O
avivamento contínuo da Igreja
A efusão do Espírito Santo sobre os crentes da Rua Azusa foi o
centro irradiador do avivamento que se espalhou por todo o mundo do
nosso tempo. Foi mediante a liderança do pastor Seymour que fiéis de diversos
lugares reuniram-se em um antigo galpão para buscar a presença de Deus e orar
pela conversão dos ímpios. O pastor Seymour não era pregador eloqüente, mas
anunciava a promessa pentecostal do batismo no Espírito Santo com a evidência
física inicial de falar noutras línguas. Depois, assentava-se no púlpito,
colocava o rosto entre as mãos e não parava de interceder, suplicando a Deus
que operasse no coração dos ouvintes. Enquanto orava, o poder de Deus
manifestava-se; os crentes eram batizados com o Espírito Santo; a convicção das
verdades divinas transbordava a alma, e um veemente desejo de viver em
santidade era experimentado por todos.
A
pobre cidade rica de Laodicéia localizava-se no vale do rio
Lico, próximo a Colossos e Hierápolis, na interseção de duas importantes
estradas comerciais (Cl 2.1; 4.12-16). Originalmente era chamada de Diósopolis
— cidade de Zeus —, mas, após a reforma urbana feita por Antíoco II, recebeu o
nome de Laodicéia, em homenagem a Laodice, esposa do soberano. A riqueza da
cidade procedia do comércio de lã (tecidos, tapetes), dos bancos, de suas águas
termais e da produção de bálsamo para os olhos. E, quando a cidade foi
destruída por um terremoto em 60 d.C, os habitantes recusaram ajuda imperial e
reconstruíram a cidade com suas próprias riquezas a fim de mostrarem a sua
auto-suficiência. No entanto, segundo Jesus, eram miseráveis, desgraçados,
cegos e nus. Necessitavam de um avivamento bíblico, uma vez que a igreja era
indiferente espiritualmente (vv.15-16).
A carta
aos laodicenses em Apocalipse segue a presente estrutura: Remetente e
Destinatário (v.14); Repreensão (vv.15-17); Exortação (vv.18-20); Promessa
(vv.21,22).
Sabemos
que os crentes laodicenses são exemplos históricos e proféticos de uma
comunidade cristã sem vida e dinamismo espiritual. Quanto ao aspecto histórico,
a igreja de Laodicéia circunscreve-se ao período do Novo Testamento, mas quanto
ao profético, atravessa os séculos. No entanto, na história da igreja cristã,
muitos reformadores ansiaram por uma igreja avivada, comprometida com as
Escrituras, a evangelização, adoração e a santificação. Por isso, reproduza o
gráfico a seguir e o incremente com novas informações. Apresente o gráfico no
início do tópico V, uma vez que as “Características do Real Avivamento” estão
relacionadas aos ideais dos movimentos avivalistas.
Laodicéia
era uma cidade rica e soberba, da província romana da Ásia (hoje, Turquia).
Profeticamente, figura a igreja dos “tempos trabalhosos” que precedem a volta
de Cristo, conforme descreve 2 Timóteo 3.1-9. Laodicéia é um nome composto que,
numa tradução livre, significa “direitos humanos”; “o povo mandando”;
“democracia”. Os direitos de Cristo são ignorados pelo crente e igreja.
Biblicamente, a igreja deve ser teocrática: “minha igreja”, diz o Senhor (Mt
16.18; Is 43.1).
CRISTO E O SEU CARÁTER
A
igreja de Laodicéia era material e socialmente próspera, por situar-se em uma
cidade muito rica. A Bíblia e a história mostram que, quase sempre, quando um
povo ou indivíduo prospera, costumam dar as costas para Deus. Israel fez isso
(Dt 32.15). A igreja de Laodicéia também. Neste particular, a Palavra de Deus
adverte a todos: “se as vossas riquezas aumentam, não ponhais nelas o coração”
(Sl 62.10; Dt 6.10-12; Jr 17.11; Lc 12.15,20,21; 1 Tm 6.6-10).
1.
Cristo, o “Amém” (v.14). Ele chama a Si mesmo “o Amém” (2 Co 1.20). Deste
modo, identifica-se como Deus, que assim também é chamado no original (Is
65.16). O termo significa “firmeza”, “certeza”, “estabilidade”,
“imutabilidade”, e daí, “verdade” absoluta. Jesus ao declarar “Eu sou a
Verdade”, usou o termo “amém”. A expressão “em verdade, em verdade” empregada
por Jesus, no original, é “amém, amém”.
2.
Cristo, a testemunha fiel e verdadeira (v.14). É uma extensão do sentido
do nome divino “Amém”. Ele veio a este mundo para dar o perfeito testemunho da
Verdade (Jo 18.37). Numa igreja avivada pelo Espírito, o testemunho de Jesus é
manifesto e notório de muitas maneiras, enquanto na que se distancia de Cristo,
nada há que atraia os pecadores para serem salvos.
3.
Cristo, “o princípio” da criação de Deus (v.14). Ele é o Criador, a fonte,
a origem, a razão de ser de tudo o que existe (Jo 1.3; Cl 1.16). Esta
preeminência de Cristo é uma reprimenda ao orgulho dos laodicenses de então, e
de hoje. É também a maneira graciosa do Senhor Jesus assegurar a igreja, que
Ele pode recriar e fazer novas todas as coisas (Ap 21.5; Jó 14.7-9).
4. O
proceder dos crentes laodicenses. “Eu sei as tuas obras” (v.15). Antes da
conversão, as obras são nulas para Deus (Ef 2.8-10; Tt 3.5), mas como efeito da
salvação, agradáveis a Deus (Ef 2.10; Tt 3.8; Mt 5.16; Ap 14.13). O Senhor
sabia tudo o que os crentes de Laodicéia praticavam, a partir do seu pastor
(v.14).
A
CONDIÇÃO DA IGREJA EM LAODICÉIA (vv.15-17)
Não há
qualquer elogio do Senhor à igreja em Laodicéia e Sardes (v.1). Laodicéia não
foi censurada por heresia, facções ou imoralidade. O problema daquela
congregação é o mesmo de inúmeros crentes da atualidade: autojustiça,
indolência, duplicidade religiosa, transigência com o erro e auto-engano
(vv.16,17).
1. A
duplicidade religiosa (vv.15,16). Era uma igreja espiritualmente morna e
que agradava a todos. O estado espiritual de Laodicéia era deplorável. É
evidente que essa igreja era morna porque o seu pastor também o era (v.14). O
rebanho, até certo ponto, é o reflexo de seu pastor ou dirigente. Mornidão fala
de duplicidade, hipocrisia, fingimento — coisas que Deus abomina. “Aborreço a
duplicidade”, diz o Salmo 119.113. A Palavra condena a duplicidade de coração
(Tg 1.8; 4.8); de ânimo (1 Tm 3.8); de linguagem (Pv 17.20; Mt 5.37); e de
senhores (Mt 6.24).
2. A
condição final de Laodicéia (v.17). “Um desgraçado, e miserável, e pobre,
e cego, e nu”. “De nada tenho falta”, diziam. “Desgraçado”, por estar
arruinado. “Miserável”; porque perdeu o que tinha. “Pobre”, por ter regredido.
“Cego”, por estar em trevas. “Nu”, por não andar em retidão.
3. O
engano da auto-suficiência humana. “De nada tenho falta” (v.17). Este é o
princípio de nossa queda. O crente avivado em Deus, nunca estará satisfeito no
sentido de não precisar mais das coisas do Senhor. Jesus disse:
“Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos” (Mt
5.6).
CRISTO, A SOLUÇÃO PARA A IGREJA
(vv.18,10)
1. O
conselho amoroso do Senhor. Um sábio e santo conselho deve ser acatado e
posto em prática. Trata-se de um conselho do divino Conselheiro (Is 9.6). Uma
igreja sem Cristo, luz e santidade (v.20), pode ainda reconciliar-se com o
Senhor e obter tudo o que perdeu ao deixá-Lo.
2.
“Ouro provado no fogo” (v.18). Corresponde a fé em Cristo (1 Pe 1.7). Essa
fé não é apenas necessária à vida cristã, mas vital e essencial: “pois o justo
viverá da fé” (Rm 1.17). O profeta do avivamento, Habacuque, já apregoara esta
verdade (Hc 2.4). Sem fé não há relacionamento com Deus (Hb 11.6).
3.
“Vestidos brancos” (v.18). É símbolo da justiça e santidade (Sl 132.9; Is
61.10; Ap 19.8). São dois lados do mesmo assunto. Justiça é a santidade vista
do lado humano. Santidade é esse estado do ponto de vista de Deus. Ler Ap 19.8;
2 Co 5.21; Fp 3.9.
4.
“Colírio” (v.18). Corresponde a restauração da visão espiritual que vem
pelo Espírito.
5. “Eu
repreendo e castigo” (v.19). Castigo não é o mesmo que punição, pois visa
a correção (Pv 15.31). O aço e o ouro, tão necessários e úteis, são fabricados
e purificados por meio do fogo. As operações são diferentes, mas o fogo é um
só. O mesmo pode ocorrer a uma igreja desobediente como Laodicéia.
6.
“Arrepende-te” (v.19). Não há sincero arrependimento, sem que haja
mudança. Arrepender-se é voltar para Deus (Mt 21.29). O incrédulo arrepende-se
para a salvação, enquanto o crente, para endireitar a sua vida com Deus. Esse
arrependimento é precedido de “tristeza segundo Deus” (2 Co 7.10).
CRISTO, O SEU CONVITE E PROMESSA
(vv.20-22)
1.
“Estou à porta e bato” (v.20). Neste texto, temos uma cena triste e, ao
mesmo tempo, a mais confortante do mundo! Cristo do lado de fora, rejeitado
pelos crentes e ansioso para entrar. Uma expulsão tríplice:
a) Expulso da nação israelita — pela rejeição;
b) Expulso pelo mundo — por meio da
crucificação;
c) Expulso da igreja — mediante a insatisfação
e o mundanismo.
Mesmo
assim, vemos o insondável amor de Cristo por sua igreja nos vv. 19 e 20.
2. “Se
alguém” (v.20). Jesus não se dirige à igreja, mas a cada indivíduo. Ele
não força a conversão do incrédulo, nem a reconciliação do desviado. Ele
aguarda com paciência, pois somente o dono da casa pode abrir-Lhe a porta do
coração.
3. A
promessa de Cristo (v.21). A promessa está restrita aos vencedores:
a) “Ao que vencer”. A vida cristã autêntica está
situada em um campo de batalha contra as forças do Mal. Brincar de religião, de
ser crente, de igreja, é comprometer o destino eterno de si mesmo.
b) “Sentar-se comigo no meu trono”. Graça
Maravilhosa! A maior promessa dentre as sete feitas às igrejas do Apocalipse.
CARACTERÍSTICAS DE UM REAL
AVIVAMENTO
O
avivamento espiritual de que precisamos, como no princípio, tem como
características as seguintes expressões:
1.
Contrição total pelo Espírito Santo. É neste contexto espiritual que o
avivamento se instala e o Espírito assume a primazia e predomina.
2.
Amplo perdão e reconciliação (At 4.32). No primeiro avivamento da igreja,
a Bíblia diz: “Era um o coração e a alma da multidão dos que criam”.
3.
Santidade de vida, dentro e fora da igreja. Se um avivamento não resultar
nessa mudança de vida, tudo não passará de mero entusiasmo, artificialismo e
emoção.
4. Renovação
espiritual. Batismo com o Espírito Santo acompanhado de línguas estranhas
e manifestação dos dons espirituais.
5.
Segundo o modelo da Palavra de Deus (Sl 119.25,154). Sem inovações
descabidas; distorções ou manipulação humana.
6.
Amor, zelo e freqüência à Casa do Senhor. A Casa de Deus vem sofrendo por
falta de avivamento dos que a freqüentam.
Quando
ou em que situação a igreja carece de um avivamento do Espírito? Decerto,
quando nela prevalecer o comodismo e a indiferença (Ez 37.9); a sonolência espiritual
(Ef 5.14); a insensibilidade (Cl 4.17; 2 Tm 1.6); o secularismo (Rm 12.2), e,
quando passa somente a defender-se do mal, em vez de atacá-lo. Não queres hoje
mesmo ser renovado pelo Espírito Santo?
As
Características do Verdadeiro Avivamento
1. O
verdadeiro avivamento tem a Bíblia Sagrada como a inspirada, infalível,
inerrante e completa Palavra de Deus.
2. O
verdadeiro avivamento não admite qualquer outra revelação que venha contrariar
as Sagradas Escrituras, pois estas são soberanas e irrecorríveis.
3. O
verdadeiro avivamento prima pela ortodoxia bíblica e pela sã doutrina.
4. O
verdadeiro avivamento é espiritual, mas não admite o misticismo herético e
apóstata que, sob a capa da humildade, busca desviar os fiéis das recomendações
dos profetas do Antigo Testamento e dos apóstolos do Novo Testamento.
5. O
verdadeiro avivamento prega o Evangelho completo de Nosso Senhor, anunciando
que Jesus salva, batiza no Espírito Santo, cura os enfermos, opera maravilhas e
que, em breve, haverá de nos buscar, a fim de que estejamos para sempre ao seu
lado.
6. O
verdadeiro avivamento enfatiza a salvação pela graça através do sacrifício
vicário do Filho de Deus.
7. O
verdadeiro avivamento é pentecostal; realça a atualidade do batismo no Espírito
Santo e dos dons espirituais.
8. O
verdadeiro avivamento tem um firme compromisso com o imperioso ide de Nosso
Senhor Jesus Cristo, por isto não poupa recursos humanos e financeiros na
evangelização local, nacional e transcultural.
9. O
verdadeiro avivamento acredita na necessidade e possibilidade de todos os
crentes viverem uma vida de santidade e inteira consagração a Deus.
10. O
verdadeiro avivamento é intercessor. Leva os crentes a rogar ao Pai Celeste por
aqueles que ainda não foram alcançados pelo Evangelho.”(ANDRADE, C.
C. Fundamentos bíblicos de um autêntico avivamento. RJ: CPAD, 2004,
p. 187-8.)CPAD, 2002, pp.54.55).
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