in loc).

Paulo havia apresentado a lista desses dons espirituais acima do dom de línguas, e no décimo quarto capítulo ele eleva a profecia a um lugar de ascendência. Porém, nem mesmo esses dons são alguma coisa, embora comuniquem algo, a menos que sua motivação e seu alvo sejam corretos. De fato, quanto maior for o dom espiritual, tanto maior será a afronta ao homem, se o dom for erroneamente empregado, do mesmo modo que quanto maior for o dom espiritual, se bem usado, isto é, se for acompanhado pelo amor, maior será o benefício. Em outras palavras, os dons espirituais superiores só serão realmente grandes se usados nas mãos do amor.

Há um ditado judaico que diz que «As noivas devem ser enfeitadas com vinte e quatro ornamentos. Mas, se lhe faltar qualquer desses, nada ela será. Por semelhante modo, o discípulo de um sábio deve estar acostumado aos vinte e quatro livros das Escrituras; mas, se lhe falta qualquer deles, nada será ele». (Shirhashirim Rabba, fol. 18:2). A mesma coisa se poderia dizer com relação a todos os demais dons espirituais. Se lhes falta o ornamento do amor, nada representarão diante de Deus.
Tudo isso nos faz lembrar da experiência de Balaão e de Sansão. Eles possuíam dons sobrenaturais; porém, moralmente falando, eram homens degradados. E a derrota recaiu sobre ambos, e essa derrota se espalhou entre todos aqueles que mantiveram contato com eles. Nas páginas do N.T. relembramo-nos de Judas Iscariotes. Não há que duvidar que, em suas viagens missionárias pela Galileia, ele exerceu os dons miraculosos. Porém, não amou nem a Cristo e nem aos homens. A vida de Judas Iscariotes se tornou um vívido comentário da falta de qualquer valor real quanto aos dons espirituais, a menos que os mesmos sejam governados pelo amor e por um princípio espiritual autêntico, em que um homem se tenha dedicado inteiramente a Cristo Jesus.


O pleno benefício do que Paulo quis dar a entender, nos versículos primeiro a terceiro deste capítulo, só pode ser obtido se entendermos o que sejam esses dons espirituais. Cada um deles é explicado na introdução ao décimo segundo capítulo desta epístola.

 RELAÇÃO DOS DONS E DO FRUTO DO ESPÍRITO SANTO

De acordo com o que escreveu o apóstolo Paulo em sua primeira carta aos Coríntios 12.8-10 e Gála_tas 5.22, são os seguintes os dons e o fruto do Espíri­to Santo:Os dons do EspíritoPalavra da sabedoriaPalavra do conhecimentoFéDons de curarOperação de milagresProfeciaDiscernimento de espíritosVariedade de línguasInterpretação de línguasO fruto do Espírito Caridade Gozo Paz Longanimidade Benignidade Bondade Fé Mansidão Temperança O fato de os dons serem em número de nove e o fruto do Espírito ser nônuplo, parece não passar duma mera coincidência, porém, não é assim. Le­vando em consideração que o Espírito Santo foi o divino inspirador de toda a Bíblia, temos de consi­derar também o interesse divino em nos comunicar um grande e necessário ensino através dessa aparente coincidência.notas F.Raimundo Oliveira,doutrina do Espiriti Santo,CPAD,1980)     

 DISTINÇÃO ENTRE DONS E FRUTO DO ESPÍRITO

O homem possui uma tendência natural para confundir os mais excelentes valores da vida. Esta tendência se mostra mais acentuada no trato com as coisas espirituais, como a de confundir os dons com o fruto do Espírito. Mas, é bom lembrar que, não obstante os dons e o fruto procederem do mes­mo Espírito, dons e fruto são diferentes entre si:Os dons são dados, recebidos, enquanto o fru­to é gerado em nós.Os dons vêm após o batismo com o Espírito Santo, enquanto o fruto começa com a obra do Espírito, a partir da regeneração.Os dons vêm de fora, do Alto, enquanto o fruto vem do interior.Os dons vêm completos, perfeitos, enquanto o fruto requer tempo para crescer e desenvolver-se.Os dons são dotações de poder de Deus, en­quanto que o fruto é uma expressão do caráter de Cristo.Os dons revelam concessão de poder e graça especial, enquanto o fruto se relaciona com o cará­ter do portador.Os dons são a operação soberana do Espírito Santo, enquanto o fruto (também do Espírito) nos vem mediante Jesus Cristo.Os dons são distintos, enquanto o fruto, sen­do nônuplo, não é dividido.Os dons conferem poder, enquanto que o fruto confere autoridade.Os dons comunicam espiritualidade, enquan­to o fruto comunica irrepreensão.Os dons identificam-se com o que fazemos, en­quanto o fruto identifica-se com o que somos.Os dons podem ser imitados, enquanto que o fruto jamais o será.Ainda que sugerida em o Novo Testamento, a necessidade de o crente evidenciar tanto os dons como o fruto do Espírito, é perfeitamente possível que o crente possa evidenciar os dons do Espírito sem contudo manifestar o fruto, ou evidenciar o fruto e não manifestar os dons.Evidentemente, esta não é nenhuma nova reve­lação pertinente aos pentecostais(.NOTAS IBID) 

O apóstolo Paulo foi o primeiro a escrever sobre esta possibilidade:"Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse caridade, seria como o me­tal que soa ou como o sino que tine. E ainda que eu tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda fé, de maneira que transportasse os montes, e não tivesse caridade, nada seria. Ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queima­do, e não tivesse caridade, nada disso me aprovei­taria", 1 Co 13.1-3.O problema da igreja de Corinto não era a falta dos dons do Espírito. Paulo escreveu que nenhum dom faltava a essa igreja: 1 Co 1.7. O que faltava ali era a manifestação do fruto do Espírito, principal­mente o aspecto maior deste fruto - o amor.

Por is­so, o apóstolo foi em socorro dessa igreja, ensinando-a como harmonizar os dons e o fruto do Espírito em sua vida no seu dia-a-dia.Numa alusão feita acerca do fruto do Espírito, apontando o amor como o aspecto maior do mesmo fruto, escreve o Rev. Boyd:"Gozo é o amor obedecendo.Paz é o amor repousando.Longanimidade é o amor sofrendo.Benignidade é o amor mostrando compaixão.Bondade é o amor agindo.Fé é o amor confiando.Mansidão é o amor suportando.Temperança é o amor controlando".Poder sem amor é que faz o Diabo ser o que é; e por ignorarmos esta verdade, muitos de nós nos en­volvemos de tal forma na busca de poder, poder e mais poder, que impedimos que o fruto do Espírito se manifeste fundindo em nós o caráter de Cristo. Sem dúvida, esta tem sido a principal causa por que vivemos uma geração de crentes que na sua quase totalidade são impotentes espiritualmente. Por isso não podem mostrar gozo na tribulação, nem paz nas pelejas da vida, nem longanimidade para com os seus inimigos, nem benignidade para com os sofredores, nem bondade para com os neces­sitados, nem fé genuína nas promessas de Deus, nem mansidão para com aqueles que os molestam, nem controle em face das adversidades da vida.(NOTAS,IBID)

A orientação divina dada a Moisés quanto ao adorno das vestes sacerdotais no Antigo Testamen­to, dá-nos uma visão adequada da harmonia que deve haver entre os dons e o fruto do Espírito:"E nas suas bordas farás romãs de azul, e de púrpura, e de carmesim, ao redor das bordas; e campainhas de ouro do meio delas ao redor. Uma campainha de ouro, e uma romã, outra campainha _de ouro, e outra romã, haverá nas bordas do manto ao redor; e estará sobre Arão quando ministrar, para que se ouça o seu sonido quando entrar no san­tuário diante do Senhor", Êx 28.33-35.Observe que a orientação divina não diz: "Uma campainha, outra campainha e mais outra campai­nha". Também não diz: "Uma romã, outra romã e mais outra romã", mas afirma: "Uma campainha de ouro, e uma romã; outra campainha de ouro, e outra romã e assim por diante".Aplicado este princípio divino à harmonia entre os dons e o fruto do Espírito, o excelente seria: um dom, o fruto; outro dom, o fruto; outro dom ainda, o fruto e assim sucessivamente.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                           

                     GENERALIDADES SOBRE OS DONS ESPIRITUAIS

Os dons espirituais são uma dotação sobrenatural concedida pelo Espírito Santo ao crente, para o serviço e execução dos propósitos de Deus na igreja e através dela. Os dons espirituais, portanto, não são qualidades humanas aprimoradas e abençoadas por Deus.
1. Principais passagens. São sete as principais passagens que tratam sobre os dons espirituais: 1 Co 12.1-11,28-31; 13; 14; Rm 12.6-8; Ef 4.7-16; Hb 2.4; 1 Pe 4.10,11. Além destas, há muitos outros textos da Bíblia sobre o assunto.
2. Termos bíblicos designadores dos dons. Abordaremos apenas os principais: 
a) Dons espirituais (pneumatikos). O termo refere-se às manifestações sobrenaturais da parte do Espírito Santo por meio dos dons (v.7; 14.1).
b) Dons da graça (charismata). Falam da graça subseqüente de Deus em todos os tempos e aspectos da salvação (1 Co 12.4; Rm 12.6).
c) Ministérios (diakoniai). Correspondem aos dons de serviços ou ministérios práticos. São ministrações sobrenaturais do Espírito através dos membros da igreja como um corpo (1 Co 12.5,12-27).
d) Operações (energēmata). Esses dons são operações diretas do poder de Deus para a realização de seus propósitos (vv.9,10).
e) Manifestação (phanerōsis). Embora sejam sobrenaturais, o sentido do termo original aqui, sugere que os dons operam na esfera do natural, do sensível, do visível.

 Classificação dos dons espirituais. Os dons espirituais podem ser classificados como:

a) Manifestações do Espírito. Conforme 1 Coríntios 12.8-10, são nove dons pelo Espírito Santo. Esses dons são capacitações sobrenaturais de pessoas para a edificação do corpo de Cristo e para seus membros individualmente (vv.3-5,12,17,26; 12; 14). Manifestam-se de modo eventual e imprevisto, não estando subordinados à vontade do portador, mas à soberania de Deus.
b) Dons de ministério prático. São dons de serviços práticos individuais ou em grupo (Rm 12.6-8; 1 Co 12.28-30). Nestas passagens eles aparecem com os demais dons espirituais e, sob o mesmo título original, “charismata” (dons da graça).

 Alvo e resultado dos dons (1 Co 12.7b). São propósitos dos dons espirituais:

a) A glorificação do Senhor Jesus (Jo 16.14).
b) A confirmação da Palavra de Deus (Mc 16.17-20; Hb 2.3,4).
c) O crescimento em quantidade e qualidade da obra de Deus (At 6.7; 19.20; 9.31; Rm 15.19).
d) A edificação espiritual da Igreja (1 Co 12.12-27).
e) O aperfeiçoamento dos santos (Ef 4.11,12).

O exercício dos dons espirituais (1 Co 14.26,32,33,40). Toda energia e poder sem controle são desastrosos. Deus nos concede dons, mas não é responsável pelo mau uso deles; por desobediência do portador à doutrina bíblica ou por ignorância desta. Portanto, os que recebem os dons devem: a) procurar saber o que a Palavra ensina sobre o exercício daquele dom em particular; b) exercer o dom segundo a Escritura; c) evitar desordens e confusões no uso dos dons.

                       EXPLANAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DOS DONS

1. Dons espirituais de manifestação do Espírito. Estão classificados em:

a) Dons que manifestam o SABER de Deus:


      A palavra da sabedoria (1 Co 12.8). É um dom de manifestação da sabedoria sobrenatural pelo Espírito Santo, necessário ao pastoreio, na administração e liderança.

Na segunda categoria de dons como manifestações momentâneas estão os dons de inspiração ou de saber. A palavra da sabedoria não consiste em sabedoria, em si, mas em um modo sábio de falar. Trata-se de uma capacidade sobrenatural dada pelo Espírito em várias circunstâncias. A palavra da ciência é um dom ligado ao ministério do ensino, uma capacidade sobrenatural que leva o crente a conhecer as profundezas e os mistérios de Deus (cf. 1 Co 2.9,10). O discernimento dos espíritos, por sua vez, é a capacidade sobrenatural para discernir a natureza, o caráter e a origem dos espíritos (1 Jo 4.1). O termo original denota pluralidade: “discernimentos”. 

É importante observar que a
palavra da sabedoria não resulta de qualquer esforço humano; trata-se de um dom de Deus, uma manifestação de sabedoria sobrenatural, pelo Espírito. Na prática, é uma habilidade pela qual se aplica o conhecimento, sendo necessário para o governo da igreja, o pastoreio, a administração, a liderança, etc. (1 Co 2.4-7; Gn 41.38,39; Êx 4.12,15; Dt 34.9; 1 Rs 3.8; 4.29,30; At 4.13; 6.6,10; 1 Co 2.13; Lc 12.11,12). Já a palavra da ciência é um dom pelo qual se manifesta a ciência (ou o conhecimento) sobrenatural, pelo Espírito Santo, possibilitando o conhecimento de fatos, de causas, de ensinamentos, etc. (Êx 31.3; Dn 1.4; 1 Rs 7.14; At 20.23). Quanto ao discernimento de espíritos, trata-se de um dom de saber, de maneira sobrenatural, pelo Espírito, por meio do qual a igreja é protegida de todo engano do Inimigo e dos homens (At 16.7 com 1 Ts 2.16,17; 1 Tm 4.1; Tt 1.10). 

Por meio dos aludidos dons de saber, pode-se discernir: a fonte de inspiração, que pode ser divina (At 15.32; 1 Co 14.3), humana (Ez 13.2,3) ou diabólica (1 Rs 22.19-24; Jr 23.13; At 16.17,18; Ap 2.20-24); os espíritos, dos quais provêm falsas doutrinas e fenômenos que geram confusão (1 Jo 4.1; At 16.16-18; 2 Co 11.4; Gl 1.8; 1 Tm 4.1; 2 Ts 2.9); confissões falsas (At 5.1-11); trapaças (2 Rs 5.26,27); intenções (At 8.18-24), etc. 




      A palavra da ciência (1 Co 12.8). É um dom de manifestação de conhecimento sobrenatural pelo Espírito Santo; de fatos, causas, ensinamentos, etc.
 PALAVRA DA CIÊNCIA

1. O que é? Este dom muito se relaciona ao ensino das verdades da Palavra de Deus, fruto do resultado da iluminação do Espírito acerca das revelações dos mistérios de Deus conforme aborda Stanley Horton, em sua Teologia Sistemática (CPAD). Este dom também se relaciona à capacidade sobrenatural concedida pelo Espírito Santo ao crente para este conhecer fatos e circunstâncias ocultas.
2. Sua função. O dom da palavra da ciência não visa servir a propósitos triviais, como o de descobrir o significado dos tecidos do Tabernáculo ou a identidade da mulher de Caim, etc. Isto é mera curiosidade humana, e o dom de Deus não foi dado para satisfazê-la. A manifestação sobrenatural deste dom tem a finalidade de preservar a vida da igreja, livrando-a de qualquer engano ou artimanha do maligno.
3. Exemplos bíblicos da palavra da ciência. Ao profeta Eliseu foram revelados os planos de guerra do rei da Síria. Quando o rei sírio pensou em atacar o exército de Israel, surpreendendo-o em determinado lugar, o profeta alertou o rei de Israel sobre os planos inimigos (2Rs 6.8-12). Outro exemplo foi a revelação de Daniel acerca do sonho de Nabucodonosor, quando Deus descortinou a história dos grandes impérios mundiais ao profeta (Dn 2.2,3; 17-19). Em o Novo Testamento, esse dom foi manifesto quando o apóstolo Pedro desmascarou a mentira de Ananias e Safira (At 5.1-11). O dom da palavra da ciência não é adivinhação, mas conhecimento, concedido sobrenaturalmente, da parte de Deus.

O dom da palavra da ciência não é para servir a propósitos triviais. A manifestação sobrenatural deste dom tem a finalidade de preservar a vida da igreja, livrando-a de qualquer engano ou artimanha do maligno.

       Discernir os espíritos (1 Co 12.10). É um dom de conhecimento e revelação sobrenaturais pelo Espírito Santo para não sermos enganados por Satanás e pelos homens.


DISCERNIMENTO DOS ESPÍRITOS

1. O dom de discernir os espíritos. É uma capacidade sobrenatural dada por Deus ao crente para discernir a origem e a natureza das manifestações espirituais. De acordo com o termo grego diakrisis, a palavra discernir significa “julgar através de”; “distinguir”. Ela denota o sentido de “se penetrar da superfície, desmascarando e descobrindo a verdadeira fonte dos motivos”. Stanley Horton afirma que este dom “envolve uma percepção capaz de distinguir espíritos, cuja preocupação é proteger-nos dos ataques de Satanás e dos espíritos malignos” (cf. 1Jo 4.1).
2. As fontes das manifestações espirituais. Ao longo das Escrituras podemos destacar três origens das manifestações espirituais no mundo: Deus, o homem e o Diabo. Uma profecia, por exemplo, pode ser fruto da ordem divina ou da mente humana ou ainda de origem maligna. Como saber? Aqui, o dom de discernir os espíritos tem o papel essencial de preservar a saúde espiritual da congregação. Segundo nos ensina o pastor Estêvam Ângelo, o “discernimento de espíritos não é habilidade para descobrir as faltas alheias”. O dom não é uma permissão para julgar a vida dos outros.
3. Discernindo as manifestações espirituais. A Palavra de Deus nos ensina que os espíritos devem ser provados (1Jo 4.1). Toda palavra que ouvimos em nome de Deus deve passar pelo crivo das Sagradas Escrituras, pois o Senhor Jesus nos advertiu sobre os falsos profetas. Ele ensinou-nos que os falsos profetas são conhecidos pelos “frutos que produzem”, isto é, pelo caráter (Mt 7.15-20). Jesus conhece o segredo do coração humano, mas nós não, e por isso precisamos do Espírito Santo para revelar-nos a verdadeira motivação daqueles que falam em nome do Senhor. O apóstolo João nos advertiu acerca do “espírito do anticristo” que já opera neste mundo (1Jo 4.3).
O dom de discernimento dos espíritos é uma capacidade sobrenatural dada por Deus ao crente para discernir a origem e a natureza das manifestações espirituais.A Igreja de Jesus necessita dos dons de revelação para discernir entre o certo e o errado, entre o legítimo e o falso. Os falaciosos ensinos e as manifestações malignas podem ser desmascarados pelo dom do discernimento dos espíritos. Que Deus conceda à sua igreja dons de revelação para não cairmos nas astutas ciladas do Maligno.


b) Dons que manifestam o PODER de Deus.

       (1 Co 12.9). É um dom de manifestação de poder sobrenatural pelo Espírito Santo, a fim de que a igreja supere os obstáculos, sejam quais forem.

 O DOM DA FÉ (1Co 12.9)

1. O que significa fé? Na epístola aos Hebreus lemos que “a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se não veem” (11.1). Essa é a definição bíblica sobre a fé, pois mostra a total confiança e dependência em Deus. Aprendemos com o texto do capítulo 11 de Hebreus, conhecido como a “galeria dos heróis da fé”, que Deus é poderoso para fazer todas as coisas, sendo a nossa fé em Deus, fundamental para as operações divinas entre os homens.
O dom da fé — O que é a fé? Há na Bíblia pelo menos três tipos de fé: a comum, a salvífica e o dom da fé. A melhor definição de fé pode ser encontrada em Hebreus 11.1. Todo cristão possui esse tipo de fé. Já a fé que leva o homem à salvação é resultado da pregação da Palavra e do convencimento do Espírito Santo. É bom ressaltar que a fé é sempre o resultado da graça divina. Sem a ação divina, não conseguimos crer. A Igreja precisa viver pela fé, como Jesus afirmou em Marcos 9.23. Sem fé não podemos agradar a Deus, todavia o dom da fé é algo específico. Segundo a Bíblia de Aplicação Pessoal o dom da fé “é uma medida incomum de confiança no poder de Deus”. Mediante este dom, os cristãos do primeiro século fizeram muitas maravilhas, levando a igreja a experimentar um crescimento vertiginoso.


2. A fé como dom. É distinta daquela que recebemos por ocasião da nossa conversão: a fé salvífica (Rm 10.17; Ef 2.8). Igualmente, se distingue da fé evidenciada como fruto do Espírito (Gl 5.22). O dom da fé é a capacidade que o Espírito Santo concede ao crente para este realizar coisas que transcendem à esfera natural da vida, objetivando sempre a edificação da igreja. De acordo com o teólogo Stanley Horton, esse dom “é uma fé milagrosa para uma situação ou oportunidade especial”.
3. Exemplo bíblico do dom da fé. Quando guiou o povo de Israel na saída do Egito e se aproximou do Mar Vermelho, já na iminência de ser destruído por Faraó, Moisés disse: “Não temais; estai quietos e vede o livramento do Senhor, que hoje vos fará; porque aos egípcios, que hoje vistes, nunca mais vereis para sempre. O Senhor pelejará por vós, e vos calareis” (Êx 14.13,14). Moisés “viu” pela fé o livramento do Senhor antes de o fato acontecer. Esta é uma boa amostra bíblica do exercício do dom da fé.O Espírito Santo concede aos crente o dom da fé para que ele possa realizar coisas que transcendem à esfera natural, visando à edificação da igreja.



     Dons de curar (1 Co 12.9). Literalmente, “dons de curas”. São dons de manifestação de poder sobrenatural pelo Espírito Santo para a cura das doenças do corpo, da alma e do espírito, dos crentes quanto dos incrédulos.

DONS DE CURAR (1Co 12.9)

1. O que são os dons de curar? São recursos de caráter sobrenatural para atuarem na cura de qualquer tipo de enfermidade. Por isso a expressão está no plural. Deus é quem cura! Ele concede os “dons” segundo o conselho da sua vontade, sabedoria e no momento certo. No Antigo Testamento, o Todo-Poderoso se manifestou ao povo de Israel como “Jeová Rafá” — O Senhor que sara (Êx 15.26; Sl 103.3). A concessão desses dons à Igreja deve-se à necessidade de o Evangelho ser anunciado como uma mensagem poderosa ao não crente, que outrora não tinha fé, mas que agora passou a crer no Evangelho, arrependendo-se dos seus pecados (Mc 16.17,18; At 3.11-26; 4.23-31).
2. A redenção e as curas. Apesar de o crente ser redimido pelo Senhor através da obra expiatória efetuada por Jesus na cruz do Calvário, ele (o crente) ainda aguarda a redenção do seu próprio corpo. Quando o apóstolo Paulo tratou dos males que afligem à criação como resultado do pecado da humanidade, escreveu que “não só ela, mas nós mesmos, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo” (Rm 8.23). Enquanto não recebermos o novo corpo imortal e incorruptível estaremos sujeitos a toda sorte de doenças.
3. A necessidade desses dons. Os dons de curar são necessários à igreja da atualidade. Num mundo incrédulo em que a medicina se desenvolve rapidamente, o ser humano pensa que pode superar a Deus. A humanidade precisa compreender a sua limitação e convencer-se da sublime realidade de um Deus Todo-Poderoso que, em sua misericórdia e amor, concede sabedoria a homens e mulheres para multiplicar o conhecimento da medicina visando o bem-estar de todos. Quanto aos dons de curas, são manifestações de poder sobrenatural que o Espírito Santo colocou à disposição da Igreja de Cristo para que a humanidade reconheça que Deus tem o poder de sanar todas as doenças.
No grego, as palavras dons e curas estão no plural. Alguns entendem que isso significa que há uma variedade de formas desse dom. Entre os que pensam assim, há quem entenda que certas pessoas têm um dom de curar um tipo de doença ou enfermidade, ao passo que outros curam outro tipo. Filipe, por exemplo, foi especialmente usado para curar os paralíticos e os coxos (At 8.7). Outros, ainda, entendem que Deus dá a uma pessoa um dom na forma de um suprimento de curas numa ocasião específica, ao passo que outro suprimento é dado em outra ocasião, talvez a outra pessoa, mas provavelmente no ministério do evangelista.

Ainda outros entendem que toda cura é um dom especial, isto é, o dom é para o enfermo que tem a necessidade. Logo, segundo esse ponto de vista, o Espírito Santo não torna os homens curadores. Pelo contrário, Ele providencia um novo ministério de cura para cada necessidade, à medida que ela surge na Igreja. Por exemplo, a virtude (poder) que flui para dentro do corpo da mulher com o fluxo de sangue trouxe para ela um gracioso dom de cura (Mt 9.20-22). Atos 3.6 diz, literalmente: ‘O que tenho, isso te dou’. Isso está no singular e indica um dom específico dado a Pedro para este dar ao coxo. Não parece significar que tinha um reservatório de dons de curas dentro de si, mas um novo dom para cada enfermo a quem ministrava” (HORTON, Stanley M. A Doutrina do Espírito Santo no Antigo e Novo Testamento. 12 ed., RJ: CPAD, 2012, p.297).


      Operação de maravilhas (1 Co 12.10). São operações de milagres extraordinários e espantosos pelo poder de Deus, para despertar e convencer os incrédulos.

"E a outro, a operação de maravilhas" (1 Co 12.10).

No grego, encontramos a palavra dynameis ("pode­res"), para indicar a operação realizada pelo Espírito Santo, tem acompanhado toda a história do povo de Deus em ambos os Pactos. As dez pragas enviadas ao Egito foram reputadas como sendo maravilhas da parte de Deus (Êx 3.2Oss). Maravilha é um milagre, portanto. Milagre é uma intervenção ordenada na operação regular da nature­za: uma suspensão sobrenatural de lei natural. Tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, as maravilhas eram sempre operadas em resposta às necessidades mais pre­mentes da vida. Vejamos essas maravilhas operadas por Deus no Antigo Testamento. Depois, veremos as mani­festações deste dom em Jesus e seus discípulos, no Novo Testamento. Apresentaremos apenas um esboço com a respectiva citação bíblica.


1. Antigo Testamento

Trasladação de Enoque (Gn 5.24);

o dilúvio (Gn 6-8);

confusão das línguas (Gn 11.9);

espalham-se as famílias (Gn 11.9);

sodomitas são feridos de cegueira (Gn 19.11);

destruição de Sodoma e Gomorra (Gn 19,24);

a mulher de Ló convertida numa estátua de sal (Gn 19.26);

curada a esterilidade de Sara (Gn 11.30; 21.1,2);

curada a esterilidade de Rebeca (Gn 25.21);

curada a esterilidade de Raquel (Gn 29.31; 30.22);

a sarça ardente (Êx 3.2);

a mão de Moisés feita leprosa (Êx 4.6);

a vara de Arão torna-se em serpente (Êx 7.10);

as águas tornam-se em sangue (Êx 7.20);

rãs (Êx 8.6);

piolhos (Êx 8.17);

moscas (Êx 8.24);

peste nos animais (Êx 9.26);

úlceras (Êx 9.10);

saraiva (Êx 9.23);

gafanhotos (Êx 10.13);

trevas (Êx 10.22);

morte dos primogênitos (Êx 12.29);

coluna de nuvem de dia, e de fogo durante a noite (Êx 13.21);

o mar Vermelho se divide e retorna ao seu leito (Êx 14.21);

as águas de Mara se tornam doces (Êx 15.15);

envio de codornizes e maná (Êx 16.13,14);

água tirada da rocha (Êx 17.6);

vitória sobre os amalequitas, pelo levantar das mãos de Moisés (Êx 17.11-13);

holocausto consumido por fogo do céu (Lv 9.24);

dois sacerdotes são consumidos pelo fogo (Nm 10.1,2);

fogo arde entre os israelitas (Nm 11.1);

Miriã é ferida e curada da lepra (Nm 12.10, 13-15);

destruição de Coré e seu grupo (Nm 16.32);

praga mata 14.700 pessoas (Nm 16.47-49);

a vara de Arão brota, floresce e produz amêndoas (Nm 17.8);

água sai da rocha em Meribá (Nm 20.11);

serpentes abrasadoras (Nm 21.6);

a jumenta de Balaão fala com voz humana (Nm 22.28,30);

a roupa dos israelitas não envelhece (Dt 8.4);

os pés dos israelitas não incham (Nm 9.21);

os israelitas caminham sem tropeçar (Is 63.13);

as muralhas de Jericó demolidas (Js 6.20);

o Sol e a Lua se detêm (Js 10.13);

o velo de lã de Gideão (Jz 6.37-40);

fogo consome o sacrifício de Gideão (Jz 6.21);

curada a esterilidade da mulher de Manoá (Jz 13.2,5,24);

o sacrifício de Manoá é consumido (Jz 13.19);

as proezas de Sansão (Jz 13-16);

• curada a esterilidade de Ana (1 Sm 1.2,20);

filisteus feridos e queda de Dagom (1 Sm 5.3-12);

feridos os bete-semitas (1 Sm 6.19);

trovões e chuvas no tempo da colheita (1 Sm 12.6);

morte de Uzá diante da Arca de Deus (2 Sm 6.7);

seca-se a mão de Jeroboão; o altar se fende; derra­ma-se a cinza e novamente é restituída a saúde da mão do rei (1 Rs 13.6);

corvos alimentam Elias (1 Rs 17.6);


a farinha e o azeite da viúva se multiplicam (1 Rs 17.16);

a comida especial de Elias (1 Rs 19.8);

cessam as chuvas por três anos e meio (Tg 5.17);

Elias ressuscita o filho da viúva (1 Rs 17.22);

Elias faz descer fogo do céu no monte Carmelo (1 Rs 18.38);

Elias faz chover novamente (1 Rs 18.45);

a carreira sobrenatural de Elias (1 Rs 18.46);

Elias faz descer fogo do céu sobre dois capitães e cem soldados (2 Rs 1.9-14);

Elias divide as águas do Jordão (2 Rs 2.8);

carro e cavalos de fogo separam Elias de Eliseu, e Elias é levado ao Céu num redemoinho (2 Rs 2.11);

Eliseu divide as águas do Jordão (2 Rs 2.14);

as águas de Jericó são saradas (2 Rs 2.22);

duas ursas despedaçam 42 rapazes (2 Rs 2.24);

Eliseu supre de água um exército (2 Rs 3.20);

multiplica-se o azeite da viúva (2 Rs 4.6);

curada a esterilidade da sunamita (2 Rs 4.16,17);

Eliseu ressuscita o filho da sunamita (2 Rs 4.35);

cozido venenoso é purificado (2 Rs 4.41);

cem homens são alimentados (2 Rs 4.43);

Naamã é curado da lepra (2 Rs 5.10-14);

Geazi fica leproso (2 Rs 5.24-27);

um machado flutua (2 Rs 6.6);

tropas sírias feridas de cegueira (2 Rs 6.18);

exército sírio é posto em fuga (2 Rs 7.6,7);

homem ressuscita ao tocar os ossos de Eliseu (2 Rs 13.21);

destruição do exército de Senaqueribe (2 Rs 19.35);

o Sol retrocede dez graus (2 Rs 20.11);

holocausto de Davi é consumido por fogo (1 Cr 21.26);

holocausto de Salomão é consumido (2 Cr 7.1);

Uzias é atacado da lepra (2 Cr 26.20);

morte da mulher de Ezequiel (Ez 24.16-18);

três hebreus na fornalha são conservados vivos (Dn 3.26);

Daniel é livre das garras dos leões (Dn 6.22);

Jonas no ventre do peixe (Jn 2.10).


2. Novo Testamento


Ressurreição de mortos

O filho da viúva de Naim (Lc 7.11-16);

a filha de Jairo (Mc 5.21-43);

Lázaro de Betânia (Jo 11.32-44);

mortos ressuscitam por ocasião da morte de Jesus

(Mt 27.52,53);

a ressurreição de Jesus (Jo 2.19-21);

Tabita (At 9.36-41);

• Êutico (At 20.9-12).


Expulsão de demônios

Um homem com um espírito imundo (Mc 1.23-26);

um endemoninhado, cego e mudo (Mt 12.22);

dois homens possuídos de legião (Mt 8.28-34);

um mudo endemoninhado (Mt 9.32-35);

a filha da siro-fenícia (Mc 7.24-30);

um jovem lunático (Mt 17.14-21);

um jovem possesso de um espírito mudo (Mc 9.14-26);

os espíritos imundos de alguns samaritanos (At 8.7);

cura de uma jovem adivinhadora (At 16.18).


Curas físicas

A febre do filho de um oficial do rei (Jo 4.46-54);

a sogra de Pedro (Mc 1.29,30);

um leproso (Mt 8.2-4);

um paralítico (Mc 2.3-12);

o paralítico do tanque de Betesda (Jo 5.1-16);

o homem da mão mirrada (Lc 6.6-10);

o servo de um centurião (Mt 8.5-13);

a mulher do fluxo de sangue (Mc 5.25-34);

dois cegos (Mt 9.27-31);

um surdo e gago (Mc 7.32-37);

um homem cego (Mc 8.22-26);

um cego de nascença (Jo 9.1-41);

uma mulher encurvada (Lc 13.11-17);

um hidrópico (Lc 14.1-6);

dez homens leprosos (Lc 17.11-19);

um mendigo cego (Lc 18.35-43);

Bartimeu (Mc 10.46-52);

a orelha de Malco (Jo 18.10);

o coxo da porta formosa (At 3.1-8);

Enéias (At 9.34);

um coxo, em Listra (At 14.10);

a disenteria do pai de Públio, em Malta (At 28.8);

os demais enfermos da Ilha de Malta (At 28.9).


d. Sobre as forças da natureza

Água transformada em vinho (Jo 2.1-11);

a rede de Pedro se enche de peixes (Lc 5.1-11);


alimentação de cinco mil homens, fora mulheres e crianças (Mt 14.15-21);

alimentação de quatro mil homens, fora mulheres e crianças (Mt 15.32-39);

um peixe traz dinheiro na boca (Mt 17.27);

uma grande pesca (Jo 21.6-14);

Jesus passa invisível por entre os inimigos (Lc 4.30);

sinais durante a festa da Páscoa (Jo 2.23);

seca-se a figueira sem fruto (Mt 21.19);

porcos afogam-se no mar (Mt 8.32);

Jesus acalma uma tempestade (Mt 8.26);

Jesus acalma outra tempestade (Mc 6.45-51);

Jesus anda sobre águas (Mt 14.25);

Pedro também anda sobre as águas (Mt 14.28-31);

a pedra do túmulo de Jesus é removida (Mt 28.2);

abrem-se as portas da prisão para os apóstolos (At 5.19);

Pedro é livre da prisão (At 12.7-10);


as portas do cárcere se abrem em Filipos (At 16.26).


e. Outras maravilhas

Uma estrela guia os magos a Belém (Mt 2.1-12);

curada a esterilidade de Isabel (Lc 1.7,13);

Zacarias fica mudo e depois é curado (Lc 1.22,64);

sinais no momento do batismo de Jesus (Mt 3.16,17);

sinais na transfiguração de Jesus (Mt 17.1-14);


resposta através de uma voz sobrenatural (Jo 12.28-30);

por ocasião da prisão de Cristo (Jo 18.4-6);

por ocasião da morte de Cristo (Mt 27.45-53);

por ocasião da ressurreição de Cristo (Mt 28.2);

por ocasião da ascensão de Cristo (Mc 16.19; Lc 24.50,51; At 1.6-12);

palavra confirmada por sinais (Mc 16.20);

sinais no dia de Pentecoste (At 2.1-8);

muitas maravilhas e sinais pelos apóstolos (At 2.43);

morte de Ananias e Safira (At 5.1-10);

sinais e prodígios entre o povo (At 5.12);

Estêvão (At 6.8);

Filipe (At 8.6);

Elimas é ferido de cegueira (At 13.11);

Sinais e prodígios em Icônio (At 14.3);

Barnabé e Paulo (At 15.12);

maravilhas extraordinárias pelas mãos de Paulo (At19.11);

o Evangelho acompanhado por grandes milagres e maravilhas operados pelo poder de Deus (Rm 15.19; 1 Co 12.10,28; 2 Co 12.12; Gl 3.5; Hb 2.4; Ap 11.3-6 etc);

e outras maravilhas que ficaram ocultas aos olhos humanos.()


O termo grego semeon era a palavra comumente usa­da para descrever "sinal" ou "maravilha". Trazia algu­mas vezes o sentido de "marca distintiva" ou seu equiva­lente na raiz hebraica õth, ou mõpheth, que significa "algo espantoso" ou "marca distintiva". ()

Nos evangelhos e em Atos dos Apóstolos, é freqüente o uso do termo semeon para indicar um "milagre didático em forma expressiva" ou "uma maravilha", cuja finalida­de é convencer os homens acerca de uma intervenção divina. A expressão ocorre 77 vezes no Novo Testa­mento, sendo que aparece 48 vezes nos evangelhos, 13 em Atos, oito nas epístolas de Paulo, sete no Apocalipse de João e uma em Hebreus. No Evangelho de João, apa­rece com o significado de "sinal milagroso" (Jo 2.11,18,23). ()

Mas o sentido geral é de uma operação completamen­te divina, cujo teor compõe-se não somente de um "si­nal" ou "marca distintiva", mas de algo que causa espanto e admiração aos circunstantes. As grandes maravilhas relacionadas neste capítulo são apenas uma demonstra­ção técnica do grande poder de Deus.

Em todos os acontecimentos, e em todas as guerras de que participou o povo de Deus, tanto a nação de Israel como a Igreja de Jesus Cristo, houve participação divina em cada detalhe, até a vitória.

Em alguns casos, Deus intervinha diretamente com manifestações do seu poder. Ou usava homens e mulhe­res dotados de dons espirituais, especialmente o de ope­rar maravilhas (Hb 2.4 etc).

Deus é sempre lembrado por suas maravilhas! Jo de­clara que Ele faz "maravilhas tais que se não podem contar" (Jo 9.10).

Os Salmos exortam-nos a louvá-lo por suas maravi­lhas: "Para publicar com voz de louvor e contar todas as tuas maravilhas" (26.7); "Anunciai entre as nações a sua glória; entre os povos as suas maravilhas" (Sl 96.3); "Cantai ao Senhor um cântico novo, porque ele fez mara­vilhas..." (Sl 98.1). O profeta Joel fala do "derramamento do Espírito Santo", e a voz de Deus conclui: "Mostrarei maravilhas no céu e na terra" (Jl 2.30).

Cremos que o dom de operar maravilhas não cessou. Ele continua em evidência na Igreja através dos séculos e na atualidade.

O segredo para vermos maravilhas em nós e nos ou­tros começa com a santificação: "Santificai-vos, porque amanhã fará o Senhor maravilhas no meio de vós" (Js 3.5). Foi o que fez Moisés quando "levou o povo fora do arraial ao encontro de Deus". Ele "santificou o povo... E disse ao povo: Estai prontos ao terceiro dia... E aconte­ceu ao terceiro dia, ao amanhecer, que houve trovões e relâmpagos sobre o monte, e uma espessa nuvem, e um sonido de buzina mui forte, de maneira que estremeceu todo o povo que estava no arraial... E o sonido da buzina ia crescendo em grande maneira; Moisés falava, e Deus respondia em voz alta" (Êx 19.14-19).

Um acontecimento de primeira magnitude! Agora, com a presença de Deus na montanha, tudo muda de aspecto. A montanha inteira parece pulsar de vida. Deus, então, levanta suas mãos até a altura das estrelas. Ele responde a Moisés em voz alta, e as regiões do firmamento ecoam com timbres poderosos assim como ressoa o rugir do leão no deserto à meia-noite. A artilharia do céu é descarregada como sinal; um troar de trovões seguidos de raios que partem de lugares ocultos espalham o alarme por todo o monte, preparando o povo para receber suas ordens.

Deus, então, começa a operar maravilhas aos olhos do povo: "E todo o povo viu os trovões, e os relâmpagos, e o sonido da buzina, e o monte fumegando" (Êx 20.18).

Assim são as maravilhas de Deus, e o Espírito Santo, hoje, deseja capacitar cada um dos filhos de Deus que estão a servir a vontade divina e as necessidades huma­nas, para honra e glória do nome do Senhor.

NOTAS O ESPIRITO SANTO ,SEVERINO P.S, CPAD ,2001

c) Dons que manifestam a MENSAGEM de Deus.

       Profecia (1 Co 12.10). É um dom de manifestação sobrenatural de mensagem verbal pelo Espírito, para a edificação, exortação e consolação do povo de Deus (1 Co 14.3).


O que é o dom de profecia?

 

 É uma capacitação momentânea para se transmitir uma mensagem específica de Deus através de uma inspiração direta do Espírito Santo (1 Co 14.30; 2 Pe 1.21). Trata-se de uma manifestação sobrenatural, cuja função precípua é a edificação da igreja (1 Co 14.4). Nos tempos do Antigo Testamento, os profetas eram intermediários entre Deus e o povo (1 Sm 3.20; 8.21,22; 9.6,9,18-20). Esse tipo de ministério profético durou até João Batista (Lc 16.16). Hoje, o profeta não é mais uma espécie de mediador. E ninguém precisa consultar profetas, e sim ao Senhor, diretamente (1 Tm 2.5; Ef 2.13; Hb 10.19-22; Gl 6.16; Fp 4.6). 

Deve-se fazer uma distinção entre o ministério profético e o dom de profecia. Tanto o portador deste quanto o ministro são chamados de “profeta” (1 Co 14.29; Ef 4.11), mas há diferenças entre ambos. Primeiro, quando ao modo da concessão: o dom de profecia pode ser concedido a quem o busca (1 Co 14.1,5,24,31); já o ministério depende de chamada divina (Mc 3.13; Ef 4.11). Segundo, quanto ao uso: o dom de profecia decorre de uma inspiração momentânea, sobrenatural (1 Co 14.30); o ministério profético está relacionado com a pregação da Palavra de Deus (At 11.27,28; 15.32; 13.1). O dom de profecia era uma realidade nos dias da igreja primitiva (At 19.6; 21.9; 1 Co 14). Ali, o ministério profético e o dom de profecia, às vezes, eram intercambiáveis (At 21.8-10). 

Por que vemos poucas manifestações do dom em apreço em nossos dias?

 

 Isso ocorre, primeiramente, por causa da ignorância. Pouco se fala nas igrejas acerca desse dom, como ocorria em Éfeso (At 19.2,3). Segundo: tem havido uma substituição. Coisas supérfluas têm ocupado o lugar que devia ser destinado à manifestação do Espírito no culto (1 Co 14.26). Terceiro: existe uma apatia espiritual, inclusive nas igrejas ditas pentecostais. Em muitos lugares não tem havido lugar para o Espírito operar (1 Ts 5.19). Quarto: há muito receio. Líderes há que, preocupados com as “meninices”, têm desprezado as profecias (1 Ts 5.20), esquecendo-se de que devem ensinar os “meninos” quanto ao uso correto desse dom (1 Co 14.22-24,28-30; 13.11). 

Como julgar a profecia?

 

 Primeiro, segundo a reta justiça (Jo 7.24); isto é, por meio da Palavra de Deus (Jo 17.17; At 17.11; Hb 5.12-14). Segundo, mediante a sintonia do Corpo com a Cabeça (Ef 4.14,15; 1 Co 2.16; 1 Jo 2.20,27; Nm 9.15-22; Jo 10.4,5,27). Terceiro, pelo dom de discernir os espíritos (1 Co 12.10,11; At 13.6-11; 16.1-18). Quarto, através do bom senso (1 Co 14.33; At 9.10,11). Quinto, pelo cumprimento da predição (Ez 33.33; Dt 18.21,22; Jr 28.9), conquanto apenas isso não seja suficiente; Deus permite que, em alguns casos, predições de falsos profetas se cumpram (Dt 13.1-4). Finalmente, o julgamento deve se dar com base na vida do profeta (2 Tm 2.20,21; Gl 5.22). Tem ele uma vida de devoção a Deus? Ele honra a Cristo em tudo? Demonstra amar e seguir a Palavra do Senhor? Ama os pecadores e deseja vê-los salvos? Detesta o mal e ama justiça? Prega contra o pecado, defende o Evangelho de Cristo e conduz a igreja à santificação? Repudia a avareza? 

Quais são as funções do dom de profecia?

 

 Primeiro: edificação. A Igreja é comparada a um edifício, e o Senhor Jesus é o seu fundamento (1 Co 3.10,12,14; Ef 2.22). Os salvos são pedras desse edifício (1 Pe 2.5), e a profecia é um dos meios pelos quais eles são edificados (1 Co 14.3,4,12,17). Segundo: exortação. Por meio da profecia, o crente é incentivado, despertado, fortalecido na fé (1 Co 14.3). Terceiro: consolação. O Senhor se utiliza desse dom para consolar o crente com palavras semelhantes às de Deuteronômio 31.8 ou Isaías 41.10; 45.1-3. Quarto: sinal para os incrédulos. Esse dom é de grande valia para convencer os descrentes (1 Co 14.20,22-25). 

Finalmente, deve-se observar que os dons de elocução não têm autoridade canônica; não se manifestam para alterar ou contradizer o que está escrito na Bíblia Sagrada (2 Pe 1.21; 1 Tm 4.9; Jo 17.17; Sl 119.142,160; Ap 22.18,19; Pv 30.6). Eles também não são prioritários para o governo da igreja. As finalidades principais dos dons de saber, de modo geral, são: edificar, exortar e consolar (1 Co 14.3). O Espírito orienta a igreja por meio dos dons espirituais (At 13.1-3; 16.6-10), mas o ministério eclesiástico não deve se subordinar a “profetas” (Ap 2.20-22; At 11.28-30; 15.14-30). É uma prática antibíblica consultar profetas em nossos dias, pedindo respostas quanto a casamentos, viagens, negócios, etc. Os dons em apreço devem ser usados “na igreja” (1 Co 14.3,13,26,28).

 fonte cpad news 


                               Variedade de línguas

(1 Co 12.10). É um dom de expressão plural. É um milagre lingüístico sobrenatural. Nem todos os crentes batizados com o Espírito Santo recebem este dom (1 Co 12.30).

A primeira categoria é a dos dons de elocução ou verbais: profecia, variedade de línguas e interpretação das línguas. Por meio da profecia, o crente usado pelo Espírito transmite uma mensagem divina, momentânea e sobrenatural, para a igreja (1 Co 14.4,5,22). Pela variedade de línguas, o salvo apresenta à igreja uma mensagem divina, sobrenatural, em línguas que ele jamais estudou ou aprendeu. Tal mensagem precisa de interpretação, a menos que o Senhor queira falar com pessoas em suas próprias línguas, como ocorreu no dia de Pentecostes (At 2.7-13). E, mediante a interpretação das línguas, os salvos são capacitados, sobrenaturalmente, a interpretarem as tais línguas desconhecidas — isto é, estranhas a quem as pronuncia. 

Não se deve confundir as línguas como evidência inicial do batismo com o Espírito Santo com o dom de variedade de línguas. No Novo Testamento, as línguas dadas pelo Espírito Santo são apresentadas com quatro finalidades distintas. Primeiro, como evidência inicial do batismo com o Espírito Santo (At 2.1-8; 10.44-46; 19.6; 9.18; 1 Co 14.18). Segundo, as línguas são dadas pelo Consolador para edificação do próprio crente que as pronuncia (1 Co 14.4). Terceiro, elas são úteis para a oração em espírito ou “pelo Espírito [gr. pneumati]” (1 Co 14.2,14-16; Ef 6.18; Rm 8.26). E, quarto, há línguas que contêm uma mensagem profética, isto é, o dom de variedade de línguas. Quando alguém é usado pelo Espírito com esse dom, dirige-se à igreja em línguas estranhas (1 Co 12.29,30). Contudo, se não houver interpretação, o tal deve se calar (1 Co 14.5,13,27,28). 

Na segunda categoria de dons como manifestações momentâneas estão os dons de inspiraçãoou de saber. A palavra da sabedoria não consiste em sabedoria, em si, mas em um modo sábio de falar. Trata-se de uma capacidade sobrenatural dada pelo Espírito em várias circunstâncias. A palavra da ciência é um dom ligado ao ministério do ensino, uma capacidade sobrenatural que leva o crente a conhecer as profundezas e os mistérios de Deus (cf. 1 Co 2.9,10). O discernimento dos espíritos, por sua vez, é a capacidade sobrenatural para discernir a natureza, o caráter e a origem dos espíritos (1 Jo 4.1). O termo original denota pluralidade: “discernimentos”. 



O que são as línguas estranhas e a interpretação delas? 

 

No contexto dos dons espirituais, falar noutras línguas é uma manifestação do Espírito; portanto, elas não são aprendidas, mas vêm de modo sobrenatural, sendo estranhas, desconhecidas, aos que as pronunciam. A promessa do batismo com o Espírito, com a evidência de falar noutras línguas, é mencionada nos dois Testamentos (Is 28.11,12; 44.3; Jl 2.28,29 com At 2.14-17; Mt 3.11; Lc 24.49; At 1.8). E o cumprimento dessa promessa começou no dia de Pentecostes (At 2.1-4). Há relatos históricos de que tal evidência ocorreu nas vidas dos crentes da Igreja Primitiva (At 4.31; 8.15-17; 10.44-48; 19.1-7), bem como nas de outros salvos, ao longo da História. A promessa do revestimento de poder, com a evidência de falar noutras línguas, é para hoje (At 2.39; 11.15; Hb 13.8), haja vista a “dispensação do Espírito” estar em curso (2 Co 3.8). 

Qual é a utilidade das línguas estranhas?

 

 Primeiro: elas são a evidência inicial do batismo com o Espírito Santo (At 2.1-8; 10.44-46; 19.6; 9.18; 1 Co 14.18). Segundo: elas edificam o crente (1 Co 14.4). Terceiro: elas são dadas pelo Espírito ao crente a fim de capacitá-lo a orar em espírito — ou “pelo Espírito [gr. pneumati]” (1 Co 14.2,14-16; Ef 6.18; Rm 8.26). Quarto: elas são dadas pelo Consolador como uma mensagem profética (dom de variedade de línguas), em conexão com o dom de interpretação das línguas. O crente, ao receber momentaneamente a variedade de línguas, dirige-se à igreja (1 Co 12.29,30), mas sua mensagem precisa de interpretação (1 Co 14.5,13,27,28). 

Como deve ser o uso das línguas estranhas no culto? 

 

Primeiro: deve haver autocontrole. O crente, quando fala em línguas que não são mensagens proféticas, deve se controlar, pois não fala aos homens, e sim a Deus (1 Co 14.2), edificando-se a si mesmo (1 Co 14.4,19). É errado falar em línguas só para mostrar aos outros que é pentecostal. Todos podem e devem falar em línguas (1 Co 14.5,39), mas sem exageros (1 Co 14.8,9). Segundo: é necessário que haja ordem. Quando um irmão estiver sendo usado em profecia, não deve outro falar em línguas em tom alto, visto que isso gera confusão e desordem (1 Co 14.33). Há momento de falar “de Deus” (audivelmente), e momento de falar “com Deus” (em tom baixo). No culto, deve haver duas ou três mensagens proféticas, umas depois das outras, com ordem (1 Co 14.29-31). 

Em terceiro lugar, deve haver decência (1 Co 14.40). Decência diz respeito à conformidade com padrões morais e éticos; envolve dignidade, correção, decoro, modéstia, honradez, honestidade. Quarto: é preciso haver harmonia. O dom de variedade de línguas só é útil em conexão com o de interpretação das línguas. Quem fala em línguas deve se calar, caso não haja intérprete (1 Co 14.13,28). 

O que é o dom de profecia?

 

 É uma capacitação momentânea para se transmitir uma mensagem específica de Deus através de uma inspiração direta do Espírito Santo (1 Co 14.30; 2 Pe 1.21). Trata-se de uma manifestação sobrenatural, cuja função precípua é a edificação da igreja (1 Co 14.4). Nos tempos do Antigo Testamento, os profetas eram intermediários entre Deus e o povo (1 Sm 3.20; 8.21,22; 9.6,9,18-20). Esse tipo de ministério profético durou até João Batista (Lc 16.16). Hoje, o profeta não é mais uma espécie de mediador. E ninguém precisa consultar profetas, e sim ao Senhor, diretamente (1 Tm 2.5; Ef 2.13; Hb 10.19-22; Gl 6.16; Fp 4.6). 

Deve-se fazer uma distinção entre o ministério profético e o dom de profecia. Tanto o portador deste quanto o ministro são chamados de “profeta” (1 Co 14.29; Ef 4.11), mas há diferenças entre ambos. Primeiro, quando ao modo da concessão: o dom de profecia pode ser concedido a quem o busca (1 Co 14.1,5,24,31); já o ministério depende de chamada divina (Mc 3.13; Ef 4.11). Segundo, quanto ao uso: o dom de profecia decorre de uma inspiração momentânea, sobrenatural (1 Co 14.30); o ministério profético está relacionado com a pregação da Palavra de Deus (At 11.27,28; 15.32; 13.1). O dom de profecia era uma realidade nos dias da igreja primitiva (At 19.6; 21.9; 1 Co 14). Ali, o ministério profético e o dom de profecia, às vezes, eram intercambiáveis (At 21.8-10). 

Por que vemos poucas manifestações do dom em apreço em nossos dias?

 

 Isso ocorre, primeiramente, por causa da ignorância. Pouco se fala nas igrejas acerca desse dom, como ocorria em Éfeso (At 19.2,3). Segundo: tem havido uma substituição. Coisas supérfluas têm ocupado o lugar que devia ser destinado à manifestação do Espírito no culto (1 Co 14.26). Terceiro: existe uma apatia espiritual, inclusive nas igrejas ditas pentecostais. Em muitos lugares não tem havido lugar para o Espírito operar (1 Ts 5.19). Quarto: há muito receio. Líderes há que, preocupados com as “meninices”, têm desprezado as profecias (1 Ts 5.20), esquecendo-se de que devem ensinar os “meninos” quanto ao uso correto desse dom (1 Co 14.22-24,28-30; 13.11). 

Como julgar a profecia?

 

 Primeiro, segundo a reta justiça (Jo 7.24); isto é, por meio da Palavra de Deus (Jo 17.17; At 17.11; Hb 5.12-14). Segundo, mediante a sintonia do Corpo com a Cabeça (Ef 4.14,15; 1 Co 2.16; 1 Jo 2.20,27; Nm 9.15-22; Jo 10.4,5,27). Terceiro, pelo dom de discernir os espíritos (1 Co 12.10,11; At 13.6-11; 16.1-18). Quarto, através do bom senso (1 Co 14.33; At 9.10,11). Quinto, pelo cumprimento da predição (Ez 33.33; Dt 18.21,22; Jr 28.9), conquanto apenas isso não seja suficiente; Deus permite que, em alguns casos, predições de falsos profetas se cumpram (Dt 13.1-4). Finalmente, o julgamento deve se dar com base na vida do profeta (2 Tm 2.20,21; Gl 5.22). Tem ele uma vida de devoção a Deus? Ele honra a Cristo em tudo? Demonstra amar e seguir a Palavra do Senhor? Ama os pecadores e deseja vê-los salvos? Detesta o mal e ama justiça? Prega contra o pecado, defende o Evangelho de Cristo e conduz a igreja à santificação? Repudia a avareza? 

Quais são as funções do dom de profecia?

 

 Primeiro: edificação. A Igreja é comparada a um edifício, e o Senhor Jesus é o seu fundamento (1 Co 3.10,12,14; Ef 2.22). Os salvos são pedras desse edifício (1 Pe 2.5), e a profecia é um dos meios pelos quais eles são edificados (1 Co 14.3,4,12,17). Segundo: exortação. Por meio da profecia, o crente é incentivado, despertado, fortalecido na fé (1 Co 14.3). Terceiro: consolação. O Senhor se utiliza desse dom para consolar o crente com palavras semelhantes às de Deuteronômio 31.8 ou Isaías 41.10; 45.1-3. Quarto: sinal para os incrédulos. Esse dom é de grande valia para convencer os descrentes (1 Co 14.20,22-25). 

Finalmente, deve-se observar que os dons de elocução não têm autoridade canônica; não se manifestam para alterar ou contradizer o que está escrito na Bíblia Sagrada (2 Pe 1.21; 1 Tm 4.9; Jo 17.17; Sl 119.142,160; Ap 22.18,19; Pv 30.6). Eles também não são prioritários para o governo da igreja. As finalidades principais dos dons de saber, de modo geral, são: edificar, exortar e consolar (1 Co 14.3). O Espírito orienta a igreja por meio dos dons espirituais (At 13.1-3; 16.6-10), mas o ministério eclesiástico não deve se subordinar a “profetas” (Ap 2.20-22; At 11.28-30; 15.14-30). É uma prática antibíblica consultar profetas em nossos dias, pedindo respostas quanto a casamentos, viagens, negócios, etc. Os dons em apreço devem ser usados “na igreja” (1 Co 14.3,13,26,28).



14. O QUE O CRENTE DEVE FAZER PARA TER EM SI SEMPRE NOVA A EXPERIÊNCIA DO BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO?

Este tem sido o problema crucial para mui­tos crentes que, tendo recebido o batismo com o Espírito Santo, já não vivem aquele mesmo ní­vel de espiritualidade que possuíam nos primei­ros dias seguintes ao do batismo. Daí passam a viver um certo tipo de saudosismo: "Ah! aqueles dias!..." "Oh! se aqueles dias voltassem!" Esta é uma parte da triste história de muitos que entristeceram o Espírito Santo e que fize­ram silenciar a voz dele em suas consciên­cias.A quem tiver interesse de viver, não como alguém que "foi" batizado com o Espírito San­to, mas como alguém que "é" batizado com o Espírito Santo, aconselho:a.    Reserve uma hora especial todos os dias para ler e estudar a Bíblia, destacando um versículo, ou um pensamento dela para meditar durante o dia. Considere um pecado deixar de ler a Bíblia.b. Reserve algum tempo para, a sós, orar a Deus, não permitindo que coisa alguma justifique a sua falta de oração.c.       Ponha a sua mente e consciência à dispo­sição do Espírito de Deus, permitindo que Ele molde-a de sorte que você saiba estar sempre no centro da vontade de Deus.d.      Proponha no seu coração fazer algo espe­cial e específico pela causa do Evangelho. Até que essa oportunidade surja, faça algo como: evangelismo pessoal, visitação aos presídios e aos hospitais, ajudar como componente do coro ou da banda etc. Procure o pastor da sua igreja e fale a ele de seus próprios interesses e planos quanto à obra de Deus. Não se esqueça de que uma mente desocupada é uma oficina para o Diabo trabalhar.Assim não faltará o óleo do Espírito Santo em seu vaso; sua pólvora continuará sempre seca e sua lâmpada sempre acesa para glória e honra do Deus a quem você se propôs servir e honrar.

 O dom de línguas hoje .

No capítulo anterior, tratei sobre o batismo com o Espírito Santo como um experiência atual, desta­cando o falar em línguas estranhas como a evidên­cia física inicial desse batismo. Este capítulo trata­rá, de forma mui particular, sobre o dom de línguas, destacando a importância que ele tem no contexto doutrinário do Movimento Pentecostal.A primeira alusão no Novo Testamento ao falar em línguas estranhas está nas palavras de Cristo em Marcos 16.17:"Estes sinais seguirão aos que crerem: Em meu nome... falarão novas línguas".Depois, quando lemos sobre línguas estranhas, é já a manifestação delas entre os quase cento e vinte discípulos no dia de Pentecoste, em Jerusalém (At 2.4); na casa do centurião Cornélio, em Cesaréia __(At 10.44-46); em Éfeso quando os doze discípulos de João foram batizados com o Espírito Santo (At 19.6,9); e, provavelmente, entre os crentes samari­tanos quando da estada de Pedro e João em Sama­ria: At 8.17-19. Em todos esses casos, as línguas (glossolalia) foram manifestas como evidência do batismo com o Espírito Santo. Depois ainda lemos na primeira epístola de Paulo aos Coríntios um capítulo inteiro (14) sobre línguas, já não como evi­dência do batismo com o Espírito Santo, mas como um dom do Espírito Santo.Em 1 Coríntios 12.8-10 lemos:"Porque a um pelo Espírito é dado a palavra da sabedoria; e a outro pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência; e a outro pelo mesmo Espírito, a fé; e a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar; e a outro a operação de maravilhas; e a outro a profe­cia; e a outro o dom de discernir os espíritos; e a ou­tro a variedade de línguas; e a outro a interpretação das línguas."Na opinião do antipentecostal Robert G. Gro­macki, no seu livro "Movimento Moderno de Línguas", o dom de línguas e o de interpretação de­las são os dois menores dos dons do Espírito, em ra­zão de o apóstolo Paulo havê-los citado no final da lista dos dons, no capítulo 12 de 1 Coríntios. Esta opinião cai por terra quando a lista dos dons de 1 Coríntios 12.8-10 é comparada com as palavras do versículo 28 do mesmo capítulo, que provam que Paulo não usou um critério de proporcionalidade e grandeza quanto à colocação dos dons na ordem dos seus valores. Por exemplo: nota-se que quando Paulo aconselha os crentes a buscar os melhores dons, disse que eles os buscassem com diligência mas principalmente o de profecia. Observa-se que se Paulo houvesse feito a listagem dos dons na or­dem dos seus valores, ele teria aconselhado os cren­tes a buscarem "a palavra da sabedoria" (o primei­ro dom da lista) e não o de profecia (o sexto na or­dem dos nove).( notas F.Raimundo oliveira ,doutrina do Espirito SANTO 1988,CPAD))

O apóstolo Paulo, ainda no capítulo 12, versos 22 e 23 de 1 Coríntios, querendo ensinar sobre a harmonia dos dons do Espírito, comparou-os aos membros do corpo que, juntos, cooperam para o bem comum do mesmo corpo:"Os membros do corpo que parecem ser os mais fracos são necessários; e os que reputamos ser me­nos honrosos no corpo, a esses honramos muito mais; e aos que em nós são menos decorosos damos muito mais honra".Os dons são diferentes entre si como diferentes são os membros do corpo, mas não existem dons inúteis à edificação do corpo de Cristo, sejam quais forem.NOTAS IBID).

Cessacionistas estão errados sobre dom de línguas, assevera Mark D.


Neocalvinista assevera que dom de falar em línguas não terminou com os apóstolos de Jesus


 
O pastor Mark Driscoll da igreja Mars Hill, em Seattle, Washington, recentemente falou sobre o dom de línguas como descrito no Novo Testamento como parte de sua série de sermões "Atos: Fortalecidos para a Missão de Jesus". Driscoll é um pastor reformado (isto é, alinhado teologicamente ao protestantismo histórico, tradicional), mas com estilo despojado. Ele tem uma linguagem e apresentação que atrai muito os jovens, mas é um calvinista doutrinariamente conservador, um perfil que geralmente é classificado como neocalvinista. Muito popular hoje nos Estados Unidos, Driscoll definiu recentemente os seus argumentos a respeito de porque ele acredita que o dom de falar em línguas não terminou com os apóstolos de Jesus no primeiro século.
Cessacionistas, como o pastor calvinista tradicional e também influente John MacArthur, acreditam que a capacidade divina de falar em outras línguas ou em uma língua desconhecida (glossolalia) terminou com a morte dos apóstolos, assim como as revelações proféticas e curas de fé através de indivíduos. A maioria dos cristãos no mundo, no entanto, entende à luz da Bíblia que estes dons inspirados no Espírito Santo continuarão até a Volta de Cristo.
No trecho do sermão compartilhado on-line esta semana pela igreja Mars Hill, o pastor Driscoll aborda três "perguntas mais comuns sobre o dom de línguas", listados como se seguem: "Podem todos os cristãos ter o dom de línguas? A igreja Mars Hill acredita que o dom de línguas se aplica aos dias de hoje? E o que acontece quando o uso de uma língua particular se torna público?".
Antes de mergulhar em suas respostas, Driscoll insistiu que a única maneira de saber o que pode ser certo ou errado sobre o falar em línguas é estudando as Escrituras, e não "tomando a nossa experiência e tornando-a normativa".
Apesar de o texto-chave para o sermão completo, intitulado "Fortalecidos pelo Espírito a seguir Jesus", ter sido um testemunho de Pentecostes em Atos 2.1-13, o pastor da mega-igreja e autor best-seller olhou para 1 Coríntios 12.8-11 para ajudar enquadrar suas respostas.
Driscoll transmitiu uma parte da passagem: "’Porque a um é dado pelo Espírito... vários tipos de línguas’ - ou idiomas, celestiais ou terrenas - 'para outro, a interpretação das línguas’ - a capacidade de articular em outra língua o que foi dito na língua estrangeira. "Mas é o mesmo e único Espírito que faz tudo isso. Ele distribui tudo a cada pessoa, individualmente, da maneira que deseja".
Driscoll enfatizou que a igreja Mars Hill acredita que o dom de línguas é uma ocorrência em andamento, mas crê que um dia ele vai cessar, mas não quando o cessacionismo afirma que cessa. O cessacionismo afirma que já cessou e Driscoll, à luz de 1 Coríntios 13, enfatiza que ele só cessará quando chegarmos no céu.
"Quando chegarmos ao céu, o evangelismo também não vai ser necessário como é agora. Você diria, 'Eu vou sair e encontrar as pessoas perdidas. Não há nenhuma. Este é o Reino de Deus. Todo mundo aqui já ama Jesus... Assim, a evangelização chega ao fim", exemplificou Driscoll, ao abordar 1 Coríntios 13:8-12, que diz: "O amor jamais acaba. Há dons de profetizar, mas eles desaparecerão. Há dons de falar em várias línguas, mas eles cessarão. Há o conhecimento, mas ele desaparecerá. Estas coisas acabarão, porque tanto o conhecimento que agora temos como o que recebemos por meio da profecia ainda não estão completos. Porém, quando vier a perfeição, aquilo que não está completo acabará. Quando eu era criança, falava como uma criança, pensava como uma criança, raciocinava como uma criança. Quando cheguei a ser homem, deixei de lado as coisas de criança. Agora nós vemos como se estivéssemos olhando para um espelho escuro. Mas, quando a perfeição vier, então veremos claramente. Agora meu conhecimento é incompleto. Mas, quando aquele tempo vier, conhecerei completamente, assim como sou conhecido por Deus.”
"Então, estamos de acordo com os cessacionistas que, sim, alguns dons, pelo menos, vão cessar. Eles vão cessar. Em que estamos em desacordo com os cessacionistas, e é onde concordamos com os continuístas, é quando esses dons param. Acreditamos que todos os dons continuam até um momento transitório muito importante na história do mundo. E quando esses dons cessarão? Quando Jesus voltar, quando o vermos face a face. Assim, os cessacionistas têm razão: certos dons chegarão ao fim. Mas, os cessacionistas estão errados em uma coisa: o fim deles ainda não veio. E os continuístas têm razão: todos os dons continuarão até que cheguemos a vê-lO face a face, até que Jesus venha novamente".
O sermão completo, terceiro até agora da série de 10 partes de Driscoll sob o tema "Atos: Fortalecidos para a Missão de Jesus", está disponível no site da Mars Hill Church. Driscoll, de 42 anos, pregou "Fortalecidos pelo Espírito a seguir Jesus" em 9 de junho de 2013, na megaigreja de Bellevue, Washington.
DA redação CPADNews com informações do Christian Post

 LÍNGUAS COMO SINAL.

Vale notar que as línguas estranhas têm duas funções na Bíblia. Primeira: elas são apresentadas como sinal, ou evidência de que alguém foi batiza­do com o Espírito Santo. Isso é o que vemos em pelo menos três das cinco ocasiões históricas do derra­mamento do Espírito Santo nos dias do Novo Tes­tamento.As línguas estranhas neste aspecto manifestam-se uma única vez, isto é, no momento em que o crente recebe o batismo com o Espírito Santo. Se a partir daí o crente continua falando em línguas, es_sas línguas já passam para a segunda esfera, que é o dom de línguas propriamente dito, o qual se pode manifestar de duas maneiras: línguas congrega-cionais (interpretáveis); e línguas devocionais (não-interpretáveis).Aqueles que combatem a doutrina bíblica do batismo com o Espírito Santo intrigam-se com a ênfase que damos quanto à necessidade de se falar línguas estranhas como evidência da recepção des­se batismo, achando ser possível dar-se outra prova em detrimento desta para afirmar que o crente foi batizado com o Espírito Santo. Contudo, o que na prática tenho observado é que aqueles que dizem ter sido batizados com o Espírito mas que não fala­ram línguas, não estão tão seguros de que o foram quanto aqueles que falaram novas línguas.

 O QUE É DOM DE LÍNGUAS?

O dom de línguas é o meio sobrenatural através do qual o Espírito Santo leva o crente a falar uma ou mais línguas nunca antes estudada, portanto, estranhas àquele que a fala. Este dom nada tem a ver com a habilidade natural de se falar diferentes idiomas. Falar em línguas pela unção do Espírito Santo é "glossolalia" e não "poliglotismo". O dom de línguas está na esfera do sobrenatural.Muitos estudiosos desse assunto, com freqüên­cia, citam casos de missionários que, após longos anos tentando aprender a língua do povo ou da tri­bo com que trabalham, de momento começam a fa­lar aquela língua com uma fluência invejável, dis­pensando a ajuda de intérprete. E confundem, as­sim, esse fenômeno com o dom de línguas, quando o que aconteceu na verdade foi a manifestação do dom de milagres ou maravilhas.Quando Paulo escreveu aos Coríntios: "Dou graças ao meu Deus, porque falo mais línguas do que vós todos" (1 Co 14.18), não estava com isso dizendo que falava mais idiomas estran­geiros do que os crentes da igreja em Corinto. Se as­sim fosse o que Paulo estaria fazendo era demons­trar pura vaidade. Ele fazia alusão à glossolalia, ou seja, à habilidade sobrenatural de falar em línguas nunca antes estudadas

.3. QUAL A UTILIDADE DO DOM DE LÍNGUAS?

Grande é a utilidade do dom de línguas quando exercitado humildemente e com orientação do Es­pírito Santo. À luz de 1 Coríntios 14, o exercício do dom de línguas é útil para:a. falar mistérios com Deus. "... quem fala em outra língua, não fala a homens, senão a Deus, vis­to que ninguém o entende, e em espírito fala misté­rios" (v.2);b.         edificação individual. "O que fala em outra língua a si mesmo se edifica..." (v.4);c.     orar bem. "Porque, se eu orar em outra língua, o meu espírito ora de fato..." (v.14);d.      complemento do culto. "Que fazer, pois, ir­mãos? Quando vos reunis, um tem salmo, outro doutrina; este traz revelação, aquele outro língua, eainda outro interpretação", v.26.Falar de mistérios com Deus é um grande privi­légio. Aquele que fala em línguas estranhas tem consciência de que está orando a Deus, louvando-o ou rogando algo a Ele, não obstante desconheça o __significado daquilo que ora. Fala de acordo com o momento, e com uma força a jorrar dentro de si; mesmo assim, tem consciência de que é ele quem fala, e tem controle para começar ou terminar á hora que quiser.

 A pessoa fica perfeitamente calma e em pleno uso de suas faculdades mentais, cons­ciente do que está fazendo e do que está acontecen­do em torno dela. Freqüentemente está absorvida por uma conversa racional, e normal, imediata­mente antes e depois de falar em línguas.Não há nenhum pecado em o crente buscar edi­ficação espiritual ou individual através de uma identificação mais íntima com Deus. John F. Mac­Arthur diz no seu livro "Os Carismáticos" que o falar em línguas é um individualismo condenado por Paulo e que o individualismo deve ser evitado pelo cristão. Essa assertiva não tem apoio nas Es­crituras. Veja, por exemplo: se o falar em línguas mostra individualismo, e se o individualismo não edifica ninguém, como iria Paulo dizer que "o que fala em outras línguas a si mesmo se edifica"? 1 Co 14.4.Há uma grande incoerência entre a afirmação de John F. MacArthur e o pensamento de Paulo, que está mais claro no versículo 39 de 1 Coríntios 14: “... não proibais falar línguas". Se a edificação pes­soal fosse individualismo e egoísmo, Paulo jamais teria escrito a Timóteo: "Tem cuidado de ti mes­mo..." 1 Tm 4.16. Noutro lugar escreveu Judas: "Mas vós, amados, edificando-vos a vós mesmos sobre a vossa santíssima fé...", Jd 20.Uma igreja sólida ergue-se com o respaldo da edificação individual de cada um de seus membros.Falar a Deus em outras línguas é orar com o espírito e no espírito; fazer assim é orar bem. Atra­vés das línguas estranhas, o crente fala e o Espírito Santo comunica a ele a alegria (ou a angústia) que lhe vai no coração, o que, de outro modo, ao crente não seria revelado. Isto é o que ensina Paulo em Ro­manos 8.26:"E da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que ha­vemos de pedir como convém, mas o Espírito inter­cede por nós com gemidos inexprimíveis".Através das línguas estranhas, podemos elevar a Deus o mais puro louvor que as nossas tribulações e tentações impedem que façamos em nossa pró­pria língua.(NOTAS,IBID)

 QUEM NÃO FALOU EM OUTRAS LÍNGUAS?

Robert G. Gromacki, no seu livro "Movimento Moderno de Línguas", escreve:"Tem havido, e ainda há, muitos homens piedo­sos que não falaram línguas: Calvino, Knox, Wes­ley, Carey, Judson, Moody, Spurgeon, Torrey, Sundey e Billy Graham (...) Certamente eles têm manifestado mais santidade e têm testemunhado mais efetivamente em prol de Cristo do que muitos que pretendem ter falado línguas".Este argumento de Gromacki baseia-se em ho­mens, antes que nas Escrituras. O fato de não se ler que esses homens falaram em línguas estranhas, implica deveras em que eles não as tenham falado? Pode-se usar o silêncio deles sobre o assunto para formar uma doutrina de negação daquilo que a Bíblia ensina com clareza meridiana? E se eles não falaram línguas, isto invalidará a promessa divina? - De maneira nenhuma!Se o fato de alguns cristãos nobres não terem fa­lado em línguas anula a promessa de Deus, ou se o dom de línguas é inautêntico só porque os pentecos­tais "pretensamente" dizem ter falado em línguas, dar-se-ia o caso que a autenticidade ou a inautenticidade de qualquer dom divino pode ser evidencia­da pela aceitação ou pela rejeição parcial ou total desses dons.

 Partindo dessa premissa, atrevo-me a mostrar um número muito maior de crentes céle­bres que falaram e falam outras línguas do que aquele que os antipentecostais apontam como não tendo falado línguas.Vem o caso de fazer aqui a indagação de Paulo, feita em 1 Coríntios 3.5: "Quem é Apoio? e quem é Paulo?...". Quem foi Calvino, Knox, Wesley, Ca-rey, Judson, Moody, Spurgeon, Torrey, Sundey? e quem é Billy Granam senão "servos por meio de quem crestes, e isto conforme o Senhor concedeu a cada um". Deve-se porventura evocar a vida piedo­sa de qualquer um desses homens de Deus com o propósito de se anular algum dom do Espírito San­to, mesmo que seja o de língua? - Evidentemente não. 

 QUAL O COMPORTAMENTO MAIS SENSATO QUANTO AO DOM DE LÍNGUAS?

Evidentemente, o melhor comportamento quan­to ao dom de línguas é o que foi demonstrado pelo apóstolo Paulo, ainda no capítulo 14 de 1 Coríntios:- "Eu quero que todos vós faleis línguas es­tranhas", v.5.- “... pelo que, o que fala línguas estranhas, ore para que possa interpretar", v.13.-"Não proibais falar línguas", v.39.À igreja de Corinto não faltava dom algum (1 Co 1.7), o que faltava era o ensino quanto ao uso desses dons, haja vista o abuso que se fazia deles, principalmente do dom de línguas. Diante dessa necessidade, que fez Paulo? a) Disse que todos os crentes na igreja poderiam falar em línguas, desde que o fizessem de forma ordeira e dirigida, b) Orientou no sentido de que aqueles que falavam línguas orassem para que recebesse do Espírito Santo a capacidade de interpretá-las, a fim de que a igreja fosse edificada. Paulo poderia ter escrito: "Pelo que, o que fala línguas estranhas e não pode interpretar [deixe de falar]", mas não foi assim que fez. O objetivo da observação do apóstolo, visava a dimensionar o uso correto desse dom. c) Exortou en­tão aqueles que, por não possuírem sabedoria, que­riam proibir o dom de línguas, a que dessem livre curso a esse dom.Não há dons imperfeitos ou desnecessários, o que há é imperfeição ou omissão quanto ao uso dos dons por parte de alguns crentes.Se alguém tem um dos membros afetado por uma enfermidade, o que deve fazer para extirpar a enfermidade desse membro? - Cortar o membro doente? Não, de modo nenhum! O que deve é tratar do membro enfermo até que este possa voltar a exercer a sua função insubstituível, para o bem de todo o corpo.Billy Graham é de opinião que existe um dom de línguas real, em contraste com uma imitação, e que muitos dos que receberam esse dom foram transformados espiritualmente - alguns por pouco tempo e outros permanentemente.

. NORMAS QUANTO AO USO DO DOM DE LÍNGUAS

Quanto ao exercício do dom de línguas, o após­tolo Paulo não só ratifica a liberdade que o crente tem de exercitar o dom, mas também estabelece um princípio normativo para esse exercício, prin­cipalmente no culto público, onde pessoas não-crentes tenham acesso.Segundo Paulo, aquele que possui o dom de línguas deve observar o seguinte:a)       - "Pelo que, o que fala em outra língua, ore para que a possa interpretar", 1 Co 14.13.Paulo diz que se alguém fala em línguas e as in­terpreta está contribuindo para a edificação da igreja, como também o faz aquele que profetiza. Assim, aquele que fala em outra língua deve ter o cuidado de não fazer do culto público um espetácu­lo de glossolalia, a não ser que possa interpretar a língua que fala.b) - "No caso de alguém falar em outra língua, que não seja mais do que dois ou quando muito três, e isto sucessivamente, e haja quem interprete. Mas não havendo intérprete, fique calado na igreja, falando consigo mesmo e com Deus", 1 Co 14.27,28.O culto público nunca deve ser transformado num festival de línguas estranhas; tampouco a mensagem evangelística ou de doutrina deve ser in­terrompida pelo falar em língua estranha. Pergunta o apóstolo Paulo:"Se, pois, toda a igreja se reunir no mesmo lu­gar, e todos se puserem a falar em outras línguas, no caso de entrarem indoutos ou incrédulos, não di­rão porventura, que estais loucos?" 1 Co 14.13.No caso de manifestar-se o dom de línguas em culto público, que somente dois, ou quando muito três, falem em línguas; não os dois ou os três de uma só vez, mas um após o outro, e com a condição de haver quem interprete; do contrário, que "fique calado na igreja, falando consigo mesmo e com Deus", ou seja, que não perturbe a boa ordem do culto atraindo para si as atenções dos presentes, em detrimento da pregação e do louvor.(NOTAS,IBID)

.. "FAÇA-SE TUDO DECENTEMENTE E COM ORDEM",

 1 Co 14.40Os pentecostais, em geral, são tachados de ba­rulhentos, emocionais e, às vezes, de desordeiros. Para aqueles que se lhes opõem, "faça-se tudo de­centemente e com ordem" é o versículo preferido. Para esses (os antipentecostais) "decência e or­dem" é o mesmo que silêncio. Um cemitério, por exemplo, retrata muito bem a decência e ordem que eles gostariam de ver entre os pentecostais. Os que habitam os cemitérios não perturbam ninguém, eles têm perfeita ordem; mas eu conheço milhares de pessoas que preferem mil vezes a "desordem" dos vivos à decência e ordem dos mortos. Vem ao caso lembrar as palavras do Dr. John Alexander Mackay, presidente emérito do Seminário Princeton:"Se eu tivesse de fazer uma escolha entre a vida inculta dos pentecostais e a morte estática das igre­jas mais antigas, pessoalmente, preferiria essa vida inculta". Noutra oportunidade disse ainda o Dr. _Mackay: "Alguma coisa está errada quando a emo­ção se torna legítima em tudo, exceto na religião". Um certo pregador disse:"Hoje em dia, vai-se ao futebol para torcer; ao cinema para chorar, e à igreja para gelar". E, pros­seguindo, disse como testar a realidade da emoção em qualquer experiência espiritual, usando esta re­gra: "Não me importa seus pulos e gritos em meio à emoção, desde que, passando aquele momento, vo­cê tenha vida equilibrada".O medo dos "erros" dos pentecostais, manifes­tos por excesso de emoção, tem impedido que mui­tos crentes sinceros gozem um Cristianismo vivo e dotado do genuíno frescor espiritual. Eles são pes­soas incapazes de acertar, porque são dominados pelo medo de errar, pelo que jamais farão coisa al­guma. Conheço muitos crentes que estão acuados entre o profundamente humano e aquilo que po­dem experimentar pela operação do Espírito Santo, só porque os seus líderes os ensinaram a pensar e a agir assim. Lembra-me a história do pescador que, ao apanhar um peixe, o media, e, se o pescado me­disse mais de 25 centímetros de comprimento, ele o devolvia à água. Naquele instante aproximou-se um turista que, curioso com o que via, perguntou porque o pescador agia assim, ao que ele respon­deu: "É que minha frigideira só tem vinte e cinco centímetros de diâmetro, e não adianta levar para casa um peixe maior do que a medida que ela comporta". Infelizmente, muitos crentes são como esse pescador: incapazes de buscar e reter consigo uma experiência que vá além dos limites estabelecidos pelos seus teólogos e líderes.João Wesley, o grande avivalista inglês, acerca dos gritos, convulsões, danças, visões e coisas teste­munhadas nos seus dias, disse:"O perigo consiste em dar-lhes um pouco de va­lor, em condená-las abertamente, em imaginar que não provenham da parte de Deus; e isso serve de obstáculo ao trabalho do Espírito, pois a verdade é que:"a. Deus tem convencido,  forte e subitamente, a muitos de que são pecadores perdidos, e as conse­qüências naturais disso têm sido clamores súbitos e violentas convulsões corporais;"b. para fortalecer e encorajar os que crêem, e para tornar a sua obra mais evidente, o Senhor fa­voreceu a alguns deles com sonhos divinos, e a ou­tros com êxtases e visões;"c. em algumas dessas instâncias, após algum tempo, a natureza humana mescla-se com a graça;"d. o próprio Satanás imita essa parte da obra de Deus, a fim de lançar no descrédito toda a obra; no entanto, não é mais sábio desistir dessa porção do que desistir do todo. A princípio, sem dúvida al­guma, tudo se originava inteiramente em Deus. E, parcialmente, continua assim, até os nossos pró­prios dias; e Ele nos capacitará a discernir até que ponto, em cada caso, a situação é pura, bem como onde se mescla com coisas estranhas e se degenera. A sombra não é motivo para desprezarmos a subs­tância, nem o diamante falso para recusarmos o au­têntico".Outro depoimento digno de observação quanto a esse assunto, é do Dr. T.B.Barratt, de Oslo, No­ruega:"Os sinais sobrenaturais, os dons do Espírito, as _demonstrações do corpo, tudo é uma parte apenas desse Movimento Pentecostal, mas a grande in­fluência moral desse avivamento, o poderoso ímpe­to espiritual que ele nos traz é de monta muito maior".

Os antipentecostais, preocupados em denunciar as exceções, pisoteiam as regras. Ao tentarem ex­purgar os pentecostais do seio da Igreja, estão de­nunciando a esterilidade de suas próprias igrejas. Isso lembra o que disse o teólogo suíço, Karl Barth:"Ao jogarem fora a água em que banharam a criança, jogaram também a criança. Ao tentarem tornar o cristianismo plausível para os céticos, o que conseguiram foi torná-lo destituído de senti­do".O capítulo 6 de 2 Samuel relata a volta da arca do Senhor á cidade de Jerusalém. A alegria de Davi pelo evento era tal, que "saltava com todas as suas forças diante do Senhor".Mas "sucedeu que, entrando a arca do Senhor na cidade de Davi, Mical, a filha de Saul, estava olhando pela janela; e, vendo o rei Davi, que ia bai­lando e saltando diante do Senhor, o desprezou no seu coração".No final da festa, "embriagado" pela alegria do Senhor, Davi volta para casa, e Mical, sua mulher, sai-lhe ao encontro e lhe censura o comportamento, dizendo:"Quanto honrado foi o rei de Israel, descobrin­do-se hoje aos olhos das servas de seus servos, como sem pejo se descobre qualquer vadio. "Disse, porém, Davi a Mical: Perante o Senhor, que me escolheu a mim antes do que a teu pai, e a toda a sua casa, mandando-me que fosse chefe sobre o povo do Senhor, sobre Israel, perante o Senhor me tenho ale­grado. E ainda mais do que isto me envilecerei, e me humilharei aos seus olhos; e das servas, de quem me falaste, delas serei honrado", vv.20-22.Para Mical, indiferente ao significado da volta da arca do Senhor à cidade de Jerusalém, era fácil, através da janela do palácio real, fazer mau juízo de Davi, que, feliz, em meio ao povo, dançava de alegria na presença do Senhor. Para Mical impor­tava a "etiqueta", como para os antipentecostais importa hoje a "decência e ordem" cemiterial.Na cristandade de hoje acontece o mesmo: ser pentecostal é para muitos um agravo ao pudor evangélico. Alguém pode escrever ou dizer porque não é pentecostal, e o seu testemunho é como um grande serviço prestado a Deus; mas, se alguém es­creve porque é pentecostal, isso parece uma idioti­ce: é como Davi tentando convencer a Mical porque dançava nas ruas de Jerusalém no meio da plebe.

O último versículo do capítulo 6 de 2 Samuel diz:"E Mical, a filha de Saul, não teve filhos, até ao dia da sua morte".O contexto deste versículo mostra que a esterili­dade de Mical era devida à censura feita por ela ao rei Davi. Esta, sem dúvida, tem sido a inevitável sentença sob a qual têm estado grande parte das denominações cujos líderes têm feito do antipentecostalismo o seu apostolado.Apesar disso, o número de pentecostais conti­nua crescendo, e sabe-se que há hoje em todo o mundo nada menos de cinqüenta milhões de cren­tes que têm experimentado a promessa pentecostal __do batismo com o Espírito Santo, acompanhada do falar em outras línguas.O crescimento das igrejas pentecostais tem sido considerado um verdadeiro fenômeno pelos estu­diosos de assuntos eclesiásticos. 


                      A HISTORICIDADE DO DOM DE LÍNGUAS

A história mostra que a experiência pentecostal de falar línguas estranhas constitui-se num círculo ininterrupto desde o dia de Pentecoste até os nossos dias, e continuará até que Cristo volte.Agostinho escreveu no IV século:"É de esperar-se que os novos convertidos falem em novas línguas".Irineu, discípulo de Justino discípulo do apósto­lo João, escreveu:"Temos em nossas igrejas irmãos que possuem dons proféticos e, pelo Espírito Santo, falam toda classe de idiomas".João Crisóstomo, no V século escreveu:"Qualquer pessoa que fosse batizada nos dias apostólicos, imediatamente falava em línguas".Tertuliano inseriu nos seus escritos manifesta­ção dos dons do Espírito Santo, entre os quais o dom de línguas, no meio dos montanistas, movi­mento ao qual ele pertencia.O decano Farrar, em seu livro "Das Trevas à Aurora", refere-se aos cristãos perseguidos em Ro­ma, cantando hinos e falando em línguas desconhe­cidas.Na História da Igreja Alemã, lemos o seguinte:"O Dr. Martinho Lutero foi um profeta, evange­lista, falador em línguas e intérprete, tudo em uma só pessoa, dotado de todos os dons do Espírito".Na História da Igreja Cristã, escrita por Filipe Schaff, edição de 1882, ele escreve que o fenômeno de falar em línguas tem reaparecido de quando em quando nos avivamentos dos Camisards e dos Cevennes, na França e entre os primitivos Quakers e Metodistas, seguidores de Lasare da Suécia em 1841-1843, e entre os irlandeses em 1859, e final­mente, até os nossos dias.Na história dos avivamentos de Finney, Wesley, Moody e outros, houve demonstração do poder do Espírito Santo no dom de falar línguas com pros­trações físicas e estremecimento debaixo do poder de Deus. Charles G. Finney assegura em sua auto­biografia que o Senhor se manifestou aos seus discí­pulos nesta geração, assim como fez nos tempos apostólicos.__James Gilchrist Lawson, em seu livro "Profun­das Experiências de Cristãos Famosos", escreve: "Em algumas ocasiões o poder de Deus se mani­festava em tal grau nas reuniões de Finney, que quase todos os presentes caíam de joelhos em ora­ção, ou melhor, oravam com lamentos e queixumes inenarráveis pelo derramento do Espírito de Deus". O Rev. R. Boyd, batista, amigo íntimo de Dwight L. Moody, relata no seu livro "Provas e Triunfes da Fé", edição de 1875:"Quando cheguei ao Vitória Hall, Londres, en­contrei a assembléia ardendo. Os jovens estavam falando em línguas e profetizando. Qual seria a ex­plicação de tão estranho acontecimento? Somente que Moody os estava dirigindo naquela tarde".Stanley Frodsham, em seu livro "Estes Sinais Seguirão", dá detalhes do poderoso derramamento do Espírito Santo em 1906, em Los Angeles, Cali­fórnia:"Centenas de leigos e ministros, todos por igual, de todo os Estados Unidos - metodistas, episco­pais, batistas, presbiterianos, e os denominados se­guidores da doutrina da Santidade - de diferentes nacionalidades, foram batizados com o Espírito Santo e falavam em outras línguas, seguindo-se os sinais".

No seu livro "Demonstração do Espírito San­to", H.H. Ness escreveu:"Quando o fogo pentecostal brotou com ímpeto entre os cristãos das igrejas da Aliança Missionária Cristã nos estados de Ohio, Pensilvânia, Nova Ior­que e outros estados do Noroeste dos Estados Uni­dos, faz alguns anos, em muitos deles houve de­monstração do poder do Espírito Santo, o que foi visto, sentido e ouvido. Resultaram notáveis mila­gres de cura divina - recuperação de saúde de ce­gos, surdos, mancos e outros afligidos - pela oração da fé. Mais ainda, não houve ali somente prostra­ções e línguas desconhecidas, mas houve também surpreendentes casos em que pessoas foram levan­tadas do solo pelo poder de Deus".Nestes últimos anos tem-se tornado comum ler em jornais, revistas e livros, a respeito da experiên­cia de falar línguas estranhas entre evangélicos de denominações até então invulneráveis à ação sobre­natural do Espírito Santo.O jornal episcopal "The Living Church", há al­guns anos, trouxe o seguinte sobre o fenômeno de falar línguas estranhas:"O falar em línguas não é mais um fenômeno de alguma seita estranha do outro lado da rua. Está em nosso meio, e vem sendo praticado pelo clero e pelos leigos, homens de nomeada e boa reputação na igreja. Sua introdução generalizada se chocaria contra nosso senso estético e contra algumas de nossas mais intrincheiradas idéias preconcebidas. Mas sabemos que somos membros de uma igreja que de toda sorte precisa de um choque - se Deus tem escolhido este tempo para dinamitar o que o bispo Sterling, de Montana, designou de 'respeita­bilidade episcopal', não conhecemos explosivo de efeito mais terrivelmente eficaz".No "The Episcopalian" de 15/05/1968, disse o Rev. Samuel M. Shoemaker:"Sem importar o que significa o antigo-novo fe­nômeno do 'falar línguas', o mais admirável é que se declara, não apenas no seio dos grupos pentecos­tais, mas também entre os episcopais, os luteranos _e os presbiterianos. Eu mesmo não passei por essa experiência, mas tenho visto pessoas que a têm re­cebido, e isso as tem abençoado e dado um poder que não possuíam antes. Não pretendo entender esse fenômeno, mas estou razoavelmente certo de que indica a presença do Espírito Santo, assim como a fumaça que sai de uma chaminé indica a presença de fogo por baixo. E sei com certeza que isso significa que Deus quer entrar na igreja anti­quada e autocentralizada como geralmente ocorre, para que lhe outorgue uma modalidade de poder que a torne radiante, excitante e altruísta. Devería­mos procurar compreender e ser reverentes para com esse fenômeno, ao invés de desprezá-lo ou zombar dele".

 9.CESSOU O DOM DE LÍNGUAS?

No seu livro "Os Carismáticos", John F. Ma­cArthur escreve o seguinte:"Primeiro Coríntios 13.8 declara claramente que 'as línguas cessarão'. Quanto a esse 'cessar', o verbo grego não se encontra na voz passiva mas na voz reflexiva, que sempre enfatiza o sujeito que faz a ação. O que essa frase no versículo 8 está dizendo é que 'as línguas cessarão por si mesmas'."Se as línguas cessarão por si, a questão é quando? Depois de diversos anos de estudo, em que li to­dos os lados da questão e discuti com carismáticos como também com pessoas não-carismáticas, estou convencido, sem dúvida alguma, de que as línguas cessaram na era apostólica, e que, quando cessaram, foi uma coisa permanente".É evidente que este raciocínio do antipentecostal John F. MacArthur é falho e não honra as Escrituras, nem se harmoniza com a historicidade da glossolalia que se tem tornado um círculo ininterrupto desde o dia de Pentecoste até os nossos dias. O dom de línguas é um dom atualíssimo.Para melhor compreensão do assunto, é importante citar não só o versículo 8 de 1 Coríntios 13, mas também os versículos 9 e 10:"A caridade nunca falha; mas havendo profe­cias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciências desaparecerá; porque em parte, conhecemos, e em parte profetizamos; mas, quando vier o que é perfeito, então o que é em parte será aniquilado"

.MacArthur assegura que as línguas cessaram na era apostólica, porém, como os demais antipentecostais, é de opinião de que "profecia" e "ciência" são dons ainda operantes na igreja de hoje. É sim­plesmente inconcebível que as línguas tenham ces­sado, e "profecia" e "ciência" que estão sujeitas ao mesmo espaço de vigência, ainda continuem.A alusão de Paulo às línguas, profecia e ciência, é feita em termos de comparação com a caridade. É evidente que há circunstancia em que o próprio amor chega a faltar, mas isto não é regra, mas uma exceção.John F. MacArthur tem dificuldade em fixar com exatidão bíblica, quando o dom de línguas ces­saria. A maioria dos antipentecostais, cujas obras tenho consultado, são de opinião de que 1 Coríntios 13.10 - “... mas quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado" - significa que quando fosse encerrado o cânon divino (segundo eles) o que Paulo se refere como "o que é perfeito", __então o que é perfeito em parte (segundo eles, refe­rente ao dom de línguas e aos demais dons), será aniquilado.Se as Escrituras não dizem o que dizem os seus escritos, como dirão aquilo que dizem os antipente­costais? Ao escrever sobre uma aparente transitoriedade do dom de línguas, o apóstolo Paulo se refe­ria simplesmente às limitações às quais estamos su­jeitos até que aquele que é perfeito (Jesus Cristo) apareça na plenitude da sua glória, quando então seremos semelhantes a Ele: Jó 19.25-27; Sl 17.15; 1 Jo 3.2."De igual modo, agora só podemos ver e com­preender um pouquinho a respeito de Deus, como se estivéssemos observando seu reflexo num espe­lho muito ruim; mas o dia chegará quando o vere­mos integralmente, face a face. Tudo quanto sei agora é obscuro e confuso, mas depois verei tudo com clareza, tão claramente como Deus está vendo agora mesmo o interior do meu coração", 1 Co 13.12 (0 Novo Testamento Vivo).

10. MAIS EVIDÊNCIAS DA ATUALIDADE DO DOM DE LÍNGUAS .

Sabe-se que, hoje, nada menos de cinqüenta mi­lhões de cristãos, espalhados por todas as partes do mundo, em diferentes denominações, falam em línguas. São crianças, jovens, e adultos que gozam do glorioso privilégio de adorar a Deus em novas línguas. Sabe-se que até irmãos mudos-surdos têm sido tomado pelo Espírito Santo e inspirados a falar em línguas como acontece a qualquer pessoa nor­mal. Mesmo igrejas até há pouco invulneráveis à operação do Espírito Santo, têm levantado a sua voz, num vibrante testemunho quanto à atualidade dos dons do Espírito Santo.Sob o patrocínio do Rev. Sílvio Ribeiro Ladeira, pastor da Igreja Presbiteriana Independente de Carapicuíba, São Paulo, foi publicado recentemente o livro "O Movimento Carismático e a Teologia Re­formada", de autoria do Dr. J. Rodman Williams, que traz a opinião de ilustres teólogos e de famosas igrejas quanto à atualidade do dom de línguas.A. A. Hoekema, teólogo reformado conservador, escreve:"... não podemos certamente limitar o Espírito Santo, sugerindo que seria impossível para Ele con­ceder o dom de línguas hoje."A "Dutch Reformed Church" da Holanda, em sua carta pastoral de 1960, sobre a Igreja e os Gru­pos Pentecostais, diz:"Achamos presunçoso afirmar que o falar em línguas foi algo somente para o início do Cristia­nismo. A evidência bíblica em Atos e 1 Coríntios 12 a 14 é demasiado explícita para isso. O fato de falar em línguas ter também um significado em nossos dias, não pode ser, portanto, posto de lado."

 Os dons do Espírito Santo hoje

Dentre as insondáveis riquezas espirituais que Deus colocou à disposição da sua Igreja na terra, destacam-se os dons sobrenaturais do Espírito San­to, apresentados pelo apóstolo Paulo, em sua pri­meira epístola aos Coríntios, como agentes de po­der e de vitória desta mesma Igreja.A Igreja é um organismo vivo, um fenômeno sobrenatural cujas origens estão no Céu. Como tal, ela possui uma responsabilidade igualmente sobre­natural, pelo que carece da operação sobrenatural do Espírito do Deus vivo. Foi por isso que Jesus, após sentar-se à direita do Pai, enviou o Espírito Santo como agente capacitador da Igreja, para le­vá-la a cumprir a sua missão no mundo: At 2.33.Devemos ter sempre em mente que o próprio Cristo não exerceu o seu ministério na sua própria força, mas na força do Espírito Santo: Lc 4.18,19. -_Os apóstolos, igualmente, a exemplo do seu Mes­tre, também levaram a cabo o seu próprio ministé­rio na força e poder do Espírito Santo. Todas as de­cisões da igreja primitiva partiam sempre do se­guinte princípio: “... pareceu bem ao Espírito Santo e a nós...", At 15.28.      Qual tem sido o erro de muitas das nossas igre­jas hoje, senão o de negligenciar o ministério sobe­rano, poderoso e determinante do Espírito Santo? Essas igrejas, ignorantes das grandes possibilida­des do Espírito Santo, condenam milagres sem processo, desprezam profecias sem consulta e ignoram  a revelação sem a mínima razão. Como diz a Bíblia Sagrada: “... falando mal daquilo em que são igno­rantes...", 2 Pe 2.12. Esquecem-se de que há quase dois mil anos, Jesus prometeu, de maneira categórica, que o Espírito Santo estaria conosco e nos  guiaria a toda a verdade: Jo 16.13.A igreja dos dias hodiernos jamais será uma igreja de visão de alcance novitestamentário, senão por meios novitestamentários.As grandes conquistas da igreja dos primeiros cem anos da era atual, não foram alcançadas como o resultado de métodos e recursos teológicos empre­gados pelos apóstolos. Foram, sim, o resultado con­creto da operação sobrenatural do Espírito Santo na vida dos convertidos. O Espírito Santo foi o grande estrategista e comandante das conquistas realizadas. Onde quer que um crente fosse, aí ia a Igreja do Deus vivo, a caixa ressonante do Espírito.Onde quer que o Espírito Santo fosse derrama­do, os doentes eram curados; revelações, profecias, línguas e interpretação eram vistas e ouvidas. Os dons do Espírito Santo eram a combustão que punha em ação a dinâmica máquina da Grande Co­missão.A Igreja de Cristo da nossa geração possui uma responsabilidade apostólica, e, para cumpri-la, ne­cessita dos grandes recursos espirituais, que são os dons do Espírito Santo.1.F.Raimundo Oliveira,doutrina do Espirito santo,1988,cpad)  

      Interpretação das línguas (1 Co 12.10). É um dom de manifestação de mensagem verbal, sobrenatural, pelo Espírito Santo. Não se trata de “tradução de línguas”, mas de “interpretação de línguas”. Tradução tem a ver com palavras; interpretação com mensagem.


2. Dons espirituais de ministérios práticos (Rm 12.6-8; 1 Co 12.28-30). São administrações de serviços práticos que, pela sua natureza, residem no portador.

a) Ministério (Rm 12.7). É servir capacitado sobrenaturalmente pelo Espírito Santo. Ministração, prestar serviço material e espiritual sem esperar reconhecimento ou remuneração.
b) Ensinar (Rm 12.7). É o dom espiritual de ensinar, tanto na teoria, como na prática; ensinar fazendo; ensinar a fazer e a entender. Não confundir com o ministério de ensino de Efésios 4.11 e Atos 13.1.
c) Exortar (Rm 12.8). Exortar aqui, é como dom: ajudar, assistir, encorajar, animar, consolar, unir pessoas separadas, admoestar.
d) Repartir (Rm 12.8). O sentido é doar generosamente, oferecer; distribuir aos necessitados sem esperar recompensa ou reconhecimento, movido pelo Espírito. Este dom ocupa-se da benevolência, beneficência, humanitarismo, filantropia, altruísmo.
e) Presidir (Rm 12.8). É conduzir, dirigir, organizar, liderar, orientar com segurança, conhecimento e discernimento espiritual.
f) Exercitar misericórdia (Rm 12.8). Este dom refere-se à assistência aos sofredores, necessitados, carentes; fracos, enfermos, presos, visitação, compaixão.
g) Socorros (1 Co 12.28). Literalmente “achegar-se para socorrer”. É o caso de enfermos, exaustos, famintos, órfãos, viúvas, etc.
h) Governos (1 Co 12.28). É um dom plural no seu exercício. É dirigir, guiar e conduzir com segurança e destreza. O termo original sugere pilotar uma embarcação com segurança, destreza e responsabilidade.

3. Dons espirituais na área do ministério. Esses dons são enumerados em Efésios 4.11 e 1 Coríntios 12.28,29, a saber: apóstolos, profetas, evangelistas, pastores, doutores ou mestres.

                         RESPONSABILIDADE QUANTO AOS DONS

1. Conhecer os dons. “Acerca dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes” (1 Co 12.1).
2. Buscar os dons. “Procurai com zelo os melhores dons” (1 Co 12.31).
3. Zelar pelos dons. “Procurai com zelo os dons espirituais” (1 Co 14.1).
4. Ser abundante nos dons. “Procurai sobejar neles, para a edificação da igreja” (1 Co 14.12).
5. Ter autodisciplina nos dons. “E os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas” (1 Co 14.32).
6. Ter decência e ordem no exercício dos dons. “Mas faça-se tudo decentemente e com ordem” (1 Co 14.40). 
Poder, sinais, curas, libertação e maravilhas devem caracterizar um genuíno avivamento pleno de renovação espiritual e pentecostal. No entanto, deve ser livre de escândalos, engano, falsificação, mas dentro da decência e da ordem que a Palavra de Deus preceitua (1 Co 14.26-40).

“Propósito dos Dons Espirituais: Fortalecer a Igreja.

Visto ser o propósito dos dons espirituais fortalecer a Igreja, as curas, os milagres, as línguas e a profecia não se confinam aos apóstolos, ou a umas poucas pessoas do primeiro século da era cristã. Antes, esses dons foram largamente distribuídos no seio da Igreja. Como já disse, o dom de profecia encontrava-se na igreja em Roma (Rm 12.6), Corinto (1 Co 12.10), Éfeso (Ef 4.11), Tessalônica (1 Ts 5.20) e Antioquia (At 13.1). O Novo Testamento também cita alguns indivíduos não-apóstolos, mas que eram chamados profetas ou exerciam dons de revelação: Ágabo (At 11.28; 21.10,11), Judas e Silas (At 15.32), as quatro filhas de Filipe, que profetizavam (At 21.9), e Ananias (At 9.10-19). Milagres eram operados em Corinto (1 Co 12.20) e nas igrejas da Galácia (Gl 3.5). Havia dom de línguas em Jerusalém (At 2.1-13), em Cesaréia, entre os convertidos gentios (At 10.44-48), em Éfeso (At 19.1-7), em Samaria (At 8.14-25) e em Corinto (1 Co 12-14).


O propósito de fortalecer a Igreja é particularmente verdadeiro quanto ao dom da profecia. Paulo mantém que ‘o que profetiza, fala aos homens, edificando, exortando e consolando’ (1 Co 14.3). E, novamente: ‘O que profetiza edifica a igreja’ (1 Co 14.4). Visto ser a edificação o propósito primário dos dons espirituais, como poderia alguém concluir que foram retirados da Igreja? Se esses dons edificaram a Igreja no primeiro século, por que não a edificariam no século XX? As próprias declarações da Bíblia forçam-nos a crer na sua continuidade”.(DEERE, J. Surpreendido pelo poder do Espírito. RJ: CPAD, 1995, p.135.)



                         FIDELIDADE NO USO DOS DONS

“Rogo-vos”. Este termo no original significa, “eu os exorto” (12.1), isto é, “os encorajo ou admoesto”. O apelo à “compaixão de Deus” conforma-se ao caráter litúrgico da passagem. Os versículos 1 e 2 apresentam termos que lembram os sacrifícios do Antigo Testamento: “apresentar” (o altar), “sacrifício” (a vítima), “culto” (o serviço), “perfeito” (a qualidade). No entanto, diferencia-se deste em razão de ser vivo e racional — dois elementos não encontrados no animal utilizado no sacrifício na Antiga Aliança. O “culto racional” é aquele que procede da plena consciência de que, uma vez livres do pecado pela graça, devemos nos oferecer voluntariamente como sacrifício espiritual, santo e agradável a Deus como demonstração da operação da graça divina em nossas vidas. O crente é chamado para ser “conforme” à imagem de Cristo (Rm 8.29), portanto, não pode se “conformar” ou seguir o modelo do mundo (v.2). Pelo contrário, viver a vida cristã renovada segundo a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. Esta nova vida requer o uso diligente dos dons espirituais concedidos aos crentes. 
Todo serviço no Reino de Deus deve ser feito à base de verdadeira fé. É o Senhor que habilita o crente, mediante dotação especial, a realizar sua obra da melhor maneira possível. É dele que provém toda a ciência, capacidade e dons ministeriais e espirituais. Por isso, não podemos fazer a obra de Deus com espírito de competição. O único objetivo do nosso labor deve ser o desenvolvimento e o bem-estar do corpo de Cristo.

 UM APELO À CONSAGRAÇÃO PESSOAL

Antes de tratar de alguns dons especiais concedidos pelo Espírito Santo, e de falar sobre o corpo de Cristo, o apóstolo Paulo rogou aos irmãos de Roma que consagrassem suas vidas a Deus, a fim de conhecerem, por experiência, a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. Segundo o apóstolo, esta é a única forma de sermos o que Ele quer que sejamos e de fazermos o que deseja que façamos. É justamente esta entrega total como “sacrifício vivo”, este ato de adoração incondicional, que torna o cristão capaz de ser usado plenamente por Deus.
 Um apelo à consagração. “Rogo-vos, pois, irmãos” (v.1). Rogar é suplicar, apelar com intenso desejo de alcançar alguma coisa. Paulo rogou aos crentes de Roma, em nome da compaixão divina, que apresentassem seus corpos em “sacrifício vivo, santo e agradável a Deus”, isto é, que se separassem completamente das coisas mundanas e se dedicassem integralmente a Deus e ao seu serviço.
Nesta passagem, Paulo faz-nos um apelo à consagração total. E esta consagração envolve dois atos distintos: o de Deus e o nosso. O nosso é apresentar-nos; o de Deus é tornar-nos capazes de pôr em prática a sua vontade.
 Um apelo à humildade. Ao realizarmos a obra de Deus, não devemos fazê-lo por nossa própria sabedoria, mas conforme a medida da fé que é concedida por Deus. Paulo exorta os irmãos romanos a não terem de si mesmos um conceito acima do que se deve. Consideremos, pois, as verdades abaixo:
a) Há sempre a tentação da superestimação da própria importância. É bom notar que Paulo dirigia-se a uma comunidade que estava em Cristo.
b) Não se deve esquecer de que Deus concedeu a cada crente uma certa “medida” de fé. Não devemos nos estribar no próprio conhecimento, mas, com temperança buscar somente o que convém.
c) Somente os que discernem a vontade de Deus e se rendem integralmente a Ele conseguem identificar sua real posição no corpo de Cristo.
d) É imprescindível ao cristão ter uma idéia correta de si mesmo para integrar-se perfeitamente ao corpo de Cristo.

 A IGREJA COMO O CORPO DE CRISTO

O apóstolo Paulo utilizou-se da figura do corpo humano para demonstrar a função de cada membro do corpo de Cristo na administração dos dons.
 Um só corpo em Cristo. Cada membro tem sua função, específica a desempenhar e, contudo, num corpo sadio, todas as partes funcionam harmoniosa e independentemente para o bem do todo, assim deve ser na igreja (Ef 1.22,23).
A união de cada membro tem de ser justa e perfeita (1 Co 12.12). Não pode haver desunião nem diferenças entre os irmãos, pois Deus colocou “cada um deles como quis”. Quando um membro sofre, todos padecem com ele! (1 Co 12.25,26).
O valor de cada membro é medido pela contribuição que dá ao bom funcionamento do corpo inteiro (1 Co 12.21-23). Qualquer atividade dentro da igreja só terá valor se estiver relacionada com o todo. O trabalho do corpo como um todo é o que importa!
 Diferentes membros, diferentes funções. Somos diversos membros com distintas funções no corpo. Sendo Deus quem confere dons especiais aos crentes (1 Co 12.4-11), cada qual deverá exercer seu trabalho com o único objetivo de enaltecer a Cristo, que é a cabeça do corpo, e não a si mesmo.
Portanto, se somos mãos, pés, ouvidos, boca, etc, Cristo realiza sua obra através de nós. Para isso fomos comissionados. Aleluia! (Mt 28.19,20).

O USO DOS DONS

O apóstolo Paulo não teve a finalidade de listar ou classificar os dons. Ele apenas preocupou-se com o uso destes, entre muitos outros, que podem trazer conforto, unidade e crescimento para a igreja.
 Profecia. A profecia é um dos dons verbais colocados à disposição dos santos com o propósito de exortar, edificar e consolar a igreja. Ela é concedida ao crente pelo Espírito Santo, de forma direta e imediata, a fim de trazer à luz a verdade divina. Este dom deve ser exercido segundo a medida da fé (v.6); isto é: o poder espiritual dado a cada crente para o desempenho de sua responsabilidade específica. Há dois pontos que devem ser considerados:
a) O crente que profetiza tem de saber perfeitamente quando está indo além do que lhe foi dado, e deve estar consciente de sua responsabilidade de entregar somente o que Deus lhe autorizou. É necessário que o servo de Deus esteja totalmente sob o controle do Espírito de Deus.
b) O crente que profetiza tem de saber que toda a profecia deve ser julgada, provada (1 Co 14.29; 1 Ts 5.19-21) Toda verdade concedida pelo Espírito Santo é coerente e não se contradiz. Sendo assim, qualquer profecia, para ser aceita, deve ser submetida ao padrão estabelecido pela Profecia Escrita, a Palavra de Deus (Gl 1.8; 1 Jo 2.20,27; 4.1-3).
 Serviço. É a disposição, ou capacidade, concedida por Deus, para o crente servir e prestar assistência prática aos membros e aos líderes da igreja. Este dom se manifesta em toda forma de ajuda que os cristãos possam prestar uns aos outros, em nome de Jesus. Os que possuem este dom têm prazer em ministrar aos santos as coisas materiais que lhes são necessárias. O dom do serviço, como qualquer outro, é essencial para o bom funcionamento do corpo de Cristo. Quem o tem deve exercê-lo empregando toda a sua energia, no temor do Senhor.
 Ensino. Diferente da profecia, que é de inspiração direta e imediata (1 Co 14.30), o ensino é resultado da preparação do mestre. Ele é exortado a estudar, a ler, a meditar na Palavra de Deus (1 Tm 4.14-16). Quem ensina recebe de Deus uma capacidade especial para expor e esclarecer as Escrituras com poder e eficiência, a fim de edificar o corpo de Cristo.
 Exortação. Há uma diferença fundamental entre exortar e ensinar. O ensino tem por objetivo transmitir o conhecimento, lidar com o intelecto, a mente. A exortação toca no coração e atinge a consciência e a vontade de quem está sendo exortado, de modo que a sua fé é estimulada. O crente passa a ter um maior compromisso com o Reino de Deus. Na exortação, as verdades ensinadas são aplicadas imediatamente à vida cristã. Quem tem o dom de exortar não é necessariamente um mestre, embora possa sê-lo (At 11.23).
 Repartir. Há pessoas especialmente capacitadas por Deus para dar, repartir com os que não têm. Estas devem fazê-lo com simplicidade, lembrando-se das palavras do Mestre: “não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita” (Mt 6.1-4).
 Governo. É o dom de exercer governo ou presidir, de alguma forma, na Igreja. É a tarefa de cuidar do povo e dos bens do Reino (Hb 13.7; 1 Tm 5.17; 1 Ts 5.12,13). Aos que têm este dom, o apóstolo Pedro diz: “apascentai com cuidado, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto, nem como tendo domínio sobre o rebanho de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho” (1 Pe 5.2-4).
 Misericórdia. É o dom de ministrar e prestar ajuda aos necessitados e aflitos. Este dom deve ser posto em prática com todo o coração, bom ânimo e entusiasmo. Aquele que tem este dom comunica todo o amor divino aos angustiados.
Os dons individuais (12.6-8).Antes de examinar os dons individualmente, devemos enfatizar que para cada dom o ponto é o mesmo: Se você tem um, use-o. E por isso que a lista de dons é incompleta — de fato, nenhuma lista de dons feita por Paulo é exaustiva (1 Co 12.8-10,28; Ef 4.11). Embora a passagem diante de nós apresente algumas explicações sobre como esses dons devem ser usados, o propósito primário de Paulo é motivação, não instrução. Isso não é incomum. Paulo não define os vários dons em nenhuma das passagens onde ele os alista. Ele presume um entendimento comum por parte da audiência sobre a natureza desses dons, os quais eles teriam recebido por ensino e por observância dos dons em ação. A exceção — isto é, a extensa discussão sobre a natureza de profecia e línguas em 1 Coríntios 14 — não é uma tentativa de apresentar e definir esses dois dons, mas corrigir a percepção dos coríntios e o uso destes.
A lista de sete dons está dividida em duas partes pela estrutura gramatical da passagem que muda abruptamente com o quarto dom. Para cada um dos primeiros três dons, a frase na qual eles aparecem começa com ‘se’; os últimos quatro começam com ‘o que’” (Van Johnson. Romanos. In ARRINGTON, F. L.; STRONSTAD, R. Comentário Bíblico Pentecostal. RJ: CPAD, 2003, pp.893-4).



Os dons ministeriais (1ª parte)


Muitos dizem que os dons ministeriais de Efésios 4.11 cessaram, mas o versículo catorze desse mesmo capítulo diz que eles existem "até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo", e isso ainda não ocorreu.

Sobre o assunto, duas coisas básicas devem ser ditas de antemão. A primeira é que é Deus quem concede os dons ministeriais (Ef 4.11; Nm 18.7). A segunda é que é o dom ministerial recebido de Deus que determina o ministério ou o ofício do ministro. Em 1 Timóteo 4.14 e 2 Timóteo 1.6, vemos o dom ministerial. Em 2 Timóteo 4.5, o ministério resultante do dom. Os dons e seus ministérios podem ser vistos em 1 Coríntios 12.8-10, 27-30.
Esses dois pontos básicos acerca do ministério podem ser vistos em Atos 13.1-4. No primeiro versículo, vemos que os candidatos à ordenação já tinham o dom ministerial concedido por Deus: "E na igreja que estava em Antioquia havia alguns profetas e doutores, a saber: Barnabé e Simeão, chamado Níger, e Lúcio cireneu, e Manaém, que fora criado com Herodes o tetrarca, e Saulo". Nos dois versículos seguintes, vemos que foi a igreja, sob a orientação do Espírito Santo, que ordenou esses irmãos para exercerem o ministério: "E, servindo eles ao Senhor, e jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado. Então, jejuando e orando, e pondo sobre eles as mãos, os despediram". No versículo quatro, fica claro que foi o Espírito Santo que os enviou: "E assim estes, enviados pelo Espírito Santo, desceram a Selêucia e dali navegaram para Chipre".
A igreja ordena o obreiro como ministro do Evangelho, e não como apóstolo, profeta, evangelista, pastor ou mestre. Esses são ministérios dados por Deus. A igreja convencionou por si mesma chamar todos os ministros ora como pastores, ora como evangelistas, mas precisamos encarar o assunto dos dons ministeriais apresentados em Efésios 4.11 à luz da doutrina bíblica do ministério.

A soberania de Deus na distribuição dos dons ministeriais

Os dons do ministério são recebidos de Deus, segundo a sua soberania e no seu tempo. A uns Deus chama e capacita quando ainda estão no ventre de suas mães: "Antes que te formasse no ventre te conheci, e antes que saísses da madre te santifiquei: às nações te dei por profeta", Jr 1.5. "E tu, ó menino, serás chamado profeta do Altíssimo, porque hás de ir a face do Senhor, a preparar os seus caminhos", Lc 1.76. "Mas quando aprouve a Deus, que desde o ventre de minha mãe me separou, e me chamou pela sua graça, revelar seu filho em mim, para que o pregasse entre os gentios, não consultei a carne nem o sangue", Gl 1.15-16. Outros Deus chama na infância: "O Senhor chamou a Samuel, e disse ele: Eis-me aqui", 1Sm 3.4. Samuel ainda era uma criança quando Deus o chamou.
Há alguns a quem Deus chama e capacita na idade adulta: "E subiu ao monte, e chamou para si os que ele quis; e vieram a ele. E nomeou doze para que estivessem com ele e os mandasse a pregar", Mc 3.13-14. "também a Jeú, filho de Ninsi, ungirás rei de Israel; e também a Eliseu, filho de Safate de Abel-Meola, ungirás profeta em teu lugar", 1Rs 19.16. "Depois disto ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Então disse eu: Eis-me aqui, envia-me a mim", Is 6.8.
Há também aqueles recebem o dom por imposição de mãos, por profecia: "Não desprezes o dom que há em ti, o qual te foi dado por profecia, com a imposição das mãos do presbitério", 1Tm 4.14. "Por cujo motivo te lembro que despertes o dom de Deus que existe em ti pela imposição das minhas mãos", 2Tm 1.6.
Deus é soberano quanto ao exercício dos dons ministeriais na vida do obreiro. Timóteo era evangelista (2Tm 4.5), mas cuidou de igrejas por algum tempo (1Tm 1.3; 4.13). João Batista era profeta e cheio do Espírito Santo, mas não operava milagres (Jo 10.41).

 


Os dons ministeriais (2ª Parte)


Como havíamos prometido, vejamos nesta semana o dom ministerial de apóstolo.

O termo apóstolo significa literalmente enviado. No original, o verbo e o substantivo aparecem em passagens como Hebreus 3.1, João 20.21, Mateus 10.15, Lucas 6.13, Atos 13.4 e 14.14, Gálatas 1.1,19, Romanos 16.7, 2 Coríntios 8.23 e Filipenses 2.25. Nos dois últimos textos, o termo não aparece no sentido ministerial.
O apóstolo é a mais alta ordem na escala de ofícios do ministério no Novo Testamento (1Co 12.28; Ef 3.5 e 4.11). A diferença de ministério entre o apóstolo e o evangelista está bem definida em Atos 8, na evangelização de Samaria. No ministério de Felipe como evangelista, destaca-se a pregação e a conversão dos pecadores (At 8.5-13). No ministério de Pedro e João como apóstolos, destacam-se o estabelecimento firme da obra e a consolidação dos resultados da evangelização (At 8.14,25). De fato, em Gálatas 2.9, Pedro e João (apóstolos) são tidos como colunas.
Os apóstolos têm sua liderança espiritual confirmada por provas e sinais (2 Co 12.12). Eles lançam os fundamentos iniciais de uma obra através da doutrina e da liderança (1Co 3.10; Ef 2.20). São eles que estabelecem, no início do trabalho, os fundamentos da doutrina (At 2.42) e provêem a adequada liderança espiritual.
O apóstolo vela com cuidado pela obra, no sentido geral e coletivo (2Co 11.28 e At 15.16). Esse cuidado geral e coletivo inclui viagens e comunicação constante com a obra. Vemos isso no livro de Atos, nas epístolas e através da História da Igreja. Os apóstolos, em virtude de sua missão, eram móveis. Não se fixavam em um lugar. Eram embaixadores de Deus.
O ministério apostólico também é caracterizado pela elevada autoridade conferida pelo Senhor (At 1.2 e 2Pe 3.2). A autoridade apostólica está sobre todos os demais ministérios (1Co 12.28). Nesse sentido, os apóstolos são "livres" para executarem serviços especiais de grande importância na igreja (1Co 9.11).
Os doze apóstolos do Cordeiro formam um grupo distinto (Jd 17). Eles colocaram o alicerce da Igreja (Ef 2.20 e Ap 21.14). São apóstolos num sentido único. Alguns exemplos de apóstolos da Igreja independentes do grupo dos doze chamados apóstolos do Senhor são Paulo e Barnabé (At 14.14), Andrônico e Júnias (Rm 16.7), e Tiago, irmão do Senhor (Gl 1.19). O próprio Paulo se declara apóstolo em Romanos 1.1 e 1 Coríntios 1.1.


Os dons ministeriais (3ª Parte)


Hoje, como anunciado no último artigo desta série, veremos o dom ministerial de profeta.

O termo profeta significa literalmente porta-voz (Lc 1.70 e Ex 7.2-3). Se quisermos entender esse ministério, é preciso antes compreendermos a diferença entre o dom de profecia e o ofício ou ministério profético.O dom de profecia é para todos: "Todos podereis profetizar", 1Co 14.31. O ministério profético, não: "São todos profetas?", 1Co 12.29.
O ministério profético é exercido através de um ministro dado por Deus à Igreja. O dom de profecia é uma capacitação sobrenatural do Espírito Santo concedida a uma pessoa do povo para transmitir a mensagem divina. No ministério profético, Deus usa principalmente a mente do profeta; no dom de profecia, Deus usa principalmente o aparelho fonador da pessoa.
O profeta é um pregador especial, com mensagem especial. Sua mensagem apela à consciência da pessoa em relação a Deus, a si própria, ao pecado e à santidade. Vemos isso nos profetas do Antigo Testamento. É só conferirmos as mensagens dos livros proféticos. No Novo Testamento, podemos ver isso em profetas como Silas (At 15.32) e Ágabo (At 21.10).
O profeta de Deus é também um intercessor diante de Deus pelos homens, pela obra etc (Gn 20.7). O forte do profeta de Deus é expor os padrões da justiça divina para o povo. Ele é um arauto da santidade de Deus. Com autoridade e unção divinas, está sempre a condenar o pecado (Is 58.1). Seu espírito ferve com isso e ele geme por isso, pois para isso foi chamado. A Igreja precisa muito desse ministério para os dias atuais.
A Palavra de Deus sai da boca do profeta como flechas de fogo divino! João 5.35 diz de João Batista, o profeta: "Ele era a candeia que ardia". O profeta de Deus faz o homem carnal estremecer, parar e considerar o seu mau caminho.A profecia, como estamos tratando aqui, é uma mensagem sobrenaturalmente inspirada ou revelada da parte de Deus. A mensagem profética vem do Espírito Santo através das fé (Rm 12.6). Portanto, o ministério profético é um ministério de fé.
Duas curiosidades sobre os profetas de Deus na Bíblia: dois deles no Novo Testamento eram também apóstolos: Barnabé e Saulo (At 13.1); e há um alerta de Deus para o povo a respeito deles: "Não toqueis nos meus ungidos, e não maltrateis os meus profetas", Sl 105.15.
Nos tempos bíblicos havia falsos profetas: "E veio a mim a Palavra do Senhor, dizendo: Filho do homem, profetiza contra os profetas de Israel que são profetizadores, e dize aos que só profetizam o que vê o seu coração: Ouvi a Palavra do Senhor: Assim diz o Senhor Jeová: Ai dos profetas loucos, que seguem o seu próprio espírito e coisas que não viram", Ez 13.1-3. Como naqueles tempos, ainda há falsos profetas.

Os dons ministeriais (4ª Parte)


Agora, vejamos o que a Bíblia fala sobre o dom ministerial de evangelista.

O vocábulo evangelista significa no original mensageiro de boas-novas. O autêntico ministro evangelista, chamado por Deus e colocado por Ele no ministério, não deve exercer o apostolado. Seu ministério deve ser itinerante. É só atentarmos para Felipe em Atos 8, principalmente para o último versículo: "E Felipe se achou em Azoto, e, indo passando, anunciava o Evangelho em todas as cidades, até que chegou a Cesaréia", v40.
O professor de Escola Dominical tem a visão de uma classe de alunos; o pastor tem a visão de sua congregação, seu campo; o evangelista tem a visão regional e mundial. Sua paixão é o mundo para Cristo!
A mensagem do evangelista é "Vinde ao Senhor"; a do profeta é "Permanecei no Senhor". Veja o exemplo de Barnabé como profeta: "O qual, quando chegou, e viu a graça de Deus, se alegrou, e exortou a todos a que permanecessem no Senhor com propósito do coração", At 11.23.Em síntese, as diferenças entre profeta, evangelista e mestre são as seguintes: O profeta move o coração, a consciência do povo. Ele apela ao 
sentimento. O evangelista leva o povo a uma decisão diante de Deus. Ele apela à vontade. O mestre instrui o povo, a congregação, no caminho do Senhor, na Palavra de Deus, na doutrina bíblica. Ele apela à mente. Deus pode conceder a um mesmo ministro mais de um ministério ou dom ministerial.
O evangelista não deve ser um obreiro neófito, como se o ministério de evangelista fosse um início de "carreira". Veja o exemplo de Felipe mais uma vez. Em Atos 8.5-8,13-40, no começo de seu ministério, o encontramos em pleno exercício. Em Atos 21.8, encontramos Felipe em plena atividade ainda.

O evangelista deve ter um conhecimento sistemático das doutrinas da Bíblia, especialmente aquelas ligadas ao exercício do seu ministério. Algumas das doutrinas e ensinos que o evangelista precisa conhecer são a doutrina da salvação, que por sua vez abrange em si um grupo de doutrinas; a doutrina da fé; o discipulado cristão, começando com a integração dos novos convertidos; milagres, sinais e prodígios, como em Atos 2.22; o batismo no Espírito Santo; e os dons e o fruto do Espírito. Ele também deve estudar muito homilética, exegese e hermenêutica. Tanto o profeta como o evangelista, como mensageiros de Deus, usam muito a imaginação. Jeremias e Ezequiel são exemplos. Jeremias com o cinto (Jr 13) e Ezequiel com o tijolo e a panela (Ez 4.1 e 24.3).

O tema principal do evangelista é a salvação dos perdidos e a volta dos desviados. Ele também promove o avivamento espiritual dos crentes. Onde não vemos nada na Bíblia sobre Salvação, o evangelista vê pelo Espírito, e ali prega! Para ele, parece que a Bíblia só contém a mensagem da Salvação. É interessante como o ministério evangelístico e a música são tão relacionados.O autêntico ministério de evangelista é concedido por Jesus, nunca imposto pelos homens. Pelo fato de certos "evangelistas" não terem esse ministério, os tais usam de malabarismos, trejeitos, mecanicismo, emocionalismo e até truques diante do povo. Se bem que pode haver muito disso em um evangelista imaturo.
Paulo também era evangelista (1Co 1.17). Até a inscrição de uma placa serviu de tema de sermão para ele (At 17.23)!

Os dons ministeriais (5ª parte)


Hoje, veremos o dom ministerial de pastor.

O verdadeiro pastorado é um dom de Deus para ser exercido, e não primeiramente um cargo para ser ocupado. O pastor pode também vir a exercer o cargo de presidente da igreja. Se realmente o Senhor lhe concedeu o dom ministerial de pastor, e ele também for colocado por Deus para presidir a igreja, o seu ministério vem do Dom e o seu cargo através da sua eleição.As atividades do pastor englobam as funções de pastoreio, pregador, mestre, administrador e conselheiro.
Como pastor, entendesse que esse ministério é um encargo ligado às ovelhas. O termo pastor, no original, significa aquele que cuida e guarda as ovelhas. Esse é o ministério que está mais relacionado a elas. O profeta "traz" Deus ao povo; o pastor "leva" o povo a Deus (Ex 19.17).

A função do pastor, como ministério recebido de Deus, compreende:

a) Dirigir, presidir e administrar o rebanho do Senhor: Sem isso, as ovelhas se desviarão.

b) Doutrinar: Para isso, o pastor precisa ser um estudante dedicado da Palavra de Deus, especialmente no que concerne à Teologia Sistemática. Um grande segredo do progresso no ministério pastoral está em doutrinar. Aqui, é preciso cuidado para não instituir "doutrinas de homens" (Cl 2.22). O pastor, pela natureza do seu trabalho, está muito ligado ao ensino bíblico (At 21.15-17).
c) Proteger: Se o pastor não fizer essa parte, muitas ovelhas cairão vítimas de todo tipo de males.
d) Tratar das ovelhas: Muitas caem doentes espiritualmente.
e) Alimentar as ovelhas: Uma ovelha faminta segue qualquer outro líder, além de outros males que lhe atingem.
f) Visitar: É outra função, exercida diretamente ou através de comissões.
g) Disciplinar: O termo disciplina envolve primeiramente o sentido de instrução, admoestação e correção, e não o de castigo e punição. Para fazer tudo isso, o pastor precisa estar sempre cheio do amor de Deus pelas ovelhas, pelos perdidos, pelos fracos e faltosos, por todos.
Como pregador, entendesse que o ministério pastoral também está ligado aos pecadores. Pregar é um encargo do pastor relacionado aos pecadores. Como mestre, compreendesse que o ministério pastoral inclui o encargo de educador, doutrinador e ensinador. Como administrador, o pastor tem o encargo de dirigir e presidir. Como conselheiro, um encargo de ordem pessoal.
Um exemplo de pastor no Novo Testamento é Tiago (At 15.13 e 21.18). Diz a tradição que seus joelhos eram calejados como os de um camelo, de tanto orar ajoelhado.As necessidades do pastor estão bem resumidas em Jeremias 3.15: "E vos darei pastores segundo o meu coração, que vos apascentem com ciência e com inteligência". Jesus foi o maior exemplo de pastor. Sobre esse seu ministério, Isaías profetizou: "Como pastor, apascentará o seu rebanho; entre os seus braços recolherá os cordeirinhos, e os levará no seu regaço: as que amamentam, ele guiará mansamente", Is 40.11. Jesus afirmou: "Eu sou o bom pastor: o bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas", Jo 10.11.

Os dons ministeriais (6ª parte)


Finalmente, concluindo esta série, veremos o dom ministerial de mestre.
O termo mestre, como aparece em Efésios 4.11, significa literalmente ensinador. O próprio termo implica ensinar segundo os processos e métodos didáticos, apelando para as faculdades lógicas da mente, da razão.. O mestre bíblico ocupa-se da doutrina, do ensino bíblico, portanto necessita dos dons da ciência e da sabedoria. Outro detalhe sobre esse ministério é que ele é, biblicamente falando, itinerante como o de evangelista.

É importante explicar aqui a má compreensão de 1 João 2.20,27, quanto ao ministério do mestre. Esses textos dizem: "E vós tendes a unção do Santo, e sabeis tudo(...) E a unção, que vós recebestes dele, fica em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina todas as coisas, e é verdadeira, e não é mentira, como ela vos ensinou, assim nele permanecereis". A explicação da suposta dificuldade está no versículo 26: "Estas coisas vos escrevi acerca dos que vos enganam". O que João está querendo dizer é que o crente não precisa dos que ensinam doutrinas extrabíblicas. Esse "alguém que vos ensine" trata-se "dos que vos enganam".

A Bíblia é, acima de tudo, um livro de doutrinas que precisam ser estudadas, compreendidas e expostas sob a unção do Espírito Santo, que inspirou essas doutrinas.A doutrina bíblica trata-se de um ensino bíblico sistematizado. Nenhuma só doutrina aparece sistematizada na Bíblia. Isto é, organizada, desdobrada, esboçada. Nem aparece isolada em um só lugar. Essa sistematização vem por catalogação textual e conceptual desse ensino ou princípio bíblico. Quanto mais completa for essa sistematização, mais completo será o estudo dessa doutrina.

O mestre deve aprofundar-se nas ciências bíblicas da exegese e da hermenêutica, sem jamais deixar de depender do Espírito Santo para capacitá-lo e dirigi-lo no preparo de estudos e sermões, e na exposição da Palavra.Não se conhece entre nós uma igreja que sustente um mestre para exercer o ministério de ensino, assim como sustentam seus pastores, se bem que todo pastor também tem que ensinar pela natureza do seu cargo. O resultado disso é crise, pobreza e problemas na área do ensino da Palavra.

O estudo bíblico

O mestre deve enfatizar em seu modo de ministrar o estudo temático da Bíblia. Agora, há vários tipos de estudo bíblico conforme a necessidade da ocasião. Há o devocional, o doutrinário, o auxiliar, o de treinamento e o de orientação.

Vejamos alguns passos no preparo de um estudo bíblico. Mas, antes, é importante atentarmos para o que diz Lucas na introdução de seu Evangelho: "Tendo, pois, muitos empreendido pôr em ordem a narração dos fatos que entre nós se cumpriram, segundo nos transmitiram os mesmos que os presenciaram desde o princípio e foram ministros da Palavra, pareceu-me também a mim conveniente descrevê-los a ti, ó excelentíssimo Teófilo, por sua ordem, havendo-me já informado minuciosamente de tudo desde o princípio, para que conheças a certeza das coisas de que já estás informado", Lc 1.1-4. Lucas fala que consultou fontes e que preocupou-se em transmitir o que ouvira com exatidão e em ordem.

Os passos de preparação de um estudo bíblico são:
a) Orar, orar e orar!
b) Estudar o assunto na Bíblia, fazendo apontamentos pessoais.
c) Consultar fontes auxiliares (de confiança), como os próprios apontamentos pessoais.
d) Ordenar o material de estudo coletado.
e) Esboçar o estudo. Para isso é preciso saber fazer esboços.
f) Preparar finalmente o estudo. É dar-lhe sua redação final.
g) Conferir cuidadosamente o estudo, tanto o texto com as referências bíblicas. Saber mesmo a diferença entre uma referência real e uma referência verbal.

Dois alertas aos mestres
Agora, é importante darmos dois alertas para os que ensinam na Igreja. O primeiro está em 1 Coríntios 8.1: "A ciência incha, mas o amor edifica". É preciso que o mestre seja humildade. Apolo era mestre erudito, mas humilde: "E chegou a Éfeso um certo judeu chamado Apolo, natural de Alexandria, varão eloqüente e poderoso nas Escrituras. Este era instruído no caminho do Senhor; e, fervoroso de espírito, falava e ensinava diligentemente as coisas do Senhor, conhecendo somente o batismo de João. Ele começou a falar ousadamente na sinagoga. Quando o ouviram Priscila e Áquila, o levaram consigo e lhe declararam mais pontualmente o caminho de Deus". Apolo, mesmo sendo erudito, se dispôs a aprender.

O segundo alerta diz respeito aos cismas. Os cismas que vêm dividindo a cristandade desde a fundação da Igreja são quase sempre originados pelos mestres, teólogos, escritores e professores. A Palavra de Deus adverte que o julgamento do trabalho do mestre perante o tribunal de Cristo será mais rigoroso e mais exigente: "Meus irmãos, muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos mais duro juízo", Tg 3.1.

Os dons ministeriais operando em Jesus

Jesus é o maior exemplo de obreiro em toda a Bíblia Sagrada e em todos os tempos. Ele deve ser o nosso modelo, o padrão a ser seguido.
Jesus como apóstolo: Hb 3.1; Jo 12.3).
Jesus como profeta: Lc 24.19; At 3.22.
Jesus como evangelista: Lc 4.18-19; Lc 20.1; Is 61.1.
Jesus como pastor: Jo 10.10; Hb 13.20; 1Pe 5.4.
Jesus como mestre: Jo 13.13; Mt 26.55.


fonte cpad news

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